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quinta-feira, 24 de julho de 2008

Eleições Norte-Americanas VIII

O Messias anda hoje por terras de Otto von Bismarck. Porém, nem tudo correu como planeado para o candidato Democrata: foi-lhe recusado o discurso no portão de Brandemburgo, um dos mais conhecidos símbolos da Guerra-Fria e onde já discursou, entre outros, Ronald Reagan. No entanto, Barack Obama encontrou, desde logo, uma alternativa: a Coluna da Vitória, no parque Tiergarten.

Não por isso se retirou o ânimo aos muitos admiradores de Obama na Europa que esperam, para hoje, um grande discurso de Barack Obama sobre as relações transatlânticas. A própria imprensa já especula que o discurso irá ser "fantástico" e que irão estar no parque Tiergarten milhares de pessoas. Para aqueles que não conseguíram deslocar-se ao parque, o discurso passará em directo em algumas estações de televisão Alemãs.

Uma sondagem, revelada há dias, diz que 76% dos Alemães votariam em Obama caso fossem Norte-Americanos. Apenas 10% dos inquiridos afirmou que votaria em John McCain.

A Europa anda profundamente iludida, seduzida e afectada pela febre Obama e pelo anti-Americanismo convulso. Os amores por Obama estão, entre outras coisas, relacionados com o sentimento fortemente anti-Americano na Europa, pela descrença nos valores que hoje nos guiam, pela retórica populisto-demagoga do candidato, pelo facto de pertencer a uma minoria, pelo facto de não ser Republicano, porque Bush o é.

A deficitária (em qualidade, diga-se) cobertura às eleições Norte-Americanas, nomeadamente às políticas defendidas pelos dois principais candidatos, canalizou a popularidade de Obama para níveis estratosféricos um pouco por todo o Mundo. No entanto, basta uma análise razoável para se descobrir que o Barack Obama que nos aparece todos os dias nas televisões nacionais é substancialmente diferente do verdadeiro.

Barack Obama já passou à acção. Mas as televisões ainda continuam nas primárias, onde o candidato Democrata apenas falava de "Hope", "Change" entre outras coisas do género. Agora que as coisas começam a ficar mais sérias, Barack Obama revelou-se tudo menos aquilo que a comunicação social estava à espera: já afirmou que Jerusalém deve permanecer capital indivisível de Israel, já afirmou que afinal é para continuar no Iraque por mais 18 meses, já afirmou que é preciso endurecer a Guerra contra os Talibans, no Afeganistão, reforçando o contingente Norte-Americano.

A mudança parece estar afinal mais díficil. Obama continua a alimentar a propaganda da mudança mas, ao mesmo tempo, começa a jogar no campo do razoável. Inflectiu substancialmente ao centro, tentando ir buscar os votos de Hillary. Mas Obama corre muitos riscos nesta sua jogada: pode perder os eleitores da mudança, os liberais mais convictos, pode desiludir o Mundo.

Pode, também, perder o apoio da comunicação social (algo muito difícil, porque McCain é um monstro). E é esta que, segundo os próprios Norte-Americanos, tem levado o fenómeno Obama um pouco por toda a parte: 60% dos Norte-Americanos diz que a imprensa está a beneficiar claramente Obama em detrimento de McCain. Apenas 10% diz o contrário.

Passando a sondagens, as coisas continuam muito na mesma: corrida muito renhida, com empates técnicos em estados muito importantes. Ohio deu um salto significativo para o lado de McCain mas, ao mesmo tempo, Obama aproximou-se de McCain na Flórida. A nível nacional, McCain é visto cada vez mais de forma apreciativa (cerca de 60%) e Obama tido cada vez mais com candidato inexperiente para ser Presidente (45-50%).

39 comentários:

Unknown disse...

A Obamania está imparável...e a Europa de um modo geral encara Obama como uma espécie de Messias que tem o poder de mudar o mundo e trazer a felicidade aos povos.
Os mitos são poderosos e a esquerda tem esta necessidade de criar deuses, para satisfazer as necessidades de um trascendente que a religião normal não lhes dá, porque não é "moderna".

De vez em quando surgem estes seres mitológicos nos quais se projectam todas as virtudes e se penduram todas as esperanças.
O "dom-sebastianismo", tem curiosas manifestações.
Há par aí vários. Ele era o Che Guevara, o comandante fidel, o Mandela, etc,etc. Gente de carne e osso, com dores de coluna e eventuais problemas na próstata, como homens normais, mas finge-se que são deuses descidos do Olimpo.

Depois da ilusão, vem a desilusão.

Face à realidade, a utopia não se aguenta e Obama na Casa Branca, não tardará a ser caricaturado, como TODOS os outros presidentes americanos, como um cowboy doido.
Como o Clinton, por exemplo...

Estou em crer que alguns líderes europeus já estão com saudades do Bush. É que o Bush dava um jeito do caraças para justifcar a inação e o arrastar os pés no Afeganistão, por exemplo.
Zapatero, tão arraganhado e "retirar as tropas", é capaz de dizer ao Bush que no Afeganistão as tropas espanholas têm uns caveats e por isso não combatem nem estão sob comando operacional, mas com o Obama, acaba-se-lhe o ronco.
O mesmo com outros países que andam no Afeganistão a fingir.

