Como diz Range-o-Dente: Filhos de mães solteiras, casadas divorciadas ou qualquer outra relação matrimonial pré ou pós moderna, os pimpolhos crescem ao abandono, (...).
E Theodore Dalrymple diz que as pessoas estão tão conscientes do seu comportamento associal que mais tarde não reagem a argumentos que os incitem a terem um comportamento mais cortês:
Todas as campanhas no mundo ocidental para combater comportamentos associais baseiam-se na suposição de que este tipo de comportamento é mais uma forma de irreflexão do que de maldade, e que um amigável conselho vai fazer com que as pessoas voltem a comportar-se educadamente. Será que isto é uma suposição realista? Caso não seja, não serão estas campanhas apenas estímulos keynesianos para assegurar trabalho a alguns, que de outra forma não teriam nada com que se ocupar?
Há realmente comportamentos irreflectidos que são até bem perigosos. Ouvi o outro dia um polícia dizer que a melhor forma que um automobilista tem para combater ‘tailgating’ (guiar colado à traseira) é travar. Metade das pessoas que conduzem desta forma não estão devidamente concentradas e encontram-se em estado de transe, situação que todos os automobilistas reconhecem. Travar faz com que acordem e imediatamente voltem a uma condução normal. Mas o travar não ajuda no caso da outra metade, que continua a conduzir de forma indesejável e agressiva.
As pessoas não são criaturas puramente racionais, mas tão pouco puramente irracionais. Informação e reflexão podem influenciar o seu comportamento. Quando o perigo do tabaco foi tornado público o uso baixou, no início entre os médicos e mais tarde no resto da população.
Mas há dois factores que vão limitar a eficácia destas campanhas de bom comportamento.
Primeiro que tudo a forma como nos comportamos é formada na nossa infância, e a nossa atitude no dia-a-dia vai ser muito mais influenciada pela educação que tivemos em criança, do que por uma reflexão consciente . Quando eu por exemplo me levanto, porque uma pessoa estranha entra na sala onde me encontro, eu não penso cá com os meus botões: será que vou dar satisfação a esta pessoa levantando-me e cumprimentando-a? Sim, porque a satisfação geral em todo o mundo vai aumentar, e isso é mais do que o esforço que tenho que fazer ao levantar-me, por isso é meu dever levantar o cu da cadeira.
NÃO. A razão porque me levanto é porque a minha mãe me ensinou que isso faz parte da boa educação. Ela não me explicou porquê, e eu nem sei se ela seria capaz, mas os esforços da minha mãe foram tão bem sucedidos que eu agora me sentiria mal caso não me levantasse se uma pessoa estranha entrasse num local onde me encontro.
A segunda razão porque julgo que as ditas campanhas não vão funcionar, é porque grande parte do comportamento desagradável não é inconsciente mas consciente – propositado. Pelo menos na Grã-Bretanha, onde vivo metade do tempo.
Quando reparo nas pessoas que no meu país cospem para o chão, não penso que a maioria seja sensível ao argumento que a sua atitude seja esteticamente desagradável e pouco higiénica para os demais. Claro que não experimentei o argumento na prática, poderia possivelmente ser esfaqueado. A única coisa que posso ver nos seus rostos, quando se desfazem dos seus escarros, é que não me perecem inconscientes, pelo contrário, a ideia é impor o seu ego ao resto do mundo. Não toleram qualquer tipo de intromissão; escarrar é para eles a mesma coisa que para um cão mijar contra uma árvore: demarcação do território. O mundo é meu, com todos os efes e erres.
Há realmente comportamentos irreflectidos que são até bem perigosos. Ouvi o outro dia um polícia dizer que a melhor forma que um automobilista tem para combater ‘tailgating’ (guiar colado à traseira) é travar. Metade das pessoas que conduzem desta forma não estão devidamente concentradas e encontram-se em estado de transe, situação que todos os automobilistas reconhecem. Travar faz com que acordem e imediatamente voltem a uma condução normal. Mas o travar não ajuda no caso da outra metade, que continua a conduzir de forma indesejável e agressiva.
