David Irving e Robert Faurisson, são duas personagens da extrema-direita neonazi (é sintomático que ninguém tenha dúvidas em rotular de “extrema direita” uma ideologia socialista) que recolhem larga audiência na chamada “esquerda moderna”.
Junto com Jeff Rense e Willis Carto, do outro lado do Atlântico, são profusamente citados pelos chamados apoiantes da “causa palestiniana” (basicamente aqueles que odeiam os judeus mas têm alguma dificuldade em assumir o ódio)
Porquê?
Porque são dos mais conhecidos negacionistas.
Eles negam que os judeus tenham sido exterminados aos milhões, negam que Hitler o soubesse, negam o diário de Anne Frank, negam que Auschwitz fosse também um campo de extermínio e , lá bem ao fundo da retórica negacionista, está a crença inabalável de uma conspiração judaico-maçónica para dominar o mundo.
Os livros destes negacionistas, repletos de contradições, ambiguidades, falácias e mentiras, estão hoje na mesinha de cabeceira de milhões de árabes e, à semelhança dos “Protocolos dos Sábios de Sião”, são recomendados e ensinados nas escolas de muitos países muçulmanos.
Num célebre julgamento, na sequência de uma querela com Deborah Lipstadt, um juiz inglês foi cristalino: “ Em função das suas visões ideológicas, Irving manipulou deliberadamente a evidência histórica….é antisemita e racista e está associado a extremistas de direita que promovem o neonazismo”
Para Irving, não houve fornos de incineração, e se houve, Hitler de nada sabia.
A prova, segundo Irving, é que se Hitler tivesse a Solução Final como objectivo, não haveria sobreviventes judeus.
Este ódio patológico aos judeus é hoje compartilhado pela esquerda e pelo islamismo radical.
O líder muçulmano inglês Asghar Bukhari reconheceu ter financiado David Irving, e Mamoud Abbas (presidente da Autoridade Palestiniana), doutorou-se na ex-União Soviética com uma tese sobre a conexão “nazi-sionista”.
Isto para não falar das “teses” de Amadinejad, do Hamas, do Hezbolah e de todos aqueles que apelam ao fim da “entidade sionista”.
Mais uma vez temos reunido no mesmo barco os crentes na conspiração judaico-maçónica e os crentes da conspiração judaico-capitalista.
Há tempos o líder antiglobalizador, José Bové, conhecido pela bravura com que investe à paulada sobre restaurantes, garantiu que a violência antisemita em França ( atentados contra Sinagogas e profanação de cemitérios) é inspirada pela Mossad.
Nem mais. Os judeus são tão pérfidos que se atacam a si próprios apenas para culpar o mundo. E para desvendar esta perfídia, nada mais que um génio como José Bové.
Há leis que criminalizam a expressão deste tipo de alarvidades.
Em minha opinião, mal.
David Irving e os tolos que o citam devem ter liberdade de proclamar as suas teses porque, se bem que haja milhões de petrodólares a correr para as mãos destes “investigadores”, a censura não é a melhor maneira de as contrariar.
É verdade que a maioria das pessoas se sente atraída por histórias conspiratórias que explicam a complexidade do mundo de forma simples (basta ver o êxito de obras como 007, Matrix, Dr Strangelove, X Files, os livros de Dan Brown, etc), mas não pode ser doutro modo.
Espera-se sempre que a razão triunfe, embora por vezes seja desperante verificar que a estupidez permanece robusta apesar da informação que hoje jorra de todo o lado.
Quando vejo, hoje, no séc XXI, pessoas com cursos superiores a irem à consulta à bruxa da Asseiceira ou ao Mestre Chibanga, adensa-se a minha crença na força da estupidez.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Teste
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terça-feira, 29 de janeiro de 2008
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6 comentários:
É uma Aliança quadrupla: a extrema esquerda, a extrema direita, os islamistas, os eurocentristas. O inimigo comum desta gente: a América da Liberdade.
«Espera-se sempre que a razão triunfe, embora por vezes seja desperante verificar que a estupidez permanece robusta apesar da informação que hoje jorra de todo o lado.»
É desperante, de facto.
Já acabou de ler os "Protocolos", Diogo?
Sabe que Hitler, mal acabou de o fazer foi a correr escrever o Mein Kampf.
E você?
Vai a correr traduzir as pústulas dos sites neonazis?
Já reparou no nível a que chafurda?
Caro P.Porto, o inimigo são os judeus.
A América é apenas vista como barriga de aluguer nos delírios paranóicos desta gente.
O liberalismo, o capitalismo, o comunismo, o fascismo, etc, são vistos por estes cromos como produtos da "conspiração judaico maçónica", para dominar o mundo.
E estão no bom caminho, os judeus.
Já têm um estado maior que o distrito de Lisboa. A seguir o mundo, e logo a galáxia.
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