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quinta-feira, 31 de julho de 2008

Viragem à direita - mais tarde ou mais cedo


Ehud Olmert anunciou que não se vai candidatar à presidência do Kadima, deixando o caminho livre para Tzipi Livni (actual Ministra dos Negócios Estrangeiros, entre outros cargos) e para Shaul Mofaz (actual Ministro dos Transportes). Um deles será, se existir normalidade, o próximo Primeiro-Ministro de Israel.

Porém é Benjamin Netanyahu, líder do Likud, que comanda nas sondagens, com sólida vantagem sobre o Labour e sobre o Kadima. Não se avizinha uma passagem de testemunho sem tumultos, como certamente desejará Ehud Olmert. Não por causa de interesses pessoais (relembrar as críticas da direita e da extrema-direita, a alegada corrupção e a doença, que contribuíram, e muito, para a má imagem de Olmert) mas porque convém, ao Kadima, que a passagem seja tranquila.

As eleições estão originalmente marcadas para 2010, mas já são muitas as vozes que exigem eleições antecipadas. À direita e à esquerda. Benjamin Netanyahu já puxou a brasa à sua sardinha, exigindo eleições antecipadas porque o governo de Olmert "já não tem credibilidade junto dos Israelitas". Se a normalidade imperar, é normal que a transmissão de poderes ocorra sem qualquer tipo de problemas. Mas se esta não imperar, por força da pressão da opinião pública e de praticamente todos os partidos políticos, poderão ocorrer eleições antecipadas.

A maioria dos Israelitas tem estado de costas voltadas para o executivo de Olmert. Não só pelo escândalo de corrupção que afectou Ehud, mas essencialmente pelo rumo tomado na resolução do conflito Israelo-Palestiniano, pela "derrota" na Guerra do Líbano, pelas negociações que poderão levar a "penosas concessões" aos Sírios e pela cada vez maior ameaça Iraniana. Olmert é, já de algum tempo para trás, um líder sem apoio. E, especialmente em Israel, é preciso um líder com carisma, com entusiasmo e que reúna os apoios e as paixões da população. Israel é e sempre será um país com necessidade de liderança.

O curioso, nestas eleições para o Kadima, é o ministro dos Transportes. Mofaz nasceu em Teerão, já foi 16º chefe do estado-maior e ministro da Defesa de 2002 a 2006. É um ministro considerado pela AFP como sendo "da ala dura". Mofaz foi contra o processo de Oslo, defende um ataque ao Irão caso estes prossigam com o plano nuclear e é um militar bastante respeitado em Israel, tendo combatido nas mais importantes guerras do Estado Hebraico.

A viragem na política Israelita parece estar ali tão perto, curiosamente junto de um Israelita nascido no Irão. A favorita é claramente Livni, sem sombra para dúvidas. Mas a viragem à direita ocorrerá mais dia menos dia: seja com Mofaz seja com Netanyahu.

É tudo uma questão de tempo. Veremos o que fará o sucessor de Olmert, que não poderá desprezar o sentimento Israelita vigente de menos concessões e mais garantias. Os Montes Golan, os colonatos, as fronteiras e, essencialmente, a questão de Jerusalém, são temas fulcrais mas que têm a tendência de se tornar cada vez mais difíceis de resolver. Ir contra o sentimento dos Israelitas é dar a vitória a Netanyahu. E, quando isso acontecer, o Médio Oriente voltará a aquecer.

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