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quinta-feira, 6 de maio de 2010

Resposta a um comentário, de que decidi fazer um post


Caríssimo Anónimo d'Entre as 9 e as 10, a quem eu, por piada, respondi na qualidade de Modesto Anon Y Matto:
O meu caro amigo, nos comentários seguintes, transforma uma mistura indiscriminada de causas na razão da existência de uma salsada de efeitos, apontando, inclusivé, aquelas que são apenas causas intermédias como sendo causas primeiras. Mais: quando fala no que supostamente seria um conhecimento em profundidade do antigamente, dá como exemplo a análise gramatical dos Lusíadas, o que constitui o melhor exemplo da antítese do que é um ensino em profundidade bem como da compreeensão e do que eu e o RioDoiro dissemos. Um conhecimento desse tipo é, esse sim, um conhecimento superficial, para não dizer mesmo, degradante.
No que o meu amigo se engana é que esse tipo de ensino haja desaparecido. Bem pelo contrário, refinou, tornou-se dominante, adoptando novas formas para atingir outros objectivos. E reforçou-se, porque ao invés do anterior, que continha uma linha destinada a proporcionar uma visão do mundo, da qual o aluno poderia posteriormente discordar, construindo uma outra, sua por oposição ou reforma, o actual aposta na dispersão, em que ao aluno não é dado o essencial, isto é, os instrumentos ou sequer o incentivo ao hábito e à disciplina intelectual que lhe permita interligar a soma de conhecimentos que lhe são propostos. Temos hoje um ensino caracterizado pela dispersão e estruturado pela superfície e pelo irrisório. Repito, leia os programas, a começar pelo dos quatro primeiros anos do ensino básico.
Ora o caos é um tirano mais subtil do que a ditadura, age pelo veneno escondido e não pela espada a cujo golpe podemos estar atentos. Desorientado, o aluno não ganha o hábito de analisar; todas as teorias, na ausência de uma linha que unifique e dê sentido ao todo (incluindo o que lhe chega e traz de fora da escola), lhe parecem válidas, e o acto de pensar, por isso, desinteressante e inútil, logo dispensável. A partir daí, naturalmente, só lhe interessa o conhecimento que lhe sirva, que seja útil para se desenrascar. Regride, assim, naquela mesma qualidade humana que distingue o homem do macaco, o qual só aprende o que lhe é útil para conseguir a banana.
É este o estado dos nossos alunos, é este o estado do ensino no nosso país, é esta uma das principais radículas da distorção do entendimento sobre o que é um professor, a partir de agora visto como mero instrumento de um sistema que perspectiva a natureza humana como um prolongamento da do animal de rebanho, que tem como máximo e único objectivo na vida comer erva.
E, já agora, deixe-me perguntar-lhe uma coisa: não é verdade que teve professores cuja qualidade humana e entusiasmo o despertaram para matérias que, de outro modo, lhe teriam suscitado pouco interesse ou até indiferença? O ensino pelo ensino será, sequer, uma ideia? Os conhecimentos e a raiz vivencial do professor não serão algo indissociável de um verdadeiro ensino? A arte tem uma técnica associada, mas a arte não é técnica. Um artista é um artesão, mas um artesão pode não ser um artista. Um artista, como dizia o Aleixo é alguém que vê "as coisas mais além/do que alcança a nossa vista".
Um dia destes hei-de voltar ao assunto.

10 comentários:

Anónimo disse...

(“Regride, assim, naquela mesma qualidade humana que distingue o homem do macaco, o qual só aprende o que lhe é útil para conseguir a banana.
É este o estado dos nossos alunos, é este o estado do ensino no nosso país”).

Quando eu foquei a analise gramatical foi um exemplo, mas os lusiadas e muitas outras areas eram igual. E não é “o conhecimento que lhe seja util para se desenrascar” é o conhecimento necessário para a vida e para uma profissão, a reforma de bolonha (pode-se discutir o merito) veio simplificar muita coisa porque? Preparam-se estudantes para serem eruditos ou para a vida profissional. Podem –se preparar para as duas coisas mas devem ser eles a optar.

Houve um ministro que num debate televisivo não conseguiu explicar o facto de os estudantes portugueses serem bons a memorizar e terem dificuldades sérias quando se trata de aplicar conhecimentos à resolução de problemas. Há pontos de vista paroquiais sobre o "sistema educativo”.

Mas as respostas basicas são estas

Que categoria de estudantes se quer à saída do secundário? Que categoria de escolas se querem? O que é uma formação em profundidade no final do 9.º ano? O que é uma formação em profundidade no final do 12.º ano? Qual a importância dos diferentes tipos de curso?

