A tendência totalitária é intemporal.
No séc. XX o Ocidente experimentou a versão hardcore, geralmente baseada em diferentes interpretações do marxismo, impostas com brutalidade qb, tendo em vista Amanhãs Cantantes, Reichs de Mil Anos,etc.
A derrocada generalizada do marxismo (se exceptuarmos os poucos zombies que ainda vagueiam em alguns recantos do mundo subdesenvolvido), tornou inaplicáveis os métodos sangrentos, e abriu espaço a uma variante mais subtil do totalitarismo, expressa na tirania do politicamente correcto, a que alguns chamam marxismo cultural.
Esta versão soft do totalitarismo, não tem gulags nem campos da morte, mas ataca insidiosamente a liberdade individual, não só na livre expressão de ideias, mas também no exacerbar de uma “pressão social” que leva muita gente ao silêncio por temor das consequências materiais (ostracismo, perda de emprego, processos judiciais, ameaças, etc.).
Nada que não se soubesse já. Orwell, num já longínquo prólogo ao “Triunfo dos Porcos”, escreveu que “Não é que se proíba concretamente dizer isto ou aquilo, simplesmente “não fica bem” dizer certas coisas […] e quem ouse desafiar a ortodoxia é silenciado. […]. “
Sendo um fenómeno ocidental, o politicamente correcto é na prática utilizado como arma de eleição por todos aqueles grupos e movimentos que se espojam no ódio à civilização ocidental.
As antecipações de Orwell são de uma acutilância impressionante. Quem hoje se acredita na vanguarda da fiscalização da linguagem politicamente correcta, sente-se estribado numa espécie de “Ministério da Verdade” que sustenta a sua acção em dois pilares:
Por um lado, os poderes públicos vão legislando no sentido de coagir aqueles que praticam a dissidência intelectual. Casos como os de Oriana Fallaci, Robert Redeker, o director do Jyllands-Posten, Charles Murray, etc, são apenas algumas amostras das abundantes consequências de um fenómeno totalitário que conduz ao condicionamento dos comportamentos.
Um outro pilar, mais subtil, é exercido por alguns partidos políticos, meios de comunicação e opinion makers que, muitas vezes sem terem sequer consciência do fenómeno, formulam um catecismo oficial daquilo que “está bem”, tendendo a marginalizar todos aqueles que dele não comungam.
Os pecadores são automaticamente condenados e apontadas ao desprezo social e intelectual.
Casos como este, Theo Van Gogh, Hirsi Ali, ou Gert Wilders, são perfeitamente ilustrativos. Quando o desalinhado é um desertor da esquerda, a pressão é especialmente brutal, como aconteceu com David Mamet e Zita Seabra, por exemplo.
O resultado desta dupla pressão é a paulatina instalação de um clima de medo que conduz à autocensura.
Desemboca-se assim numa sociedade em que há uma linha “correcta” de pensamento, toda ela congeminada à esquerda, que atravessa assuntos tão variados como o meio ambiente, a mudança climática, a imigração, a globalização, o mercado livre, o modelo de família, o diálogo com os terroristas, os EUA, o islamismo, a igualdade, a raça, etc.
O resultado perverso é que muitos cidadãos vão abdicando da sua liberdade individual por medo de ficarem “mal vistos” e isto é especialmente verdade nos meios intelectuais e universitários.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Teste
teste
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
-
Um dos pilares do liberalismo e do mercado livre, é a constatação, colhida da prática, de que a concorrência, a livre formação dos preços, ...
-
Crise. Recessão. Depressão. Agora é que vai ser: os EUA vão entrar pelo cano e nós atrás deles. Talvez para a próxima. Para já, e pelo trigé...
11 comentários:
Julgo muito interessante a visão que deu sobre o "politicamente correcto".
Eu acrescentaria que neste blogue o politicamente correcto é criticar quem é de esquerda, independentemente da sua posição, atacá-lo e atacar todas as opiniões contrárias de forma a que sejam supridas. O modo de resposta politicamente correcta neste blogue que começa pela mera especulação filosófica, passando para o insulto e terminando no silêncio. Dessa forma tenta-se coagir o alvo a não repetir esse comportamento.
Qualquer critica a Bush é vista como politicamente incorrecta, uma analise mais profunda das questões que não seja neocons "bom" o resto "mau é imediatamente atacada.
E será que acrescentaria mesmo estas frases? Obviamente que não. Por um simples motivo: é estupido!!!
É estupido argumentar que determinada pessoa só tem aquela posição porque é politicamente correcta.
Aliás tipicamente os adeptos do politicamento incorrecto é que têm uma conduta muito parecida ao polticamente correcto que o Lidador tanto critica.
Além de que admiro esta evolução da humanidade:
- a ofensa e a estupidez passou a ser justificada com o "Eu não digo as coisas politicamente correctas".
