It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Teste
segunda-feira, 31 de maio de 2010
URSE
Estou a ver aos bochechos o Prós & Contras. E vejo aos bochechos porque aquilo é insuportável.
Uns, mais que outros, mas de um modo geral todos parecem suspeitar haver uma realidade para além do "desígio europeu". Parecem ter dificuldade em acreditar que há uma realidade capaz de explicar a hecatombe em que estamos mergulhados e que essa realidade tenha sido capaz de vergar o tal "desígnio".
É espantosa a veleidade com que se fala em "garantias para sempre". Parece estar-se em ambiente de confessionário.
Há um par de anos, quando do debate sobre a liberalização do aborto, o barbaças qualquer-coisa das Neves chamava a atenção que a Europa era uma coisa eminentemente decadente e que a "modernidade" aborto era apenas um sinal disso. A decadência aí está de tal forma marcada que atinge inclusivamente a capacidade para a reconhecer.
Há uns anos múltiplos idiotas reclamavam inclusivamente a "importação" de imigrantes para colmatar a decadência demográfica (naturalmente com doses garrafais de verborreia "multiculturalista" à mistura). Hoje mostram-se perplexos face à encrenca em que essa idiotia desaguou.
No meio disto tudo metem "Europa" e democracia num mesmo saco.
Europa. Há quem lhe chame União das Repúblicas Socialistas da Europa. Parece-me bem.
Criou-se uma aberração. A aberração dá os seus frutos. Podem continuar a tentar "salvar o essencial", cada um para seu lado, sempre em esquiva face à marreta da realidade. Mas a marreta aí está, indiferente aos enfadonhos "desígnios", afinfando alegremente.
... alegremente ... mau mau ... já me estou a lembrar de outro zombie.
A flotilha da liberdade e os activistas da paz.
Pelo que já se vai sabendo e vendo, os soldados israelitas foram atacados por vários "activistas da paz", todos de uma organização islamista turca, como o que se vê na foto, à medida que desciam no "navio da liberdade".
Os soldados desciam em rappel, o que quer dizer que ao chegarem ao navio estavam indefesos. E os "activistas da paz" que os receberam sabiam disso. E vai de malhar, e atirar granadas, etc, como se vê em vídeos já divulgados. Queriam jihad, tiveram jihad e agora que agradeçam a Alah, o privilégio.
Os soldados fizeram o que têm de fazer: defender a própria vida.
Fizeram-no bem e estão de parabéns, uma vez que ficaram vivos.
De quem é a culpa?
Dos cabecilhas da aliança anti-semita que planeou esta idiotice e que não se importaram de mandar para cenários de guerra os idiotas úteis da esquerda europeia.
São os "escudos humanos" que já vimos noutros cenários idênticos.
Se a estupidez desta gente não fosse infinita, eu ousaria esperar que isto lhes servisse de lição. Mas sei que não irá ser assim.
Os estúpidos darão sempre cabeçadas nas pedras e dirão sempre que a culpa dos seus problemas é a pedra, que é dura e está lá.
É o pugreso
Parece que se confirma o apoio de Sócrates e dos socialistas ao candidato poeta, Manuel Alegre. A justificação é muito simples e rudimentar: ambos partilham o valor do "progressismo". Um conceito algo vago, mas que parece ser suficiente para se poder declarar o apoio ao candidato do Bloco de Esquerda. Nada de extraordinário, trata-se apenas um faits divers, pois Alegre é feito da mesma massa de Sócrates e cumpre-se o principio de que as lesmas se apoiam sempre umas às outras.Em nome do progresso como podia ser em nome de um bom aproveitamento do papel higiénico. Enfim, socialismo que desde o sec. XIX está em lenta putrefacção e que nos quer fazer comê-lo.
De recordar que o "progresso" está ao mesmo nível da "justiça social" e do "avanço civilizacional", como justificativo para as asneiras clamorosas que os socialistas têm feito enquanto governantes.
domingo, 30 de maio de 2010
sábado, 29 de maio de 2010
Lula, Erdogan, Obama e Ahmadinejad
Como todos recordamos, Obama foi histericamente louvado, aplaudido, premiado e santificado por excitados crentes, não só por ser “afroamericano”, como se diz em linguagem de trapos, mas também pela apregoada nova e inteligente postura dos EUA, nas relações internacionais.
Uma postura evangélica, “multilaterialista”, de “mão estendida”, de diálogo, etc. Tudo de bom, passarinhos, primavera, ninhos, salvar o planeta, paz mundial, e tudo o mais que as misses declamam de um lanço quando lhes metem um microfone à frente
Os gestos de Obama foram inequívocos. Humilhou-se perante todos os inimigos da “América do Bush”, pediu repetidas desculpas pelos “agravos” e “injustiças”, e num mesmo gesto, deu tratos de polé a velhos aliados, como o Reino Unido, a Polónia, a República Checa, Israel, as Honduras, etc.
Na semana passada, o Brasil e a Turquia foram ao Irão fazer um “acordo” com o Irão, e as fotos de Lula e Erdogan e Amadinejad, sorridentes e de mão dada, dão uma primeira ideia do sucesso da nova postura dos EUA.
Como já se sabe pelos pormenores o “acordo” não resolve nada e na prática trata-se de uma ajuda de “aliados” dos EUA a um dos seus mais figadais inimigos, tentativa óbvia e conseguida de torpedear as sanções que o o Ocidente queria ver aprovadas.
O que importa aqui salientar é o à-vontade com que Lula e Erdogan preferem ajudar os aiatolas, não hesitando em dar óbvios coices nas partes baixas de um país “amigo”.
Esta situação e aquela foto, são uma excelente ilustração dos méritos da política externa de Obama, cujos efeitos se verificam também na Península da Coreia, com o Querido Líder a aproveitar ao máximo um espaço de provocação que lhe foi entregue de mão beijada pelo obamismo, que fala apologeticamente e mostra aos seus inimigos que isso é o máximo que está disposto a fazer.
Lula e Erdogan em Teerão, a irredutibilidade negocial dos palestinianos, as acções bélicas do Querido Líder, e a continuada truanice do “bolivariano” de Caracas, são um claro veredicto sobre a eficácia da politica de appeasement de Obama que, recorde-se, passou o 1º ano do seu mandato a pedir humilhantes desculpas a todo o bicho careta, a fazer vénias aos piores inimigos do seu país e do Ocidente e a ser até incapaz de expressar apoio verbal aos iranianos que, nas ruas de Teerão, morreram na contestação à fraude eleitoral de Amadinejad.
