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quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

É só fumaça.

Anda para aí muita conversa de mau perdedor sobre a lei do tabaco e os “argumentos” são de cair de cu.
Ele é “acudam que vem aí o fascismo”, a liberdade está em perigo e se hoje é isto amanhã será aquilo, a tirania, a opressão e macacos por cordas.
Chegou-se até ao extremo de lembrar que os nazis tinham um programa contra o tabagismo.
Deixemo-nos de tretas.
A lei é legítima.
É boa?
É má?
Não há absolutos.
Para mim é boa.
Permite-me entrar e estar em todos os locais públicos sem que tenha de ser fumigado por dentro e por fora.
Muitas vezes fervi de indignação por, estando calmamente num restaurante a barbear um bife, ter de aturar os subprodutos da chaminé do gajo que se vinha instalar ao meu lado.
Só podia fazer duas coisas: ou amochava, ou levantava ferro. Qualquer das duas situações mexia com a minha liberdade e não foram poucas as vezes em que tive de sair para poupar a minha filha às baforadas.
Ora entre a liberdade do fumador e a minha, prefiro a minha, desculpem lá.
Isto para não entrar pela hierarquia dos bens e outras paneleirices.
Os gajos que saíram a perder, ficaram com dor de cotovelo. É natural, mas é agora a vez deles de amochar ou levantar ferro.
Para mim, está tudo muito melhor e isso é que interessa
Porquê?
Porque a minha liberdade me interessa bastante mais do que a liberdade do fumador.
Não há liberdades absolutas e, como se costuma dizer, a minha liberdade de bater num tipo de que não gosto, termina um milímetro antes do nariz dele.
É isso que está aqui em causa.Os argumentos da saúde pública, bem colectivo e patati patatá, são uma parvoíce. O argumento é a liberdade. A minha e, acredito, a da esmagadora maioria da população que era constantemente agredida na sua liberdade pelo uso indevido da liberdade de uma minoria.
Mas faz-me uma certa impressão ver liberais a perder a perspectiva individualista e a embarcar aos pinotes na converseta das grandes causas, na “defesa das minorias oprimidas” e outras louçanices esquerdistas.
Compreendo que um fumador berre e proteste contra uma lei que limita a sua liberdade de fumar. Está chateado, é normal que esperneie.
Mas que o faça em nome de grandes causas já me cheira a bichanice bloquista e faz-me azia intelectual
Por outro lado, tem de haver leis que proíbem. Por exemplo, uma que me proíba de limpar o sebo ao gajo que outro dia apanhei a rondar o meu carro. Porquê?
Porque pode acontecer que um dia esteja eu a admirar um carro e o dono pensar que lho estou a roubar.
Concordo que temos de estar alerta para a tendência do poder em ocupar todos os vazios, mas que raio, se quero viver em sociedade, tenho de aceitar que a minha liberdade de me peidar no elevador pode ser desagradável para outros e que entre esses outros talvez esteja um que se ache na liberdade de me dar com uma cadeira nos cornos, uma vez que a retaliação peidante, não será dissuasora.
Sinceramente, eu estou-me nas tintas para um tipo que fume, na verdade até aprecio, uma vez que paga impostos elevadíssimos, receitas que, temo, o estado me viria sacar a mim, se o pobre fumador as não entregasse generosamente.
Só não quero que tenha a liberdade de meter o fumo nos meus pulmões, sem que eu seja visto nem achado.
Tal como eu não devo ter a liberdade de lhe meter os resíduos biológicos da minha cerveja pela goela abaixo.
A liberdade total não se distingue do direito de o mais capaz fazer o que lhe der na gana.
Se eu posso matar A e ele me pode matar a mim, só um dos dois será livre. A alternativa é um acordo entre os dois em que ambos abdicamos da total liberdade em troca do direito de ficar vivos.É assim que nasce o estado e é uma patetice confundir a necessidade de um estado com a hiperpotência do estado.
Liberalismo não é anarquismo nem libertarismo.
Se não houver leis que restringem certas liberdades individuais, quando estas colocam em causa a igual liberdade dos outros, resta a razão da força.

