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sábado, 22 de maio de 2010

Quem se mete com putos...


A minha alma de puto não cessa de se espantar com o estranho mundo em que vivo. Por exemplo, a pivot (é assim que agora, pelos vistos, se deve dizer) do telejornal do Canal 1 da hora do almoço lembrava, há bocadinho, a propósito de um filme que um realizador indonésio está a fazer sobre a infância de Obama em Djakarta, que o presidente americano “é filho de uma branca e de um afro-americano”.
Por mais que eu procurasse explicar-lho, recorrendo a argumentos com base na biologia, na sociologia, na antropologia, na história, na filosofia ou até na simples política, nada a levou a encontrar sentido ou sequer tomar a sério o que não passava, para ela, de um disparate incompreensível num ser inteligente.
Dizia-me ela assim: “O raciocínio está mal feito, pá! Se se diz que o pai é afro-americano, então seria de esperar que a mãe fosse designada, desde logo, como euro-americana. Mas se ela é referida como branca, então o pai deveria sê-lo como preto ou qualquer outra cor.”
Embatuquei. Perante o meu silêncio, segreda-me ela, em tom discreto e cúmplice: “Tens a certeza de que não estamos perante um caso de racismo? Só não sei de que lado é que ele vem….”. E acrescentou: “Não me ensinaste que o racismo é coisa de gente estúpida...?”.
Desalentada com a continuação do meu silêncio, juntou, suspirando: “Bom, ou então é qualquer religião esquisita, daquelas que tu dizes que são… sazonais, não é? Que aparecem e desaparecem assim, conforme as modas a que os cérebros dos palermas estão sujeitos…”.
Depois, deixou-me em paz e foi à vida dela.

3 comentários:

Anónimo disse...

à bocadinho --> há bocadinho

José Gonsalo disse...

Obrigado pela correcção. Tinha escrito outra coisa anteriormente e, depois da alteração, o cérebro "escorregou" no som "à"

Anónimo disse...

estes cerebros à sombra