Transcrevo hoje a terceira e última parte do texto de Luís Dolhnikoff publicado no Ablogando.
Nota introdutória
Nesta terceira e última parte de minha análise do
livro Por que virei à direita, afasto-me da discussão de seu tema
central, a defesa do liberalismo e da sociedade aberta contra as utopias
rousseaunianas de esquerda e seu “liberticídio”, para esboçar por que esta
discussão, apesar de sua importância e persistente atualidade (infelizmente),
pede hoje uma ampliação de foco ou de abrangência, incluindo a hipótese radical
do "decrescimento econômico".
1. O conservadorismo é um humanismo – logo, não basta
Capitalismo é produtivismo e consumismo. Dadas a inelasticidade física do meio
ambiente terrestre e a elasticidade histórica da população humana e da produção
capitalista, que na verdade é consumo, nas duas pontas (consumo dos produtos
gerados, mas também da energia e dos insumos geradores), o capitalismo é, no
limite, insustentável. Como a esquerda fracassou em sua crítica e a direita é
inapetente a ela, resta, ou restaria, o ambientalismo. Este, porém, é incapaz,
se não de fazer a crítica radical do capitalismo, ou seja, do consumismo, de
levar tal crítica à sua consequência lógica, a concepção de um sistema
socioeconômico alternativo. Porque isto implicaria em um sistema político que o
implementasse. Aqui a diferença fundamental entre esquerdismo e ambientalismo
se explicita: o esquerdismo, a partir do rousseaunismo, tem o homem, a história
humana, a sociedade como foco e razão de ser. Já o ambientalismo tem um foco e
uma razão diferentes, além de maiores ou mais abrangentes: a humanidade mais o
meio ambiente terrestre. O esquerdismo é um humanismo. O conservadorismo,
outro. Face aos conhecimentos contemporâneos, todo humanismo é insuficiente.
Se o esquerdismo é mudancista, ou seja, pretende mudar a sociedade para se
adequar a certo ideal da condição humana, o ambientalismo é mudancista porque
antimudancista, ou conservador. É surpreendente como não se costuma notar serem
os termos conservador e conservacionista,
originalmente, sinônimos. A diferença nos usos dos dois termos se dá em função
dos objetos de conservação: os conservadores se preocupam em conservar a
sociedade, os conservacionistas se ocupam em preservar o meio ambiente.
Enquanto a história determinou o fracasso do pensamento de esquerda, essa
diferença de foco entre os conservadores e os conservacionistas evidencia certa
insuficiência do pensamento de direita. “After such knowledge, what
forgiveness?”, como diria Eliot.
O conservadorismo político é hoje insuficiente porque, à semelhança do
esquerdismo, mantém certa obsessão “humanista” que é, na verdade, uma forma de
antropocentrismo. Luiz Felipe Pondé é, neste sentido, um caso limite e exemplar
(daí a possível pertinência de se deter sobre ele): seu pensamento navega e
naufraga numa insistência monótona, cansativa e algo fanática em “pensar sobre
o homem”. Na prática, em denunciar como a modernidade é enganosa ao haver pretendido
“solucionar o humano”: “O que caracteriza a modernidade é a utopia de que a
gente vai organizar a agonia. Não resolve. O ser humano é agonia. O ser humano
não é alguma coisa que tenha solução”.[i] De fato, não tem. Não, porém, como acredita
Pondé, porque “a natureza humana [...] sempre subentende um certo mistério” (a
“natureza humana” e apenas ela, obviamente...).[ii] Mas sim porque se trata de um falso problema, ou
de um falseamento do problema.
Sendo apenas uma espécie, ou seja, um ponto em duas redes imensuráveis, uma
estendida no tempo, ocontinuum da história da vida, outra estendida
no espaço, o continuum da biosfera, o ser humano pouco
importa, no sentido de que importa pouco, ou seja, não detém informação
importante, isto é, suficiente, que dirá determinante. Frise-se que não quero
com isso dizer que se trata de falta de informação por parte do ser humano, mas
sim que toda informação possível sobre o ser humano é insuficiente para sequer
começar a compreender ou descrever o ser humano (que dirá uma realidade maior
ou mais abrangente), na medida em que este não apenas não existe no vácuo como
não existe por si – ou em si. E aqui não me refiro a qualquer “dimensão
espiritual” ou “transcendência”, mas à biologia (apenas para citar um exemplo,
nosso DNA incorpora vírus antigos que já tinham sido incorporados por espécies
de que descendemos, para não falar do fato de que há mais bactérias mutualistas
em nosso corpos do que células humanas; a lista poderia se estender
enormemente).