Estes inimigos já entenderam que estar contra o Ocidente, e contra a América, não envolve qualquer risco, bem pelo contrário.
Não podem deixar de ter reparado no modo como Obama meteu o rabo entre as pernas face ao avanço de Moscovo na Geórgia e na Ucrânia.
Não podem deixar de ter reparado no modo como a Síria, estado cliente do Irão, foi tratada com respeito, apesar de continuar a armar o Hezbolah e o Hamas e a fazer manguitos.
Não podem deixar de ter reparado no facto de Obama não ter apoiado o Reino Unido no recente bravejar dos bolivarianos argentinos ( o casal Kirchner) relativamente às Falkland.
Não podem ter deixado de reparar na forma como as Honduras, um velho aliado, foram tratadas, e Obama preferiu colocar-se ao lado de mais um aspirante bolivariano que ali se preparava para fazer ninho, manobrado por Chavez.
A maior parte destes erros não se deve e a incompetência, mas antes a uma visão neomarxista do mundo.
É perfeitamente claro que Obama adoptou uma narrativa terceiro-mundista que retouça na condenação dos erros e pecados do Ocidente malvado e explorador, face à inocência e bonomia dos pobres, dominados, injustiçados e explorados (os outros todos).
Face a esta cosmovisão suicida de quem não se sente bem sendo quem é, de quem vive no remorso de ser essencialmente mau e pecador, o Brasil, a Turquia e a Coreia do Norte, agem com natural racionalidade. Se não há nada a recear de Obama, e tudo a ganhar em estar do lado dos que são contra o Ocidente, é esse o caminho.
Sexo simplex
E que tal usar a internet para mudar de sexo no hora?
Um nome de utilizador, uma palavra passe ...
Que sexo pretende?
□ Homem
□ Mulher
□ Indefinido
□ Hermafrodita
□ Não reconhece a existência sexos e, portanto, nada constará quanto a género
□ Outro: _________________________________________________
Poios de esquerda
O conto de vigário é este: se a diminuição de receita implica falta de dinheiro para alimentar a despesa então uma diminuição de receita "é" aumento de despesa.
Entretanto aguarda-se a inclusão no estatuto do aluno do "direito" de andar em cuecas.
Portugal não é o Luxemburgo
Portugal não é, de facto, o Luxemburgo.
Infelizmente.
Não é o valor da dívida (em percentagem ou em valor absoluto) que importa. É a capacidade de a reembolsar.
Inspirado neste patético post.
Fontes:
World Bank (dívida 2009 Q4)
Wikipedia (PIB Portugal 2009)
Wikipedia (PIB Luxemburgo 2009)
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Guia para filhos de pais anónimos (Madrigal)
Faits-divers
quarta-feira, 26 de maio de 2010
terça-feira, 25 de maio de 2010
Quem te manda a ti, Zapatero, tocar rabecão?
A coisa aqui tá preta.
A derrocada segue dentro de momentos
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Investimento Público
Como diz o Ministro, no minuto 00:35:
"Perguntava a mim próprio se não me cairia em cima da cabeça. Mas depois, Boooooooooom!"
domingo, 23 de maio de 2010
While My Guitar Gently Weeps
While my guitar gently weeps
I look at the floor and I see it need sweeping
Still my guitar gently weeps
I don't know why nobody told you
how to unfold you love
I don't know how someone controlled you
they bought and sold you
I look at the world and I notice it's turning
While my guitar gently weeps
With every mistake we must surely be learning
Still my guitar gently weeps
I don't know how you were diverted
you were perverted too
I don't know how you were inverted
no one alerted you
I look at you all see the love there that's sleeping
While my guitar gently weeps
I look at you all
Still my guitar gently weeps
Oh, oh, oh
oh oh oh oh oh oh oh
oh oh, oh oh, oh oh
Yeah yeah yeah yeah
yeah yeah yeah yeah
Futebol espectáculo
Que o Mourinho joga feio, desdenham.
50 Ways To Leave Your Lover
Utopia e estupidez
Anda para aí muita gente a vender a Utopia, apesar de, como o próprio nome indica, não existir tal lugar.
O negócio sempre deu. Desde Platão a Sócrates (o nosso), passando por More, Marx, Chavez, Louçã, Jim Jones, Pol Pot, Fidel, Zapatero, Estaline, Hitler, Bin Laden, etc, são aos milhares os vendedores de banha da cobra que tratam de impingir aos ingénuos e aos estúpidos o bilhete para o Paraíso, a “sociedade sem classes”, o Céu das 72 Virgens, o Jardim das Delícias, a Montanha de Açúcar, a Arcádia, o “fim do capitalismo”, a “justiça social”, a “igualdade”, o Reich dos Mil Anos, o Califado, etc.
Sabe-se que qualquer grupo humano, seja de trolhas, seja de professores universitários, tem mais de metade de estúpidos, incluindo os estúpidos propriamente ditos, alguns ingénuos e mais de metade da bandidagem.
É um bom mercado de consumo para as ideias utópicas. Os que as vendem são também dessa faixa social, pelo que os mercado da estupidez e da utopia não só se confundem, como alcançaram uma massa crítica susceptível de se alimentar a si mesma, por muitos e bons anos. A alienação de tanta gente tem consequências, porque o que caracteriza o estúpido é o entusiasmo por acções em que, nem ele nem os outros ganham o que quer que seja. Ou seja, numa interacção com um estúpido, todos perdem, incluindo o estúpido (de resto é isso que o define como tal).
Um jogo de soma negativa.
Ao toque da Terra Prometida que existe em “nenhum sítio” (Utopia), os povos reduzem-se pouco a pouco à bestialidade, uma vez que a alma estúpida vende o seu presente em troca do futuro radioso que outrem lhe anuncia.
Esse outrem pode ser um indivíduo, como Sócrates, Obama ou Louçã, ou uma fábrica colectiva de estupidez, como a que produz o telelixo socialista.
Tomemos por exemplo, José Sócrates e as “obras públicas”. Não importa que o saber, pela boca de inúmeros professores de economia, ex-ministros, empresários, etc., diga que a Utopia não está no fim da linha do TGV. O saber não serve para nada. Os estúpidos preferem ouvir os chamans, os “engenheiros” de contas místicas, os vendedores de futuros risonhos.