Eu estava a falar da profundidade e da utilidade dos conhecimentos no sistema educativo, assim disse eu que os programas devem ter uma quantidade de informação compatível com um ensino de qualidade. Não havendo esta quantidade de informação em alguns programas não serão possíveis aulas com debate crítico a partir de exercícios e de resolução de problemas.

Os programas, seriam uma area a ser vista, explicando o que tinha dito, há programas sufocantes e parolos, porque a sua extensão exclui por exemplo aulas práticas de tratamento de problemas e impõe a memorização e repetição acéfala de informação superficial, e parolos, têm a pretensão de fazer uma abordagem de todo o saber da disciplina, que consiste em confundir uma pessoa intelectualmente educada com alguém que tem muita informação na cabeça e livros em casa. Devia haver programas que em vez de abordarem varias áreas de uma disciplina, tratassem apenas daquelas que são fundamentais, usando a informação estritamente relevante e com isso a inútil extensão actual dos programas diminuiria consideravelmente, donde, daqui resultariam aulas com componentes práticas de resolução de problemas e de debate crítico, no estrangeiro ja se faz isto há muito, resultando em alunos com uma formação sólida não apenas nos conteúdos essenciais das disciplinas, mas também nas competências básicas do trabalho intelectual que elas exigem. Outro passo seria acabar com excentricidades, como as areas curriculares não disciplinares.

Os curriculos, por exemplo outra area, no 7.º ano os estudantes têm cerca de quinze disciplinas mais ou menos, entre coisas sérias, como matemática e português, e outras desnecessárias, como estudo acompanhado e area de projecto. No meu tempo o maximo de disciplinas chega a oito nove com duas a tres nucleares incluidas, mas se um estudante escolher educação moral aumenta o numero de disciplinas, o currículo deve concentrar-se nas disciplinas essenciais. Uma formação sólida nestas disciplinas é a base de tudo. Outro problema que ja foi enfrentado por exemplo em paises estrangeiros e que será necessario enfrentar cá, uma vez que acabaram com o ensino intermédio é a distribuição dos estudantes pelos cursos tecnológicos e pelos cursos gerais, há paises europeus onde 60% ou mais dos estudantes frequentam cursos tecnológicos e 40% cursos gerais. Nós por cá andamos em sentido contrário e o nosso mercado de trabalho, está longe de precisar de tantos licenciados, daí a fuga para o estrangeiro e o desemprego de muitos licenciados.

Anónimo disse...

Continuando, e referindo os manuais, os livros tem que ter qualidade sem erros, confusões e senso comum mascarado. Os manuais devem ser claros, concisos, estimulantes e sóbrios. ter imagens quadros etc. quando elas forem essenciais à compreensão das coisas não contribuindo para que o estudante seja incapaz de ler qualquer coisa que se pareça com um livro , no meu tempo os livros não pareciam fotonovelas ou histórias aos quadradinhos, tornando-o estudante um leitor de livros normais. Não confirmando e reforçando a vantagem dos estudantes das famílias que lêem livros. Os manuais devem ser os professores a escolher e não qualquer equipa de peritos do ministerio certificando os maus e bons.

Mas depois disto vamos la ver uma coisa para terminar porque não vale a pena mais este tema para mim, sobre este tema todo do obscurantismo. Comparar o ensino antes do 25 de abril com o actual é uma análise que deve ser feita. No entanto dizer que o ensino antes do 25 abril é melhor que o actual só pode ser obra de mentes saudosistas. O ensino nos anos pós 25 de abril democratizou-se, o acesso até ao 9.º ano é universal e obrigatório, na generalidade dos países da europa é ate ao 12 ano. O Ensino antes do 25 de abril era elitista só para uma minoria. portugal detinha um recorde impressionante de analfabetos quando no resto da europa o ensino básico era universal e obrigatório. O país dos doutores e engenheiros que governavam as massas ignorantes e submissas, uma máquina de fazer campónios, cretinos e dóceis. O número de escolas secundárias era reduzido, com liceus e mais tarde escolas indústrias para preparar os operários especializados para as novas indústrias, estes últimos não tinham acesso às universidades.

A taxa do ensino secundário era tão baixa que ter um curso secundário, era quase como ter um curso superior. Só estudava quem tinha boas posses. O ensino superior era para as elites e burguesia, dos estudantes do ensino superior cerca de 2 % a 3% eram de classes mais baixas. Nos anos 60 fugiram do país milhares de portugueses devido à fome, a miséria e a falta de direitos. Nos paises onde chegavam tinham uma barreira cultural, e não sabiam ler nem escrever, o que significava não progredir nem conseguir emprego qualificado. A qualidade do ensino que estamos a falar também tem directamente a ver com a massificação, a democratização e o investimento público. Numa sociedade onde há deficits na educação, na cultura, e no ensino, por via do contágio, toda a sociedade acaba por ficar afectada.

