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terça-feira, 10 de novembro de 2009

Muro de Berlim - Certificado de Inferioridade



Imagem para Eurico Moura:
Condutas da EPAL, em Sacavém, devidamente protegidas (a arama farpado) contra roubos de água israelitas.

96 comentários:

Anónimo disse...

e viva a qualidade dos muros

Carmo da Rosa disse...

A Rita Rato devia ser forçada a ver este documentário de dia e de noite, repetidamente, até finalmente perceber que os camaradas tiveram que construir um muro para evitar que o proletariado em peso fugisse para o lado capitalista...

Um muro que chamaram "muro da paz" e "muro anti-fascista" - é preciso ter lata, isto é um atentado à inteligência, por muito débil que ela seja...

Eurico Moura disse...

Falando de muros...

http://attacportugal.blogspot.com/2009/11/colaboracao-imoral-da-empresa.html

RioDoiro disse...

Falando de muros,

O Eurico já passou no Trancão em Sacavém?

Já reparou na quantidade de arame farpado que envolve os terminais da conduta de abastecimento de água?

Sabe quando e porque lá foi posto?

E o estagiário da EPAL, não se apercebeu que a maior ameaça ao abastecimento dos palestinianos é o Hamaz? O Caramelo não se apercebeu que a generalidade dos bens que entram na "Palestina" vêm de Israel?

O caramelo não se apercebeu que o nível de ajuda dos outros vizinhos da "Palestina"aos palestinianos se resume a armamento?

O estagiário é estagiário em mais quê? Terá ele feito a ligação entre a existência do arame farpado em Sacavém e os caramelos que o caramelo não vê serem a maior ameaça aos palestinianos?

E seria o arame farpado em Sacavém destinado a evitar a falta de água POTÁVEL a quem?

A "amnistia" nunca terá reparado no Hamas? A "amnistia" nunca terá reparado nas execuções sumárias de dissidentes na "Palestina"?

O Eurico tem a noção da real ameaça que se tem combatido com medidas preventivas pelo mundo todo? E tem noção de quem se trata? Dos americanos, aposto.

RioDoiro disse...

Cro Eurico.

Terá o Eurico medido o nível de imbecilidade do site em questâo?

Veja esta pérola:

http://attacportugal.blogspot.com/2009/10/justica.html

Como será que o Eurico explicará a prisão de militares europeus que tenham estado no Afeganistâo, pelo mesmo e exacto tipo de "crime"?

Unknown disse...

Aqui o Eurico anda a ler sites pejados de idiotas uteis e é por isso que não consegue ver o mundo com a sensatez que a idade devia trazer.
E atreve-se a remeter para um poste cuja maior fonte é a descredibilizada Amnistia Internacional, NGO que há tempos foi fazer recolha de fundos à Arábia Saudita, imagine-se.

E veio de lá de papo cheio..tudo donativos de particulares, claro, que aquilo está cheio de amantes dos direitos humanos.

Aliás, se o Eurico consultar o

http://www.foreignpolicy.com/articles/2009/11/03/the_human_rights_hit_lists

facilmente verificará que para a Amnistia Internacional, só entre 1991 e 2000, os países onde os direitos humanos mais estavam em perigo eram, pasme-se, os EUA e Israel.
Isto ainda antes do Bush...imagino a estatística de 2001 a 2010..

CUBA?
Coreia do Norte?
Países islâmicos?
Bielorússia?
Zimbabwe?
Venezuela?
China?
Irão?
Sudão?
etc?

Para a Aministia, parece tratar-se de paraísos dos direitos humanos, face aos grandes monstros que são os EUA e Israel.

Confirme Eurico, e explique-me, se souber.
E na próxima, pense pela sua cabeça, em vez de se limitar a ingerir o fast-food ideológico que lhe metem no prato, já mastigado e quase digerido.

Chiça, já tem idade para isso.

RioDoiro disse...

Eurico,

Está familiarizado com o termo Pallywood?

Faça uma buscazita pelo nome e veja se consegue tropeça na história da execução de Muhammad al-Durrah às mão do Hamas.

Lembra-se do nome do defunto?

Eu dou mais umas dicas. A "reportagem" foi premiada por um clube de idiotas úteis em "jornalismo" europeus, antes, evidentemente da estação de TV em causa (francesa) ter dado pelo embuste e ter pedido, timidamente (como convém) desculpa.

Veja lá se consegue perceber da qualidade da sua selecção de amigalhaços.

Unknown disse...

"Como será que o Eurico explicará a prisão de militares europeus que tenham estado no Afeganistâo, pelo mesmo e exacto tipo de "crime""

Assunto importante. Trata-se daquilo que hoje se chama "guerra assimetrica", na vertente da "lawfare".

Foi uma estratégia decidida na famoso festival anti-semita "Durban I", em 2001.

Curiosamente é o assunto que vou investigar no curso que estou a fazer neste momento. Uma das pessoas que já contactei foi o Dr Irwin Cotler, ex Ministro da Justiça do Canadá e que tem dedicado ao tema muita tinta.

De qq modo já há alguns países a retirar a "universal jurisdiction" dos seus textos legais, justamente porque se aperceberam da macacada que esta malta quer montar.
A Bélgica foi um deles, a Espanha já disse que o faria e o Reino Unido se não o fez, não tarda.

Eurico Moura disse...

Onde estava eu com a minha cabeça!?
Até pensei que iam gostar da sugestão...
Mas não entendo como tratam tão mal a AI. O Irão é corrido a pontapé!
Claro que também há lá umas referências a Israel mas nada que se compare com a China e o Brasil..

http://www.amnistia-internacional.pt/index.php?option=com_content&task=blogsection&id=18&Itemid=133&limit=15&limitstart=0

RioDoiro disse...

"Onde estava eu com a minha cabeça!?"

Terá que ser o Eurico a deslindar. Experimente fazer zoom-out e consulte a estatística que o Lidador lhe indicou.

A propósito. Relativamente a operação de câmara, sabe o que é uma lambidela?

.

Eurico Moura disse...

Já agora aqui deixo uma entrevista de um idiota útil, Fernando Nobre.

http://www.esquerda.net/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=533

RioDoiro disse...

"Já agora aqui deixo uma entrevista de um idiota útil,"

Diz muito bem. Fora da medicina é aquilo a que se chama um idiota chapado. Não fosse ele do Bloco de Esquerda.

RioDoiro disse...

Caro Eurico,

Sacada aos imperialistas da Google, aqui fica (no corpo do artigo: http://fiel-inimigo.blogspot.com/2009/11/muro-de-berlim-certificado-de.html) uma imagem das condutas da EPAL e do arame farpado.

Eurico Moura disse...

Lidador:

Já agora o Mr Irwin Cotler não é judeu? Tenho ideia que sim...

RioDoiro disse...

... se quiser experimentar carregue o Google Earth, procure a ponte antiga sobre o Trancão, seleccione uma das fotografias do terreno (terá que seleccionar, do lado esquerdo, a disponibilidade dessa possibilidade).

RioDoiro disse...

"Já agora o Mr Irwin Cotler não é judeu?"

O Eurico tem a certeza que não é judeu?

Eurico Moura disse...

RoD:

Não sei o que você quer que eu veja....

Eurico Moura disse...

A minha mãe dizia-me que eu era muito judeu para os animais. Fazia muitas maldades aos meus gatos.
Isso conta?

RioDoiro disse...

Pois. Sou capaz de saber o que o Eurico não quer ver.

RioDoiro disse...

"Fazia muitas maldades aos meus gatos.
Isso conta?"

Conta. É Judeu. Se não fosse, fazia como os árabes. Fazia mal às pessoas.

Eurico Moura disse...

Muro de Lisboa

http://3.bp.blogspot.com/_aQjhgWKE1co/Svya9HH8BOI/AAAAAAAAAVg/yEqHGm1ureY/s200/Penitenci_ria_de_Lisboa_1.jpg

Andamos a brincar, ou quê?

Eurico Moura disse...

RoD:

Bem, também há pessoas que se queixam. :o))

Eurico Moura disse...

Como será que o Eurico explicará a prisão de militares europeus que tenham estado no Afeganistâo, pelo mesmo e exacto tipo de "crime"?

Não há crimes de guerra porque a guerra não é um crime.
Você já esteve em alguma?

Unknown disse...

"Não há crimes de guerra porque a guerra não é um crime. "

Bem, EM, de alguma forma lamento ter de lhe dizer que as coisas nunca são tão simples e maniqueístas como parece vê-las.

Sobre a guerra uma boa aproximação ao jus ad bello, talvez este meu post ajude...

guerra justa

E depois ainda há o jus in bello, a justiça na guerra, as regras, as Convenções de Genebra e outras.

Todavia o EM deve ser um homem feliz...é-se sempre feliz quando o mundo nos parece simples não nos interessa saber mais do que sabemos.
De algum modo, invejo-o.

Eurico Moura disse...

O-Lidador:
Em primeiro lugar quero agradecer o texto que me apontou. A argumentação militar nele contida não é nova para mim. Vivi uma guerra por dentro. Servi como capitão, comandando uma companhia em sede de batalhão e como chefe de uma secção de informações em Comando Chefe, em teatro de guerra. Embora obrigado, essa experiência, que me levou ao convívio da instituição militar e dos militares, muitos dos quais vieram a ter um papel fundamental no MFA, foi muito útil à minha formação cultural.
Portanto este assunto está longe de ser simples para mim. Nem me dá felicidade nenhuma, falar dele.

