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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

À mesa do café e atrás do computador...




À mesa do café
por Daniel Oliveira

O otimismo de Passos Coelho, que acha que irá a eleições em 2015 e espera por esse ano mágico para baixar os impostos; o seu conselho aos professores, para que estes emigrem (e Paulo Rangel quer a coisa organizada por uma agência de exportação de portugueses); e a fé de que as nossas exportações vão aumentar porque a crise internacional vai acabar brevemente eram um bolo a precisar de uma cereja. Na sucessão de disparates que o desnorteado primeiro-ministro nos tem oferecido, veio mais uma: daqui a vinte anos as reformas vão valer metade.

Primeira dúvida: em que estudo se baseou Pedro Passos Coelho para fazer esta afirmação que, como é evidente, cria angústia em milhões de cidadãos? Não sabemos. E confesso que, do que fui lendo sobre a matéria, não encontro rigorosamente nada que autorize esta previsão. Ou seja, o primeiro-ministro de Portugal faz, com um assunto tão sério e delicado, conversa de café.

O que Passos Coelho consegue com estas infelizes declarações é fácil de imaginar: instalar o sentimento de insegurança. Um medo que pode resultar, perante tão deprimente cenário, num aumento da fuga aos descontos para a segurança social. É que o sistema vive de uma ideia simples: pagamos as reformas de hoje porque acreditamos que pagarão as nossas no futuro. Se essa confiança se quebra com umas "bocas" irresponsáveis de um primeiro-ministro o sistema fica em risco.

Vem então a segunda dúvida: o que pretende o primeiro-ministro com esta declaração? Três possibilidades. A simples: respondeu a uma pergunta de um jornalista sem pensar nas suas consequências. A absurda: Passos Coelho não se contenta em preparar os portugueses para o pior, precisa de os deprimir para as próximas décadas. Mesmo na parte que não dependerá dele e sobre a qual não tem condições para fazer previsões à distância de duas décadas. Não é apenas incapaz de apontar para um horizonte próximo de esperança. Prepara o País para décadas de miséria. A cínica: o primeiro-ministro está apostado em instalar o medo para que todas as medidas que impõe ao País pareçam inevitáveis e até excelentes, quando comparadas com o futuro que nos espera. É provável que seja um pouco das três. E todas elas são coerentes com a sucessão de declarações estapafúrdias que tem feito.
Atrás do computador
por Carmo da Rosa

Certamente que não ocorreu a Daniel Oliveira, mas talvez o nosso PM quisesse apenas dizer a verdade!

Apesar da Holanda ter a taxa mais baixa de desemprego da Europa e um dos melhores sistemas de reformas do mundo (até os chineses querem implementar o sistema holandês), ouvi frequentemente nos últimos dois anos os economistas e os políticos cá da praça alertarem a população para o problema das reformas. Segundo eles, se nada for feito (trabalhar mais tempo e descontar mais) não vai haver dinheiro que chegue para as próximas gerações.

Em contrapartida, sempre achei muito estranho que em Portugal, e no mesmo período, ninguém (à excepção do incansável Medina Carreira), e muito menos o ex-PM socialista, abordasse o assunto! Já não digo alertar, porque isso, como diz Daniel Oliveira “vai criar “angústia em milhões de cidadãos” ou “instalar o sentimento de insegurança” ou mesmo “os deprimir para as próximas décadas.”

Aqui está a explicação para o nosso silêncio, que faz com que, ao mesmo tempo, eu compreenda melhor e veja com mais simpatia a actuação do Eng. José Sócrates: os portugueses são como as crianças, o melhor é não lhes dizer a verdade que é feio… e muito menos à mesa do café. 

8 comentários:

José Gonsalo disse...

Carmo da Rosa:

Daniel Oliveira é um dos melhores exemplos da tacanhez deprimente e hipócrita que desde há muito grassa em Portugal. Não há estúpido meio-iletrado com aspirações a intelectual salvador do mundo que eu conheça que o não tenha em alta consideração. É o protótipo da gentinha de que o Ary dos Santos dizia que escrevia "com canetas molhadas na bica" e que agora se esparrama pela internet e por onde tenha os amigalhaços do costume.
Não há volta a dar-lhe. Nem ele quereria, que iria perder os clientes.

jose disse...

Brilhantes artigo e comentário do José Gonsalo.
Continuem a abrir os olhos e o cérebro das pessoas honestas deste Portugal tão mal tratado...

EJSantos disse...

A situação está dificil, mas as crónicas do DO não ajudam nada.
É verdade que estou (muitos de nós estão) a sofrer com as actuais politicas. MAs o que fazer, após anos e anos ( e muitos governos) de desgovernação.
Já meti na cabeça que vou trabalhar até muito tarde. E que vou iniciar uma poupança reforma.
Hmm, serei pessimista? Ou reaccionário?

Anónimo disse...

Bom, o disparate impera!

Dizer que uma afirmação do que vai acontecer daqui a vinte anos é dizer a verdade é um completo disparate, dizer o que vai acontecer daqui a vinte anos é e será sempre uma previsão.
Pode ser uma previsão muito provável mas é sempre uma previsão.