Há uns anos atrás conhecia uma pessoa que dizia "eu sou muito directo" e será que seria? Aprendi que não. Essa frase era uma mera desculpa para insultar os outros, acontece o mesmo com o politicamente correcto, argumento que além de ser utilizado para insultar também serve para alimentar o ego de quem a profere, acreditando que afinal o mundo é como ele vê. Os outros, "coitados", apenas conseguem dizer o que é politicamente correcto.
Claro que no topo destas justificações parvas está o "é negócio" que serve para justificar e legitimar muitos "crimes" mas isso já já é outra conversa...
Muito bem, Lidador.
.
"Qualquer critica a Bush é vista como politicamente incorrecta"
Tem a certeza?
Eu diria que não há nada mais politicamente correcto do que crit...insultar o Bush.
É um must e dá aplauso garantido.
Veja por exemplo a nossa ml, que não consegue escrever "Bush", sem anteceder o nome com o adjectivo "idiota".
Nota-se que não se sente nada constrangida e , pelo contrário, experimenta instantes de notório prazer.
O facto de você chamar "politicamente correcta" a crítica ao marxismo cultural, demonstra apenas que ainda não entendeu o conceito e pensa que basta mudar chamar estrada da Beira à beira da estrada, para fazer sinónimos.
Excelenbte post.
«Esta versão soft do totalitarismo, não tem gulags nem campos da morte, mas ataca insidiosamente a liberdade individual, não só na livre expressão de ideias, mas também no exacerbar de uma “pressão social” que leva muita gente ao silêncio por temor das consequências materiais (ostracismo, perda de emprego, processos judiciais, ameaças, etc.).»
Estará o meu amigo a falar da Anti-Defamation League? Ou do B'nai Brith?
"Eu diria que não há nada mais politicamente correcto do que crit...insultar o Bush."
"O facto de você chamar "politicamente correcta" a crítica ao marxismo cultural, demonstra apenas que ainda não entendeu o conceito..."
Pelo contrário meu caro Lidador, significa que percebo perfeitamente o conceito: um comportamento de apenas falar o que é correcto em determinado contexto social sendo que essas frases são desprovidas de qualquer convicção.
Sendo que no meu exemplo o contexto social que defini foi este blogue o comportamento aceite é atacar a esquerda, e defender o Bush e os Americanos, entre outros e o comportamento politicamente incorrecto é atacar Bush e defender medidas de esquerda, entre outros.
No entanto a parte fundamental é "desprovida de convicção" e por isso é que afirmei que era estupido da minha parte a primeira parte do comentário pois até agora acreditei que o que afirmavam era provido de convicção. Assim como quando alguém defende algo que acredita ele nunca está a ser politicamente correcto apenas por estar a defender algo que a maioria defende. E como a maior parte das pessoas quando afirmam "politicamente correcto" não conseguem determinar se a outra pessoa tem ou não essa convicção, normalmente quem profere essa afirmação está apenas a proferir uma mera estupidez!
O que eu acho interessante é como uma frase que é estupida à partida (raramente é bem utilizada) tem tantos adeptos em Portugal...
STran, meta os seus "contextos" onde lhe convier e viva feliz com eles.
Só servem para si. Se quiser chamar chouriço a um agrafador é lá consigo e com os seus "contextos".
Vá apanhar gambozinos!
Diogo, se bem que a sagacidade não seja o seu forte, por vezes abusa um bocado na demonstração da falta dela.
Negar a história e os factos não é politicamente correcto ou incorrecto. É apenas estupidez!
Politicamente correcto é um discurso sobre o futuro e o presente, uma visão totalitária do que "deve ser".
Negar o passado e enfronhá-lo em paranóias e mentiras de bimbo, como você faz revela apenas burrice e não sofisticação, como você pensa.
Mas ainda não percebeu que o seu discurso é tão ridículo que toda a gente com um bocado de senso se procura manter a uma distância de segurança ?
"Politicamente correcto é um discurso sobre o futuro e o presente, uma visão totalitária do que "deve ser"."
Isto é que é ser-se advogado e juiz da sua frase. É a velha filosofia do "É assim porque eu o digo, e se eu o digo então obviamente é assim", aliás uma visão nada totalitária da sua parte.
"O modo de resposta politicamente correcta neste blogue que começa pela mera especulação filosófica, passando para o insulto e terminando no silêncio"
"...meta os seus "contextos" onde lhe convier e viva feliz com eles."
"...como você faz revela apenas burrice e não sofisticação, como você pensa."
Passou rapidamente para a fase 2 da sua "actitude politicamente correcta".
E agora foi atingido o 3º nível: O silêncio...
Começa a ser demasiado previsível este tipo de comportamento, meu caro Lidador
Enviar um comentário