As multidões que agora acenam raminhos de oliveira a Obama e que berram Change e Hope, serão as mesmas que em pouco tempo estarão a fazer manifes "contra a guerra" e "pela paz", quando os seus governos tiverem de chegar à frente com tropas a sério.
Isto, claro, se Obama for o próximo POTUS

Renato Bento disse...

Sabe Lidador, o que mais me mete dó nem é a paixão da esquerda pelo seu Messias, mas sim a incapacidade da imprensa conseguir ser verdadeiramente imparcial em toda esta telenovela.

Não é que me admire substancialmente o apoio, o forjar, o manipular, o enganar e o monopolizar em favor de Obama, pois isto tem motivos óbvios: Anti-Americanismo e pressão da esquerda do lobbista dos meios de comunicação Europeus (entre outros que enumerei em todos os textos sobre as eleições).

Quem sofre é o mais fraco. O mais simples ignorante, seja da minha faixa etária seja da sua, acaba por cair na esparrela e dizer que o Obama é Deus na Terra.

É por isso que me dou ao trabalho de andar todos os dias, por essa internet fora, em busca de artigos imparciais, interessantes e que mostrem o outro lado da realidade. Nem toda a gente tem a capacidade de perceber que algo está errado, que algo parece estranho, que tem que haver outro lado da questão.

A formatação acontece mesmo nas situações em que menos estamos à espera.

E isto é, na Europa, nos EUA, em todo o Mundo, um problema que tem que ser forçosamente combatido.

Sérgio Pinto disse...

o que mais me mete dó nem é a paixão da esquerda pelo seu Messias

O que eu acho mesmo engraçado é que alguém se ache tão bem informado que até sabe o que é que a "Esquerda" pensa ou 'sente'. Como se a "Esquerda" fosse uma entidade com pensamento único e uniforme.

E, claro, gosto da cobertura pretensamente isenta e imparcial de alguém que não consegue elaborar um comentário sobre as eleições sem frisar o "Hussein" no nome do Obama, sem mencionar "Messias" e afins ou sem se queixar da "formatação" que o povo, desgraçadamente ignorante e não-pensante, sofre. Bem que precisávamos de alguém para desmontar essas ilusões e combater a formatação, não é? Ah, mas já temos. É para isso que existe o Fiel Inimigo, certo?

Anónimo disse...

Sergio Pinto, desculpe ... mas se há algo que lhe falta é capacidade de analise.

Os argumentos usados para falar sobre as eleições, não são sempre os mesmo. afirma-o como se o RB recorresses a eles, por não conhecer outros ou por aqueles lhe serem mais convenientes.

São simplesmente a verdade dos factos .

Renato Bento disse...

Caro Sérgio

"O que eu acho mesmo engraçado é que alguém se ache tão bem informado que até sabe o que é que a "Esquerda" pensa ou 'sente'. Como se a "Esquerda" fosse uma entidade com pensamento único e uniforme."

A esquerda, tal como a direita, não é uniforme. O meu comentário veio na sequência daquilo
que o lidador defendeu e do próprio post. Se você não tem a capacidade necessária para ver as coisas deixe-se de arrogâncias.

"E, claro, gosto da cobertura pretensamente isenta e imparcial de alguém que não consegue elaborar"

Você vem aqui porque quer, lê porque quer, comenta porque quer. Eu escrevo aquilo que quero e que a minha consciência me dita. Se você não gosta, mude-se de paragens. Aposto que lerá sempre mais do mesmo.

Não sou imparcial. Já aqui escrevi que o meu candidato é John McCain. Mas isso não tem muita influência nas análises que faço, nomeadamente de dados.

""Hussein" no nome do Obama, sem mencionar "Messias" e afins ou sem se queixar da "formatação" que o povo, desgraçadamente ignorante e não-pensante, sofre"

Mas Obama não tem no nome Hussein? Sabe o que são elementos de coesão textual? Ensinaram-me isto no 9º ano. Se quiser empresto-lhe 1 gramática.

O pior é que ele é mesmo o Messias por estas bandas.

Sim, existe formatação, existe ignorância e existe ausência de reflexão. Só isso explica a forma magnífica como Obama é visto na Europa. Formatação da esquerda e da comunicação social, ignorância por falta de intenção em procurar mais e melhor informação, ausência de reflexão por engolir-se dados como adquiridos e inalienáveis.

"Bem que precisávamos de alguém para desmontar essas ilusões e combater a formatação, não é? Ah, mas já temos. É para isso que existe o Fiel Inimigo, certo?"

É para isso que serve a democracia caro Sérgio. É para isso que serve o Fiel-Inimigo ou qualquer outro blog. Para defender opiniões.

Renato Bento disse...

"Mas isso não tem muita influência"

Não tem nenhuma aliás.

Anónimo disse...

Sergio Pinto, acho que ficou ''arumado'', talvez seja bom fazer as malas para outro blog.
Ou então da próxima que comentar um post, nao seja arrogante e 'insolente'. Porque vivemos num Mundo livre. Mas a nossa liberdade acaba onde começa a dos outros

Sérgio Pinto disse...