(desenvolvi este tema em http://cabalas.blogspot.com/2011/12/ha-quem-se-recuse-perceber-o-desastre.html)

De sublinhar que EJSantos caíu e está, como refiro no meu artigo, a fazer o que o Steps Rabbit quer!

Carmo da Rosa disse...

José Gonsalo,

é que, mesmo pensando a partir da lógica de Daniel Oliveira, não consigo compreender que mal há nas afirmações do actual PM. Como digo no post, sempre achei muito estranho o tema do pagamento das reformas não ser abordado em Portugal, quando na Holanda este debate já era o pão nosso de cada dia na tv há dois anos…

EJSantos,

”vou iniciar uma poupança reforma. Hmm, serei pessimista? Ou reaccionário?”

Apenas prevenido…

Raio,

Dizer que alguém aqui afirmou que o que vai acontecer daqui a vinte anos é a verdade…. é que é disparate! Tenho a impressão que nem daqui a vinte anos você diz coisa com coisa. Estarei enganado?

Dei uma vista de olhos pelo seu blog e li as suas diatribes acerca do meu post. Mas como as suas afirmações são tão confusas e baralhadas, e além disso muito mal escritinhas meu Deus, peço imensa desculpa mas não vou responder.

Mas desejo-lhe, como aos restantes, a continuação de umas muito boas festas.

Anónimo disse...

Carmo da Rosa,

"meu Deus, peço imensa desculpa mas não vou responder."

??? Mas respondeu, isto é, respondeu fugindo a qualquer tipo de debate. Não é bonito.

Quanto à matéria em apreço:

"Dizer que alguém aqui afirmou que o que vai acontecer daqui a vinte anos é a verdade…. é que é disparate! "

????

Ora o PM disse que daqui a vinte anos as reformas estariam por metade e o Carmo da Rosa escrever:

"mas talvez o nosso PM quisesse apenas dizer a verdade!"

Portanto o meu caro amigo escreveu que dizer o que o PM disse das reformas era talvez porque quisesse dizer a verdade, ao contrário do que afirma.

Posso não saber escrever bem (Carmo da Rosa dixit) mas sei ler bem!

Carmo da Rosa disse...

” Posso não saber escrever bem (Carmo da Rosa dixit) mas sei ler bem!”

Raio,

pelos vistos também não sabe ou não quer ler. Porque o que eu muito simplesmente quis dizer, é isto:

Temos um PM (Passos Coelho) que avisa a malta que a situação económica do país está muito mal e que é preciso as pessoas prepararem-se para o pior. Coisa que o Daniel Oliveira critica e eu não percebo bem porquê, e que deu origem ao meu post. Que mal há em dizer a verdade? É só por ele ser de direita?

Você acha que a economia do país vai de vento em popa?

Ao contrário, o antigo PM (José Sócrates), por puro oportunismo político, disse até ao último minuto (quando foi obrigado a entregar as chaves do estaminé ao FMI) que tudo ia pelo melhor!!! Ao mesmo tempo que caluniava o Prof. Medina Carreira (e todos aqueles que o alertavam para a situação) de pessimista e velho-do-Restelo, quando este ultimo previu a situação apoiado em números e dados verificáveis.

Mas digo-lhe mais. Se o Eng. Sócrates tivesse agora os tomates de dizer publicamente que afinal estava errado em relação à situação económica do país, e aproveitasse o momento para pedir desculpas ao Prof. Medina Carreira, eu VOTAVA NO SÓCRATES nas próximas eleições. (caso ele não se pusesse a defender o Islão claro – mas isso é pouco provável)

Continuação de boas-festas.

Anónimo disse...

Rio D'oiro,

"Temos um PM (Passos Coelho) que avisa a malta que a situação económica do país está muito mal e que é preciso as pessoas prepararem-se para o pior. ... Que mal há em dizer a verdade? É só por ele ser de direita?"

Não há mal em dizer a verdade. Só que ele afirmou taxativamente que as reformas daqui a vinte anos seriam metade das actuais. E isso, diga-se o que disser, é uma previsão!

"Você acha que a economia do país vai de vento em popa?"

Com este governo, vai de vento em popa em direcção ao desastre...

"Ao contrário, o antigo PM (José Sócrates), por puro oportunismo político, disse até ao último minuto ... que tudo ia pelo melhor!!! "

Que eu me lembre ele nunca disse que tudo ia pelo melhor.

"Ao mesmo tempo que caluniava o Prof. Medina Carreira ... de pessimista e velho-do-Restelo, quando este ultimo previu a situação apoiado em números e dados verificáveis."

O Medina Carreira é um maldizente profissional. Não previu nada, limitou-se a dizer mal por dizer mal.
Isto valeu-lhe um tachinho na TV.


" Se o Eng. Sócrates tivesse agora os tomates de dizer publicamente que afinal estava errado em relação à situação económica do país, e aproveitasse o momento para pedir desculpas ao Prof. Medina Carreira, eu VOTAVA NO SÓCRATES nas próximas eleições."

Eu nunca votaria em nenhum nabo que pedisse desculpas ao Dr. Medina Carreira!
Acho este cavalheiro demasiado irritante para o meu paladar. Ainda por ciuma foi Ministro das Finanças creio que de Mário Soares!

Também desejo a si e a todos que lerem isto, continuação de Boas Festas.