Os dois grandes educadores em Portugal, a escola pública e os media, foram passando a mensagem ao longo dos anos de que os jovens devem seguir a carreira que mais gostam e para a qual se sintam dotados. Na medida em que o direito ao emprego está garantido pela constituição, o corolário óbvio é de que é função do estado (ou seja, dos contribuintes) garantir que essas pessoas terão um emprego. Cresceu assim uma geração de auto-proclamados artistas, professores, académicos e intelectuais de toda a espécie. Enquanto houve dinheiro criaram-se bolsas, subsídios e posições na função pública que foram compensando o facto de que mais ninguém estar disposto a pagar-lhes pelo seu trabalho. Enquanto isso, empresas tiveram que deslocar-se por falta de profissionais qualificados e talentosos.
Entretanto, como sempre acontece com experiências socialistas, acabou-se o dinheiro dos outros. Nos próximos anos alguns irão perder as, cada vez mais escassas, benesses que o estado lhes foi dando. A pessoas como a Myryam Zaluar permitam-me que dê um conselho: façam-se úteis à sociedade, adaptem-se e façam algo que os outros estejam dispostos a pagar, sem ser por intermédio da coerção do estado. Se mesmo assim insistirem em fazer aquilo que gostam, emigrem, procurem um local em que haja pessoas dispostas a pagar pelo vosso talento. Se não há crianças suficientes para lhes garantir um emprego, os professores que o queiram continuar a ser, devem deslocar-se para países lusófonos onde existem milhares de crianças sem professor. Não é obrigação dos restantes portugueses subsidiar os vossos sonhos, nem financiar más decisões de carreira. É injusto pedir aos contribuintes, que na sua maioria não têm as suas profissões de sonho, que continuem a abdicar dos seus subsídios de Natal para que vocês possam ter uma profissão que não satisfaz nenhuma outra necessidade para além da vossa própria realização pessoal. Não é só injusto, é imoral.
1 comentário:
Simplesmente brilhante.
Gostaria de ter escrito este texto cristalino...
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