Mas em algumas décadas, o número de crianças no pré-escolar cresceu 40 vezes, a taxa de escolaridade no ensino secundário escalou de 1,3% para 60% e o acesso das raparigas ao ensino subiu 15%. Este é o retrato do ensino português publicado nos "50 Anos de Estatísticas da Educação". Os dados mostram que o país deu um salto gigante no combate ao analfabetismo, houve uma massificação do acesso ao ensino, mas a qualidade não acompanhou essa evolução, porque a meu ver não é facil isso acontecer de um momento para o outro, mas há 50 anos, os portugueses viviam na idade das trevas, o sistema educativo antes do 25 de Abril era realmente mau, porque 90% da população estava excluída da escola. O obscurantismo é este, Mais do que a qualidade do ensino.

José Gonsalo disse...

Acrescentei, entretanto, mais umas palavras ao post.
Mas só amanhã voltarei para lhe responder.

Anónimo disse...

(“ E, já agora, deixe-me perguntar-lhe uma coisa: não é verdade que teve professores cuja qualidade humana e entusiasmo o despertaram para matérias que, de outro modo, lhe teriam suscitado pouco interesse ou até indiferença? O ensino pelo ensino será, sequer, uma ideia?”)

É verdade que sim. No ensino primario secundario e superior, mas foi a mim, é verdade que houve personalidades que me marcaram mas foi a mim, por mim respondo e respondo subjectivamente. É verdade que isso que diz existe, é um facto e até cria aquilo que se chama(va) antigamente mestres e discipulos em que até havia transmissão de conhecimentos que funcionavam como digamos, “escolas”. Criando “correntes” de pensamento e ideias, é verdade sim, e neste caso até posso falar por outros no caso de “escola” e “correntes” porque há objectividade, mas isto não tem a ver com o ensino generalizado em si de que estamos a falar.

O senhor pensa o ensino de uma maneira fechada, elitista, excludente, se há pessoas que foram marcadas pelos mestres e lhes suscitaram interesse para aprender, também há o oposto, os interesses não são iguais nem as ambições de cada um. O ensino se tem esta componente não o podemos reduzir a esta qualidade para dizer que é bom, se for elitista e excludente é mau.

Ja não tenho mais que lhe explicar, o senhor veio para aqui dizer que uma pessoa mistura as coisas e a verdade é que eu falei de todos os aspectos que a meu ver precisam de ser corrigidos no ensino, mas não um regresso ao passado. Falei do caso dos professores, dos alunos, dos programas, dos curriculos, dos manuais, dos tipos de cursos etc. o que a meu ver esta mal e precisaria ser corrigido, o senhor e companhia vem para aqui com chavões, lenga lengas mostrando casos isolados como fazendo a norma e não passam disto, como aliás um senhor no plano inclinado com umas fotocópias tiradas aqui e ali, mas sem ideias quanto ao que é preciso fazer e corrigir.

Por isso refugiam-se no passado para dizer que o ensino é que era bom, profundo. Vamos la a ver de que falam estas pessoas quando assim falam, falam de um ensino que era destinado a 10% da população, e era bom nesses 10 %. Valha-nos deus se assim não fosse, os filhos dos reis também tinham uma educação especial. O que esta gente não entende é o conceito de obscurantismo associado a certos regimes, um pais que tem um sistema de ensino destinado a 10 % da população mantendo na ignorancia e analfabetismo a restante população, porque não tem acesso ao sistema e esta excluida dele só pode ser obscurantista. O que defendem é um sistema de ensino excludente e por isso mesmo era bom e profundo o ensino como tal por isto mesmo, ser excludente. Brilhantes pensamentos estes, e desgraçado pais que tais cabeças tem se um dia chegassem ao poder e implantassem as suas ideias.

Anónimo disse...

O processo de Bolonha que constitui um passo essencial na vertente cultural da construção europeia, ao facilitar e promover a mobilidade de estudantes e graduados universitários. A aproximação entre os sistemas académicos dos vários países constitui um avanço muito importante para conseguir o diálogo entre alunos e licenciados dentro da comunidade. O esforço de harmonização comunitária de algumas características dos cursos superiores é uma mudança séria e nuclear. Não apenas na alteração na duração dos cursos e acordos de equivalência, mas na forma diferente de encarar o ensino superior.