Sergio Pinto, desculpe ... mas se há algo que lhe falta é capacidade de analise.
(...)

nao seja arrogante e 'insolente'

Anónimo,

Além de não ter dito nada de relevante, tendo-se limitado a patéticas tentativas de insultos, não mostra grande coerência, pois não?

Tem algo mais a acrescentar? Não? Então passe bem.

Sérgio Pinto disse...

Se você não tem a capacidade necessária para ver as coisas deixe-se de arrogâncias.

Aguardo que mostre a minha arrogância, em vez de perorar sobre as minhas capacidades.


Não sou imparcial.

O que torna particularmente divertidos os seus queixumes perante pretensas faltas de parcialidade.


Mas Obama não tem no nome Hussein? Sabe o que são elementos de coesão textual? Ensinaram-me isto no 9º ano. Se quiser empresto-lhe 1 gramática.

Nada mau para quem há pouco ainda mandava bitaites sobre a arrogância de terceiros.
Tem toda a liberdade de se armar em sonso, mas é no mínimo curioso que insista em usar tão frequentemente o nome Hussein. Quantas vezes usou o nome Sidney para fazer alguma alusão ao McCain? Nenhuma? Pois, bem me pareceu. Coincidência, sem dúvida.


Sim, existe formatação, existe ignorância e existe ausência de reflexão. Só isso explica a forma magnífica como Obama é visto na Europa.

Exacto. Agora é só substituir as "Obama" por "Bush" ou "McCain" e "Europa" por "Fiel Inimigo".
E deixe-me adivinhar: quando o Bush foi eleito não havia ninguém formatado para o lado dele, pois não?


É para isso que serve a democracia caro Sérgio.

Oops. Hmmm, se a formatação perdura, então suponho que haja um problema qualquer com a democracia.


Se você não gosta, mude-se de paragens.

As minhas acções e a minha agenda dito-a eu. Se não gosta, tem sempre a possibilidade de puxar do lápis azul e apagar os meus comentários, por exemplo.

Renato Bento disse...

"O que torna particularmente divertidos os seus queixumes perante pretensas faltas de parcialidade."

Não tenho carteira de jornalista. Sou um simples blogueiro. Quem deve primar pela imparcialidade, até porque obtém lucros, é a imprensa.

"Tem toda a liberdade de se armar em sonso"

Pois tenho. Toda a gente se pode armar do que quiser. Conquistas que se fizeram...

"o nome Hussein. Quantas vezes usou o nome Sidney para fazer alguma alusão ao McCain?"

Nenhuma. Provavelmente, se recorresse ao segundo nome de McCain, ninguém saberia do que estava a falar.

"Bush foi eleito não havia ninguém formatado para o lado dele, pois não?"

O tenebroso tinha que vir ao barulho. O homem anda metido em tudo o que é lado! Já não basta ter sido eleito sem ganhar as eleições e ainda andava a caçar votos de forma duvidosa..

"As minhas acções e a minha agenda dito-a eu. Se não gosta"

Ainda bem. Outra grande conquista do século XX.. Veja bem a quem a deve..

Sérgio Pinto disse...

Quem deve primar pela imparcialidade, até porque obtém lucros, é a imprensa.

Já o estou a ver a berrar contra a Fox, por exemplo. Ou indignado com o facto de o Berlusconi ter tanto poder sobre os media italianos, etc.


O tenebroso tinha que vir ao barulho.

Foi uma pergunta, apenas e só. A que você optou por não responder.


Nenhuma.

Pois.


Ainda bem. Outra grande conquista do século XX.. Veja bem a quem a deve..

Sendo português, calculo que a deva a todos os que contribuíram e foram responsáveis pelo 25 de Abril, acontecimento que muito me alegra que tenha tido lugar.

Renato Bento disse...

"Sendo português, calculo que a deva a todos os que contribuíram e foram responsáveis pelo 25 de Abril"

Nada disso. Deve-o àqueles que contribuíram para o 25 de Novembro. Apenas alguns (poucos, por sinal) continuaram na senda democrática.

Sérgio Pinto disse...

Claro. A chatice é que o feriado nacional é o 25 de Abril, cujas comemorações envolvem todos os altos dirigentes do Estado. E o povo, claro. Mas só porque alguém os formatou.

ml disse...

Apenas alguns (poucos, por sinal) continuaram na senda democrática.

caro RB

Diga-me lá quais são os muitos que fizeram o 25 de Abril e não continuaram na senda democrática.

Renato Bento disse...

Cunhal, Otelo e seus amigos (...)

ml disse...

Ah, muitos...

E em que encarnação o Cunhal fez o 25 de Abril?

Renato Bento disse...

Falei na generalidade. Quando falava de Cunhal, Otelo e seus amigos falava em comunistas no geral. Otelo é certamente um deles, Vasco Gonçalves outro.

Renato Bento disse...

Portanto ml, segundo entendo, a MFA continuou unida em busca da democracia..

Renato Bento disse...

*o

ml disse...

Não, o MFA dividiu-se mais tarde quanto ao caminho a seguir, o que não empurra nenhuma das partes para a senda não democrática.