Sobre o argumento nazi, sejamos claros: nem tudo o que os nacionais-socialistas fizeram pode ser automaticamente catalogado de “mau”, só porque foi feito por eles. Que raio, os nazis fornicavam, comiam, bebiam, dormiam e não lembra ao diabo garantir que fornicar é mau porque o Adolfo se punha na Eva.
O keynesianismo foi aplicado por Hitler e por Roosevelt, mais ou menos na mesma altura. Foi bom ou mau?
De resto esse “argumento” tabágico fica logo neutralizado, porque são/foram exactamente as democracias liberais a avançarem com medidas draconianas de proibição do tabaco em locais públicos. Não em nome da “saúde pública” e outros conceitos colectivistas, mas sim da liberdade. Da minha.
A do fumador que se lixe.
Ninguém lhe tirou a de berrar.

18 comentários:

Anónimo disse...

Aquilo que vou dizer não tem muito a ver com o tema deste post, mas apraz-me que voces querem dar a vossa opinião e não estão com meias medidas. Ora viva, temos festa rija! Que se dane o maldito politicamente correcto.

Draco

Rouxinol disse...

Estranho que estejamos de acordo.
Que não se repita!

Paulo Porto disse...

Isso mesmo, caro Lidador. Passou um (bom) bocado das 300 palavras mas fez vc muito bem.

Já me aconteceu abrir um par de janelas num restaurante em dia de inverno que fez logo passar a vontade de fumar a outro par de patetas. Ficou mais frio, mas antes frio que pivete a tabaco.

E viva a Liberdade.
E abaixo os estúpidos na versão fomador.

Unknown disse...

Touché, caro PP.
Mas olhe que o acordo (flexível, que isto não é uma ditadura do proletariado), era mais ou menos 3000 caracteres.
Tem alguns mais, reconheço, mas na próxima garanto que reduzo.

Não era a minha vez, mas o RoD parece que anda assoberbado e havia que marcar o ponto.

Quanto aos fumadores, só me faltou desbaratar o argumento dos "carros que tb poluem".
É um argumento tão bimbo que resolvi não gastar mais caracteres.
Fica para a próxima.

E valha-nos Deus, reloaded ou não.

Luís Oliveira disse...

["carros que tb poluem".]

Muito bom é também o argumento de qeu o fumo passivo só aumenta a possibilidade de ter um cancro em 0,001%. Portanto como passar debaixo de uma escada é muito mais perigoso está legitimada a baforada para cima do seu bife.

Pedro disse...

Concordo com a sua posição. Até porque sou não fumador e muitas vezes já passei por situações desagradáveis.
O blog foi uma boa iniciativa, parabéns a todos os que escrevem.

RioDoiro disse...

"carros que tb poluem"

Também já ia tropeçando nessa, mas firmei a perna.

.

Carmo da Rosa disse...

Eu já fui fumador mas deixei de fumar. Comecei por deixar de comprar, o que reduz rapidamente o consumo – não se pode cravar constantemente qué feio, nem se pode cravar toda a gente…

Hoje em dia, como não sou fundamentalista – outros dirão: a carne é fraca - ainda fumo um cigarrito por solidariedade com algum fumador solitário. Isto acontece mais ou menos uma vez de seis em seis meses. Mas o que é estranho, é que já não suporto o cheiro do tabaco. Se estiver num bar ou local de fumo durante horas, ao chegar a casa tenho que substituir a t-shirt que trazia vestida antes de me deitar – ficam as leitoras do Fiel Inimigo desde já a saber que só durmo com uma t-shirt em cima do pelo, no caso de terem alguma fixação com blogueiro na cama lavadinho todo nu, mas de meias…

Mas pior do que um cigarro, é o cheiro penetrante de um charuto quando estamos a comer num restaurante – pior do que cuspir na sopa…

Luís Oliveira disse...

[Mas pior do que um cigarro, é o cheiro penetrante de um charuto]

Pior ainda são as "cigarrilhas" com cheiro a chulé.

Anónimo disse...