Quem parece exibir uma atitude maniqueísta neste espaço não sou eu.
Não divido o mundo em bons e maus, em árabes e judeus, em americanos e os anti, entre este e oeste, entre direita e esquerda.
A minha divisão é mais entre falcões e pombos. Entre exploradores e explorados. Entre bravos e mansos. Mas não a preto e branco. Sei que há muitos tons de cinzento. Não faz sentido falar de bem e mal, nesta divisão.
Se eu exploro acho que isso é bom. Se sou falcão tenho por bem comer pombos. Se sou bravo, tenho orgulho na minha força.
Agora, deixe-me dizer-lhe que o que me chateia é ver a hipocrisia de certos falcões que, disfarçados de pombos, com eles se misturam para melhor se alimentarem. Desgosta-me também que muitos pombos, esquecidos de que unidos, num bando coeso, podem fazer frente a dois ou três falcões, passem a vida a voar baixinho, ocultos pela própria sombra, entre moitas, murmurando entre eles que já não há falcões a recear.
É a lei da vida, dir-me-a, e eu concordo. Só que a história dá muitas voltas e as pombas de hoje podem virar falcões amanhã.
As primeiras memórias da minha infância sobre a guerra, ligam-se a um grupo de amigos do meu pai a quem eu ouvia falar dos alemães e da 2ªGM com admiração. Gabavam as forças, o equipamento, os aviões, por vezes exibindo postais de propaganda com modelos de tanques, de granadas, etc. Ficava um pouco confuso pois sabia quem tinha perdido a guerra. Nem sequer tinha ouvido falar do holocausto.
Mais confuso fiquei quando mais tarde, os mesmos amigos, teciam rasgados elogios aos israelitas, à sua força, às suas armas, às suas vitórias face aos muitos países árabes que os rodeavam.
Eram tudo boas pessoas, pais de família, pacatos cidadãos, que viviam do trabalho e não se metiam em política, coisa muito conveniente à época.
Fui compreendendo que a força, o poder pelas armas, é uma coisa muito sedutora. Quando seduzidos, tentamos sempre justificar com razões, o que a paixão nos manda fazer.

Não tenha portanto inveja. Quem o inveja sou eu, que não consigo ver a guerra como uma coisa aceitável, necessária e criadora de justiça.
Afinal complico muito. Demais, como sou acusado frequentemente.
Quando me lembro das razões porque me mandaram combater e quem me mandaram combater, revejo a parada do quartel dos adidos, em Bissau, repleta de mais um batalhão, na sua parada de despedida. A juventude do meu país, derrotada pelo paludismo, pelo clima, pela dureza da guerra, pela desnutrição mas, sobretudo, pelo sentimento de inutilidade dos 24 meses de reclusão sem sentido a que foram obrigados.
No meu modesto, e sempre suspeito entendimento, a guerra hoje é um negócio. Como a arte. Como a saúde. Como a religião.
Movimenta uma economia de milhões, não sei se à frente da saúde, mas suspeito que sim. O armamento, as forças armadas profissionais, as milícias, os mercenários enfim, os senhores da guerra, terão que ter uma ameaça, real ou inventada, para continuarem a existir. A ideologia é apenas um adorno.
Certo que fui arranjar mais lenha para me queimar aqui deixo mais uma sugestão de outro idiota útil:
http://www.project-syndicate.org/commentary/engel1/Spanish

Eurico Moura disse...

E já agora mais outro:
http://www.project-syndicate.org/commentary/benami35/Spanish

Eurico Moura disse...

RoD:
Esta é para si. Considere-a uma oferta:)
http://link.brightcove.com/services/player/bcpid1452232326?bctid=1697162659

Unknown disse...

Caro Eurico.
Ter sido capitão em Bissau não o habilita a compreender melhor o mundo que o rodeia e definitivamente não o livra dos simplismos com que analisa as coisas.

Conheço muito bem o ambiente militar.

Sei bem que a sua cosmovisão, dos "explorados" e "exploradores", saída talvez da leitura dos Fanon deste mundo, de resto semelhante à de Mugabe e Chavez, é maioritária nas nossas Forças Armadas.
O facto só não é preocupante, porque somos hoje uma democracia consolidada, uma sociedade nas antípodas daquela que esta gente simples considera “boa”.
“O exército é o espelho da nação”, garantia Ortega y Gasset, e talvez se deva procurar aí a pista deste enviesamento ideológico que a formação militar não corrige.
A guerra é o mais complexo empreendimento humano mas, não tendo uma lógica própria, está subordinada à finalidade política, pelo que nas escolas de oficiais, além da gramática da guerra, isto é, as técnicas e os princípios necessários para a ganhar, deveriam também ser ensinadas as lógicas políticas e ideológicas que estão a montante.
Tal não acontece, e suspeito que é essa a causa do cretinismo filosófico que se revela na dificuldade da maioria dos militares em pensar de fora todas as dimensões do fenómeno “guerra”.
A cultura filosófica média dos militares tende assim a ser estreita e pobre, decantada num especialismo provinciano e fechado.

Aprende-se a fazer a guerra, não a pensá-la.
Por isso mesmo, as opiniões sobre a guerra e as guerras são geralmente marcadas por simplistas visões marxistas, assentes em moralizações instrumentais e selectivas.
Poucos militares leram Clausewitz.
Claro que isto não se passa apenas com os militares.
Engenheiros, (1º ministro incluído), médicos, dentistas, etc, tendem também a ser meros técnicos, analfabetos em tudo o que não seja a “sua área”. Salvo raro excepções, são shallow.
Gente assim é facilmente influenciável por narrativas simplificadoras, o que se comprova com a notável percentagem de universitários arrebanhados por seitas como a Aun Shinrikyo, ou seduzidos por religiões seculares e pelas diversas teorias da conspiração que “explicam” tudo, incluindo o profetismo marxista.
Mas porque – ao contrário das cáries – as guerras são tema de debate político, militares e políticos de visão estreita podem ser mais perigosos que odontologistas, como se prova com Péron e Chavez, e se viu por cá durante o PREC, quando tantos militares foram manipulados ideologicamente por rapazolas semiletrados, de cabeça virada por leituras apressadas de livrecos de Lenine ou Mao.

Quanto aos admiradores da memorabilia nazi, encontram-se onde menos se espera.
O relator dos relatórios contra Israel da HRW, o SR Marc Garlasco
Garlasco-HRW


foi há tempos despedido por os israelitas lhe terem finalmente descoberto a careca.
Um admirador nazi, analista principal da Human Rights Watch, com a missão principal de atacar Israel.

Não tem nada a dizer?

Eurico Moura disse...

O Lidador:
Tenho. Os seus argumentos também valeram e valem para os seus inimigos. Sejam eles discípulos de Mao ou Lenine.

Vou tomar a liberdade de publicar esta conversa no Por Tudo & Por Nada.
Não quero que os seus ensinamentos me beneficiem só a mim.
Vale?

ml disse...

Estive para não me meter nesta conversa redonda que nem me interessa muito, não sou tropa nem fiz a tropa, mas por motivos familiares conheço minimamente o meio e posso até dizer que boa parte das minhas amizades e convívios é de militares e afins. Uns fizeram o 25 de Abril, outros andaram lá perto, outros mais distantes, outros ainda chegaram já depois. Uns leram Clausewitz, Sun Tzu e demais clássicos e estrategos, outros talvez não, não sei de toda a gente mas presumo. Ouvi milhares de palavras em conversas, palestras, colóquios, conferências, cavaqueiras, opiniões as mais opostas e contraditórias, mas – sorte a minha, talvez – nunca constatei esta deferência palerma pela guerra e muito menos a sua defesa como coisa boa. A concepção de que se trata de uma medida a que os governos lançam regularmente mão para atingir os fins em vista e de onde está afastada qq ideia de bondade ou de justiça, deve ser a média de tudo o que fui ouvindo e lendo. Instrumento útil, portanto. O que me leva crer que, a existir este culto, não passará de um devaneio de uma parte negligenciável da opinião castrense que se julga visionária, e deus nos livre dos visionários, são os verdadeiramente perniciosos. Ou então fui eu que tive uma sorte danada em me ter calhado este círculo de simplistas, marxistas e provincianos incultos. Os gordinhos de que fala Júlio César.

Unknown disse...

"e muito menos a sua defesa como coisa boa"

Bem, talvez nunca tenha ouvido a teoria marxista da violencia como parteira da história.
Ou de instrumento da luta de classes.

Como instrumento malthusiano, segundo G. Bouthoul.
Como justa, se faz avançar a Revolução, segundo Lenine.

Como reguladora, segundo K. Lorenz
Como canalizadora da energia destrutiva, segundo Durkheim.

Outros ainda , que a viram como mais ou menos "boa": Freud, Croce, Nietzche,Hegel, Kant, sim Kant, o homem da paz perpétua, que contudo reconhece a guerra como "uma necessidade inevitável da humanidade para o progresso", "talvez desejado pela providência"

Pois é...nada é simples...a polarização moralista ajuda-nos a equilibrar e propicia manifestações, indignações e slogans, mas esconde muitas coisas.
Esconde quase tudo...

ml disse...

Ah, um post depois e a visão marxista e de outras esquerdas assentes em moralizações instrumentais e selectivas, shallow, já fez uma rotação de 180º e serve como testemunha da beleza belicista.
Claro que a guerra é parteira da história, tal como as revoluções, os golpes de estado, os golpes constitucionais e palacianos. É uma constatação, não necessariamente uma apologia.

Croce? Benedetto Croce?, um antiliberal ferrenho e crítico feroz da participação da Itália numa guerra de negócios suicida? E que, tendo-se resignado ao inevitável, tentou preservar-se da mentalidade belicista, lamentando o fim do velho mundo familiar que a guerra tinha destruído? E que acusou D’Annunzio de querer a guerra por razões de gratificação sexual?

E também o Freud, São Freud, que reduziu a cabeça dos belicistas ao determinismo sexual? Não sei se isto será bem, bem uma apologia, sei lá, parece-me é mais uma explicação do espanto perante a existência de pessoas que se sentem impelidas a atacar e matar-se selvaticamente umas às outras.

Nah, não devemos estar a falar dos mesmos ou trata-se da habitual trafulhice das listinhas de adeptos onde já constou o B. Russell e o Saint-Exupéry.

De qq modo, o assunto é o meio castrense e não os que se babam pela violência à distância. Nos outros.

Eurico Moura disse...