Há mais de 500 anos, andava por Florença um destes vendedor de paraísos, de seu nome Savonarola. Se fizessem o que ele exigia, garantia o frade, a “cidade viverá em júbilo, entre cantos e salmos, e os rapazes e as raparigas serão como anjos…e a felicidade virá já neste mundo”.
Um virtuoso, este Savonarola. Brilhante, culto e estúpido até ao tutano. Acabou no assador e a cidade amargou as consequências por muito tempo. É assim a estupidez…todos acabam pior do que estavam antes.
Maquiavel leu bem o acontecimento. Os virtuosos que vendem utopias são perigosos. O príncipe tem de ser racional.
Mas a estupidez não pode ser nunca subestimada, como a história do séc. XX prova à saciedade.
Um dos clérigos bolchevistas explicava no início do século que, para instaurar a Utopia na Rússia, era preciso aniquilar 10% de habitantes ( os que não eram sensíveis à estupidez). Os outros 90% eram, segundo a sua estimativa, os acomodáveis ( os que comprariam as ideias estúpidas).
Mais recentemente, Pol Pot simplificou e introduziu critérios modernos: quem sabe ler tem de ser executado.
sábado, 22 de maio de 2010
Quem se mete com putos...
Por mais que eu procurasse explicar-lho, recorrendo a argumentos com base na biologia, na sociologia, na antropologia, na história, na filosofia ou até na simples política, nada a levou a encontrar sentido ou sequer tomar a sério o que não passava, para ela, de um disparate incompreensível num ser inteligente.
Dizia-me ela assim: “O raciocínio está mal feito, pá! Se se diz que o pai é afro-americano, então seria de esperar que a mãe fosse designada, desde logo, como euro-americana. Mas se ela é referida como branca, então o pai deveria sê-lo como preto ou qualquer outra cor.”
Embatuquei. Perante o meu silêncio, segreda-me ela, em tom discreto e cúmplice: “Tens a certeza de que não estamos perante um caso de racismo? Só não sei de que lado é que ele vem….”. E acrescentou: “Não me ensinaste que o racismo é coisa de gente estúpida...?”.
Desalentada com a continuação do meu silêncio, juntou, suspirando: “Bom, ou então é qualquer religião esquisita, daquelas que tu dizes que são… sazonais, não é? Que aparecem e desaparecem assim, conforme as modas a que os cérebros dos palermas estão sujeitos…”.
Depois, deixou-me em paz e foi à vida dela.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Fim de semana
Suponho ser a primeira vez que publico música executada por um desconhecido.
O original é este (playback, mas o que me interessa é a música, não a imagem).
O novo P(R)EC
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Tiro de submarino
Porque pensaria Louçã que "os gajos" teriam força para fazer alguma coisa? Por fabricarem aspirinas?
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A deriva total ou Merkel e a queda de muro que se segue
A coisa soa a acordes do canto do cisne por doses maciças de suicídio:
Hoje a Alemanha baniu a venda a descoberto de obrigações soberanas e a especulação sobre a dívida europeia através de “Credit Default Swaps” com a finalidade de acalmar os mercados financeiros. Uma decisão que gerou ansiedade em relação às futuras medidas regulativas e que está a ser interpretada pelo mercado como um sinal de que a crise europeia é mais desesperada do que transparece.Aqui soa a fuga pr'a frente confundindo o que pensam os mercados com o "pensamento" da "Europa". Para Merkel "Europa" e mundo são a mesma coisa.
“A falta de regras e limites pode fazer com que o comportamento nos mercados financeiros seja conduzido meramente por lucros destrutivos e implicar uma ameaça existencial à estabilidade financeira na Europa e mesmo no mundo”, disse Merkel aos deputados em Berlim. “Os mercados não vão corrigir estes erros por si próprios”, concluiu.Aqui Merkel parece querer nacionalizar (europeizar) o pensamento alheio:
Merkel e o seu governo vão exercer pressão para a introdução de uma taxa sobre as transacções financeiras e para que as firmas de notação financeira sejam supervisionadas pelos governos, de forma a que estes recuperem “primazia” sobre os mercados.Aqui o preâmbulo da certidão de morte do aborto "União Europeia":
A Alemanha vai agir sozinha se tal for necessário disse Merkel, referindo a decisão relativa à proibiçãio da venda a descoberto pelo regulador do mercado alemão, BaFin. “Tudo isto vai continuar em vigor até que seja encontrada uma solução europeia”, disse.Entretanto a esfregona e o espanador continuam a monte. Durão Barroso deve rezar 10 vezes por dia para que Obama consiga rebentar de vez com a economia americana para que quando a "Europa" estoirar a necessária cortina de fumo já esteja armada.
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terça-feira, 18 de maio de 2010
Os EM
Conheço dois tipos de estúpidos: os que nascem estúpidos e os estúpidos militantes (EM).
Naturalmente estúpido é aquele a quem a natureza ou os genes dos antepassados, pregou uma partida.
A generalidade dos naturalmente estúpidos que conheço são esforçados e conseguem quase sempre atingir um qualquer patamar, forçando-se numa luta corpo a corpo com o aprender. Essas pessoas merecem-me toda a consideração e encaro o meu esforço a favor deles como uma obrigação.
Os EM são uma outra espécie, aparentada às carraças.
Como os cães, os EM reagem a estímulos condicionados. Por exemplo, a frase “obriguemos o capital a pagar impostos” provoca-lhes um orgasmo. Entregam-se a infinita conversa sobre os malefícios do capital e acedem aos mais grunhentes orgasmos passando ao lado do facto de se tratar de um puro acto masturbatório. No mundo real, aquele em que, entre outros, os estúpidos naturais procuram levar por diante a sua vidinha, as reacções são as do homem que de vez em quando, petisca um prato de caracóis.
Quando um qualquer iluminado aplica impostos às empresas, o resultado é sempre e apenas um: todo e qualquer cidadão irá pagar, chapa batida, directamente da carteira, a verba que irá ser triturada em parte incerta.
No caso de uma empresa multinacional se a coisa se complica e o volume de vendas baixa em resultado do aumento de custos de produção, a empresa procura melhores ares deslocalizando-se.
A palavra deslocalização provoca rosnadelas em virtude de ser capaz de gerar azias aos EM. Por um lado potencia a qualidade dos orgasmos, por outro anula-os ao perceberem que algo correu ao arrepio das suas certezas.
