Na sequência de uma luta de gangs que terminou com dois assassinatos na madrugada de domingo para segunda em Rio de Mouro, no Correio da Manhã de hoje pode ler-se o seguinte testemunho de alguém que assiste ou sofre diariamente com a violência juvenil organizada dos subúrbios de Lisboa:
“Rapazes com 15, 16, 17 anos, brancos e negros, juntam-se e, armados, provocam as pessoas. Muitas vezes acabam por se desentenderem e então é vê-los puxar da faca ou da pistola. Sim, andam armados e trazem raparigas.” O homem, na casa dos 50 anos, fala de grupos enormes. “São aos vinte ou aos trinta, andam por cima dos carros e quando chega a GNR fogem para a estação”. Esta testemunha garante que, desde há uns meses, a situação piorou. “É rara a noite em que não ouço uma sirene. Mas não é só aqui. É também nas estações das Mercês, Agualva”. Segundo fonte policial, estes grupos ou gangs da Linha de Sintra deslocam-se nos comboios, sobretudo durante as madrugadas de sábado e domingo."
A Polícia conhece esta realidade mas pode fazer pouco. A situação legal dos menores de idade está muito perto da impunidade absoluta.
Na Alemanha, há já uns anos as autoridades começaram a lidar com a delinquência juvenil enviando jovens desajustados para famílias de acolhimento no estrangeiro. Ao colocar um menor aos cuidados de uma família estrangeira, pretende-se obter uma alteração do seu comportamento por duas vias. Primeiro, é cortado o laço afetivo com o ambiente de delinquência onde ele vive – conhecimentos, lugares; Segundo, o facto de o jovem ser confrontado com um país onde não conta com os níveis de conforto e organização que tem na Alemanha natal, fá-lo valorizar a sociedade que até aqui desdenhou, esperando-se receber mais tarde um indivíduo com uma atitude positiva e interessada em relação ao seu próprio país.
É talvez altura de começar e pensar em encontrar umas famílias de acolhimento no estrangeiro para os ‘desajustados’ e outros coitadinhos de menor idade do Cacém, Rio de Mouro e Mercês. A boa ideia era encontrar-lhes essas famílias na Guiné, ou em Angola, independentemente da raça dos pequenos. Também poderia ser no Zimbábue, onde teriam a vantagem de poder treinar o inglês. Talvez não haja grande erro na suposição de que ao fim de poucas semanas já os mocinhos andavam à volta da embaixada, pedindo por favor o reembarque tão rápido quando possível, e que uma vez de volta ao Cacém prometiam não andar mais em cima dos carros dos outros e nem voltar a ameaçar ninguém com facas e muito menos com pistolas.
Mas, claro, é difícil isto acontecer. A realidade de quem legisla, os nossos deputados, e a realidade do jornalismo do regime, os que amplificam a converseta do politicamente correto, é diferente da realidade dos subúrbios de Lisboa. Os deputados e os jornalistas instalados não precisam de andar nos comboios da Linha de Sintra e de Cascais à noite, onde pessoas de várias idades e dos dois sexos que trabalham em turnos noturnos são obrigadas a suportar o comportamento ofensivo, insultuoso e, o pior de tudo, perigoso, de uma cambada que sabe que pode fazer o que bem quiser e ainda ir contar aos amigos.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
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8 comentários:
"Também poderia se no Zimbabue, onde teriam a vantagem de poder treinar o inglês."
Excelente ideia.
Eu enviava para lá pretos e brancos. Despachava-os com os zingarelhos MP3, os telemóveis topo de gama, os chapéus que lhe dão um ar bovino, as calças que lhes deixam o cú de fora (excelente para que os mosquitos pudessem morder à vontade e poupassem os indígenas) e a música que babam.
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A táctica da reexportação parece interessante, mas esquece duas coisas:
1º-A rapaziada, se escapasse às catanadas amigáveis das famílias de afecto, não tardaria a fazer-se ao caminho, de piroga, a nado, a salto, etc, como fazem centenas de milhar de africanos, todos os anos.
2º-Os que lograssem cá chegar, teriam a recebê-los, embevecidos e de perna aberta, os idiotas úteis do Olho Vivo, do BE e da restante récua de palermas que fazem o nosso tempo.
Ou seja, seriam aclamados como heróis.
POr outro lado, podia ser que alguns se amancebassem por lá, contribuindo para a elevação (?) da qualidade de vida local.
As lutas de "gangs" acontecem em todos os países e não são específicas de Portugal. Além disso, nas linhas de Sintra e Cascais, os desacatos são praticados por jovens de diversas origens que têm nacionalidade portuguesa. Não sei como é que poderiam ser expulsos do seu próprio país. São criminosos e devem ser tratados como tal. Não confundamos as coisas, a propósito da cor da pele.
Há uns anos largos, já não sei precisar quantos, foi necessário instalar um posto da GNR dentro da Escola Secundária de Miratejo, mais tarde desactivado. O problema não eram os pretos, azuis ou verdes, eram mesmo os gangs de filhos da terra que ocuparam o território.
Caro Voador
"Não sei como é que poderiam ser expulsos do seu próprio país. São criminosos e devem ser tratados como tal. Não confundamos as coisas, a propósito da cor da pele"
Sim, não confundamos: eu escrevi que o período a passar noutro lugar onde dificilmente se lembrariam de assaltar ou molestar a população local se aplica a delinquentes de qualquer raça.
Depois, não de trata de uma expulsão, mas de uma fase da vida que talvez mostrasse a uma certa chunga que, afinal, é boa ideia dar valor e estimar aquilo que têm por cá.
Que é chunga, estamos de acordo.
Os marroquinos querem mesmo expulsar os seus compatriotas, nem que seja temporariamente. Senão vejamos o que dizem estes dois representantes da comunidade.
Em Maio de 2007, depois de ter passado 7 dias em Nador (norte de Marrocos) escrevia o colunista de origem marroquina, Mohammed Benzakour, no NRC (o jornal de qualidade cá da praça), que estava eternamente agradecido ao seu pai por o ter trazido para a Holanda. Ao mesmo tempo dizia: ‘a partir de agora cada marroquino que me venha dizer que é a culpa da xenofobia, da imprensa que é racista e dos subsídios de desemprego que são muito baixos mando-os logo dar uma curva. E os insurrectos de rua de Amesterdão [refere-se aos seus compatriotas], deviam cumprir aqui [Nador] as suas penas. Todos os dias a pão e água, e engraxar sapatos, ou então estucar paredes a € 4 por dia e acarretar com pedras debaixo de um sol tórrido – assim é que eles aprendiam’.
E o vereador do bairro problemático Slotervaart em Amesterdão e representante do partido trabalhista, Ahmed Marcouch, afirmava em Outubro do ano passado no mesmo jornal no âmbito do combate à delinquência juvenil que: ‘campos de reeducação, reduzir o abono de família dos pais, mandá-los para à família em Marrocos. Tudo isto deve ser experimentado’.
Como vêem, os próprios representantes da comunidade já começaram a abrir os olhos, já se deram conta que é preciso tomar medidas, sejam elas quais forem. Deixar andar e acusar de racismo todo aquele que se lembra de fazer uma crítica é que já não funciona, só vai agravar a situação.
Por que nao:)
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