Conforme declarado, já lá mora:
http://portudo-e-pornada.blogspot.com/2009/11/jus-ad-bello.html

Estou a preparar um 2º episódio. Um zoom-out.

Unknown disse...

"Não sei se isto será bem, bem uma apologia, sei lá"

Não, não é apologia.
Apenas a ideia de que este assunto não se esgota na polaridade "bom" e "mau".
De resto, nem sequer é, na minha opinião, uma questão ética e/ou moral.

P.S. Hoje o José Rodrigues dos Santos dizia numa TV, que "os manifestantes do BE que protestam "contra a guerra", são pós-cristãos".
E de facto retomam, sem o saberem, o radicalismo cristão de que falo no artigo que linquei em resposta ao Eurico.

Unknown disse...

Ah, e o Croce e o Freud, não foram citados por engano....
O St Exupéry? Era piloto de combate...um profissional da guerra.

Carmo da Rosa disse...

Acabei agora de mesmo de ver - pela segunda vez - Das Leben der Anderen. Creio que neste grande filme está tudo dito sobre o "muro"...

ml disse...

1. a) Não, nada se esgota no bom e no mau - a nossa dearest Thatcher até ordenou a manutenção do muro - embora dito por si soe a falsificação. Mas, azar dos Távoras, Freud e Croce são definitivos no catalogar das pulsões bélicas, e terem sido arrolados nas suas listinhas é pura mistificação.
E mesmo quanto ao pretenso belicismo de Hegel e Kant, é uma discussão académica que continua em aberto para ambos, mas deixo esse assunto a quem sabe mais.


b) O St Exupéry era um profissional da guerra.

Era. Mas não destituído. Completamente inelegível para a sua lista.
A Guerra não é uma verdadeira aventura. É um mero sucedâneo. Onde se estabelecem laços, onde se colocam problemas, onde a criatividade é estimulada – aí existe aventura. Mas não há aventura alguma no cara-ou-coroa, em atirar ao ar a moeda de que resultará a vida ou a morte. A guerra não é uma aventura. É uma doença. É como o tifo.
(Antoine de Saint-Exupéry)

c) Outro profissional da guerra, que de certo modo vai na linha do que o Eurico escreveu e que deu origem a meia dose de ladainha e missa cantada.
Cada arma fabricada, cada navio de guerra lançado ao mar, cada rocket disparado representa, no final, um roubo àqueles que têm fome e não são alimentados, àqueles que têm frio e não são agasalhados. O mundo em armas não consome apenas dinheiro. Consome o suor dos trabalhadores, o génio dos cientistas, a esperança das crianças. Esta não é, de modo algum, uma forma de vida, seja qual for o sentido que se lhe dê. Debaixo das nuvens de guerra a humanidade fica pendurada numa cruz de ferro.
(Dwight Eisenhower, profissional da guerra)

A duplicidade da última frase é soberba.

d) Ainda um outro profissional da guerra e filho do profissional da guerra anteriormente citado.
A mais profunda convicção que o período de comando na Europa e no Mediterrâneo criou no espírito de Ike foi a da crueldade, do desperdício e da estupidez da guerra.
John Eisenhower)

e) Marxistas, provincianos, estreitos, insensatos, simplistas, idiotas úteis, filosoficamente cretinos. Shallow.


2. OK, o JRSantos disse isso e mais um par de botas, tb ouvi.
Bizarro é alguém que é um corrupio tu-cá-tu-lá com Ortega y Gasset elevar à condição de paradigma, numa discussão em abstracto, um tema historicamente datado.

Unknown disse...

"e terem sido arrolados nas suas listinhas é pura mistificação"

Pelo que conheço, daquilo que vai aqui escrevendo, cara ml, parece que a mistificação está mais para esse lado. Mas enfim, como não há árbitro na questão, é inútil sair-se com essas tiradas que fazem lembrar conversas de putos na primária,a discutir quem é que tem o pai mais bombeiro.
Provavelmente sente-se bem ao produzi-las, se calhar encontra aqui uma oportunidade para exorcizar fantasmas, who knows.

Quanto ao Freud e ao Croce, lamento ter de a desmentir.
O Croce considerava a guerra uma tragédia necessária da condição humana, indispensável ao seu progresso.
Apologista? Não, apenas um defensor das teorias bio-sociológicas sobre a guerra.

O Freud entendia que a vida humana é dominada por duas pulsões opostas: Eros e Tanatos. Todos os instintos estariam orientados para a redução da tensão. E a morte seria justamente o fim de toda a tensão. Ora se as pessoas continuam a querer viver ( estou citar livremente Freud) apesar de Tanatos, é porque Eros canaliza para outros o instinto aniquilador do eu.
A agressividade é assim uma válvula de escape de energia destrutiva que de outro modo levaria ao suicídio. O recurso à guerra seria então uma necessidade periódica pela qual os grupos evitariam o suicídio. Se não houver guerra, segundo Freud, Tanatos vira-se para os membros da comunidade ( anomia, segundo Durkheim)

Como vê, não há aqui moralidades, apenas tentativas de explicação.

Quem necessita de introduzir categorias morais, revela sobretudo algum desespero face à complexidade das coisas, e uma necessidade, diria psicológica, de estar do lado do "bem", mesmo que tenha de aplicar a cada objecto um rótulo de "bom" ou "mau".

Você, por exemplo acha que foi "bem" os seus avoengos terem morto inimigos em batalhas?
Bem para quem? Para os que eles mataram, ou para eles, que sobreviveram? E para si? Existiria você para estabelecer categorias morais, se os seus avoengos não tivessem feito o "bem" ou o "mal", conforme o ponto de vista?

RioDoiro disse...

"Provavelmente sente-se bem ao produzi-las, se calhar encontra aqui uma oportunidade para exorcizar fantasmas, who knows."

Vou por aí mas ainda com uma pitada de desespero ...

Como quem pretende sistematicamente saltar para o mundo do arco-iris.

RioDoiro disse...

EM:

"Esta é para si. Considere-a uma oferta:)"

Obrigado.

Estou um pouco atrasado na leitura de comentários. Provavelmente não conseguirei ler todos e terei que seguir em frente.

Em relação ao vídeo que aponta, de facto, quanto mais penso e leio sobre o assunto mais vejo sombras negras no pós-queda-do-CO2-como-ameaça-global.

ml disse...

Não plagie as minhas palavras sobre infantilidades. A infinita discussão sobre o Orwell foi inestimável para saber do que a casa gasta. E gasta muito pouco de conhecimento e muito de malabarismos e abuso das palavras dos autores.

Muito latim com o Eros e o Thanatos, com os instintos conservadores e destrutivos, muito bla-bla-bla e principalmente muita leitura com os pés sobre o que Freud deixou escrito. E logo Freud, que NUNCA reconhece qq benefício à guerra e é um pacifista confesso. Assim mesmo e por estas palavras, PACIFISTA.

Como é que ele aparece nas suas listinhas, é mesmo um mistério, porque a mistificação é tão grosseira que não pode ter sido assim tão ingénuo. Estava tentada a dar-lhe o benefício da dúvida e considerar que pescou à pressa e mal para abrilhantar a festa, mas como as trafulhices se vão repetindo...

Freud expõe os mecanismos psicológicos da violência. Constata, na linha do que Croce dissera de D’Annunzio, que a violência é para os belicistas um meio de gratificação individual (o abate de um inimigo é gratificante para o desejo instintivo). E propõe soluções. Que os instintos agressivos sejam canalizados através do reforço dos sentimentos de pertença a uma comunidade.

De qq modo, a supressão completa dos instintos agressivos no homem está for a de questão; o que podemos tentar é um outro meio de os canalizar para qq lado que não a guerra. Se a propensão para a guerra se deve ao instinto destrutivo, temos à mão o contra-agente, Eros. Tudo o que produzir laços de afecto entre os homens deve servir-nos de antídoto. ... A história diz-nos que já houve casos de sucesso. (S. Freud).

E vai muito mais longe, meu caro e estimado prezado, e até se atreve, veja lá, a ter soluções políticas para acabar com a guerra. Note bem, acabar, não alimentá-la com pulsões.

... até que ponto estou ansioso por apoiar o que quer que seja que ajude a combater a orientação militarista das pessoas. [...] Só existe um meio seguro e que é o estabelecimento, por consentimento geral, de um meio de controle central, que terá a última palavra em todos os conflitos de interesses. (S. Freud)

Enfim... Chego a ter pena pelo modo como se lança ao mar sem poder dar umas braçadas. E era tão fácil! Se há alguém que deixou um extenso documento sobre o que pensa da guerra e sobre o que sabe do que vai pelas cabecinhas belicistas e qual a solução para as distrair desse negrume, e tudo em linguagem simples, comum, bem explicadinha e acessível a todos os que consigam ler uma frase com sujeito, predicado e complemento directo, foi o Freud.


O recurso à guerra seria então uma necessidade periódica pela qual os grupos evitariam o suicídio. Se não houver guerra, segundo Freud, Tanatos vira-se para os membros da comunidade.

Como contraponto a essas suas discursatas sobre o bem e o mal, as categorias morais e mais não sei o quê, que são para o lado que Freud dormia melhor, ofereço-lhe mais este bocadinho sobre ‘o suicídio colectivo e a necessidade do recurso à guerra’.

Porque todos os homens têm direito à vida e a guerra destrói vidas cheias de promessas; força o indivíduo a situações que envergonham a sua pp humanidade, obrigando-o a matar os seus iguais contra a sua vontade; destrói bens materiais, fruto do esforço humano, e muito mais. Além disso as guerras, tal como são conduzidas agora, não têm como finalidade actos de heroísmo de acordo com os velhos ideais e, dada a perfeição do armamento moderno, hoje a guerra significa apenas puro extermínio de um dos lados dos beligerantes, quando não dos dois. Isto é tão verdade que só podemos é interrogar-nos porque é que os comportamentos belicistas não são banidos por consentimento geral. (S. Freud)

Quanto a mim foi aqui que o Eisenhower, o profissional da guerra, se inspirou, sei lá.

ml disse...