Como suores, afloram os “argumentos” segundo os quais os preços de produção em nada interessam porque “produto nacional” tem outro substrato (como os “produtos naturais”). Habituados a frequentar lojas de luxo, os EM ignoram que as lojas de produtos chineses estão cheias de gente que não sente qualquer arrepio pelo que compra. São pessoas que, não tendo qualquer problema em misturar-se com os naturalmente estúpidos, vão tentando de igual forma levar a bom termo a sua vidinha.
Ás empresas que apenas trabalham para o mercado nacional, há duas preocupações. A primeira, a de perceber se o dito imposto (ou norma imposta que tenha custos) é mesmo para cumprir.
Quando qualquer norma imposta (ou imposto) a uma empresa não é globalmente cumprida, a coisa turva-se, levando a melhor quem consegue passar ao lado. O EM rejubila, apontando ao bicho homem as imperfeições da praxe, mas é insensível à quantidade enorme de alarvidades legislativas que se não adaptam ao mundo real. Não é de estranhar essa insensibilidade porque brota habitualmente de cabeças orgasticamente iluminadas.
Se a coisa não é para cumprir as empresas que tentam manter a legalidade fecham, levantando nuvens de despedimentos, e com elas novas perplexidades em matéria de orgasmo.
Se a coisa é para cumprir, fazem-se contas e repercute-se a despesa extra sobre o produto final que será pago, adivinhe-se por quem.
Mas tributar o lucro das empresas, tributar o lucro dos capitalistas, (do “grande capital” como os EM gostam de referir) é sempre conversa da praxe a favor, evidentemente, dos “desfavorecidos”, daqueles em que “nunca ninguém pensa”.
Coisas do gang das Lages e seus acólitos
O Senado norte-americano aprovou hoje uma medida que visa bloquear ajudas do Fundo Monetário Internacional (FMI), como a que se destina à Grécia, caso não existam garantias de que o dinheiro será pago.
E Krugman anda à solta:
“Com uma moeda única, um ajustamento a choques requer ajustamento nos salários relativos – e como os países da periferia europeia passaram do crescimento à crise, o seu ajustamento tem de ser feito em baixa”, diz Paul Krugman no seu blogue do Wall Street Times, de que é colunista. “Neste altura, os salários na Grécia/Espanha/Portugal/Lituânia/Estónia, etc., precisam de cair qualquer coisa como 20 a 30% face aos salários relativos na Alemanha.”Via O Insurgente.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Da tusa-lusa
Luís Amado, nosso insigne Ministro dos Negócios Estrangeiros, defende:
Ora aqui está a solução final: limitar o défice por via constitucional. Luís Amado é o maior, ou melhor, o segundo maior, porque o primeiro, Freitas do Amaral, iria mais longe propondo que se limitasse, constitucionalmente e em acréscimo, a falta de graveto.O Governo tomou posse há sete meses. Não há ministro das Finanças a mais e políticas sectoriais a menos?
O País tem estado dominado, como todos os Países europeus, pelos problemas financeiros. A crise financeira está longe de ultrapassada. Vamos entrar numa fase de revisão constitucional e é importante que haja um consenso alargado face a dispositivos constitucionais que criem estabilidade e ajudem a resolver problemas estruturais.Que problemas?
Na questão orçamental. Haverá uma reacção positiva dos mercados se, por exemplo, formalizarmos uma norma travão que crie um limite para o défice e endividamento. Um valor aceitável que não impeça uma resposta adequada em momentos de crise.
Limitar a falta de carcanhol seria, isso sim, a solução final, porque entalaria, de vez, os "especuladores". Os malandros dos "especuladores".
Mas eu iria ainda mais longe que os nossos maior e segundo. Atrevo-me a supor que o nossos Supremo e Magalhónico Ser bem podia decretar o fim da falta de tusa. Sim. De tusa. Da tusa-lusa. A falta, porque, por amor à Intel, nada de redistribuições ... eu não tenciono abdicar dos proventos da especulação que, na matéria, me têm permitido esbanjar e manter um pé-de-meia ... garantia de 'tops' até aos 150 anos.
Sim. Não há como a Constituição para "garantir" tudo quanto é bom. Nesta matéria sou todo filantropia. Que a máxima 'sempre no ar sempre com elas' seja extensível aos homens* de todo o planeta.
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* Homens-macho. Acerca das variantes não me pronuncio. Deixo isso para o Anacleto, conselheiro oficioso.
domingo, 16 de maio de 2010
À atenção da Sociedade Anónima
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Saldanha Sanches (1944-2010)
A última conversa de Saldanha Sanches com o Diário Económico
Isabel Lucas
14/05/10 13:00
O medo de falar não é algo que se conjugue com o nome do fiscalista Saldanha Sanches . Aponta acusações em todas as direcções, polemiza, lança a discussão. À direita e à esquerda aponta pecadilhos ou grandes casos de corrupção. Sobre as eleições, este ex-mrpp diz algo tão surpreendente como o facto de considerar o programa de governo do CDS o melhor construído. Aderiu ao conforto do capitalismo, diz-se um privilegiado. (A conversa começa com Saldanha Sanches a tecer considerações sobre um livro) Este verão descobri um livro que me deixou deslumbrado. Qual? Um de um autor chileno, chamado Roberto Bolaño. "Detectives Selvagens"? Sim. Comprei em Madrid e li em espanhol durante as férias. Adorei. Imagino que poucos saberão desse seu gosto pela literatura. Sabem os meus amigos. Não ando para aí a dizer, porque quando me pedem para falar não é sobre literatura. Mas já fui a um programa do Francisco José Viegas para falar de livros e de romances. Lê muitos romances? Menos. Leio muito menos romances do que lia antes, mas ainda leio alguns, em férias e para adormecer. Agora esse espaço de leitura sem esforço e sem trabalho está mais na História do que nos romances. Até porque com a idade ficamos menos flexíveis e é-se menos sensível ao novo. Portanto não é fácil gostar-se de um autor que não se conheceu. Bolaño não é o Dostoievski, nem é o Tolstoi, nem é o Balzac. É um autor novo, mas aderi completamente. Falou do seu gosto pela literatura; já me tinha referido a sua paixão pela arte. É um comprador de arte? Não, não. Sou um comprador de arte em museus. Não compra? Devia comprar mas não compro porque os quadros que me povoam a cabeça são os Matisses, são os Mondrians, são os Kandinskys... Esses receio não os poder comprar