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sexta-feira, 14 de maio de 2010

A especulação contra-ataca

Francisco Assis, a picareta falante de serviço ao Governo, garante que nos últimos dias o que mudou, e fez Sócrates dar, mais uma vez, o dito por não dito,engolir sapos do tamanho de elefantes, e fazer piruetas prodigiosas, foi a "dimensão do ataque especulativo " à dívida.
E o cidadão médio, sem saber bem quem é este malvado que tanto ataca as dívidas, imagina uma reunião secreta de feios "neoliberais", em volta de um caldeirão, a fazer poções e a espetar alfinetes de vudoo na "dívida" que, coitada, se contorce com dores e berra desamparada, pedindo ajuda ao Sócrates.
Com menos dramatismo, o "ataque à dívida" é, simplesmente, a reacção dos emprestadores, que começam a duvidar da capacidade de certos caloteiros, de pagarem o que devem.
"Ora empresta aí 100 paus, que logo pago-te"-pede o Sócrates.
"Eh pá, até te emprestava, mas não tenho aqui na carteira e esqueci-me do cartão multibanco"-responde o malvado especulador, lembrando-se que esta já é a centésima vez que o Sócrates lhe pede dinheiro e já consta que anda a fazer calotes em todos os bares, apesar de continuar a comprar fatos de marca, perfumes franceses, carros alemães e TGVs.
Afinal o que aconteceu de facto?
Aconteceu que no dia 9 de Maio, Obama telefonou à Angela Merkel, pedindo-lhe acção, porque a economia americana está muito ligada à europeia. E ao Zapatero para que se deixasse de merdas. O problema para a Europa, se bem notaram, é exactamente com os três únicos países (des)governados por Partidos Socialistas, se bem que na Grécia os que estavam antes, só não o fossem de nome.
Angela Merkel convocou imediatamente os meninos, puxou-lhes as orelhas e leu-lhes o sermão. Os meninos Zapatero e Sócrates vieram de lá de monco caído mas face à ameaça de mais umas palmadas nas nalgas, não tiveram mais remédio do que impor medidas "neoliberais". É verdade que preferiam vestir a armadura revolucionária e ir, de punho cerrado, atacar a "especulação", nos locais onde se acoita, entre cânticos do Zeca Afonso e do José Mário Branco. Mas a realidade é sempre mais prosaica do que a ficção heróica, e Sócrates viu-se na obrigação de, num salto quântico, dar o dito por não dito, sem pedir desculpas e sem o reconhecer, o que é fascinante mas está de acordo com a sua natureza de vendedor de banha.
Mas, e o resto?
As medidas determinadas pela Angela, são apenas os pensos que se colocam sobre a ferida. E para tratar da ferida? Como aumentar a produtividade e fazer emagrecer o estado?
Do Sócrates nada há a esperar. Vive num universo paralelo, num país das maravilhas que só existe na sua imaginação delirante, é completamente irresponsável e inimputável, e por isso quem irá governar de facto vai ser a Angela.

2 comentários:

Anónimo disse...

Tou esclarecido gracias este novo Gil Vicente da modernidade portuga. Bem hajas, continua a elucinar-nos a nós pobres idiotas que votámos nos ladrões destes países, que roubam para eles e sustentam milhares que não querem simplesmente trabalhar. Isto é de facto uma tribo de gatunos e de madraços.

Anónimo disse...

Os mercados na america andam outra vez lixados com estes “investidores sem regulamentação” provocando aquilo que os norte americanos estão a classificar de "atividade incomum do mercado”, e o que se passou foi isto objectivamente, sem subjectividades de opinion makers. Mais nada.

(“Os ministros de Finanças do G7 discutiram a crise por meio de uma teleconferência após autoridades do Federal Reserve expressarem preocupação, e o presidente norte-americano, Barack Obama, disse por telefone à chanceler alemã, Angela Merkel, que apoia os esforços para resgatar Atenas.

"Concordamos sobre a importância de uma resposta política forte pelos países afetados e uma resposta financeira forte por parte da comunidade internacional", afirmou Obama.

Ele disse que as agências reguladores estão investigando a repentina queda dos mercados norte-americanos na quinta-feira, o que chamou de "atividade incomum do mercado", e recomendou uma ação apropriada. Os ministros do G7 também acertaram ficar de olho nos mercados.

Obama e Merkel conversaram antes do encontro em Bruxelas no qual a zona do euro também discutiu maneiras de evitar crises como esta no futuro e de impedir que outros países do bloco enfrentem problemas similares.

"Primeiro, temos que intensificar a regulação do sistema financeiro. O tempo está passando, isso tem que acontecer rapidamente", afirmou Merkel a jornalistas na capital belga, em reunião da qual participou o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet.”)