(imagem obtida aqui)
A propósito deste meu post, Luís Dolhnikoff publicou, no Ablogando, um comentário crítico, dividido em três partes, ao livro Porque virei à direita. Iniciarei a sua transcrição aqui, no Fiel Inimigo, a partir de amanhã.
Hoje, porém, transcrevo ainda um seu outro artigo, posterior, colocado também no Ablogando.
Novo atentado explode velhos argumentos
Há alguns argumentos
principais e outros subsidiários que sempre vêm à tona, como “verdades”
goebbelsianas, quando ocorre um novo atentado por terroristas islâmicos. Com o
da maratona de Boston não seria diferente. Vou, sucintamente, concentrar-me
aqui apenas nos dois principais.
Começo pela questão da dificuldade de integração dos
muçulmanos na UE e, agora, também nos EUA. Ora, até o atentado de Boston, os
EUA eram usados como modelo e “prova” de que o problema era europeu. Ou seja,
que o problema eram os europeus. Mas se cidadãos muçulmanos naturalizados
norte-americanos fazem o mesmo que os terroristas de Londres e Madrid, entre
vários outros, o problema não são os europeus.
Resta a dificuldade de integração em si. Mas se sociedades
com passados e culturas migratórias diferentes, e que tratam os imigrantes de
modo distinto, como EUA e UE, não conseguem igualmente integrar os imigrantes
muçulmanos, o problema, ao mesmo em parte, tem de estar no fator comum, os
próprios imigrantes muçulmanos. Isto seria evidente se não fosse “politicamente
incorreto”. Pois tanto os EUA quanto a UE recebem imigrantes de todos os
continentes, de todas as culturas e de todas as religiões. Mas os terroristas
são sempre muçulmanos. Tem de haver um motivo. Porém o motivo da particular
dificuldade de integração dos muçulmanos como causa de atentados também
explodiu em Boston.
Em primeiro lugar, essa dificuldade é afinal em parte, ou em
grande parte, responsabilidade dos próprios muçulmanos, cuja cultura e religião
não é apenas diferente em muitos aspectos essenciais da cultura ocidental
moderna (mesmo caso de chineses do interior da China ou de africanos em geral),
mas também orgulhosa e agressivamente rejeitadora de cultura ocidental moderna,
ou seja, da sociedade aberta. Em segundo lugar, as dificuldades de integração
não “explicam” mais os atentados porque, além de eles não serem europeus nem
terem atacado na Europa, os irmãos de Boston eram perfeitamente integrados...
O mais velho se casara com uma americana cristã e praticava boxe.
O mais novo fazia simplesmente tudo o que faz uma americano comum de sua idade,
de fumar maconha a frequentar bons colégios particulares, além ser “popular”, o
que nessa idade, nos EUA, é uma espécie de prêmio social. Logo, nem a
dificuldade de integração, nem a facilidade de integração, explicam coisa
alguma (os chineses do interior da China e os africanos em geral que o digam).
O segundo argumento principal é a vingança. No caso
particular dos irmãos de Boston, foram citados o Iraque e o Afeganistão como
“motivos”. O que logo gera um coro surdo de “compreensão” que ecoa do lado
esquerdo do espectro político. Mas o que tem a ver o menino de 8 anos
assassinado na frente da família com as decisões do governo do ex-presidente
Bush? O que tem a ver a imigrante chinesa também ali assassinada com o mesmo
governo? E desde quando, numa sociedade aberta, ações governamentais
criticáveis o são pela morte aleatória e em massa de inocentes? Mesmo a
vingança, para além da crítica, nada justifica nem pode justificar. Primeiro,
porque inocentes são inocentes. Simples assim. Não se vingam culpados matando
inocentes. Isto é puro e completo absurdo. Segundo, porque existe o sistema
judiciário. Não é fácil levar a julgamento um poderoso norte-americano. Mas não
é impossível. Além disso, a completa liberdade de manifestação e de ação
políticas franqueia a carreira política a qualquer um. Os terroristas
muçulmanos, se quisessem, poderiam ser políticos muçulmanos, tanto nos EUA
quanto na UE, e assim tentar influir nas políticas públicas.
A verdade é que as famosas dificuldades de integração dos
muçulmanos, assim como seu “desejo de vingança”, não fazem qualquer sentido
verdadeiro à luz terrível mas clara das explosões.
O verdadeiro motivo pelo qual há terroristas muçulmanos de
massa, e apenas terroristas de massa muçulmanos, não é apontado porque “não
pode” ser dito. Esse motivo é o islã como ideologia política e visão de mundo,
que luta por uma sociedade diferente da moderna sociedade aberta. Mas isto
ainda não é tudo. Porque o terrorismo político sempre existiu. A diferença é
que o terrorismo político, por definição, tinha alvos políticos, em vez de
atacar massas de inocentes. O terrorismo islâmico é um terrorismo de massa
porque sua ideologia envolve o desprezo e a rejeição – aqui sim –, pelos
radicais islâmicos, não só do Ocidente e da cultura moderna, mas também dos
ocidentais em si. A morte de “infiéis” simplesmente não é relevante. Mas pode
ser eventualmente útil.
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