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quarta-feira, 2 de julho de 2008

Tribalismos

São inseparáveis de qualquer forma de noção de identidade a natureza “positiva” da sua natureza “negativa” – o ódio, a vingança, etc. Inseparáveis por definição. Portugal nasce em oposição a Castela e ao Islão. Identidade implica um nós e um outro. Até o cristianismo quando manda amar o inimigo afirma que há um inimigo. E não há uma razão supra-identitária – a razão universal – como mediador. Apenas um equilíbrio tensional onde a razão é apenas instrumento. Não possuímos razão como possuímos um orgao ou uma faculdade. É uma herança social, um departamento da alma ou do espírito da sociedade. Resultado de um intercambio intelectual mas aberto ao jogo das paixões. É por isso que o nacionalismo germânico foi especialmente danoso, enquanto anseio da unidade perdida, da unidade tribal, da unidade primitiva e pura. Foi uma fuga colectiva para uma cidadela interior – um mundo de sonhos – a que se dispensa o peso da cruz da civilização. Por alguma razão a historia foi sempre mais branda com a loucura colectiva do que com a individual.

PS Isto era missiva – mais ou menos isto – para seguir para o covil não fosse o dragão despedir sem aviso e sem justa causa a caixa de comentários. Feito a pedir cgtp em fúria e a blogosfera a cadeados

4 comentários:

Paulo Porto disse...

Pois. E depois de ler o seu post lembrei-me que os francos são um povo germânico que adoptou muitos hábitos latinos, além da língua. Parece que há hereditariedades que duram.

Anónimo disse...

or alguma razão a historia foi sempre mais branda com a loucura colectiva do que com a individual.

Não há outra saída, colectivamente a responsabilidade dilui-se.

Anónimo disse...

Nem mais, nem mais, numa tirania estamos todos a cumprir ordens

DLM

ml disse...

Nem mais, nem mais, numa tirania estamos todos a cumprir ordens

E nas democracias também, embora exista a ilusão de que a nossa voz conta. E conta, se diluída numa maioria. É a regra do jogo, a alternativa não é alternativa.


Não possuímos razão como possuímos um orgao ou uma faculdade. É uma herança social, um departamento da alma ou do espírito da sociedade.

O nacionalismo germânico é apenas metade da herança, o 'Sturm und Drang' cíclico. A outra parte é o racionalismo, que nenhum outro povo europeu levou tão longe.

Os franceses, para reatar o comentário do PP, são um bom exemplo dos não-excessos. A herança franca suavizada pelo catolicismo (mais do que pelo latinismo, que é apenas o 3º gene, depois do gaulês) e o catolicismo racionalizado pela ancestralidade germânica. O equilíbrio tensional dá-se entre dois pólos já temperados.