Aliás, caro RB, julgo não ser preciso saber muito do movimento para se perceber que tanta gente envolvida dificilmente pensaria exactamente do mesmo modo quanto a tudo, quando nem sequer isso acontecia nos tempos de clandestinidade. Como é óbvio e natural.

ml disse...

Ah, e lá estão vocês com as vossas confusões ideológicas. O Otelo nunca foi comunista.

Renato Bento disse...

Uma seguiu uma senda claramente não democrática, enquanto outra (nomeadamente a do Melo Antunes) criticava o outro lado da barricada.

"dificilmente pensaria exactamente do mesmo modo quanto a tudo"

Obviamente. Especialmente em tempos tão conturbados.

"O Otelo nunca foi comunista."

E terrorista?

ml disse...

Uma seguiu uma senda claramente não democrática

Sim, eu sei. O Spínola, o Alpoim Calvão, o Santos e Castro e outros que se juntaram à rede bombista.


E terrorista?

Bom, pelo menos à célula de que falo acima não pertenceu. Já às Brigadas, não digo nada.

Não ande a saltitar, caro RB. Lá porque comunista afinal não se aplica, não se ponha à pesca de outra coisa qualquer.

Unknown disse...

"O Otelo nunca foi comunista"

Claro que não.
É dos livros que nunca ninguém com poder, foi um verdadeiro comunista, especialmente depois de ter escaqueirado tudo à sua volta, desde a realidade ao bom-senso.

Estaline, por exemplo, nunca foi comunista...foi estalinista.
Cunhal foi um verdadeiri comunista porque morreu sem ter poder para escaqueirar. Se tivesse chegado ao poder total,seria hoje um tenebroso cunhalista.
Quanto aos "militares de Abril", por acaso até conheço razoavelmente bem alguns eles, especialmente o Jaime Neves ( é verdade, o Jaime Neves tb fez o 25 de Abril), o Marques Júnior e o Vasco Lourenço e o que esta marabunta da esquerda tonta ainda não entendeu, é que o 25 de Abril aconteceu porque os capitães estavam a ser ultrapassados nas promoções por uma legislação idiota que o Marcelo Caetano, ignorante do mundo castrense, tinha em má hora dado à estampa.
O folclore veio depois, porque os capitães eram completamente inocentes em matéria ideológica e foram facilmente manipulados por toda uma nuvem de "revolucionários" da corda.

O que o RB diz é verdade: muitos desses capitães, daí a pouco tempo, já só queriam o "socialismo real".
Não queriam a democracia liberal, o estado de direito, a separação de poderes, a ética republicana, mas sim os amanhãs que se pensava que cantavam, lá na direcção da taiga.
Queriam a "democracia popular", do género "Alemanha Democrátika", ou República "Demockratica" da Coreia do Norte.

Muitos...Varela Gomes, Duran Clemente, Vitor Crespo, Tasso de Figueiredo, Vasco Gonçalves, Matos Gomes, Mario Tomé, o Fitipaldi das Chaimites, Charais, Corvacho, Otelo,etc.
Uma resma imensa de imbecis que o 25 de Novembro em boa hora varreu para a vala comum.
E é por virtude dessa vassourada que hoje podemos falar à vontade do que se passou, sem nos limitarmos à "verdade a que temos direito"

RioDoiro disse...

ML:
"O Otelo nunca foi comunista. "

Não. É coberto por uma fina camada de calcário, tem uma camada interna inicial quase transparente e gelatinosa, uma segunda camada amarela, uma pequena porção de material gelatinoso branco quase opaco, é posto pela galinha, quebra-se à queda, serve para fazer gemadas, ovos estrelados e mexidos, trouxas de ovos, palha de Abrantes, ... mas não é um ovo.

ml disse...

estimado prezadíssimo

Por parte do RB até é razoável que desconheça, afinal tem apenas 18 anos, como diz, e o 25 de Abril já lá vai há muito. Agora da parte de quem foi contemporâneo dos acontecimentos esperava-se muito melhor e não a falta de perspicácia, até estratégica, para rotular indiscriminadamente de comunista os que não deram à sola para onde muitos ‘revolucionários’ fugiram. Daí aos matrecos das crianças ao pequeno-almoço vai um passinho.

É assim como o Orwell, que pelos vistos também era comunista, talvez até camarada de célula do Otelo e do Palma Inácio.

Enfim, os rodriguinhos palermas da praxe para encher o nada de quem não consegue discernir quem é quem. Mais espantadiço ainda do que a polícia do Salazar, para quem até o Emídio Guerreiro, o José Augusto Seabra e outros membros da LUAR eram comunistas só porque assaltaram o banco da Figueira da Foz.
O homem-orquestra no seu pleno.

Mas isto não é comunista quem quer mas quem os outros deixam ser, pelos vistos. Os partidos –ml (maoistas/estalinistas) juravam que os verdadeiros comunistas eram eles, que o PC não passava de revisionista. Os ‘revisas’. O Otelo sempre entrou em confronto com todos os que se rotulavam de comunistas, desde o PCP aos vários –ml. A Isabel do Carmo e o Carlos Antunes das Brigadas, às quais parece que Otelo pertenceu, confirmavam que eram ex-militantes comunistas mas que tinham deixado de o ser e tinham passado a revolucionários. O Otelo concorreu às eleições presidenciais contra o Octávio Pato. Também é público o carinho – recíproco - que todos estes partidos que mencionei tinham pelo Otelo. Etc.
Tudo isto lhe pode ser confirmado pela documentação existente e pelos próprios militares de Abril. Se os conhecer.