O atraso de certo pensamento conservador, de que Pondé é hoje o representante
brasileiro mais notório, revela-se, afinal, profundo. Pois além de pretender
“pensar o ser humano”, como se ainda suficiente, insiste em que o caminho para
fazê-lo passa pela religião, pela crença em Deus ou coisa parecida, como se
ainda nos tempos da escolástica. Se ao lado dessa velha “espiritualidade”, que
não passa da forma mais radical de narcisismo humanista (apenas humanos têm
alma; Adão foi criado à imagem e semelhança de Deus; etc.), ainda houvesse
espaço para um pensamento ambientalmente informado, abrangente ou includente,
ela seria apenas ociosa, e afinal irrelevante. Em um conservador obscurantista
como Pondé, porém, a crença em Deus serve como importante reforço do narcisismo
humanista, do tardoantropocentrismo, ou seja, da ignorância orgulhosa.
2. Uma oligarquia catastrófica [iii]
Com o colapso da URSS e o fim do
“socialismo real”, o refluxo perplexo da crítica ao sistema capitalista foi
seguido pela desorientação generalizada da esquerda mundial. A crítica ao
sistema tomaria então, a partir dos anos 1990, dois rumos principais: o
primeiro, que atacava não mais o sistema em si, porém sua face mais evidente, a
globalização, expresso no movimento conhecido como altermundialismo e
centrado nos Fóruns Sociais, com seu slogan “Outro mundo é possível” – sem que
tenha sido possível descrever esse mundo; o segundo, mais pragmático e pontual,
centrado na questão ambiental, denunciando extinções, desmatamentos e
poluições, sugerindo dimuição de emissões, reciclagem e o uso de energia limpa,
e afinal ganhando densidade na questão do aquecimento global – porém na
situação paradoxal de ver tudo encampado pelos governos, o que afinal resultou
em cúpulas internacionais e impasses idem. O que fazer, afinal, se o sistema
alternativo morreu (felizmente), e se o sistema sobrevivente pode levar
diretamente à catástrofe?
A maior parte da superfície do globo será transformada em deserto. Os
sobreviventes se agruparão em torno do Ártico. Mas não haverá lugar para todo
mundo, o que gerará guerras, populações enfurecidas, senhores da guerra. Não é
a Terra que está ameaçada, mas a civilização.
Quem o diz é James Lovelock, criador da conhecida hipótese Gaia. Lovelock é um
cientista sério, e como tal é reconhecido por seus pares. Não é, portanto,
culpa sua se a metáfora da Terra como um organismo, formulada
décadas atrás, visando transmitir uma visão da clara interdependência dos
sistemas biológicos quando isto ainda era uma novidade, foi depois transformada
pelos “miolos moles” de plantão em “Terra viva”, versão new age da
mais antiga das divindades, a Mãe Terra – que, na verdade, está mais para
madrasta. Uma madrasta totalmente indiferente, incapaz de lançar uma lágrima
pela morte provável de milhões de seus filhos mais ousados. Mesmo porque,
estará seca.
O que fazer, então, como diria Lênin? Recomeçar do
começo: pelo diagnóstico. Eis o objetivo do francês Hervé Kempf em Como
os ricos destroem o planeta (São Paulo, Globo, 2010), no qual aparece
a declaração de Lovelock (p. 10). Kempf era um jornalista especializado em ciência
quando houve o desastre radioativo de Chernobyl, em 1986, o que o fez se tornar
um ecologista radical, mas não um idiota.
A hipótese de partida de Kempf pode ser expressa em poucas palavras: a crise
ambiental é ainda mais grave e, portanto, ainda mais urgente, do que se costuma
reconhecer; ela não pode ser equacionada, ou seja, compreendida e muito menos
resolvida, sem levar em conta sua causa central: o consumismo como ideologia, e
a oligarquia mundial (sic) que o impõe, defende e sustenta.