A grande vantagem deste sistema é a flexibilidade. O estudante não fica preso num programa. Pode decidir sair ao fim de três, continuar na mesma escola, mudar de escola ou regressar depois de uma experiência profissional. A mobilidade, nacional ou internacional, também aumenta e a concorrência acrescida vai motivar maior atenção à qualidade e à satisfação de estudantes e empregadores. Tudo isto contribuiu para uma melhoria na oferta educativa. Além disso, é muito reforçada a dinâmica de formação ao longo da vida. A velha ideia de tirar um curso, terminando assim a formação, está obsoleta. A rapidez de transformação técnica, económica e social impõe que o profissional tenha de voltar várias vezes à escola para refrescar conhecimentos, entrar em novas áreas, aprender outras abordagens. O país adoptou o sistema genérico de três anos de licenciatura seguidos de dois anos de mestrado. Esta é uma estrutura que, sendo em geral estranha à nossa universidade tradicional, exige esforço e atenção. Mas tem flexibilidade e, no meio dos dramas da crise, pode aliviar algumas tensões. Aliás, ela pode ajudar a tornar mais atraentes os chamados cursos médios, que tradicionalmente falharam em portugal. Com a mudança de bolonha, a licenciatura de três anos passa a ser o antigo curso médio, tornando-se socioculturalmente mais atraente. Quem quiser distinguir-se envereda depois pelo mestrado. Assim, e apesar dos atrasos e obstáculos, também em Portugal o processo de bolonha pode contribuir para importantes melhorias num sistema que tem tido grandes dificuldades

Gostei da referencia ao aleixo mas ja agora podia ter colocado ai a quadra que completa o poema fica mais contextualizado.

Ser artista é ser alguém!
Que bonito é ser artista...
ver as coisas mais além
do que alcança a nossa vista!


A arte é força imanente,
não se ensina, não se aprende,
não se compra, não se vende,
nasce e morre com a gente.

Pois é nasce e morre com a gente, ou este


Eu não sei porque razão
certos homens, a meu ver,
quanto mais pequenos são
maiores querem parecer.

Vemos gente bem vestida,
no aspecto desassombrada;
são tudo ilusões da vida,
tudo é miséria dourada.

Ou por fim

Inteligências há poucas.
Quase sempre as violências
nascem das cabeças ocas,
por medo ás inteligências.

Tchau, e ja agora, os seus contos de moral (posts) são sempre ilustrados por armas de fogo, sendo contraditorio por natureza não deixa de ser curioso.

Eh eh eh. Sabe que mais tenho mais que fazer, e um fim de semana a porta.

RioD'oiro disse...

"O senhor pensa o ensino de uma maneira fechada, elitista, excludente,"

Ora bem, tudo o que se aprende ... ou aprende ou não. Se se aprende o caso está arrumado. Se não, pode ainda ainda dois casos.

Ou aprende a próxima e recupera ou não. Se se aprende, o caso está arrumado. Se não, pode haver dois casos.

Se não aprende em demasia, chega ao fim do ano e chumba. Mas aqui pode haver dois casos. Se chumbar porque não aprendeu é porque o ensino é "fechado, elitista, excludente", susceptível de correcção despachando o bezerro para o ano seguinte com louvor e pedido de desculpa pelo Papa. Caso contrário, porque a culpa não é da matéria (foi cuidadosamente seleccionada por quem é capaz de discernir entre a "aberta, progressista, inclusiva") é portanto da sociedade, como um todo, que tem que ser vergada até à estaca zero para depois fazer surgir O mundo bom, cantante, fraterno, etc e tal. Há então que despachar o bezerro para o ano seguinte, para que sirva de exemplo do que é progresso social.

Anónimo disse...

chegou a argumentação best(i)al
o meu caro, o senhor parece que não se sente, ou esta a precisar de atenções,eu ja disse que este assunto estava encerrado em relação ao meu interlocutor, lamento mas va dar banho ao cão. e olhe aproveite o fim de semana para o passear.

RioD'oiro disse...

Esta coisa do elitismo lembra a história do Otelo num país nórdico.

- "Conseguiram acabar com os ricos?", pergunta Otelo.
- "Não. Acabámos com os pobres", responde um governamental local.

Anónimo disse...

O estupido nem se da conta que é precisamente a mesma coisa, é so mudar os nomes
- "Conseguiram acabar com as elites?", pergunta Otelo.
- "Não. Acabámos com os analfabetos ", responde um governamental local.

Anónimo disse...

Estes blogueiros (posteiros) frustrados, armados em inteligentes são o máximo da estupidez crítica, boçal, bélica e amorfa.