Ora bem. O preço dos combustíveis está de tal forma pelas ruas da amargura que já ninguém que viva a 100Km de Espanha abastece em Portugal. Os veículos pesados que fazem trajectos internacionais muito menos abastecem cá.
Este facto trás vantagens competitivas a Portugal porque, por um lado, permite baixar os custos de produção e trabalho que quem pode recorrer à referida possibilidade e, por outro, retira ao fisco receita que já não poderá gastar. Estando os gastos do estado, neste momento, entalados entre minguantes receitas fiscais e a tenaz do FMI, as notícias não são más de todo. Pode finalmente sufocar-se o monstro até que a lepra faça o seu trabalho.
E pode ajudar-se à festa.
Imagine-se que, em qualquer ponto do país, se entregaria o carro pela manhã, de depósito vazio, a uma transportadora de automóveis, antes de se ir trabalhar. O camião, transportando uns 10-12 carros, poderia, durante o dia, deslocar-se a Espanha, onde além de se abastecer, abasteceria os carros que transportaria. Seria uma coisa excelente e deixaria o ministério das finanças ainda mais mudo face ao FMI.
Mas pode ser melhor ainda.
A construção do aeroporto em Alcochete está em águas de bacalhau. Imagine-se que se instalaria, temporariamente nos referidos terrenos uma zona franca, sob controlo de Espanha que, para não ferir susceptibilidades de (reaccionário) nacionalismo, se poderia baptizar como, Zona Franca Alberto João Jardim. Bem, seria excelente. Poder-se-ia polvilhar a área com postos de abastecimento de combustível espanhol, naturalmente a preços de Espanha, suficientes para aumentar a competitividade de todo a zona da capital num raio de 100Km, e manteria os "negociadores" de Portugal na mesa do FMI ainda em mais absoluto silêncio. O estado, certamente, evitaria aceder à aquele espaço. A quantidade de automóveis que detém é de tal forma astronómica que garantiria a defesa dos tais 150.000 postos de trabalho que, certamente em gasolineiras genuinamente lusas, Sócrates prometeu e, naturalmente, cumpriu.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
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Crise. Recessão. Depressão. Agora é que vai ser: os EUA vão entrar pelo cano e nós atrás deles. Talvez para a próxima. Para já, e pelo trigé...
5 comentários:
Esta malta só vai lá quando as empresas começarem a mudar-se para Espanha. Basta ir a Espanha, registar lá a empresa, arranjar uma morada e já está.
Bem feita a coisa, o fisco espanhol ganha uma pipa de massa e o fisco português fica a ver navios.
Os xuxas que paguem a crise.
Rio d'Oiro:
Delicioso!
Carmo da Rosa:
Entre 25 a 30% a menos, para lá da praia à beira-mar estabelecida.
Impressão sua, caro CdR.
Quem se desloca 100Km para ir a Espanha rentabiliza a coisa fazendo também as compras dos produtos que em Espanha forem mais baratos. Alguns aproveitam para encher um jerrycazitos...
Imagine agora os que moram a 50Km.
Caro CdR,
"Não se trata aqui de impressões, mas sim de multiplicações!"
Quando for assim sugiro que tente por-se na pele de quem mora a 100Km do local onde a gasolina custa x% menos e tente imaginar o que faria se estivesse no lugar deles.
Já agora, introduza nesse exercício o factor jerrycan.
Há malta que vai passar o fim de semana ao Algarve, enche o depósito e mais uma 'reserva' (um dia apanhará uma multa por transportar combustível ...). Até já os presidentes de câmara se vieram queixar que não podiam lá ir, mas eu estou convencido que vão.
Olhe que o seu carro tem um consumo um bocadinho alto. O meu consome 30% menos, justamente a mesma margem da diferença de preços da gasosa. Infelizmente não leva 80 litros.
Carmo da Rosa:
As contas que fez estariam certas se fosse exactamente assim. Há diferenças de revendedor para revendedor e as médias oficiais nem sempre coincidem com a realidade. Conheço quem viva na área que citou e os valores que eles referem são algo diferentes, pelo que nunca abastecem o depósito do lado de cá - além do que, como disse o Rio d'Oiro, aproveitam para fazer as compras do lado de lá.
É claro que também existem casos de postos de abastecimento do lado de cá que escapam à regra. Há umas semanas, a propósito do assunto, um dos canais de tv descobriu um, em Famalicão, que praticava preços muito mais baixos do que a média, os mais baixos de Portugal, próximos da média espanhola; e eu próprio, meses atrás, encontrei um, em Figueiró dos Vinhos (na área de Coimbra), onde os preços rondavam os mesmos valores.
Numa palavra, é o velho problema da validade da estatística como fundamento de um conhecimento verdadeiro...
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