É provável que o editor português receasse a fúria dos tugas mais broncos quando confrontados com variantes gráficas não usadas em Portugal. Assim, e como exemplos, fato foi “traduzido” por facto, metrô por metro, Amazônia por Amazónia. Em conclusão, o “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil” para português ler é uma versão amesquinhada, castrada e politicamente correta do livro original.
Noutras longitudes o enquadramento cultural é mais arejado. Os livros ingleses são vendidos nos EUA (e vice-versa) sem adaptação apesar de as versões americana e europeia do inglês variarem em sintaxe e ortografia mais do que as versões brasileira e europeia do português. Com esta prática editorial, os leitores adquirem conhecimentos e alargam horizontes sobre outros usos do idioma comum. Acresce que beneficiam de edições mais baratas por dispensa de duplas revisões e impressões.
Não sei o que se passa no Brasil a este respeito. Mas, partilhando o país a raiz cultural com Portugal, suponho que também por lá seja necessário modificar os textos dos livros portugueses não se dê o caso de alguém não entender nem querer saber que fato, no outro lado do oceano, é paletó.
O assunto tem um enquadramento cultural. Uma das mais recentes e notáveis variantes da tacanhez e limitação intelectual dos portugueses é a aversão a livros escritos na versão brasileira da nossa língua. Esta moda consolidou-se há pouco mais de uma dezena de anos e foi inicialmente difundida entre a parolada intelectual pelo lobby dos tradutores e livreiros e, a partir daí, popularizou-se entre a parolada em geral.
Noutras longitudes o enquadramento cultural é mais arejado. Os livros ingleses são vendidos nos EUA (e vice-versa) sem adaptação apesar de as versões americana e europeia do inglês variarem em sintaxe e ortografia mais do que as versões brasileira e europeia do português. Com esta prática editorial, os leitores adquirem conhecimentos e alargam horizontes sobre outros usos do idioma comum. Acresce que beneficiam de edições mais baratas por dispensa de duplas revisões e impressões.
Não sei o que se passa no Brasil a este respeito. Mas, partilhando o país a raiz cultural com Portugal, suponho que também por lá seja necessário modificar os textos dos livros portugueses não se dê o caso de alguém não entender nem querer saber que fato, no outro lado do oceano, é paletó.
1 comentário:
Caro CdR
Respondendo à sua pergunta:
1º explica-se pela mesma razão que eu não percebi patavina do que era dito numa mini-série produzida nos Açores com atores açoreanos. Acontece que quanto menos educarmos o ouvido para outras formas de falar, menos percebemos.
2º Como escrevi no post, os brasileiros partilham connosco a mesma tendência para não fazer esforço e ficar a saber mais.
Agora, um extra. também em dois tempos:
1º Lembro de um trabalho televisivo sobre o impacto que as tropas americanas estacionadas na GB tiveram na população local.
Uma das coisas que uma senhora de idade referia é que, aquando das idas aos cinemas dos GI's, no princípio os ingleses não percebiam aquilo que ouviam nos filmes americanos.
2º Noutro trabalho para a tv,lembro-me também de um jogador de futebol americano que foi jogar para uma equipa inglesa. Segundo ele, as diferenças no falar eram de tal modo grandes que teve de "voltar a aprender inglês".
Como se vê, ingleses e americanos podiam optar por aumentar o fosso no uso da lingua comum ou, pelo contrário, alargar a capacidade de todos entenderem as variantes da lingua. Como são gente pragmática, com gosto por saber mais e pouco dada a uma visão de quintal, optaram pela segunda hipotese.
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