Meu caro,
começo por dizer que não sou fumador - de há 13 anos para cá, pelo menos. Digo isto para evitar qualquer má interpretação sobre o que estou prestes a escrever.
A grande questão não é a liberdade, a sua ou a dos outros, mas a educação ou a sua falta. Infelizmente, não há decreto que possa impô-la... Primeiro faltava a muitos fumadores, que não tinham qualquer consideração pelo seu próximo (a palavra tem aqui duplo sentido); agora, são muitos não fumadores a regozijar-se porque podem finalmente impor a sua vontade aos fumadores. No fundo, são iguais: o que é preciso é que MINHA LIBERDADE possa impor-se à LIBERDADE DO OUTRO. Esta é a atitude que sustenta a popularidade deste governo rasteiro, perdão, rastejante quanto a princípios e valores de cultura de humanidade. Não concordo com a imposição da liberdade de quem quer que seja sobre quem quer que seja. Preconizo outra coisa para a sociedade: a EDUCAÇÂO, a formação dentro de valores de respeito pelo outro, de solidariedade social, em suma, de BOA EDUCAÇÃO.
Estes socialistas actualmente no poder têm sabido explorar muito bem todas estas fracturas da sociedade, lançando os portugueses uns contra os outros, satisfazendo a inveja de uns contra muitos outros. A receita mais velha do mundo para dominar: dividir para reinar. E assim, vão alegremente destruindo toda a liberdade de escolha individual e toda a solidariedade social entre os cidadãos. É tempo dos portugueses, TODOS OS PORTUGUESES, abrirem os olhos da mente e compreenderem que os estão a tramar (permita-me que diga assim).
Estas coisas não se devem fazer em nome da higiene, nem da saúde pública, nem da (sua ou minha) liberdade, mas sim em nome do respeito mútuo e da boa educação.

Não sei se depois de manifestar aqui este contrário, ainda me será tolerado desafiar a vossa escrita para a participação no passatempo com prémio que decorre lá pelo meu sítio. Claro que, se acharem abusivo esta espécie de publicidade, podem sempre apagar este comentário. Ok? ;)

Unknown disse...

"agora, são muitos não fumadores a regozijar-se porque podem finalmente impor a sua vontade aos fumadores. No fundo, são iguais: o que é preciso é que MINHA LIBERDADE possa impor-se à LIBERDADE DO OUTRO."

Caro zé de portugal,caramba, vamos lá a ter algum senso.
A minha liberdade de estar sem levar com fumo nas trombas, não fumiga o fumador.
Esse seu argumento é algo pateta, convenhamos.
Equivale a dizer que estar contente por não querer levar nas trombas, é chato para o agressor, porque lhe retira a liberdade de me dar nas trombas.

Ora bolas.

Vamos lá argumentar com alguma inteligência que a minha paciência para conversas obtusas não é muita.

Quanto ao respeito mutuo e boa educação, é tudo muito bonito, sim senhor, e florzinhas e passarinhos, mas isso é talvez do outro lado da galáxia.

Lá se calhar é tudo assim, e faça favor para aqui, o prazer é todo meu, para acoli, e tudo muito bom e bonito e belo e educado e respeitoso.

POr estes lados, há filhos de muitas mães (sempre houve e haverá) é necessária polícia e tribunais, e chaves nas portas e alarmes nos carros.
Estamos no mundo real, meu caro, não na ilha da Utopia, nem que seja a que você tem na cabeça.
Vamos lá amadurecer um bocado, está bem?
O mundo é como é, não como cada um gostaria que fosse.

R disse...

"Quanto ao respeito mutuo e boa educação, é tudo muito bonito, sim senhor, e florzinhas e passarinhos, mas isso é talvez do outro lado da galáxia."

??? acha que não existe?!
Nesse caso permita-me que lhe diga que o seu argumento é OBTUSO.
Acaso conhece o termo "gemeinschaft"?


Sabe que se houver "cultura", passado e ambiente para isso, poderá haver respeito mútuo?!
O que entende por respeito mútuo?!

Isso é um argumento tanto ou muito leviano.
O respeito não é só medo de sanção sabe?! Portanto as suas vistas em matéria de "respeito" são curtas.

E pelo amor de Deus, não faça analogias com os Estados Unidos e a nosso País pigmeu.

Unknown disse...

"se houver "cultura", passado e ambiente para isso, poderá haver respeito mútuo?!"

Pois é, meu caro. O problema está exactamente no "se".

É que se eu tivesse asas, voava.
Só me falta o "se".

