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sexta-feira, 20 de maio de 2011

Escatologia política

Usar papel macio para aquele fim que as boas maneiras nos impedem de descrever é claramente uma das famosas conquistas de Abril de que tanto se fala e, provavelmente, um dos esteios do estado social que o Engº Sócrates, tem sempre na boca e com o qual nos salpica abundantemente de perdigotos, quando a abre.

Na longa noite fascista, consta que a coisa se fazia sem dignidade, com pedaços censurados do Século e do DN, e só o grande capital, a burguesia, os latifundiários, os Mellos, os Champalimaudes e os neoliberais ultraconservadores imperialistas tinham acesso ao privilégio das 4 folhas macias e perfumadas.

Felizmente, como é sabido, Álvaro Cunhal, Manuel Alegre e outros bravos antifascistas, fizeram o 25 de Abril, atacando o grande capital com as suas G3 a disparar rajadas de cravos vermelhos que partiram a boca à reacção.

E o povo pôde, finalmente e com grande alegria, usar Colhogar e Renova.

Esta conquista de Abril está agora em perigo. Nestes tempos de crise, turbulência e até flatulência, em que se assiste à derrota do capitalismo, do neoliberalismo e até do Benfica (uma vergonha, esta época) é preciso alguém que resista, é preciso alguém que, de megafone na mão, diga não ao violento ataque aos direitos intestinais da classe trabalhadora e operária.

Segundo o camarada Jerónimo, a reacção, onde se acoita o grande capital, os imperialistas ultraliberais e neoconservadores, e os gananciosos ultraconservadores imperialistas e neoliberais, tem como objectivo privatizar o assunto, privando o proletariado e as massas trabalhadoras, do direito adquirido ao rolo, obrigando a classe operária a usar folhas de jornais privatizados, giestas, bocados de tijolo, pedras e até as partes mais ásperas do programa da Troika.

A verdade é que, apesar de a luta ser alegria, e isso, a violenta ofensiva da burguesia não dá sinais de recuo, antes se acentuam os seus traços fundamentais – exploração, opressão, agressão, roubo de casas de banho- calamidades às quais as massas trabalhadoras e obradoras tentam resistir com determinação revolucionária, vassouras de piaçaba, canções do Zeca Afonso e dos Homens da Luta , discursos do Carvalho da Silva e pregações de Frei Anacleto.


Na devastação causada pela crise internacional, pelo grande capital financeiro e pela especulação de casino, os trabalhadores e a classe operária sofrem terríveis desarranjos gástricos, porque as forças neomonopolistas e arqueoliberais levam a cabo políticas de direita, e conduzem uma pilhagem sistemática e selvagem de todos os rolos de papel higiénico, deixando os povos mergulhados nas mais profundas depressões intestinais

Levam-nos às carradas, numa ganância desenfreada, e tudo lhes serve, modelos dos mais baratos, cor-de-rosa, com cheiro a alfazema, de folha dupla, mono, bi e até trifuncionais, incluindo alguns usados e em 2ª mão. Há já casos identificados de deslocalização das casas de banho da cintura industrial do Barreiro para a China e o Nepal e de charters apinhados de chineses a assaltar as casas de banho do Alvaláxia.


Face a este quadro, a luta de classes aquece e todos sabem que quanto mais a luta aquece, mais bufa o PS. Temem-se reacções desesperadas. O famoso deputado Ricardo Rodrigues ameaçou mesmo limpar o rabo com uns gravadores que fanou há uns tempos, ao passo que o Bloco de Esquerda está já a preparar um Acampamento de Verão, com a Ana Drago a conduzirworkshops sobre métodos alternativos, pós-modernos e sustentáveis de usar, para o mesmo efeito, o plano da Troika, explorando a alteridade da frase “Não Pagamos”.

Do Governo espera-se uma intervenção apaziguadora e o 1º Ministro deverá brevemente prometer mais uns milhões de coisas catitas, como a introdução no Programa das Novas Oportunidades do equipamento “Cagalhães”, uma pequena maravilha tecnológica e porreira, pá, da qual pouco ainda se conhece mas que, segundo fontes bem colocadas, não implicará o corte do 13º mês nem nada disso e irá mesmo revolucionar a arte de limpar o rabo, tornando-a mais expedita (programa “Limpeza na Hora”) e mais consentânea com o estado social, o modelo social europeu e essas coisas. Espera-se deste modo criar 150 000 empregos e diminuir a dependência externa, exportando o sistema para a Venzuela e para a Líbia, para equipar a tenda do grande amigo Kadaffi.

2 comentários:

Carlos Diniz disse...

Dei umas boas gargalhadas com a analogia. Só por isso o meu obrigado.

Streetwarrior disse...

http://vimeo.com/21049802