As pessoas não são criaturas puramente racionais, mas tão pouco puramente irracionais. Informação e reflexão podem influenciar o seu comportamento. Quando o perigo do tabaco foi tornado público o uso baixou, no início entre os médicos e mais tarde no resto da população.
Mas há dois factores que vão limitar a eficácia destas campanhas de bom comportamento.
Primeiro que tudo a forma como nos comportamos é formada na nossa infância, e a nossa atitude no dia-a-dia vai ser muito mais influenciada pela educação que tivemos em criança, do que por uma reflexão consciente . Quando eu por exemplo me levanto, porque uma pessoa estranha entra na sala onde me encontro, eu não penso cá com os meus botões: será que vou dar satisfação a esta pessoa levantando-me e cumprimentando-a? Sim, porque a satisfação geral em todo o mundo vai aumentar, e isso é mais do que o esforço que tenho que fazer ao levantar-me, por isso é meu dever levantar o cu da cadeira.
NÃO. A razão porque me levanto é porque a minha mãe me ensinou que isso faz parte da boa educação. Ela não me explicou porquê, e eu nem sei se ela seria capaz, mas os esforços da minha mãe foram tão bem sucedidos que eu agora me sentiria mal caso não me levantasse se uma pessoa estranha entrasse num local onde me encontro.
A segunda razão porque julgo que as ditas campanhas não vão funcionar, é porque grande parte do comportamento desagradável não é inconsciente mas consciente – propositado. Pelo menos na Grã-Bretanha, onde vivo metade do tempo.
Quando reparo nas pessoas que no meu país cospem para o chão, não penso que a maioria seja sensível ao argumento que a sua atitude seja esteticamente desagradável e pouco higiénica para os demais. Claro que não experimentei o argumento na prática, poderia possivelmente ser esfaqueado. A única coisa que posso ver nos seus rostos, quando se desfazem dos seus escarros, é que não me perecem inconscientes, pelo contrário, a ideia é impor o seu ego ao resto do mundo. Não toleram qualquer tipo de intromissão; escarrar é para eles a mesma coisa que para um cão mijar contra uma árvore: demarcação do território. O mundo é meu, com todos os efes e erres.
2 comentários:
"Quando reparo nas pessoas que no meu país cospem para o chão, não penso que a maioria seja sensível ao argumento que a sua atitude seja esteticamente desagradável e pouco higiénica para os demais. Claro que não experimentei o argumento na prática, poderia possivelmente ser esfaqueado. A única coisa que posso ver nos seus rostos, quando se desfazem dos seus escarros, é que não me parecem inconscientes, pelo contrário, a ideia é impor o seu ego ao resto do mundo. Não toleram qualquer tipo de intromissão; escarrar é para eles a mesma coisa que para um cão mijar contra uma árvore: demarcação do território. O mundo é meu, com todos os efes e erres."
Yep! Com colónias na Bela Vista!
No mundo dos tementes a Maomé também há coisas boas, muito boas mesmo!
Umas dessas coisas boas são algumas penas.
Por exemplo: meia dúzia de chicotadas - clinicamente assistidas para garantirmos que meia dúzia dava mesmo 6 chicotadas no fim, mesmo que aplicadas a prestações - nos meninos e meninas que andaram a brincar aos pirómanos na Bela Vista, aplicadas na praça pública, seriam um excelente exemplo para que outros meninos e meninas não fizessem o mesmo, e ainda poupávamos umas lecas ao erário dos contribuintes, porque não tínhamos de os sustentar na cadeia por uns tempos.
A boa educação não tem idade para ser ministrada - o tipo de estímulos mais adequados para o fazer é que varia em função do nível etário dos aprendizes… alguns deles ainda iam a tempo de virem a ser bombeiros.
ABX
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