Quanto ao Croce, mais uma vítima, também é engraçadíssimo que um homem que escreveu ensaios sobre a guerra e a paz e a tentativa de idealização do universo guerreiro;
que neles se interrogou como é possível alguém defender o que caracteriza como ‘doença’;
que se encarniçou em erradicar dos seus contemporâneos o que ele apelida de ‘absurdo ideal guerreiro’, que chega a aproximar do mundo criminoso nas atitudes e sentimentos;
que tenha lamentado a ‘decadência moral’ contida nesse ideal (sim, moral, mais uma vez);
etc, etc, etc;
etc, etc, etc, seja cusado de encontrar algum benefício na guerra.

Não me apetece fazer mais traduções e colocar aqui as palavras do pp Croce, que mostram como vossa inselência é um conhecedor, já nem digo profundo, da personagem. Teria que colocar ensaios inteiros.

Pobres coitados, os tratos de polé que sofrem nas suas mãos. O que vale é que já se foram.

RioDoiro disse...

"Isto é tão verdade que só podemos é interrogar-nos porque é que os comportamentos belicistas não são banidos por consentimento geral. (S. Freud)"

Eu tenho a mesma interrogação em relação à força de gravidade.

.

Eurico Moura disse...

Tal como a gravidade também a estupidez é inevitável. E ambas são indispensáveis. Sem gravidade nada nos caía em cima mas não existiríamos. Sem estupidez a inteligência não poderia ser medida.

Eurico Moura disse...

ML:

Estou rendido à sua escrita e à sua paciência.

RioDoiro disse...

Cara ML,

Não precisa render-se.

RioDoiro disse...

Caro Eurico,

Pode aqui embuir-se do espírito do Estúpido Militante.

http://fiel-inimigo.blogspot.com/2008/05/os-em.html

A ML já tem o canudo.

.

ml disse...

Caro Eurico, obrigada pelo que diz. Isto já é tão trivial que funciona em velocidade de cruzeiro. :)

Eu só continuo a admirar-me como é que o nosso amiguinho, apesar da idade e dos muitos conselhozinhos que lhe dá a si e a todos, cai em erros tão primários, citar abundantemente autores de quem desconhece o pensamento e continuar a espernear mesmo quando já está encurralado.

É claro que há sempre a hipótese de qq autor, seja ele qual for, ter mudado de opinião ao longo da vida ou ser contraditório e eu ignorar essa mudança, desconheço um mundão de coisas mesmo sobre aqueles de quem tenho informação razoável. Por isso estou sempre à espera que o prezado me surpreenda e mostre que me falta alguma coisa que eu gostaria de saber, e eu sinceramente só lhe agradeceria porque detesto insistir em erros por puro desconhecimento. Mas não, centra as discussões no tudo ou nada e há já uma série de assuntos que estão pendentes à espera de uma simples palavrinha.

As listas do lidador fazem-me lembrar os sites das Testemunhas de Jeová e outros criacionistas, andam à cata de certas palavras dos cientistas evolucionistas e ateus como o Dawkins e o Lewontin, para as descontextualizar e mostrar ao mundo que eles, no fundo no fundo, até acreditam em deus e em Adão e Eva. O Lewontin queixa-se constantemente disso mas que já desistiu de se incomodar e muito menos de contra-argumentar, até porque eles nem o entenderiam.

Eurico Moura disse...

O-Lidador:

Acho que já lhe disse que se vê que gastou muito tempo a ler filósofos mortos, de séculos atrás. Essa prática, que leva à erudição, tem de ser complementada com reflexão, para se tornar cultura. Pensar no que eles escreveram, na sua época e com o conhecimento científico então disponível. Comparar com a nossa vivência e com aquilo que a ciência hoje explica. Usar a introspecção para um melhor conhecimento próprio e dos outros, pois não somos assim tão diferentes.
A filosofia, na sua tentativa para explicar o homem e o universo, abre caminho à ciência mas, a prazo, cede a esta, a explicação dos fenómenos.
No que respeita ao comportamento humano e ao seu impacto social, quantos pensadores, que amiúde cita, dariam a alma ao diabo para saberem o que hoje se sabe sobre o funcionamento do cérebro e sobre os mecanismo da emoção.
Sem ser necessário recuar muito no tempo, Freud daria a mão direita para saber o papel da serotonina na depressão.
Ainda a dar os primeiros passos, a "imagiologia cerebral funcional" já aponta para a compreensão de muitos fenómenos para os quais a filosofia e depois a psicologia, se embrenharam em polémicas conhecidas.
Se gosta de ler (eu também) leia o que a moderna ciência sabe sobre o homem. Leia António Damásio, para citar apenas um exemplo de um notável compatriota. Se não quiser ler a Science, por ser muito dirigida a cientistas, leia uma boa revista de divulgação científica. Como admirador dos USA (eu também admiro a comunidade intelectual e cientifica americana;aquela que correu com o idiota do Bush), pode ler a Scientific American. Em quase todos os números aparecem artigos sobre neuro psicologia.
Observe os animais superiores naquilo que a eles nos aproxima, pela nossa bio-quimica, e nos distingue, pela civilização.
Leia Konrad Lorenz ou Eibl-Eibesfeldt, ainda vivo, precursores da etologia humana
Mas insisto; a introspecção, feita com honestidade, pode fazer maravilhas.
Peço-lhe que não tome as minhas palavras como um acto hostil ou paternalista, embora desse o mesmo conselho a um filho. Sou um idiota útil e, como tal, acredito até ao fim, na inteligência, mesmo daqueles que se afirmam nos antípodas da minha forma de ver o mundo.

ml disse...

que se vê que gastou muito tempo a ler filósofos mortos, de séculos atrás.

E duvido que encontrasse muitos filósofos vivos. Digo isto um bocado no escuro porque é um assunto sobre o qual não tenho muito interesse, vou conhecendo é o pensamento actual, não só de militares como de civis, e é tudo.

Já o Freud e o pp Croce, que foram contemporâneos, achavam uma estupidez exaltar um ideal que estava há muito morto e fora substituído por uma cadeia de actos de guerra que têm como único o objectivo a aniquilação do opositor e por vezes a própria, um ‘suicídio colectivo’ na opinião de psicanalistas actuais.

Que melhor exemplo da canalização das energias destrutivas para a agressividade e violência do que o terrorismo, nomeadamente o da Al-Qaeda?
E quem é o tolinho que defende que o terrorismo é aceitável para evitar que umas tantas mentes maradas se suicidem? Ou que é aceitável desencadear uma boa guerra, das antigas, para que estes violentos possam aliviar o que os aflige?
O Freud propunha uma solução muito mais conforme com a inteligência humana.

A humanidade hoje não é o que era há um século e muito menos há um milénio, e isto é uma redundância, e o avanço da ciência é inseparável do avanço do pensamento humano, da filosofia. E vice-versa, os ganhos são mútuos, embora o pensamento colectivo seja muito mais lento a assimilar ideias novas do que a assimilar tecnologia e saber.

No entanto 'ela move-se' e se não fossem os ideiais de paz, assentes na conservação do homem e não na sua destruição, a medicina ou a tecnologia do bem-estar não tinham atingido os níveis que conhecemos.
Há um desfasamento, é verdade, sobre o qual o presidente Kennedy, outro marxista simplório, reflecte seriamente e que traduz a postura de quem se recusa a ficar prisioneiro de ideais que já foram unha e carne com a cultura que vigorava na época mas não se adequam aos tempos actuais.

A guerra existirá até ao dia distante em que o objector de consciência goze da mesma reputação e prestígio que o soldado goza hoje.
John Kennedy

Hoje a guerra é... mera guerra. Uma fisga de ir aos pardais. Muito útil, isso é verdade.

Eurico Moura disse...

ML:

O título de filósofo é um pouco dúbio. Tende-se a chamar filósofo ao um licenciado em filosofia, que pode conhecer a palavra e pensamento de todas as correntes filosóficas mas não ter uma visão própria do mundo que o rodeia. Pessoalmente prefiro o termo "pensador". Todos pensamos, obviamente. Independentemente da nossa formação académica, da nossa profissão, dos autores que lemos, cujas ideias concordamos ou não, pensamos a vida e o mundo pela nossa cabeça.
Temo que a vida de hoje, em que mergulhados nas nossas carreiras, numa formação profissional constante face a um mundo em mutação acelerada e, com uma universidade vocacionada para produzir profissionais, sobre pouco espaço para a reflexão.
Fica mais acessível e menos sujeito a críticas, citar figuras de autoridade, que divulgar as nossas ideias e ficar à mercê dos iluminados por um astro maior e com luz própria.
Poderão argumentar que o homem não mudou e que a visão de pensadores de referência, continuam válidas, mesmo que produzidas há um século. É verdade. O homem não mudou muito, infelizmente, mas as ciências que o estudam sofreram um progresso formidável, e a análise comportamental tem hoje ferramentas inimagináveis para o melhor dos pensadores de há um século atrás.
O cenário político, económico e social mudou de forma radical. O homem é o mesmo e, talvez porque lhe é difícil mudar, continua a pensar que a história se repete. Mas a diferença entre semelhante e igual, pode ser a mesma entre fantasia e realidade.

Unknown disse...

Bem, ml, não sei que lhe diga.
A teoria de Freud é conhecida, é das tais coisas que não se pode desinventar.
Pelo que dela entendi, descreve um mecanismo e depois elabora sobre ele.
Pegando na ideia do RoD sobre a gravidade, descrevê-la é uma questão técnica. Dizer se é "má" se é "boa", já é uma projecção da própria visão ética e/ou moral.

Pode ser "boa", pode ser "má", depende da situação ( será boa para poder beber água, será má se eu cair de um prédio), mas é a gravidade,existe, e explica-se de determinada maneira.
O mesmo com a visão de Freud sobre a guerra.

Era pacifista?
E quem não é?
Conhece alguém que não queira viver em paz?

O problema da guerra é que, explique-se como se explique, não é uma coisa unilateral, nem sequer é uma escolha.
Não basta não decidir fazê-la, para que ela não exista.