Uma resma imensa de imbecis que o 25 de Novembro em boa hora varreu para a vala comum.

As habituais aldrabices a armar em entendido. Os únicos na vala comum e que tiveram que fugir por actividades terroristas e bombistas foram o Spínola, o Alpoim, o Santos e Castro, o Horta e restantes militares do MDLP/ELP.
O Vitor Crespo pertenceu ao Conselho da Revolução até 1982. O Franco Charais, idem aspas. O Mário Tomé foi deputado à Assembleia.

Tolices, ignorância e disfunções de leitura para todos os gostos. Sirva-se. E leia alguma da muita literatura que existe e assimile o que ainda puder.


por acaso até conheço razoavelmente bem alguns eles

E...?
Toda a dúvida é mais do que razoável perante o que leio.

Renato Bento disse...

"Por parte do RB até é razoável que desconheça, afinal tem apenas 18 anos, como diz, e o 25 de Abril já lá vai há muito."

É verdade, tenho 18 anos mas isso não explica o meu desconhecimento sobre a matéria. Ela foi-me leccionada, eu estudei, leio sobre ela e desde pequeno que vivo como vivo graças ao 25 de Novembro. Não me meta o rótulo de ignorante e de parte não interessada, porque eu não tenho culpa daquilo que faz a maioria da malta que estuda em Portugal. Tenho a minha própria opinião firmada e facilmente justificada sobre o assunto.

E foi até a minha própria professora de História (bem á esquerda, por sinal) que repetiu, de forma constante, que a maioria da malta do MFA chegou a uma altura em que queria virar isto de 8 para 80. Não que ela precisasse de mo dizer para eu perceber isto, mas é só para ver que até a própria professora, bem à esquerda como disse, reconheceu e ensinou aos alunos isso.

Maldito ensino! A apunhalar as costas aos capitães de Abril!

Quando diz que não foi a maioria, se calhar até nem foi. Mas foram muitos. A explicação do lidador sobre o Estalinismo, o Cunhalismo ou o Otelismo acabou com o resto.

Sabe, as vezes as gerações que não viveram o momento são aquelas que têm mais imparcialidade e mais capacidade para o analisar. Mas, como lhe disse, a partir do momento em que chega aqui e me retira a credibilidade para falar sobre o 25 de Abril só porque não o vivi, acho que já não temos mais nada a falar.

Renato Bento disse...

Não estou com isto a dizer que a ml não pesca nada do assunto, porque obviamente sabe daquilo que fala, mas os outros também têm direito a opinar. E esta é talvez a primeira lição que tirei do 25 de Abril: direito a opinar.

É óbvio que a esquerda age sempre para desculpabilizar os seus meninos de oiro, que em boa hora saíram às ruas de Lisboa, provenientes de vários pontos do país, ao som de Grândola Vila Morena e outros grandes êxitos da época. O que fizeram depois não interessa: mesmo que isto se tenha tornado, por momentos, pior do que aquilo que já era.

Só este acobardar justifica o estado de graça em que muitos hoje vivem mesmo depois de terem atirado pedras à democracia. Ainda se dá tempo de antena a Otelos e companhias. Se era comunista, fascista, proletário ou calceteiro, isso não é o importante para a questão. Só não concordo que tente esconder o clima que se passou desde Abril a Novembro.

Talvez seja um dos poucos pontos em que admiro o bochechas.

ml disse...

meu caro RB

Eu não lhe chamei ignorante nem outra coisa qualquer, apenas fiz notar ao prezadíssimo que quem viveu a época assistiu de um modo ou outro à história em directo, inclusivamente a detalhes que muitas vezes nem sequer ficaram registados.
Guarde a sua irritação para ocasiões mais necessitadas dela, eu não mereço tanto desvelo.

No entanto faço notar-lhe que entre a minha parcialidade desculpabilizante e a sua parcialidade culpabilizante está, e apenas, a ideologia. Por isso é bom que, para observador da história que quer ser, vá aplicando a si próprio as recomendações que me faz a mim.
A verdade objectiva assenta nos factos conhecidos e não na interpretação que deles se faz, e sobre factos a apenas factos me debrucei até agora, não fiz considerandos de qualquer ordem. Posso concordar ou não com as opiniões que inflamadamente me atribui, mas simplesmente não me pronunciei sobre elas, nem sequer o sobre tal ‘clima’ que pretenderei esconder. Quem se alongou com interpretações pessoais e ideológicas sobre a época e os seus protagonistas foi apenas o meu caro RB.