tão cedo. Mas tem esperança. Tenho. Mais cinco milhões, menos cinco milhões (risos). Isso é uma crítica à facilidade com que se fala de milhões actualmente? Esses milhões são milhões míticos porque são mais dinheiro do que nós ganhamos a vida inteira. Mas o facto é que a riqueza produzida hoje é muito maior. Na verdade, o capitalismo, para usar expressões clássicas, mostrou nos últimos 50 anos uma capacidade para produzir riqueza que é inteiramente nova na História. Veja-se o apogeu na China. A China está com uma produção de riqueza completamente espantosa. A Inglaterra cresceu com uma taxa média de 3,5% ao ano e ao fim de cem anos era o dobro. A China está a crescer sete ou oito por cento e duplica todos os anos e com uma massa humana impensável até hoje. Mas mesmo no Ocidente houve um tremendo crescimento da riqueza e uma má distribuição dessa riqueza que foi o que aconteceu nos últimos vinte anos. Isto seguiu-se a uma produção equilibrada de riqueza durante os 30 anos pós-guerra, os 30 anos do keynesianismo, em que houve a preocupação de aumentar os salários reais, a expansão da classe média que cresceu e de repente tivemos as praias estragadas. Estragadas no bom sentido, porque de repente a classe média já não são dez, são cem. A Ericeira era óptima, mas começa a padecer de falta de espaço. É a democratização. São os males bons. É o mal da abundância, como é evidente, com as estradas cheias de carros. E essa classe média começa a crescer de uma forma espantosa. O bom capitalismo - e acho que essa questão é interessante - que é o que funciona, o capitalismo nórdico, mesmo o inglês no essencial, o francês, conseguiu ter taxas de crescimento de três, quatro por cento por ano e aumentar sempre a distribuição. É esse o sistema que defende para a economia portuguesa? O sistema tem de funcionar. Aliás, até responderia com uma coisa que dizíamos muito no tempo do marxismo, que é: "A prova do pudim é que se come". Continua a pensar da mesma maneira? Estas máximas ou marcas ficam. Não tenho nenhuma razão para as deitar fora ou para as negar. De facto essa ideia está certa. Aliás, o Marx foi um pensador fabuloso, mas a sua concretização foi a desgraça que se sabe. O socialismo como projecto é uma utopia e como aplicação é o fascismo e o estalinismo. Não achava isso nos tempos em que militava no MRPP, quando foi preso justamente por defender esses ideais? Achava que era um preço a pagar, não se sabe bem porquê. Esse era um preço que devia ser pago. Era o que pensava. Isso passava pela prisão, pela tortura. A gente pagaria aquele preço porque era necessário para mudar o mundo. Era um erro enorme. Como é que hoje olha esses anos em que acreditava que isso era o correcto? Primeiro é necessário ficar claro: era um erro enorme. Não se pode negar que se praticavam crimes em nome disso e nós com essa política conduzíamos a esses crimes. Primeira questão. Em segundo lugar, acho que estava a agir de boa fé, que estava a ser generoso e mal orientado. Não pensava em mim. Não era o meu bem-estar nem o meu interesse que contavam. Já tinha família nessa altura? Ainda não, felizmente. Tinha pais compreensivos que me apoiavam. Foram os seus pais que lhe incutiram o gosto pela política? Não. Os meus pais eram pessoas normais, liberais, não gostavam do Salazar, mas isso era o corrente naquela altura. Mas estava a falar do bom capitalismo, do capitalismo dos países escandinavos. Acha que é possível transpô-lo para cá? Nós cá temos um mau capitalismo. Hoje temos a crise que não tem nada a ver com isso, e que atingiu todos, ninguém escapou. Mas o nosso mau capitalismo tem um crescimento do produto muito baixo, meio por cento, e esse mau capitalismo... Hoje vimos aqui (numa conferência no CCB) Francisco Louçã enunciar alguns aspectos do pior do nosso capitalismo; mas para o Francisco Louça não há mau capitalismo. O capitalismo para ele é mau. Ponto. Acabou. A conclusão dele é que o capitalismo é mau em si. O PS e o CDS e o PSD, como são a expressão política desse mau capitalismo, não o podem denunciar. Isto é trágico. Os partidos com um programa que podia ser realista estão comprometidos com as piores formas de capitalismo. Aliás, para citar um homem do PSD, o Pacheco Pereira, são escolas do crime. Criam o crime. Não vale a pena tentar dizer mais. Quer dizer, nós não podemos ir a lado nenhum enquanto uma auto-estrada custar não 500, mas mil. Não podemos. Não há meios suficientes para fazer isso. Agora quem denuncia esse tipo de práticas são apenas aqueles que são contra o capitalismo. Ou seja, acha que não temos nenhuma força partidária que possa pôr em prática esse bom capitalismo de que fala? E que se revolte contra o mau capitalismo. Não temos. O PC denuncia o mau capitalismo de forma atabalhoada, o Francisco Louçã denuncia-o brilhantemente, mas ambos acham que o capitalismo nunca pode ser bom. Portanto, há que ser abatido porque não há bom capitalismo. Isso é uma tragédia. Partidos políticos que governem e podem governar não têm qualquer tentativa séria para acabar com a corrupção, para acabar com as disfunções que tornam o capitalismo em Portugal algo que não pode funcionar. Estamos a duas semanas das eleições e vêm aí muitas promessas... Mas isso é normal. É a venda. A democracia tem uma oferta, uma procura e tem a venda e quando eu vendo uma casa digo que a casa é boa. O grande problema é que das eleições vão sair partidos com as mesmas práticas de passividade perante a corrupção, de passividade perante os desvios básicos ao funcionamento da economia e vamos continuar com o chamado mau capitalismo e o mau capitalismo não permite o crescimento económico. É um pessimista nesta altura? Há fases. Não sou tão pessimista como isso. Há bocado, ao almoço, a falar com gente ligada às empresas, percebi que há empresas a funcionar magnificamente. Há empresas que inovam, que exportam, que concorrem. Estou a falar com alguém que é um defensor da iniciativa privada. Obviamente, com regras. Numa economia de mercado cumprem-se regras. Por exemplo, que regras faltam? Por exemplo, meter na cadeia os corruptos. Não é aceitável que alguém que saia do governo e que domina o Partido Socialista depois vá para uma empresa privada cujo principal objecto é fazer negócios com o Governo e com o Estado, mesmo que seja tudo feito com a maior clareza, há