Unknown disse...

"acha que não existe?!"

Acho. Mas espero que você se deixe de palavreado oco e me diga exactamente onde existe.

E, já agora, porque não está a morar lá.

Tem aqui uma ocasião de brilhar: dizer qual o país, onde a malta não se quer pôr na gaja mais boa, onde a gaja menos boa não tem inveja da gaja mais boa, onde a malta não se peide, e onde não haja ladrões, assassinos, calões, mentirosos, invejosos, cobardes, estúpidos, calaceiros, vigaristas, etc.

Vá, desembuche.

Só quero um nome.

Converseta da treta e assobios para o ar, dispenso.

Anónimo disse...

E que complicado que seria o deixar ao proprietário do estabelecimento a hipótese de escolher ou não ser uma casa sem fumo desde que convenientemente assinalado.
Claro que não tinha a mesma piada pois não dava para toda esta discussão sobre se a liberdade do não-fumador é ou não de melhor qualidade e maior pertinência do que a do fumador.

E, cantando e rindo com estas discussõzinhas "fracturantes", sempre se vai entretendo o povão que assim lá vai folgando as costas dos "queridos lideres" não os desconcentrando do seu pré-estabelecido e garantido rumo a coisa nenhuma.

Eu, por mim, vou mas é já meter as licenças para abrir uma esplanada ali no parque de estacionamento subterrâneo agora que finalmente ficou livre de poluição e do cheiro a tabaco. ;)
...

Unknown disse...

"E que complicado que seria o deixar ao proprietário do estabelecimento a hipótese de escolher ou não ser uma casa sem fumo desde que convenientemente assinalado."

Complicado não era. Injusto talvez.
Porque o fumador poderia optar por ir onde lhe apetecesse, sem que alguém o incomodasse, liberdade de que o não-fumador não usufruiria, porque para entrar em tal espaço público, teria de se sujeitar às externalidades resultantes da liberdade do fumador.

Acha então justo que a liberdade de sacar umas baforadas é um bem superior à liberdade de outrem de não ser incomodado?
Está no seu direito de achar o que quiser, mas compreenda que o não fumador tb tem esse direito e está em maioria.
Amoche pois, ou mude de país.

Quanto ao proprietário, pode fazer isso em sua casa. Mas não num espaço público. A reserva do direito de admissão não é à vontadex.
Ou então poderíamos por exemplo ter bares e restaurantes reservados a pretos, ou brancos, ou gays, ou o que viesse à cabeça do feliz empresário.
Tem a certeza que é isso que quer?

Anónimo disse...

"Porque o fumador poderia optar por ir onde lhe apetecesse, sem que alguém o incomodasse"

Não haverá aí alguma confusão entre "espaço publico" e "espaço aberto ao publico"? :)
E proibições/obrigações diversas e aceites pacificamente, ou perto disso, por todos já existiam/existem à muito. Como a proibição de fumar em lojas de roupa, livrarias, supermercados, etc, etc, que nunca me pareceu levantar duvidas de maior.
Ou a proibição de entrar com o tronco nu em certos restaurantes mesmo que à beira da praia. Ou a obrigatoriedade de usar casaco e gravata em outros. Ou a proibição de entrar com sapatilhas em determinados estabelecimentos. Ou a liberdade dos donos de restaurantes optarem por não servirem apenas um café à mesa na hora das refeições. Ou, (para internacionalizar um bocado a coisa ;)), a liberdade que o McDonalds tem de acabar com o serviço de pequeno-almoço a uma determinada hora da manhã.
Exemplos não faltam e não me consta que ao longo dos tempos tenham estas opções de negócio, quanto a mim tão válidas como quaisquer outras, sido objecto de levantamentos populares ou coisa parecida. :)

RioDoiro disse...

É espantoso como os mesmíssimos gajos que bramam contra a poluição, os OGMs, o CO2, os aditivos na alimentação, etc, conseguem defender o tabaco, mesmo sabendo que, no fumo, a concentração de tudo quanto é trampa é infinitamente superior ao somatório de todos os males contra os quais dizem estar.

... e conseguem, à boleia, achar razoável que os não fumadores engulam as bostas que lhes saem da boca.

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