Daí o livro denunciar, inclusive, o próprio “desenvolvimento sustentável”: “A
única função real do ‘desenvolvimento sustentável’ é manter os lucros e evitar
mudanças de hábito, apenas alterando um pouco o curso. Mas são justamente os
lucros e os hábitos que nos impedem de mudar o curso” (p. 44).
Kempf, portanto, articula de forma direta e sintética a questão ambiental à
questão sociopolíticoeconômica, apontando para a saída do impasse tanto das
insuficiências ingênuas do ambientalismo como do tardoesquerdismo vazio do
altermundialismo. Como o ambientalismo é manco e o altermundialismo é cego, a
tarefa revela-se ainda mais difícil.
Kempf chega então à sua colocação central. E no que o livro tem de melhor.
Revisitando o clássico esquecido do final do século XIX, a Teoria da
classe ociosa, de Thorstein Veblen, propõe uma interpretação e uma mudança
do “capitalismo de consumo” contemporâneo que faz Marx parecer quase moderado
(e o “socialismo real” ser tão questionável em seu produtivismo de Estado
quanto o próprio capitalismo com seu produtivismo privado). Há uma oligarquia
mundial (ou “nomenklatura capitalista”) isolada socialmente e
hiperconsumista materialmente, mas principalmente criadora do modelo seguido
pela longa cadeia de emulações que move as classes sociais a partir do momento
em que suas necessidades fundamentais estão satisfeitas (se a miséria, a falta
do necessário, não se relativiza, a pobreza, a falta do desejável, é sempre
relativa a algum modelo do que seja a não-pobreza; de fato, seus parâmetros mudam
de país para país). Como sintetiza o título de um dos capítulos, “A classe
superior define o modo de vida de sua época”. Daí seu corolário: “A oligarquia
incrementa a crise ambiental”. Pois esta é, fundamental e diretamente,
resultado da produção, ou seja, do uso e da transformação dos recursos
naturais. Kempf advoga então uma mudança brutal de paradigma, sintetizada em
outro título: “Não é preciso aumentar a produção”.
A existência de uma casta de oligarcas, de uma camada social de hiper-ricos,
não é, teoricamente, um problema. Pudemos observar, no passado, que a detenção
do poder caminhava junto com a apropriação de grandes riquezas. [Porém] estamos
em um momento muito específico da história, o século xxi, que coloca um desafio
radicalmente novo para a espécie humana: pela primeira vez desde o início de
sua expansão, há mais de 1 milhão de anos, ela se defronta com os limites
biosféricos de seu prodigioso dinamismo. Viver este momento significa que
devemos encontrar, coletivamente, os caminhos pelos quais guiar toda essa
energia de forma diferente. Trata-se de um desafio magnífico, mas difícil. Ora,
essa classe dirigente predadora e ávida, desperdiçando suas sinecuras, fazendo
mau uso do poder, ergue-se como um obstáculo nesses caminhos. Ela não traz consigo
nenhum projeto, não é levada por nenhum ideal, não emite nenhum discurso. A
aristocracia da Idade Média era uma casta exploradora, mas não apenas isso: ela
sonhava em construir uma ordem transcendente, de que são testemunhas as
esplendorosas catedrais góticas. A burguesia do século xix, que Marx
qualificava de classe revolucionária, explorava o proletariado, mas tinha
também o sentimento de estar difundindo o progresso e os ideais humanistas. As
classes dirigentes da Guerra Fria eram levadas pela vontade de defender as
liberdades democráticas diante de um contramodelo totalitarista. Mas hoje,
depois de triunfar sobre o comunismo soviético, a ideologia capitalista não
sabe fazer outra coisa que não festejar a si mesma. Todos os círculos de poder
e de formação de opinião estão engolidos pelo seu pseudorrealismo, que
considera impossível haver alternativas e que a única meta a ser perseguida
para interferir na fatalidade da injustiça é aumentar cada vez mais a riqueza.