aqui uma suspeita e como é que se pode ultrapassar essa suspeita. O Dr. Jorge Coelho dominava o Parido Socialista. É capaz de ter excelentes qualidades como gestor. Aceito isso. Ele podia ter ido para uma empresa que se dedicasse à exportação, ou às obras públicas na Polónia, ou na República Checa, ou em Angola. Não tínhamos nada com isso. Mas ele está numa empresa que tem negócios importantíssimos com o Estado português. Ora quem é que está no poder? São os seus camaradas do PS. Dirimir esta suspeita é um trabalho de Hércules. Como é que é possível? E vamos supor que tudo corre de acordo com as regras, mas como é que nos libertamos da suspeita e como é que convencemos as pessoas comuns que tudo funcionou de acordo com as regras? Não quero discutir se são ou não cumpridas. Sei que é impossível convencer disso a pessoa comum. Enquanto eleitor... Estou indeciso como todos os outros Ainda não sabe em quem vai votar? Ah, se calhar depois de muito resmungar voto no PS. Se calhar... Mas... Porquê? Acha que é o mal menor? Sim, o Bloco tem uma posição muito radical; o PCP é mais anacrónico que a Sé de Braga. Não teme que lhe chamem um vendido ao sistema? Profissionalmente trabalho para grandes empresas, e não tenho vergonha nenhuma disso porque sempre joguei com a minha hipótese de competir no mercado e tenho tido algum sucesso. Não estou nada preocupado com isso. E a sua ambição é ganhar dinheiro para ter conforto, ou seja, começou a pensar em si a partir de certa altura. Foi quando voltei para a faculdade. Comecei a estudar e a ser bom aluno para ficar na faculdade. Aí comecei a pensar em mim. Tenho esse direito, depois de pensar nos outros. Até veio numa fase boa, nos meus trinta anos, a família, o casamento, depois uma filha, obriga-nos a ser egoístas, a ter algum egoísmo. É um egoísmo puro. Mas procuro contribuir para obras filantrópicas, acho que tenho esse dever; não faço trabalho de voluntariado por preguiça. Que causas o sensibilizam? Por exemplo, ajudo uma obra que trabalha nas cadeias. Porque aquela gente que está na cadeia é a que está mesmo na parte de baixo da sociedade, embora disfarce isso, aquela miséria humana. E há rapazes que trabalham com eles e procuram reabilitá-los. Acho que isso é uma coisa positiva. Diz que não faz voluntariado por preguiça? Sim, mas acho admirável que haja pessoas aí na rua a distribuir pratos de sopa aos sem-abrigo. Acho isso admirável. Trabalho voluntário gratuito. As pessoas fazem isso por amor ao próximo e isso acontece e ainda bem que o homem também tem coisas muito boas. O que gosta de fazer nesse tempo de preguiça? Ler, ler, ler. Confesso que vejo pouca televisão e há excelentes programas que eu perco. Mas acima de tudo, ler. Deitar-me ao comprido no sofá e ler um bom livro de História é uma coisa que eu adoro. Não via o jornal de sexta da TVI? Às vezes via, mas aquilo era um bocadinho deprimente. Não é agradável ver um sujeito que fala inglês chamar corrupto ao nosso primeiro-ministro. Estou a falar daquela cassete que vi na TVI em que um senhor dizia: "Ele é corrupto, ele é corrupto". Acho isso bastante mais grave do que a selecção nacional perder, que não me afecta absolutamente nada. O resto sim. De repente somos atingidos enquanto país. Evidentemente que aqui há duas questões. Se é verdade, é gravíssimo. Se não é verdade e o nosso primeiro-ministro está tão desprotegido que isso pode ser dito na TVI, também é gravíssimo. De maneira que qualquer das situações me deixa deprimido. Se é verdade é mau. Se não é verdade é mau. O facto é que de tantas acusações que passaram por aquele telejornal não resultou nenhuma queixa. Não há um processo. Não e o mais lógico perante aquelas acusações é uma suspensão do programa. É verdade? Não sei. Há má consciência? Não é verdade? 'A' está inocente e 'B' que é próximo de 'A' é culpado e, portanto, 'A' não pode reagir quando devia reagir? Não sei qual é a verdade, mas em qualquer hipótese que ponha A ser culpado, A ser inocente, A não sei o quê; em qualquer dessas hipóteses que ponha, como aquilo é dito e aparece alguém a insultar o seu primeiro-ministro, é uma coisa gravíssima. Eu fiquei completamente dividido. E como é que comenta a reacção do primeiro-ministro? A reacção foi má. O fim do programa é pior ainda, mas devia haver uma qualquer resposta judicial a isso. (Pausa para um telefonema onde lhe pedem para escrever um artigo para um jornal) Noutro dia, pediam-me para responder a umas perguntas por email. Eu disse que sim. E do outro lado a jornalista disse-me para não escrever mais de sete mil caracteres. E eu disse: "Mas eu nunca iria escrever isso, só se estivesse bêbado". Agora ia passar um dia a escrever?! (Risos) Escrever não é assim uma coisa que me divirta, como ler, por exemplo. A escrita não lhe dá prazer? Dá, mas é um prazer duro. Correr é um prazer. Mas é um prazer duro. Ir ao ginásio é um prazer duro. Estou a forçar-me. Beber uma cerveja é um prazer mole. Uma pessoa está aqui a beber uma cerveja e a conversar e está descontraída. O trabalho tem um certo conteúdo de prazer, mas o prazer só vem através da disciplina. É disciplinado? Sou persistente, mais do que disciplinado. Em muitas horas lá vai acontecendo alguma coisa. Mas perco muito tempo também. E produzo sobretudo de manhã e à tarde. À noite raramente trabalho. Mas retomando o episódio TVI... Eu via, mas... lá em casa vemos os telejornais ao jantar, tanto eu como a minha mulher [Maria José Morgado] e trocamos impressões sobre as coisas. Vocês são um casal com muitas questões que se tocam profissionalmente. Não tocam não, nem se devem tocar. Nunca dou pareceres que metam questões-crime. Primeiro porque não sei, depois porque não devo. Há uma completa separação. Não era aceitável que eu viesse em quaisquer processos que acabassem por exemplo no DIAP. Estou a falar de um caso muito concreto, quando a sua mulher mandou inspeccionar as finanças da câmara e o senhor era mandatário de António Costa nessa área. Eu achei muito bem e o António Costa também não achou mau de todo. Primeiro eu nunca tive nada que ver com a Câmara. Fiz as contas que foram entregues, fiscalizadas e aprovadas sem nenhum reparo. Foi tudo de acordo com as regras. Ela mandou investigar a corrupção da Câmara e eu aí não tenho nada a ver com a câmara. Havia uma coisa ligeiramente