Se você, dirigente de um país, for apaixonadamente contra as armas químicas, mas sabe que o seu inimigo as está a acumular, que lhe resta fazer?
Acreditar que ele é coleccionador?
Que está a juntá-las para olhar para elas?
Ou trata de esquecer a sua paixão e vai mas é comprar tb umas, para, no mínimo, dissuadir o seu inimigo de usar as dele?

Pois é, em abstracto tudo é fácil, todas as escolhas são virtuosas, todos batemos no peito e declamamos a nossa superior visão moral.

Mas a realidade os dilemas são chatos.


Quanto à sua agressividade e incontinência, deixe-se disso. Já terá certamente idade para perceber que não aquece nem arrefece.
O cap Hadock é melhor.

Unknown disse...

Caro Eurico, não aprecio o seu paternalismo. Se calhar tenho mais ligação à ciência positiva que o meu caro amigo..não vá por aí.

Konrad LOrenz ?
Já o referi. Nesta matéria da guerra é tb um defensor da teorias bio-sociológicas.
Acha por exemplo que a luta intra-espécie é essencialmente destrutiva, mas pode tb preencher funções úteis para a espécie, a saber:
-repartição adequada pelo espaço disponível.
-selecção dos mais aptos para a reprodução.
etc

como vê, este assunto é mais complexo do que aqui a ml gostaria que fosse.
Para ela é simples...vai pescar umas frases que lhe parecem estar mais ou menos de acordo com o que ela acredita e já está.

É como a água salgada.
Se eu disser que beber água salgada é mau, posso tb dizer que a água salgada faz vem ao nariz.
A ml ( e o Eurico tb, parece-me) acredita na maldade da água e refere só a primeira frase.
É verdade, mas é uma verdade económica...não é toda a verdade.

ml disse...

Bla bla bla! Porque bla bla bla. Mas então e bla bla bla?
Pode ser assim e pode ser assado. Escreveu mas podia ter cantado.
Fala em Eros mas podia construir um barbecue.
Enfim, prezado, um amontoado de nada porque nada há a contrapor.

Deixe lá, isto é como os alcatruzes. Uma vezes up, outras vezes down, para a próxima pode ser que lhe corra melhor.


Quanto à sua agressividade e incontinência, deixe-se disso.
não aprecio o seu paternalismo


Cof… cof… cof…
Mudou de personalidade ou alguém lhe assaltou o nick?

Eurico Moura disse...

O-Lidador:

Eu sei que você sabe, e você sabe que eu sei.
Sei que é inútil:
http://portudo-e-pornada.blogspot.com/2009/11/jus-ad-bello-2.html

RioDoiro disse...

"Se você, dirigente de um país, for apaixonadamente contra as armas químicas, mas sabe que o seu inimigo as está a acumular, que lhe resta fazer?"

Apelar às boas graças do 'senhor' da porta ao lado.

"Acreditar que ele é coleccionador?
Que está a juntá-las para olhar para elas?"

Certamente. A ML não pode acreditar outra coisa ou estaria a elaborar em má vontade. A lei da gravidade não conta, o que conta é a vontade dela. Ela acha que a vontade dela é suficiente para anular a contade alheia. Uma forma pós-moderna de racismo.

"Ou trata de esquecer a sua paixão e vai mas é comprar tb umas, para, no mínimo, dissuadir o seu inimigo de usar as dele?"

Nem pensar nisso. Se comprasse armas estaria a alimentar a corrida armamentista e a ceder aos lóbis dos fabricantes de armamento.

Carmo da Rosa disse...

range: «...alimentar a corrida armamentista e a ceder aos lóbis dos fabricantes de armamento.»

A Holanda em 2008 estava no quinto lugar mundial na exportação de armas – salvo erro 1 bilião de euros. À frente da Holanda estavam só os EUA, a Rússia, a Alemanha e a França. O Reino Unido por exemplo vendeu menos que este pequeno país.

Fabricar bons produtos e ‘ceder’ aos lóbis armamentistas faz com que a Holanda tenha a taxa mais baixa de desemprego na Europa…

Fabricar pandeiretas e galos de Barcelos é muito ‘peaceful’ mas não há lóbis muito interessados! Que fazer meu Deus para dar de comer a esta gente?

Go_Dot disse...

CdR! deixe-os poisar.

A duvida era ...
"Se você, dirigente de um país, for apaixonadamente contra as armas químicas, mas sabe que o seu inimigo as está a acumular, que lhe resta fazer?"


...

“Que fazer meu Deus para dar de comer a esta gente?”

A solução é idêntica, o impor da bondade universal parece-me inevitável. Especialmente se for à borla e não tiver que suar muito.


Eurico M disse...

“Eu sei que você sabe, e você sabe que eu sei.
Sei que é inútil:”

Um criptograma? Ou está só a tentar desviar o transito?

ml disse...

Que fazer meu Deus para dar de comer a esta gente?

Dom Carmo, apesar da muita popularidade que as manobras de diversão aqui gozam, e dos esforços do nosso amiguinho para tentar desviar para assuntos diversos sempre que as coisas lhe correm mal, vamos lá a recentrar a discussão. Chutar para canto só resulta comigo quando eu estou para aí virada.
Então vamos lá.

Alguém conhece algum documento, escrito ou falado, em que Freud e Benedetto Croce apontem alguma vantagem na guerra, nem que seja como um mal menor como escape da agressividade individual? Alguma palavrinha, insinuação, sugestão, que justifique a inclusão dos dois nas listinhas?

Se sim, indiquem-me, que eu agradeço poder preencher a lacuna e corrigir o que está inexacto. Nem eu nem ninguém, principalmente o pessoal da história da literatura e das ideias do século XX, nos importaremos.

Se não, então continuem lá em amena cavaqueira sobre prováveis e improváveis. Ou abram um novo post com o novo tema, sei lá, e quem quiser que se manifeste. Algumas sugestões:

'Que soluções propõem Freud e Croce para alimentar austríacos e italianos se a 2ª G. Guerra não arrancar dentro do timing previsto?'
'Que acontecerá às famílias europeias, nomeadamente as austríacas e italianas, se Freud e Croce vierem a aliar-se numa cruzada pela paz?'
'O egoísmo dos judeus em geral, e de Freud em particular, na rejeição da guerra'.

Ajudei?

Carmo da Rosa disse...

ml: «... Dom Carmo, apesar da muita popularidade que as manobras de diversão aqui gozam.»

Minha cara senhora,

Creio que o post inicial era sobre o MURO, ou melhor, sobre a queda do muro, coisa que traumatizou os camaradas, também não é para menos. Por isso é que o meu primeiro comentário, perfeitamente on-topic, visava a entrevista desta camarada do PC (post anterior de range-o-dente):

A Rita Rato devia ser forçada a ver este documentário de dia e de noite, repetidamente, até finalmente perceber que os camaradas tiveram que construir um muro para evitar que o proletariado em peso fugisse para o lado capitalista...

Como vê, nada de muito divergente, o trivialzinho…

Mais tarde a discussão descambou para pessoas que não conheço – do Freud sei apenas que era um médico-psiquiátra com consultório aberto em Viena e que tinha por hábito dizer aos seus pacientes que não se preocupassem muito com as taras sexuais que os afligiam, porque afinal a culpa era do Édipo. Um Grego qualquer que já morreu há um quilhão de anos. Se não me engano os seus seguidores deturparam esta ideia inicial de Freud (culpar o Grego) e começaram a dar as culpas à sociedade, e mais tarde mesmo ao capitalismo, aos judeus e aos americanos! O Benedeto Croce confesso que nunca tinha ouvido falar - e eu achei por bem calar-me até ler algo que me parecesse compreensível (armamento e economia). C’est tout. Pour aujourd’hui bien sûr…

Go_Dot disse...

Muito bem dito. Manobras de diversão. Mais acima disse: … Hoje a guerra é... mera guerra. Uma fisga de ir aos pardais. Muito útil, isso é verdade.

Agora insiste no disse que disse, chuta para onde está virada.
A pergunta é simples, e não é só dirigida ao “pessoal da história da literatura e das ideias do século XX”. Formular uma resposta é difícil mas fundamental.

@ CdR “Se não me engano os seus seguidores deturparam esta ideia inicial de Freud (culpar o Grego)…” LOL

ml disse...

C’est tout. Pour aujourd’hui bien sûr…

Non, j’ai quelque chose à dire…
Devia acrescentar …‘mais je ne sais pas quoi’, como no Maio 68, mas eu por mim sei 'quoi'. E que é o que se segue.

É verdade que o post começou com o muro, e foi andando. Nada de original, tenho toneladas de informação a preto e branco e a cores, muita da qual trazida directamente há uns tempos largos do Checkpoint Charlie. Só fiquei chateada que nenhuma dela, nem a preto e branco nem a cores, tenha nomeado a Thatcher, mas temos que entender que mesmo os melhores informados não sabem tudo mesmo que se trate de pessoal influente e mediático.

Depois derivou para os marxistas estreitos, provincianos e incultos dentro das forças armadas e aí eu, que conheço um bom punhado deles que caem dentro dessa categoria, por delicadeza apresentei os meus protestos aos competentes canais oficiais. Tudo em conformidade com as regras.

De seguida, em resposta ao meu requerimento, vieram as aguardadas listinhas. E eu, que não sou tu-cá-tu-lá com aquelas personalidades como sou com alguns dos marxistas estreitos, provincianos e incultos, mas das quais ainda assim conheço alguma coisinha, novamente me dirigi aos canais de comunicação acima referidos com as dúvidas que me surgiram, e aí me mantive na antena à espera de resposta.

Eis senão quando, enquanto aguardava um comunicado oficial sobre o que de novo tinha sido apurado, vejo o canal ocupado por conversas transversais com suposições de suposições a um inquérito popular sobre armas químicas.
Calcule a minha preocupação, dom Carmo, o Freud e o Croce à espera e as vias de comunicação entupidas com divagações e inquirições à opinião pública sem qq relação com o que aguardava.