Esse suposto realismo não é só sinistro, mas também cego. Cego diante do
potencial explosivo da injustiça exposta. E cego diante do envenenamento da
biosfera provocado pelo crescimento da riqueza material, envenenamento que
significa a deterioração das condições da vida humana e a dilapidação das
oportunidades que estarão à disposição das próximas gerações (pp. 97-8).
O desenvolvimentismo e o produtivismo são postos em cheque: pois se o título do
último capítulo afirma não ser preciso aumentar a produção, seu texto argumenta
que é imperativo diminuí-la. Taxas de crescimento devem ser lidas como
aproximações à catástrofe, e substituídas por taxas de decrescimento.
3. Decrescimento econômico
Parece absurdo, à primeira vista. Mas apenas porque os paradigmas dominantes se
transformam em ideologia, no sentido de crença política “naturalizada”. Neste
caso, o crescimento indefinido da produção, sintetizado no crescimento do PIB,
parece natural, entre outras coisas, porque a própria população não para de
crescer. E também porque parece associado ao desenvolvimento qualitativo da
civilização, evidente, por exemplo, nas conquistas tecnocientíficas, incluindo
as médicas.
Começando pelo fim, tais conquistas nada têm a ver com a produção industrial.
São o resultado de esforços pontuais de grupos de especialistas. Enquanto o
aumento da população pode ser controlado. Isto já é verdade para a maior parte
dos países ricos, em alguns dos quais a população na verdade diminui. E mesmo
no Terceiro Mundo, o fim do crescimento só não é hoje maior por questões culturais.
Por exemplo, entre a população muçulmana, que chega a um quinto da população
mundial, com mais de 1 bilhão de indivíduos, a contracepção vai contra os
princípios religiosos e as tradições sociais de grandes famílias patriarcais.
Mas talvez o maior obstáculo à aceitabilidade, antes ainda da aceitação, do
contraparadigma decrescionista seja o fato de parecer apontar para a pobreza.
Pois se a produção decresce, no limite, chegará a zero. Isto, porém, tampouco é
verdade. Porque a parada do crescimento da produção e do consumo, e sua
subsequente diminuição, devem ser acompanhadas de medidas de contenção de
desperdício e de melhoria geral dos padrões de consumo, ou seja, de sua
racionalização. Um artigo da presidenciável brasileira Marina Silva coloca a
questão de forma clara e pontual, tratando objetivamente da problemática
hidrelétrica de Belo Monte:
Estão mais do que evidentes a complexidade e os riscos envolvidos na construção
da usina hidrelétrica de Belo Monte no rio Xingu, no Pará. [...] Vê-se o direcionamento
de todos os instrumentos de políticas públicas para viabilizar um projeto
estrategicamente ruim, caro e de altíssimo risco socioambiental. Enquanto isso,
pouco se faz para reduzir perdas da ordem de 15% em energia no país, o
equivalente a três vezes a capacidade média de Belo Monte. E o processo em
curso aponta mais desperdício: Belo Monte terá uma produção energética efetiva
bem menor do que sua capacidade total -4.428 mw, em função do regime hídrico do
rio e da configuração do projeto, e não os 11.223 mw anunciados. Surpreendem
também as condições à disposição dos interessados em comercializar a energia
gerada pelo rio Xingu. Tem-se R$ 13,5 bilhões em crédito subsidiado pelo bndes,
com prazo de 30 anos para pagamento, a juros de 4% ao ano. Isenção de impostos
sobre os lucros, o comprometimento do capital de empresas estatais e de fundos
de pensão e, de quebra, o absurdo comprometimento de licenciamento ambiental
com prazo preestabelecido para a obra começar já em setembro. [...] Imaginem
se todas essas condições excepcionais fossem para melhorias da eficiência do
sistema elétrico e para a redução da demanda por energia.[iv] [grifos nossos].