incómoda: as pessoas pensarem que ela ia investigar apenas o PSD e fechar os olhos a coisas do PS. Onde o senhor estava. Onde eu estava. Ora a corrupção na Câmara é uma corrupção gémea. PS e PSD competem alegremente a ver quem é mais corrupto. Como naquele caso das casas, que foi dos poucos resultados daquela investigação, porque, como diz a Dra Paula Teixeira da Cruz, a corrupção da Câmara é corrupção pura. É tanta corrupção que se perde o fio ao tentar encontrar a ponta. Ela viu isso muito bem e tem toda a razão nisso. E como isso acontece na prática. Não conseguiram apurar quase nada. O que apanharam foi aquilo das casas e nisso estavam envolvidos o PS e o PSD, como era lógico. São parceiros de corrupção. Só se for no BPN, que era só PSD. Há um centrão na corrupção? É normal. As pessoas aliam-se para poderem estar sempre seguras em relação a qualquer Governo. Denunciou não há muito tempo a corrupção que existe nas autarquias mais pequenas, dizendo mesmo haver uma promiscuidade entre as autarquias e o Ministério Público. É uma coisa horrível, horrível. Em Lisboa isso não acontece porque é uma cidade grande e não há relação entre uma coisa e outra, agora a pequena corrupção das câmaras... mas isso eu estou a dizer o que toda agente diz. Os autarcas costumam protestar quando eu digo isto. Mas denunciar a corrupção é uma questão política. Quando diz que existe essa corrupção baseia-se em quê? Falo com as pessoas. Mas uma coisa é saber que há corrupção, outra coisa é provar que há corrupção. A prova é muito difícil, basta olhar para o Código de Processo Penal. Por exemplo, se eu levar umas escutas, se for disfarçado com óculos escuros e um bigode e dizer ao fiscal eu quero fazer uma casa em local x; depois o fiscal diz que não pode e eu tiro o dinheiro do bolso e ele aceita o dinheiro e eu gravo isso tudo: não é prova. Como é que eu provo? Imagine: você está a fazer obras e o fiscal diz: "Ah Ah! Obras!, Muito bem. Ou me dá x ou isto é tudo embargado; e você grava essa conversa com o fiscal: não serve de prova. Vai denunciar o fiscal, arranja um rico sarilho, acaba arguida do Ministério Público. Experimente! Eles não podem provar em relação ao fiscal da obra e põe-na a si como arguida. Ela não provou. Veio buscar outro tema que está na ordem do dia, que são as escutas. Isso é folclore. Folclore de Verão e do mais baixo. É como o monstro de Lochness. As escutas só são importantes para os mafiosos que têm os seus assuntos a tratar e acabam sempre a falar ao telefone de coisas que são crimes. Metade ou dois terços das conversas deles são crimes. Portanto, são apanhados nas escutas. O resto das escutas não têm importância nenhuma. Só para os muito corruptos. Para que é que o Presidente da República precisa de escutas? Isso é ridículo, idiota. Nem vale a pena falar disso. E já que estamos a falar do Presidente da República, como é que classifica a atitude dele em todo este processo? O Presidente da República, Cavaco Silva, tem um pequeno problema. As suas excelentes relações com o Dr. Oliveira e Costa que está na cadeia. São problemas muito sérios. Significa que está muito condicionado, porque quando se é amigo do Dr. Oliveira e Costa e se tem relações próximas com ele, temos aqui problemas. Não sei quais, não sei o que é que isso pode dar, mas penso que ele tentou uma posição clara sobre a corrupção, mas hoje tem mais dificuldades. Aliás, penso que ele é uma pessoa que, do ponto de vista daquilo que pensa, da sua posição no mundo, não gosta da corrupção nem dos corruptos, mas... É preciso que as obras correspondam aos sentimentos e às vezes não correspondem. É desagradável ter aquela relação com o Dr. Oliveira e Costa e é desagradável ser cliente do BPN e comprar acções do BPN porque ele é uma pessoa bem informada e sabia que o BPN tinha há muitos anos práticas muito, muito, discutíveis. E portanto, a única coisa que se esperava de alguém que tem ambições políticas e que procura ser honesto... Se fosse o senhor que tivesse este seu amigo? Tinha o cuidado de o ver o menos possível. E não ter negócios com ele. Tinha de manter as distâncias. Ter negócios com eles é um caminho muito perigoso. O senhor e a sua mulher costumam falar destas coisas lá em casa? Às vezes. Quando os processos acabam. Quando ela fez a acusação ao Jardim Gonçalves e ela se tornou pública, queria que eu a lesse e eu disse-lhe: "Tenho mais que fazer. Tenho processos muito mais complicados no meu ramo". Ela insistiu: "Vê o que tu achas." "Tá bem." Passei os olhos. Acho que está boa, está boa... Há uns tempos disse que o presidente do Banco de Portugal se devia demitir. Continua a ter a mesma opinião? Claro. Ele devia ter escapado àquele terrível vexame de ser inquirido na Assembleia da República em que só o apoio da maioria o livrou de ficar ainda mais exposto. Não costumo ser grande simpatizante do CDS, mas o trabalho que o Nuno Melo fez e os documentos que revelou foram esmagadores. É evidente que isto tem uma explicação. Uma explicação clara. O Vítor Constâncio é uma pessoa competente e honesta. Digo isto por intuição. Em relação à sua competência, só alguém mais fanático a pode negar, mas o BPN construiu um poderosíssimo 'lobby' político, com base no PSD. E o Dr. Dias Loureiro era um potentado politicamente. Aliás, a sua relação com o presidente Cavaco Silva foi até aos últimos dias. Sobreviveu no Conselho de Estado para lá de toda a lógica possível. E portanto penso e é a minha análise que o Dr Vítor Constâncio não teve coragem para enfrentar esse 'lobby'. Agora está agarrado ao poder. Na altura não era isso. Mas acho que é um lugar que ele faz muito bem. Acho que os seus estudos económicos são exemplares. Acontece que ele tem outro trabalho mais importante, e esse exige coragem. O regulador tem de ser alguém que está disposto a enfrentar os poderosos. Fazer-lhes frente, não recuar e ele não foi capaz. Está bem que os poderosos eram muito poderosos. Também se fossem fracos não tinha grande mérito. Como é que vê o facto de não ter sido decretada prisão preventiva a nenhum deles a não ser a Oliveira e Costa? É essa a função principal do nosso Processo Penal: proteger essa gente. Agora está a ser sarcástico. Não, não. Estou a ser rigoroso. Está construído de forma que o objectivo do Código é a protecção dessa gente. É um código