Uma ralação, não acha? Mas vou dizer-lhe aqui baixinho para a Stasi não ouvir, acho que ‘eles’ fazem de propósito. Sempre que lhes é colocada alguma pergunta incómoda, sobrepõem um assunto qq ao acaso para provocar ruído.
Já o Salazar fazia o mesmo, pranchava a BBC e a Rádio Argel para os blogueiros que se confundissem e distraíssem com outra coisa.


Se não me engano os seus seguidores deturparam esta ideia inicial de Freud (culpar o Grego)

Mas olhe que fizeram muito bem, sr. Carmo! Acha bem que se diga diante de crianças o que o Édipo fez? Também agora o caçador não mata o lobo mau, deixa-o fugir depois de salvar a avozinha.
Era uma coisita a que se chamava simbolismo, sei lá, como o Caim, o Noé, mas vou fugir daí, quando desse por ela tinha outro papão pela frente. Dois. A ICAR e o Barthes.

ml disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
ml disse...

ml disse...
Mais acima disse: …Hoje a guerra é... mera guerra. Uma fisga de ir aos pardais. Muito útil, isso é verdade.


E...?
Em que é que isso entra em rota de colisão com o pensamento de Freud sobre a guerra como mero instrumento para dirimir 'diferenças de interesses', expressamente referido no documento que referi e que está publicado?

Pense bem.

Carmo da Rosa disse...

@ ml: «…tenho toneladas de informação a preto e branco e a cores, muita da qual trazida directamente há uns tempos largos do Checkpoint Charlie.»

Creio que lá consegui arranjar algo que ainda não tinha, veja o post: http://fiel-inimigo.blogspot.com/2009/11/os-beatles-deitaram-o-muro-abaixo.html

@ ml: «…Acha bem que se diga diante de crianças o que o Édipo fez?»

Tem razão, escapou-me esse pormenor?

Eurico Moura disse...

RoD:

Caro Eurico,


Pode aqui embuir-se do espírito do Estúpido Militante.


http://fiel-inimigo.blogspot.com/2008/05/os-em.html

Mais vale à tarde do que nunca. Fui lá e adorei. Se tivesse uma data mais tardia até podia pensar que me era dedicado; EM. Mas deixei lá a resposta. Penso que passei no exame...




Eu tenho a mesma interrogação em relação à força de gravidade.

Quanto à inevitabilidade da gravidade, que amiúde é usada, neste forum, para justificar ou desculpar algumas das falhas da civilização, surpreende-me que um professor de uma àrea científica (suponho) a use. Durante milénios o homem esteve preso ao solo por essa força indispensável e fatal. Mas, graças à loucura sonhadora de alguns, ridicularizada por muitos, veja como hoje, diariamente, tantos fogem a essa inevitabilidade.
O sonho dá-lhe asas!

RioDoiro disse...

Eurico,

"Quanto à inevitabilidade da gravidade, que amiúde é usada, neste forum, para justificar ou desculpar algumas das falhas da civilização,"

Não são falhas, caro Eurico. São virtudes.

Todos aqueles que encararam essas suas "falhas" e atingiram o poder trataram de tentar reparar as "falhas" dizimando a torto e a direito.

"Durante milénios o homem esteve preso ao solo por essa força indispensável e fatal."

Pela sua perspectiva, apenas asguns animais. Outros nunca tiveram esse problema.

"Mas, graças à loucura sonhadora de alguns, ridicularizada por muitos, veja como hoje, diariamente, tantos fogem a essa inevitabilidade."

Essa tirada é ridícula. Se não houvesse gravidade não havia corpos celestes, não havia algo a sobrevoar (dando de barato que havia universo).

"O sonho dá-lhe asas!"

Aliás, se não não houvesse a "falha" da gravidade não havia "sonho", não havia "onde", não havia "dá-lhe" e não havia "asas".

Exactamente onde desemboca a mania de alguns que, quando atingem o poder, tratam de corrigir as "falhas".

RioDoiro disse...

... claro que o Eurico pode sempre apontar as desastradas correcções da "falha" como uma uma dupla falha do falhante. A culpa nunca é do corrector.

Eurico Moura disse...

RoD:

Já vi que você não acompanha as minhas alegorias. Eu não disse que voar ignora a gravidade. Pelo contrário, usa essa força e outras para lhe anular o efeito de queda. No caso do voo aéreo, a impulsão do ar.
Para os que se atreveram a pensar, a gravidade foi uma aliada, tal como o judoca usa a força do seu adversário para o vencer ou como o velejador usa o vento para bolinar (progredir contra o vento), coisa que durante séculos o homem não soube fazer; só navegava a favor.

RioDoiro disse...

Eurico Moura:

"Já vi que você não acompanha as minhas alegorias."

No seu anterior comentário experimente trocar 'gravidade' por 'guerra' (e outras convenientes adaptações) e verá que os seus anteriores comentários não fazem sentido.

O Eurico é que não acompanhou a minha inicial alegoria.

Eurico Moura disse...

Claro que faz todo o sentido! Você é que não quer ver....

Eu não disse que querer a paz ignora a guerra. Pelo contrário, usa a instituição militar para a voltar contra o verdadeiro inimigo. No caso da guerra colonial, movê-la contra o regime.
Para os que se atreveram a pensar, a guerra foi uma aliada, tal como o judoca usa a força do seu adversário para o vencer ou como o velejador usa o vento para bolinar (progredir contra o vento), coisa que durante séculos o homem não soube fazer; só navegava a favor.

Mas deixe lá. Não tem importância...

RioDoiro disse...

Caro Eurico,

A minha intervenção no assunto não se deu relativamente à colonial mas à existência da guerra como coisa intrínseca ao bicho homem e que, se bem me recordo, o Eurico classifica correspondentemente ao 'bug'.

Se calhar já nos perdemos no esparguete da conversa (perdemos ... ambos os dois) ... :)

Unknown disse...

Caríssima ml, não tenho mto tempo para lhe dedicar, nem creio que valha a pena, dado o modo como "argumenta"
A coisa, esquematicamente é assim:

Eu digo que A escreveu tijolo
Você diz que A escreveu chouriço

Ao dizer que A escreveu chouriço, a ml parece pretender provar que A não pode ter escrito tijolo.

Ora eu gostaria muito de discutir consigo, numa base mais racional, aquela em que A disse tijolo e chouriço.

Se as minha caríssima amiga, que até tem acesso profissional a livros qb, tapa deliberadamente um dos olhos para não ler "tijolo", ou se, noutra metáfora, acha que só se joga xadrez nas casas pretas, então não estamos a falar no mesmo jogo e não vale a pena enxofrar-se tanto.

O que lhe posso dizer, é que quando digo que fulano escreveu isto ou aquilo,TENHO A CERTEZA , de que o fez, li-o com os meus olhos.

Se a ml não acredita, paciência. Tem aí os livros, confirme.
Se foi ao livro e viu lá escrito "chouriço", procure melhor e garanto-lhe que vai lá encontrar tb "tijolo".

Caro Eurico, não sabia que era familiar do Octávio.
Diga lá o que sabe, mas resguarde-se para o que não sabe.

Eurico Moura disse...

A guerra colonial é só um exemplo de como se pode conseguir a paz, por dentro da máquina.
Não defendi que a guerra seja o bug mas sim um apêndice de tempos atávicos que a civilização deve extinguir, assim como extinguiu outros. Se ler o meu post "Jus ad bello #2", está lá tudo.
Conto amigos militares, oficiais generais, que odeiam tanto a guerra como eu. Sabemos do que falamos. Claro que haverá sempre uns palermas, que se vêem com filmes de rambo e jogos de guerra, que coleccionam armas e soldadinhos de chumbo e que militam em grupelhos de skins ou vão para empresas de segurança ou para a polícia e, eventualmente para a tropa especial. São atavismos inevitáveis mas, reforçar estes comportamentos com ideias de filósofos d'antanho só se justifica para quem pretende usá-los ao serviço sinistro de um interesse qualquer.
E, para terminar esta longa jornada, volto ao tema inicial, que me levou à sorrateira provocação. Basicamente quis dar a provar um pouco do vosso medicamento. Não foi a Alemanha que perdeu a guerra? Não foi este parto histórico operado pelas forças aliadas? Historicamente quem perde uma guerra é ocupado. Pois, a guerra não era contra o povo alemão mas sim contra os nazis. Mas quem sobreviveu aos bombardeamentos ou ao extermínio e por azar ou sorte (depende do ponto de vista) ficou do lado dos maus que ganharam, teve de se sujeitar. É o normal histórico. Ou não?

Eurico Moura disse...

O-Lidador:
Vindo de si só pode ser Octávio Pato.
Não o conheci. Mas sei que não me importava de ter sido um décimo do homem que ele foi. Satisfeito?

Unknown disse...

"sim um apêndice de tempos atávicos que a civilização deve extinguir"

Ah, está tudo aqui nesta frase.
Trata-se pois de uma crença, uma convicção inabalável ( e cristã), de que a história se move linearmente, deterministicamente, como se fosse Deus, em direcção ao radiante futuro.

Verdadeiramente as pessoas precisam de uma escatologia, D. Quxote parece-nos sempre mais nobre do que Sancho Pança.
Pois é, Eurico, mas a história como teleologia, é apenas uma crença.
E perigosa, como o marxismo-leninismo demonstrou cabalmente.

Mas, isto tb é verdade, nunca os factos fizeram vacilar a fé.

Se tivesse tempo, receitava-lhe Proudhom, socialista e pacifista e que contudo tinha, nesta matéria, alguma lucidez.

Mas acho que não vale a pena.
Uma boa utopia é sempre mais exaltante...enquanto dura e não se trasnforma no inevitável empirico ...a distopia.

Eurico Moura disse...

O-Lidador:
Agora é que o meu amigo falou bem:
Vamos em caminhos diferentes. Eu rumo à utopia e você rumo à distopia.
Nenhum de nós vai lá chegar mas suspeito que você esta mais perto do destino. Mas o que interessa é a viagem.