E os factos, são, repito:

1. O Álvaro Cunhal não teve qq participação no 25 de Abril.

2. Otelo nunca foi comunista.

3. Os partidos –ml disputavam ao PCP a denominação de comunistas. O Otelo desentendeu-se com todos eles.

4. Os únicos, para além do Otelo, que cometeram actos antidemocráticos foram os que referi, ligados ao MDLP, às bombas e aos incêndios das sedes do Partido Comunista. E as outras coisas nunca muito esclarecidas.

5. Tanto o Vitor Crespo como o Charais foram membros do Conselho da Revolução até à sua extinção em 1982, não tiveram que fugir do país nem à justiça por actos praticados.

6. O Mário Tomé também não foi varrido da história com o 25 de Novembro porque foi deputado.

7. Tudo o resto é a sua ideologia a funcionar. O que em si não é mau nem bom, é o mesmo direito que me atribuo a mim. A sua susceptibilidade a opiniões alheias é que era evitável.

Renato Bento disse...

"Eu não lhe chamei ignorante nem outra coisa qualquer, apenas fiz notar ao prezadíssimo que quem viveu a época assistiu de um modo ou outro à história em directo"

Se não foi, foi isso que pareceu. É óbvio que os contemporâneos têm a sua visão, tal como os posteriores também têm. Mas isso não mete ninguém em pé de superioridade. Não se deve nem se pode colocar uma opinião em causa só porque a pessoa não viveu o momento.

"Guarde a sua irritação para ocasiões mais necessitadas dela, eu não mereço tanto desvelo."

Não me leve tão a sério cara ml. Como você própria disse há dias, existem enganos que são bastante comuns. Os de interpretação são os mais usuais.

RioDoiro disse...

ML:
"para rotular indiscriminadamente de comunista os que não deram à sola para onde muitos ‘revolucionários’ fugiram."

Se a cara ML me puder refrescar a memória, ficar-lhe-ia grato (fico, de qualquer forma, pelo esforço, mesmo que não consiga refrescar).

... quando o PCP deitou a luva à lista de informadores da PIDE/DGS e os pôs a trabalhar para a parelha multilateralista KGB/PCP ... ? Relembra-me como foi?

.

ml disse...

Não o sabia de memória tão ressequida mas basta pegar em qualquer livrinho que reporte a informação que tem sido veiculada desde essa altura até hoje. E como nunca houve contestação, presume-se ser verdadeira.

A maior parte da lista de informadores da PIDE/DGS foi, com muito outra documentação, queimada no próprio dia 25 de Abril pelos próprios agentes. Portanto essa maioria por aí ficou incógnita e acredito muitos terem oferecido os seus préstimos no mercado, sujeitos à melhor oferta. Assim como aqueles que por excesso de popularidade não podiam pretender o anonimato, se encaixaram pelo melhor preço ou melhor conforto ideológico. O caso Camarate trouxe alguns nomes a lume.

Deduzo, portanto, que todas as áreas em confronto tiveram uma boa cota de mão-de-obra especializada.

No entanto, e como a sua memória parece começar já a ranger com falta de óleo, não serão apenas os dentes que se ressentem, digo-lhe que não me referia aos subterrâneos mas aos que publicamente deram o seu aval a este partido ou aquele muito revolucionário, muito vermelho, e hoje estão à sombra da bananeira depois de uma profunda 'autocrítica'. Também não preciso de me dar ao trabalho de dizer nomes, estão quase todos publicados por aí, do Espada ao Fernandes passando pelo Barroso e muitos outros, e quanto a isso nada a objectar, pelo contrário. Mas existe uma coisa chamada decoro e verifico que a maior parte deles tem o bom-senso de, sabendo-se gatos, não se fazerem passar por lebre.

Luís Oliveira disse...

ml: [passando pelo Barroso e muitos outros, e quanto a isso nada a objectar, pelo contrário]

Então e a Coerência!?

RioDoiro disse...

NL:
"não me referia aos subterrâneos mas aos que publicamente deram o seu aval a este partido ou aquele muito revolucionário"

Mas eu gostaria que se referisse aos subterrâneos.

Dou uma pista. O rendimento nacional mínimo de inserção servirá para reinserir. Subterraneamente, parece que funciona ao contrário, como ferramenta para que os re-inseríveis (com ou sem "-"?) se mantenham como tal.

O quadro redesenhador do homem novo, onde não haverá mancha da tenebrosa influência capitalista, vai sendo percepcionado e a malta, que verga a mola e que nunca deixou de estar inserida mas de cujo bolso sai o graveto que projectará o homo-reinventadus, vai percebendo que está a alimentar uma corja de "multiculturais" calões e começa a rosnar por S. Lázaro.

Logo depois, um ou outro gajo cujo armário está carregado de esqueletos e quer o poder seja como for, aproveita e vem a lume invectivar a santa reinserção.

Quem estará mais empenhado em alcançar um novo amanhã sob a "protectora" batuta de um qualquer S. Lázaro?

.

ml disse...

caro desmemoriado

Quando eu deslindar (estou a tentar esforçadamente) qual a relação entre a obra-prima do mestre e a prima do mestre de obras, poderei aperceber-me da sequência. Talvez o Sousa e Castro tenha a resposta que quer. Como ele, tanto quanto sei, está vivinho da costa, é só ir em sua demanda.


caro binário, não se estique muito por esse lado que é capaz de ter algumas surpresas. Tente uma terceira abordagem, entre o ping e o pong.