viciado? Completamente viciado. É um código que nos envergonha pelos resultados. Essa impunidade que o código garante é uma coisa que nos envergonha. O caso Madoff em Portugal seria impossível, mesmo que alguém resolvesse confessar tudo, e nunca o faria. Na América as pessoas confessam porque as consequências da não confissão são muito duras e apesar de tudo o menos mau é confessar. Em Portugal não são duras, mas mesmo que se confessasse o processo não duraria dois ou três meses. Duraria sempre muito mais, mesmo com o máximo de zelo do Ministério Público. Temos um Código do Processo Penal que é feito para proteger esse tipo de delinquência. Até protege em parte a outra delinquência, mas essa então, do colarinho branco, está totalmente protegida. Não me admiraria ver o Dr. Oliveira e Costa acabar absolvido. Não ficaria particularmente admirado. Sem falar no Dr. Jardim Gonçalves, que o mais provável é vir a ser absolvido. Estava há pouco a falar de futebol. É um dos meus ódios de estimação. Acho degradante a tentativa que fazem os políticos de se pendurarem ao futebol para obterem popularidade. Mas aí não está a falar do futebol/jogo. O futebol é um belo jogo. Posso olhar para um jogo de futebol e gostar, se não me der para outra coisa qualquer. Tem clube? Não. Nenhum, desde criança. Em jovem era do Belenenses. Tinha 14 anos e ia ali ao estádio do Restelo. Depois deixei de ter clube e nunca mais gostei de futebol. O espectáculo pode ser bonito. Mas a tribo do futebol é do pior que existe neste país. Aliás, é no futebol que se verifica a articulação entre a economia paralela e a classe política. O futebol é das coisas mais perversas, zona criminógena e cheia de corrupção que temos neste país. Haverá clubes piores que outros, mas as regras são essas e nenhum escapa. Diz que se dá mal com mapas. Gosta de viajar? Vou a muitos poucos sítios. Fico-me por Veneza ou por Roma, Paris, Londres. Países tropicais, odeio. Não gosto. Quando vou ao Brasil a um congresso fico quase deprimido. Porque desordem e confusão temos cá muita. Gosto da grande escultura, da grande arquitectura, da grande pintura, das grandes livrarias e não vejo isso no Rio de Janeiro. Só vejo miséria e confusão e praias temos pr'aí à ganância. Estou há muitos anos para voltar à Grécia, que tem aquela confusão idêntica à nossa. Gosto de tomar um banho no mar gelado. Gosto disso. Na Ericeira, por exemplo, que é uma praia para masoquistas.
Esteja-se ou não de acordo...
José Sócrates o Cavalo de Tróia
[...] fundamenta "ética da responsabilidade" do Tratado para ratificação parlamentar.Angela Merkel:
'se o euro fracassar, fracassa a União Europeia'.Actualização:
O falhanço miserável do Tratado de Lisboa.
A especulação contra-ataca
quinta-feira, 13 de maio de 2010
Zombies
O Ministro das Finanças arrasta-se pelas televisões com semblante de velório sem algo para dizer que não desdiga o que garantiu no passado recente.
O pacote de hoje ... o financiamento de obra que é agora privado mas que sabemos é feito com garantias do estado ... o sentido de responsabilidade ... o aumento da cobrança fiscal mais acentuado que o crescimento da economia sem que tivesse havido alívio para o contribuinte em geral ... o imposto sobre os bancos que vai caír directamente nos juros das prestações ... o buraco negro RTP ... moralização ... 2010, 2011 e depois continua ...
Enfim, a garantia de um futuro de torpor com o tempero que só o melhor socialismo garante.
quarta-feira, 12 de maio de 2010
Igreja, Papa, Catolicismo, anticlericalismo e por aí fora...
Claro que Bento XVI já disse que a pedofilia era um crime, além de ser um pecado, e acrescentou que os padres pedófilos tinham feito mais mal à Igreja do que mil anos de perseguição. Claro que Bento XVI mandou investigar o caso, removeu bispos, suspendeu padres, castigou culpados. Claro que nem ele, nem a Igreja, são responsáveis pelas declarações, de facto ofensivas, de algumas figuras menores do Vaticano ou da Conferência Episcopal Portuguesa. Mas, como de costume, a lógica não abala o anticlericalismo. O anticlericalismo decretou que a Igreja intencionalmente encobre (ou encobriu) a pedofilia e não vai mudar. Quem sabe, mesmo à superfície, alguma história sabe que desde o princípio isto foi assim. Ratzinger, que não nasceu ontem, com certeza que não se perturba.
Até porque provavelmente percebe que por detrás do escândalo do encobrimento está o ódio ao Papa “reaccionário”; ao Papa que se recusou transigir com a cultura dominante em matérias como o divórcio, o aborto, a homossexualidade, o celibato do clero e a ordenação de mulheres. Não ocorre ao anticlericalismo que a integridade da Igreja pode exigir essa rigidez, como já demonstrou a rápida ruína do anglicanismo. Ratzinger compreende que, sem o apoio do Estado ou influência sobre ele, a Igreja depende essencialmente da convicção e da força com que conseguir conservar a sua doutrina. Qualquer fraqueza a transformará numa instituição pública vulgar, à mercê da opinião pública e das mudanças do mundo. Isso Bento XVI não quer. Como não quer encobrir a pedofilia.
Religião e Desenvolvimento
"Quando os países são agrupados segundo a sua religião dominante e as médias dos PIBs per capita comparados, o resultado é tão surpreendente como perturbador. É surpreendente porque mostra fortes disparidades no desenvolvimento entre várias áreas que apenas a diferença de religião parece poder explicar. Ao contrário do que vem sendo dito por muitos teóricos do desenvolvimento, as religiões parecem desempenhar efectivamente um papel determinante. Estas disparidades são também preocupantes porque tendem a reforçar-se positivamente."
O resto da análise aqui: Religions and Development
terça-feira, 11 de maio de 2010
Salvem-nos da água engarrafada
Environmental activists claim that bottled water creates too much needless waste for landfills, uses too much energy to transport, and contributes to global warming.
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Um dos pilares do liberalismo e do mercado livre, é a constatação, colhida da prática, de que a concorrência, a livre formação dos preços, ...
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Crise. Recessão. Depressão. Agora é que vai ser: os EUA vão entrar pelo cano e nós atrás deles. Talvez para a próxima. Para já, e pelo trigé...