Na realidade, a parada do crescimento e sua diminuição ameaçam apenas a lógica
do lucro atual. Sem voltar às velhas estigmatizações religioso-medievais da
usura, é impossível, hoje, equacionar a questão ambiental sem chegar aos
fundamentos do problema, que não é mais tão somente a poluição desse ou daquele
tipo de produção ou de produto, mas a produção em si, cujo móvel primeiro é o
lucro como hoje buscado e realizado. Mais exatamente, o crescimento indefinido
do lucro – que não pode ser obtido sem um aumento da produção (mais ainda que o
da produtividade), pois é esse aumento que gera mais produtos a partir do
capital investido, ou imobilizado, produtos cuja comercialização aumentará
então o retorno desse capital. Os produtos novos, impondo sua substituição,
completam o quadro.
Um dos problemas centrais é o fato de que toda a atual contabilidade
capitalista é falseada. Ela é falseada porque não incorpora entre seus custos
os custos ambientais. Se estes são computados, e também computadas todas as
ações públicas relacionadas diretamente ao consumismo, como a coleta de lixo e
sua destinação, além de outras incontáveis iniciativas, como a oferta crescente
de água etc., o que se constata é, de um lado, um involuntário “subsídio” pelo
meio ambiente natural, e de outro, um subsídio estatal generalizado indireto de
toda a atividade econômica. E como o meio ambiente natural é patrimônio comum,
e como o dinheiro do Estado é dinheiro da população concentrado via impostos, a
própria população subsidia parte importante dos lucros como hoje realizados. E
se parte dos lucros é por ela subsidiada, essa mesma população tem o direito de
questionar tal subsídio, logo, tal tipo de lucratividade.
Em termos práticos, o decrescionismo econômico, um novo pararadigma por
enquanto teórico, mas que começa a emergir neste debate, propõe e
pressupõe uma verdadeira “revolução cultural”, em que uma reforma radical do
“capitalismo de consumo” seria criada principalmente a partir da demanda. Porém
a mudança da demanda só viria da mudança de hábitos, que dependem da referida
“revolução cultural”. Ao mesmo tempo, há vários exemplos de medidas práticas.
Seguindo e estendendo o modelo da indústria tabagista, proibir-se-ia a
publicidade e a propaganda como um todo, a partir de leis apoiadas pela população.
As atividades hoje bancadas pela publicidade, como TVs abertas e jornais,
seriam bancadas por assinaturas do público interessado, ou fracassariam ao não
se adaptar. Reverter-se-ia a tendência da obsolescência programada dos
produtos, por exemplo, taxando mais os produtos menos duráveis, e menos os mais
duráveis. A taxação progressiva da renda seguiria o modelo puro e duro dos
países escandinavos, com a concomitante extinção, através das instituições
internacionais, de todos os paraísos fiscais. Por fim, a cultura econômica
“fordista”, de produzir em massa e de massificar o consumo como ideal econômico
mas também sociocultural e no limite existencial, seria revista em função do
mote de Franklin Lloyd Wright: “Less is only more where more is no good”.
“Menos é mais apenas onde mais não é bom”. Esse “onde” é hoje o mundo. Enfim,
produzir menos, mas melhor. Consumir menos, porém mais cada produto.
Desde o século XVI, o capitalismo sofreu várias mutações, passando do modelo
mercantil para o industrial, depois para o pós-industrial etc., e, por outro
lado, mudando do capitalismo “dickensiano” para o do welfare. É
essa capacidade de mutação, adaptação e evolução que tornam o capitalismo
resiliente, enquanto mantém seu aspecto fundamental de ser o único sistema
historicamente capaz de tirar a humanidade da miséria e da pobreza e, por
consequência, do atraso e da servidão. Não há nada mais “capitalistamente
correto” do que reformar o capitalismo, para que se mantenha como a base da
modernidade, em que, como dizia o velho Marx, “tudo o que é sólido se desmancha
no ar”. Isso também vale para o “capitalismo de consumo” atual.
[i] "A modernidade quis organizar a
agonia", entrevista à Folha de S. Paulo, http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2701200709.htm.
[ii] Idem.
[iii] Algumas passagens desta seção do texto parecem ter
sido diretamente plagiadas do release do livro de Kempf
acessável no sítio da editora Globo (http://globolivros.globo.com/busca_detalhesprodutos.asp?pgTipo=CATALOGO&idProduto=1413). De
fato, são idênticas, porque eu sou o autor do referido release.
[iv] “Represa de erros”, Folha de S. Paulo,
29/04/2010.
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