Unknown disse...

"Por parte do RB até é razoável que desconheça, afinal tem apenas 18 anos, como diz, e o 25 de Abril já lá vai há muito"


Excelente argumento...à altura daquele famoso guru que, indignado, garantia que não podia falar de abortos quem nunca tinha dado ao mundo o "sorriso de uma criança."

Ou seja, se bem explicou, ninguém pode falar de coisss que aconteceram fora do seu horizonte temporal ou físico.
Livros, estudo, investigação, nada disso serve...
Muito bem..

"É assim como o Orwell, que pelos vistos também era comunista"

Por acaso era...mas deixou de ser quando amadureceu intelectualmente e viu onde desembocava a utopia.
De qq modo, segundo a sua espantosa argumentação, você não pode falar de Orwell porque não foi sua coeva.


"Mas isto não é comunista quem quer mas quem os outros deixam ser, pelos vistos. "

Traduzindo, só é comunista quem a ml acha que é.
Os "verdadeiros comunistas" são aqueles que ela proclamará e que ainda hão-de existir, num futuro radioso e evidentemente comunista, que se construirá com "novas mentalidades" e novos homens.

A adesão declarada ao Manifesto Comunista e às ideias do Sr Marx, não definem, no entender bizarro desta nossa ml, um comunista. Comunista é apenas quem ela proclama como tal.
Muito bem!

" O Otelo sempre entrou em confronto com todos os que se rotulavam de comunistas, desde o PCP aos vários –ml."

Claro que sim...ele era, na opinião dele mesmo, o "verdadeiro comunista".
Tal como, presumo, a ml. Os outros apenas desvios e revisões. O Estaline tb era até deixar de ser.

"A Isabel do Carmo e o Carlos Antunes das Brigadas, às quais parece que Otelo pertenceu, confirmavam que eram ex-militantes comunistas mas que tinham deixado de o ser e tinham passado a revolucionários."

Interessante. Acontece que "Revolução" não é uma ideologia, mas apenas um processo violento de realizar uma ideologia.

Faz-se uma revolução, para alterar um status quo. O que essa marabunta que citou queria, era fazer mais uma revolução para nos trazer a felicidade do "verdadeiro comunismo".

Ah, já agora, a Ditadura Nacional tb foi uma revolução. Tal como 1640. Mas claro, são coisas de que não se pode falar porque, no 2º caso, provavelmente já não há sobreviventes da época.


"O Vitor Crespo pertenceu ao Conselho da Revolução até 1982. O Franco Charais, idem aspas. O Mário Tomé foi deputado à Assembleia. "

Claro que sim. a democracia liberal tem essa superioridade de colocar a oposição dentro do sistema. Duran Clemente foi autarca, por exemplo.
Claro que se tivessem triunfado, os seus adversários políticos, provavemelmente não viveriam muito tempo. O facto de se terem acomodado à "democracia burguesa", é o melhor sinal da derrota da sua ideologia imbecil.

O Mário Tomé por exemplo, capturado pelos Comandos em 25 de Novembro, foi levado algemado à presença do Presidente da República. Os vencedores, os militares partidários da "democracia burguesa" (omo lhe chama o Dr Louçã), deram-se ao luxo e ao bom senso, de não julgar esta marabunta por traição. Foram magnânimos na vitória e pacificaram o país.

Mário Tomé, continuou o caminho da ignomínia e da estupidez e acabou ( acho que ainda lá anda) a fazer de moço de recados do Bloco de Esquerda, na AR.


Ou seja, a rastejar no próprio orgão que reprtesenta o âmago da "democracia burguesa".
Patético.

Quanto à Isabel do Carmo, é hoje uma burguesíssima e anafada médica, que aufere capitalíssimos lucros a dar consultas privadas de nutricionismo.

POis, pois.
E que há tempos escreveu isto:

"... estes vinte anos mexeram muito na análise das coisas, face à realidade. A partir da invasão da Checoslováquia pus verdadeiramente em causa o estalinismo e percebi o carácter religioso de certas ideologias.
E gradualmente tenho dado mais importância ao papel do indivíduo, às diferenças entre homens e mulheres, às diferenças culturais. Também tenho percebido, duramente, que não bastam bons princípios, boas leis, boa planificação. A natureza humana é bem mais complexa que a dos anjos bons que se idealizavam no século XIX... "

Ou seja, uma trajectória à Orwell... e até já anda por aí gente a reinvindicar como "verdadeiro comunismo" os sucessos das sociedades liberais e capitalistas.
É obra!

ml disse...

prezadíssimo

Ou seja, NADA. Muita palha, muita revolução nacional, muita explicaçãozinha de chapéu na mão, mas um texto simples e objectivo a contrapor factos com factos, rien de rien.
Só agravou com mais um sinal exterior de ignorância.