Unknown disse...

Percebeu mal a história, Eurico.
Se calhar não me expliquei bem... a prudência nunca leva à distopia.
É a utopia....

ml disse...

TENHO A CERTEZA , de que o fez, li-o com os meus olhos.

Então ilumine-me, como eu faço os possíveis para o iluminar a si: onde está escrito que Freud e Croce entendiam a guerra, vá lá, como um mal menor? Toda a informação que tenho me diz exactamente o contrário, mas gostaria muito de corrigir as minhas lacunas.

Se é tão fácil transformar chouriços em tijolos, porque hesita? Eu posso indicar-lhe, tim-tim por tim-tim, até página a página, onde pode encontrar os textos de que lhe falei e outros mais. Talvez com sorte até estejam online, é uma questão de procurar, o que eu faria com todo o gosto.

E de caminho faça tb o milagre dos chouriços em relação ao Niall Ferguson e indique-me, finalmente ao fim de meses, onde é que está o tijolo no qual ele defende a tese de que o nazismo é uma ideologia de esquerda.

O resto... o tempo que perde a escrever a palha palavrosa com que habitualmente tenta encobrir a retirada, era mais do que suficiente para indicar sumariamente onde posso encontrar as respostas que pelo vistos me faltam.

Nem precisa de responder, fiquemo-nos por isso mesmo, vá lá trabalhar e rentabilize o rico tempinho que perde em conselhos e moralidades. Catecismos, sei lá.

Unknown disse...

"Então ilumine-me"

Caríssima, infelizmente isto é um blogue e, neste ambiente, um poste não é um paper académico que necessita de referenciar todas as fontes.

Em Roma deve-se ser romano e por isso lamento, mas não tenho nem vontade, nem paciência para neste tipo de escrita, incluir bibliografias.

Assim, ou acredita no que está escrito e vai verificar por si mesma, ( e se o fizesse evitaria algumas quedas aparatosas), ou senão,não.

Na verdade tenho gosto de discutir assuntos, não em discutir se o Fulano disse Y e o Cicrano disse X.
Se cito Fulano num poste, é porque sei que ele escreveu algo que de algum modo sustenta ou ilustra aquilo que digo.
Se você acha que Fulano não disse tal coisa, sirva-se, e fique com a bola, que essa discussão não me interessa. Interiorize contudo a noção de que não tem condições de saber isso, porque obviamente não é possível ler tudo o que determinada pessoa escreveu.

Eu, pela minha parte, quando você diz que o João escreveu X , acredito em si, porque razão haveria de estar a mentir?
Pode é ter descontextualizado a coisa, ou feito uma operação de corte e costura, mas isso é outra questão.

Dito isto, não me verá aqui a dardejar bibliografias, até porque não tenho acesso tão fácil e quotidiano, como você, a uma boa biblioteca.
Mas enfim, não quero que vá de mãos vazias, nem que se mantenha tão azeda.

Quanto ao Freud e ao seu mecanismo de Eros e Tanatos, talvez possa dar uma vista de olhos à sua troca de correspondência com Einstein, sobre a guerra.
Verificará facilmente que lá está aquilo que eu resumi.

ml disse...

talvez possa dar uma vista de olhos à sua troca de correspondência com Einstein, sobre a guerra. Verificará facilmente que lá está aquilo que eu resumi.

Ah, sim?! Recomenda-me vivamente essa fonte, é?
E então o entusiasmo não deu para reconhecer que os textos que transcrevi são excertos dessa correspondência?

Claro que está lá tudo, está lá principalmente que se estatela ao comprido e que se desnorteia e foge às cegas.


acredito em si,

Era bom eu poder dizer o mesmo, mas infelizmente... Mas largou o Croce, pelo menos. Fez bem, porque esse nem vai lá com correspondências mas sim com ensaios comprometedores para si.


Na verdade tenho gosto de discutir assuntos, não em discutir se o Fulano disse Y e o Cicrano disse X.

O fazedor de listinhas sobre o que terá dito Fulano e Cicrano não sou eu. Eu limito-me a deitar abaixo as mistificações. Feitas as correcções, podemos partir para as teorias. E já lhe propus deixar este assunto onde as suas possibilidades são mínimas. Só talvez um post-mortem saído do baú.


Mais um bocadinho de Freud, vá.

Entretanto, de uma coisa podemos ter a certeza, o que quer que estimule o desenvolvimento cultural está a trabalhar contra a guerra.

Sigmund Freud, um homem da civilização enlistado na guerra.

Unknown disse...

Fique bem, ml.
Já não tenho paciência para si.

ml disse...

Fique melhor ainda. Eu compreendo-o.

Eurico Moura disse...

Como modesto contributo para esta discussão sobre as ideias de Freud e Einstein sobre a guerra e a quem interessar:
http://mx.mackenzie.com.br/tede/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=39

Go_Dot disse...

@ ml – (…) Alguém conhece algum documento, escrito ou falado, em que Freud e Benedetto Croce apontem alguma vantagem na guerra, nem que seja como um mal menor como escape da agressividade individual? Alguma palavrinha, insinuação, sugestão, que justifique a inclusão dos dois nas listinhas? 

Se sim, indiquem-me, que eu agradeço poder preencher a lacuna e corrigir o que está inexacto.

Enfim boas noticias, Siga o link generosamente cedido pelo Eurico Moura vai ver que fica esclarecida.

Tem o texto completo da pagina 40 a 53 com montes de palavrinhas sugestões insinuações e sobre tudo muitas duvidas como pode verificar.
Deixo-lhe um monte de recortes que me parecem importantes para o que pede. E para quem sofre de inércia em visitar links.

(...) Por isso, a questão que o Senhor me propôs — como se pode livrar a humanidade da fatalidade das guerras — tomou-me de surpresa. Em seguida senti-me aturdido ao pensar em minha (quase escrevi nossa) incompetência sobre este assunto, pois ele me parece uma questão referente a acção politica, portanto, conhecimento próprio de estadistas. (...)

(...) Conflitos de interesses entre os homens são resolvidos, em principio, pelo emprego da força. Dá-se o mesmo em todo o reino animal, do qual o homem não se pode excluir; porem, os homens também têm conflitos de opinião, que chegam por vezes as mais altas esferas do pensamento abstracto, e que parecem exigir outro método de solução. (...)

(...) com o surgimento das armas, a força do intelecto começou a sobrepujar a força bruta. A finalidade da luta, porem, continuava a ser a mesma: forçar um dos lados, através do dano causado a ele, ou do seu enfraquecimento, a desistir de uma demanda ou de uma recusa. (...)

(...) em condições primitivas, o domínio pertence a quem detém o maior poder, apoiado quer na força dos músculos, quer na do intelecto. Sabemos que no decorrer da evolução este estado de coisas modificou-se, e foi aberto um caminho que se afastou da força em direcção ao direito, mas como? Penso que devido a um só factor: que a superior força física de um único homem pode ser sobrepujada pela união de vários fracotes. (...)

(...) As leis de tal coalizão podem determinar em que medida o individuo deve abdicar de sua liberdade pessoal — sem direito de usar a força física como instrumento de poder — para garantir a segurança do grupo. Porem, esta situação somente é possível em teoria. (...)

Go_Dot disse...

(...) Vemos, portanto, que mesmo dentro de uma comunidade o ajustamento pela força não pode ser evitado quando conflitos de interesse estão em jogo. (...)

(...) a mais rápida mirada à historia do mundo demonstra uma serie ininterrupta de conflitos entre uma comunidade e outra, ou entre um grupo e outro, entre unidades maiores e menores, entre cidades, países, raças, tribos e reinos, os quais foram geralmente resolvidos através da medição de forças que se dá na guerra. (...)

(...) Não se podem colocar todas estas guerras de conquista numa mesma categoria. Algumas, como a guerra entre os mongóis e os turcos, só trouxeram miséria, mas outras apressaram a transição da força para a Lei, pois criaram unidades sociais maiores, dentro de cujos limites o uso da força era proibido e um novo regime de direito resolvia as disputas. Desta forma, a conquista romana trouxe aquela bonança — a pax romana — às terras do Mediterrâneo. (...)

(...) Assim, por paradoxal que seja, temos de admitir que a guerra pode servir de caminho para aquela paz perpetua que tanto desejamos, pois a guerra constrói vastos impérios dentro de cujas fronteiras toda guerra e proscrita por um poder central forte. Na pratica, porem, este objectivo não é alcançado, pois os frutos da vitoria não são duradouros. (...)

(...) Desta forma, parece que qualquer esforço para substituir o poder concreto pelo poder das ideias está, nas actuais condições, destinado ao fracasso. Nosso raciocínio estaria equivocado se não reconhecêssemos o fato de que o direito nasce da força bruta e que mesmo hoje em dia ele não pode subsistir sem a força. (...)

(...) Amor e Ódio, que talvez sejam outro aspecto das eternas polaridades de atracão e repulsão, que desempenham um papel no seu campo de estudo. Porém, temos de ter cuidado para não passar apressadamente as valorizações de Bem e Mal. Cada uma destas pulsões é tão essencial quanto a outra, e todos os fenómenos da vida derivam de sua actividade, seja quando actuam em conjunto, seja em oposição. (...)

(...) Os seres vivos, por assim dizer, defendem sua existência através da destruição do estranho. Porém, uma parcela da pulsão de morte permanece actuando dentro do ser vivo, e nós nos esforçamos por associar uma serie de fenómenos naturais e patológicos a esta introversão da pulsão de destruição. Até mesmo cometemos a heresia de explicar a origem da consciência humana como sendo uma dessas introversões da agressão. (...)

(...) Aqui, pois, estão as justificações biológicas de todas aquelas propensões feias e perigosas contra as quais lutamos. E preciso reconhecer que elas se encontram mais perto da Natureza do que nossa aversão a elas, um fato que também precisamos ainda esclarecer. (...)

Go_Dot disse...