A saber:

1. Orwell nunca foi comunista e isto é do mais hilariante que alguma vez se ouviu. É o grau zero do conhecimento.
2. Otelo nunca foi comunista. O Emídio Guerreiro também criou uma organização para revolucionar o país e afinal era um social-democrata mais tarde filiado no PSD.
E eis aqui mais uma definição de comunismo.
3. Mário Tomé não foi varrido com o 25 de Novembro, assim como não o foram o Crespo e o Charais.
4. Era comunista quem os vários reivindicantes deixavam ser e essa tentativa patética de virar o rumo da conversa é das coisas mais interessantes, que só por si justificam um blogue.
O PCP-ml, o MRPP, a FEC-ml, a AOC-ml, atribuiam-se o 'verdadeiro comunismo', e o PCP respondia-lhes com iguais mimos. É claro que eu nada tenho a ver com isso.

Fora disto, é a habitual caldeirada de sequências de muitas palavras a despropósito para esconder a falta de miolo.
Ping-pong.

Unknown disse...

"1. Orwell nunca foi comunista"

Diz você, claro. Opinião respeitável, sem dúvida, mas válida apenas no interior da sua cabeça.
Não basta.

"2. Otelo nunca foi comunista."

Na sua opinião, mais uma vez. Que todavia mudou de um post para o outro. Lá atrás jurava a pés juntos que "Isabel do Carmo e o Carlos Antunes das Brigadas, às quais parece que Otelo pertenceu, confirmavam que eram ex-militantes comunistas mas que tinham deixado de o ser".
Se bem se entende, o Otelo jamais foi comunista, apesar de reivindicar o marxismo e o manifesto comunista e pertencer a uma organização de "ex-militantes comunnistas" que agora já eram "revolucionários".
Uma nova ideologia, portanto: o revolucionarismo!

Espanta que você consiga escrever tantas asneiras sem se dar conta do ridículo, minha cara.

"3. Mário Tomé não foi varrido com o 25 de Novembro, assim como não o foram o Crespo e o Charais."

Claro que foi varrido. Do poder, da capacidade de determinar o futuro deste país. Que outra forma de "varredura" estava a imaginar?
Gulags não é nestas longitudes.
Vá lá, use um pouco o interior da cabeça, antes de marrar com ela.


"O PCP-ml, o MRPP, a FEC-ml, a AOC-ml, atribuiam-se o 'verdadeiro comunismo', e o PCP respondia-lhes com iguais mimos. É claro que eu nada tenho a ver com isso."

Claro que tem...afinal nenhum deles era o "verdadeiro comunismo", porque esse, pela sua conversa, só você o chancela.
Se você diz que Otelo não era comunista, não há volta a dar-lhe. Você diz, e pouco importa o que os próprios ou otrem diz.
Estaline dizia-se comunista.
Está visto que para outros ele não era o "verdadeiro comunista".
A ML ainda não existia e não chancelava por aquelas bandas.

Na verdade, cabe perguntar se o nazismo de Hitler era tb o "verdadeiro nazismo" ou o fascismo de Mussolini o "verdadeiro fascismo".

Que acha a ml?
Tb tem veredictos irrecorríveis a derramar do alto de si mesma?
Tem carimbos e selos se lacre?

ml disse...

Já entrei na fase da leitura em diagonal para ultrapassar rapidamente os considerandos, apreciações, perguntas retóricas, folclore e castanholas. E como se torna cansativa essa saloiice redonda a embrulhar duas ou três coisitas, vou aligeirar para limitar ao máximo a possibilidade de mais uma enxurrada.

Com os burros não se teima. Vou dar um saltinho por cima dessa pedrita e aproveitar para agradecer a deus e alá por no próprio dia 25 de Novembro o comunista Otelo ter recusado o cargo de vice-CEMGFA oferecido por Costa Gomes e Vasco Lourenço, para se juntar no caixote da história com o Charais, o Crespo, o Tomé e outros a quem o dia correu mal.

Mas vermelhusco nos horizontes, ainda deu o golpe do apagamento do retrato e conseguiu que todos, do muito que foi dito e escrito ao longo dos anos, tenham deixado na penumbra ‘o comunismo do Otelo’, em sinal de reconhecimento por el comandante ter resistido às pressões para substituir no Alto do Duque as pistolas e metralhadoras por foices e martelos, se ter posto ao lado dos NOVE na tenaz originada pelo choque de documentos e ter fechado a 5ª divisão.
Cá se fazem, cá se recebem.

Mas alguma coisa já emergiu no meio do nevoeiro.
- O Charais e o Crespo foram varridos com o 25 de Novembro.
- O Tomé e os cargos públicos foram parar debaixo do tapete.
- Quem se comportou impecavelmente foram os tais MDLPs que não vou repetir, mais o cónego Melo que ainda não tinha nomeado.

Então, e afinal o que foi que a posteridade destinou a Otelo? 'Aventureirismo basista’? ‘Radicalismo de esquerda’? ‘Esquerdismo militar revolucionário’? ‘Socialismo revolucionário? ‘Terrorismo político’? ...? Só um ou outro taranta, para quem apenas existem 2 vias, uma para lá outra para cá, a deles e a dos comunistas, não conseguiram encontrar alternativa a qualquer delas para o catalogar.

Conclusão
O Otelo era tão comunista como o Orwell. E o Einstein também, dizia o FBI, sei lá. E já vão três.

Voilà. O melhor dos mundos, a harmonia.