(...) no que diz respeito ao assunto em questão, vemos que não parece haver nenhuma possibilidade de suprimirmos as tendências agressivas dos homens. Dizem que em algumas regiões felizes do mundo, onde a natureza prove abundantemente tudo aquilo que os homens necessitam, florescem raças cujas vidas correm gentis, sem conhecimento da coerção ou da agressão. Mal posso nisso acreditar e necessitaria de mais detalhes a respeito deste povo feliz. Os bolcheviques, da mesma forma, anseiam eliminar a agressividade humana pela satisfação das necessidades materiais e pelo estabelecimento da igualdade entre os homens. Para mim isto e uma ilusão. Enquanto isso eles se armam meticulosamente, e seu ódio contra todos os estranhos não é o mais insignificante de seus factores de coesão interna. (...)

(...) As condições ideais seriam obviamente encontradas em uma comunidade onde cada homem subordinasse a sua vida pulsional aos ditames da razão. Nada menos do que isso poderia criar tal união completa e duradoura entre os homens, dessa forma garantindo os laços emocionais entre eles. Mas isso é muito provavelmente uma esperança utópica. Os outros caminhos que podem indirectamente prevenir a guerra são mais factíveis, mas sem resultados rápidos. Eles evocam o pensamento ingrato de moinhos a moer tão lentamente que antes de a farinha estar pronta os homens já morreram de fome. (...)

(...) Por que é que nos dois, e tantos outros, nos revoltamos tão veementemente contra a guerra, em vez de simplesmente aceita-la como mais uma das dolorosas desgraças da vida? Afinal, ela, de fato, parece ser uma coisa natural, plenamente fundada na biologia e praticamente inevitável. (...)

Resumindo, que disse o sr. Freud?
No meu modesto entender disse: que mesmo que a senhora adapte um modo de vida exemplar, só sustenha relações agradáveis, que a harmonia do seu espaço familiar seja como deus com os anjos, que todos os seus vizinhos sejam generosos artistas multimilionários, que a sua vida espiritual seja tão diáfana que ao seu lado a irmã Teresa de Calcutá se assemelhe-se a uma lastimável avarenta.
A única certeza é que a vida eterna, não está incluída na embalagem.
Não diz evidentemente que deve deixar de ter esperança em prolongar e melhorar a sua qualidade de vida.

Sem ironia, uma nota optimista. Li recentemente um artigo de um cientista Inglês ( não me recordo do nome) que afirmava que as primeiras pessoas que alcançarão idades multi-centenárias mesmo milenárias já nasceram.
Bom resto de domingo.

Eurico Moura disse...

Se não me engano no filme "A cidade de deus" um marginal das favelas, com vários crimes no curriculum, dizia, como desculpa: eles iam morrer, de qualquer modo...

Go_Dot disse...

Mais uma transversal, sem duvida também com vistas interessantes, mas uma transversal.

ml disse...

Siga o link generosamente cedido pelo Eurico Moura vai ver que fica esclarecida.

Se - SE - por acaso seguiu a discussão, porque carga d’água se deu a tanto trabalho de copy/paste? Onde pensa que fui buscar os excertos que aqui coloquei?
Pois é, não descobriu a pólvora e eu só iniciei esta simpática troca de argumentos com o nosso prezado amigo porque sei onde me fundamentar. Ao contrário de muita gente.
Se foi só para ter o prazer de me dizer que eu sofro de inércia em visitar links e me dar também uns conselhozitos de leitura, OK então, tudo o que deixa as pessoas bem dispostas é de aplaudir! Não há nada que se compare ao estado de beatitude.
Mas se – SE – leu a carta integralmente, já é mais difícil perceber porque excluiu o que afinal interessa e interessava a Einstein, a conclusão que Freud retira de tudo o que acabava de expor. E também não se percebe bem porque truncou certos parágrafos, de tal modo que Freud parece dizer o contrário daquilo que pretende expor. Por ex., a parte em que, depois de ponderar a possível utilidade da guerra para dirimir conflitos de poder, conclui que não valeram sequer a pena, salvo talvez num caso ou noutro.

Chama-se a isto colocar em contexto, o que vai falhando ao longo do seu comentário, mas deixe lá, para a próxima lerá com mais calma.

E para quem não souber do que estamos a tratar, a cartinha está tão bem estruturada que é fácil esquematizá-la em meia dúzia de ideias fortes.
1. Enquadramento psicológico da conexão entre pulsões destrutivas e violência.
2. Enquadramento histórico da violência à luz das tendências autodestrutivas do homem.
3. Analisando a hipótese de ter existido alguma vantagem histórica e social decorrente da utilização da violência em disputas ao longo da história, conclui pela inutilidade prática em quase todas elas, pois os resultados foram pouco duradouros e/ou deram origem a situações ainda mais violentas.
4. Constatando a Psicologia não só a inevitabilidade das pulsões de morte como o perigo para a saúde mental do indivíduo se forem deixadas activas, propõe soluções para refrear e canalizar essa força destruidora para actividades construtivas.
5. Propõe então a consolidação dos laços afectivos pessoais e comunitários e o reforço da educação e cultura – civilização, como lhe chama – para que os instintos se pacifiquem através da gratificação pessoal e social. E vai mais longe, propõe tb criação de uma instituição supranacional que controle e dirima os conflitos entre os países. Fala na Liga das Nações.
6. Declara-se pacifista, em sintonia com Einstein no ódio à guerra e na disposição para fazer o que estiver ao seu alcance para colaborar, embora seja céptico quanto aos resultados. O que empurra para a guerra é o conflito de interesses, de onde está ausente o ideal guerreiro que teria sido o motor psicológico em tempos passados, e o instinto de morte é o melhor instrumento que qq manipulador tem à mão.
7. Em lado algum Freud justifica a guerra pela necessidade de descarregar hormonas e evitar suicídios, que é a tese daquele nosso amiguinho que enche de ouvido e dispara aos pardais.
Diz o contrário, se foram as hormonas que alimentaram as guerras ao longo da história, em tempos mais civilizados há que as canalizar para actividades socialmente proveitosas e permitir soluções de paz.

Que mais quer?
Boa semana para si também.

Eurico Moura disse...

Chiii! Que pachorra, ML!
Eu já me admiro da minha, mas a sua, é mesmo de Santa.

Go_Dot disse...

SE - por acaso seguiu a discussão, porque carga d’água se deu a tanto trabalho de copy/paste? Onde pensa que fui buscar os excertos que aqui coloquei?

Diz muito bem, “porque carga d’água”
Para mim não estava claro e os seus argumentos são um tanto crípticos.
Como o domingo esteve de chuva torrencial, eu que geralmente sofro de inércia em seguir links, decidi ver se aprendia alguma coisa no link deixado pelo EM, só li as duas cartas. Ambas no meu entender bem claras.

Se foi só para ter o prazer de me dizer que eu sofro de inércia em visitar links e me dar também uns conselhozitos de leitura…

Tenha calma, nada disso, não está sozinha, eu mesmo não sigo a generalidade dos links que por aqui aparecem. Como eu provavelmente muitos outros não terão seguido o link.
Se alguma coisa pensei a seu respeito é que provavelmente tinha a edição original dos textos na sua biblioteca, o que evidentemente não é o meu caso. Longe de mim dar-lhe concelhos.

Por ex., a parte em que, depois de ponderar a possível utilidade da guerra para dirimir conflitos de poder, conclui que não valeram sequer a pena, salvo talvez num caso ou noutro.

Exactamente “salvo talvez num caso ou noutro.”

A duvida era, a existência da guerra como coisa intrínseca ao bicho homem.
A resposta implícita na carta do sr Freud será: tentar evitar a guerra a tudo o custo, mas caso o inimigo (o das armas químicas, lá para cima) continue a fazer ouvidos de mercador...Lá estará um dos tais casos.

@ EM
Essa falta de “pachorra”, será algum “bug” na sua personalidade?

ml disse...

mas a sua, é mesmo de Santa.

Começo a pensar que estou a mudar de personalidade, para estas coisas nunca fui lá muito paciente. Agora é que me dá para isto.

ml disse...

Para mim não estava claro e os seus argumentos são um tanto crípticos.

Os meus argumentos são crípticos porque esta discussão já tem tantos anos que o fiel prezado sabe que eu sei que ele sabe que eu sei. Não adianta repetir o mesmo, parte-se do que já é conhecido e poupa-se na tinta.


A resposta implícita na carta do sr Freud será: tentar evitar a guerra a tudo o custo, mas caso o inimigo (o das armas químicas, lá para cima) continue a fazer ouvidos de mercador...Lá estará um dos tais casos.

Olhe que não sei. Depois do que ele presenciou na 1ª G. Guerra, acho que ficou vacinado contra esse espírito de cruzada, além de que mostra muito pouca consideração pelos motivos que levam ao estado de guerra.

Mas nunca o poderemos saber, evidentemente. Sabemos o que foi e o que deixou escrito, não sabemos o que seria se...

Eurico Moura disse...

Go_Dot:

Sim, é verdade. Sou pouco paciente com a teimosia obstinada.
Na nova forma de comunicação, que aqui estamos a ensaiar, um dos principais paradigmas é o hipertexto. Os links propostos não estão lá para baralhar. Se forem usados com critério são indispensáveis à compreensão das ideias. Exige, como é evidente, uma outra atitude de leitura. Se estamos mesmo interessados em entender o que os outros tem para dizer e contrapor em contexto, de modo a sermos também entendidos, temos de seguir os caminhos propostos.
Se queres que te escutem, ouve.
Neste caso até fui mais alem. Embora bastasse apontar o trabalho de Buest, fiz um esforço e postei as passagens mais relevantes ao tema. O meu amigo não leu nem uma coisa nem outra.

Go_Dot disse...

Neste thread moribundo, havia dois temas que me interessaram: Um era o do Freud, disse ou não disse!
Ficou resolvido com o seu apontar para uma tradução do texto original. Já lhe agradeci o esforço.

O outro, era o dilema que o Lidador lhe propôs e que optou por não enfrentar. É uma escolha.