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sexta-feira, 17 de junho de 2011

"Verdadeira democracia"

O RioDoiro tem aqui escrito, curto, grosso e bem, sobre este fenómeno dos “acampados” e de uns certos bandos de activistas que reclamam a “democracia já” e vaiam as instituições da democracia representativa.
Por cá o fenómeno ainda não atingiu proporções que vão para além de meras imitações à medida dos nossos proverbiais “brandos costumes”, e há um certa leveza no modo como se encaram as acções anárquicas destes “jovens” tão entusiastas e bem intencionados, como ignaros e naíves.

Mas na Catalunha , nos últimos dias, viu-se o verdadeiro significado da “democracia verdadeira”, com representantes eleitos pela maioria da população, a serem atacados e insultados ao deslocar-se para o parlamento.
Ainda que estes “jovens” trogloditas acreditem que estão a inventar algo novo, tudo isto é velho como as casas e a sua crença entusiasmada resulta apenas de uma crassa ignorância da história.
Tanto os conselhos populares da Comuna francesa , como os sovietes da revolução russa se apoderaram assim do poder e foram movimentos populares do mesmo ovo que aqueles que desembocaram nas revoluções fascista e nacional-socialista.

O que estes movimentos têm em comum é a rejeição da democracia “burguesa” , a convicção de que são constituídos por pessoas mais honestas, e a tendência para escalar os patamares da violência. Sem dúvida que nas moles humanas que estes eventos congregam, há indivíduos pacíficos, sensatos e honestos. Serão até a maioria. Todavia a multidão nunca é a soma das partes, mas antes o mínimo denominador comum. A sua acção está, portanto, nivelada pela mediocridade e por pulsões primárias que desaguam quase sempre num violento maniqueísmo identitário: Nós, os bons, contra Eles, os maus
O seu aparecimento também não é surpresa. Acontece sempre em situações de crise nacional, como guerras, degradação económica, ou vazios de autoridade, ocasionados pela desmoralização do poder.

Acontece que o poder democrático não pode aceitar ser deslegitimado por bandos de ignorantes, convencidos de que detêm uma espécie de superioridade moral.
Onde falha a legitimidade democrática e o estado de direito que a protege, emerge a “verdadeira democracia”, ou seja, o poder violento e arbitrário de alguns tugues, precursores do Terror, da repressão e do totalitarismo.

14 comentários:

lawrence disse...

Cuidado!
Nos dias que correm não é possível delimitar fronteiras entre quem está só para destabilizar e quem está phodido com isto tudo!
Por enquanto, os destabilizadores estão em maior número, mas com o tempo, a tendência é a inversão do peso desses dois maiores grupos de cidadãos.
Não há-de faltar muito para que eu, já com idade para calçar pantufas, me meta ao caminho para alguma manif que considere justa!
Os democratas praticantes de hoje, estão a matar a democracia de amanhã!
Estão a fazer com que as novas gerações deixem de acreditar nela e a contestem!
Quem vai lucrar com isso?
Pois claro! os radicais! seja de que lado forem!

RioD'oiro disse...

"“verdadeira democracia”

Seria o termo correcto. Não sabendo falar português, chamam-lhe “democracia verdadeira”.

Ou não percebem que o sentido não é o mesmo ou percebem e querem atirar areia para os olhos.

Um dos indignácaros respondeu-me que "entendia o meu ponto de vista" mas mas afirmou também que "Muito menos irei discutir" o assunto.

EJSantos disse...

Quanto mais as coisas mudam, mais ficam na mesma?
Novos "amanhas que cantam"?
Porra, tirem-me deste filme...

Unknown disse...

"Quem vai lucrar com isso?
Pois claro! os radicais! seja de que lado forem!"

Não há aqui "radicais" opostos que nos permitam reinvindicar o meio virtuoso.

Ou se está do lado da democracia, ou se está no lado da "democracia verdadeira".

Streetwarrior disse...

" Sem dúvida que nas moles humanas que estes eventos congregam, há indivíduos pacíficos, sensatos e honestos. Serão até a maioria."

e depois é esta perola...

" A sua acção está, portanto, nivelada pela mediocridade e por pulsões primárias que desaguam quase sempre num violento maniqueísmo identitário"

..É sem duvida, muito esclarecedor e Interessante, digamos, que as pessoas que tenham este perfil, serão assim por si avaliadas.
Enquadrada-se na visão "moderada " deste Blog...estes são os radicais que não sendo a minoria, não devem ser levados em conta

"" Acontece sempre em situações de crise nacional, como guerras, degradação económica, ou vazios de autoridade, ocasionados pela desmoralização do poder "

Ou por outras palavras...Eles é que são os bons, e os que protestam, os maus, só têm é que aguentar e pagar os erros que levaram a "desmoralização do poder" de bico calado, pois qualquer um que se manifeste contra, é Indignácaro.

" Onde falha a legitimidade democrática e o estado de direito que a protege, emerge a “verdadeira democracia”, ou seja, o poder violento e arbitrário de alguns tugues, precursores do Terror, da repressão e do totalitarismo. ""

pois, como eu o percebo.

Aqui podemos inserir, carteis financeiros, ministros da Justiça que fazem parte de sociedades secretas, todos poderosos que pensam que o poder do cargo, o legitimiza e que ao seu serviço as autoridades serão meros mercenários á suas ordens, alguns Chefes e agentes que, iludidos pelo poder que o fato que dá, se julgam acima da lei e vai dai, á minima contrariedade, EU SOU A LEI..ao invés do EU FAÇO CUMPRIR A LEI.
Aliás, estas Soc Secretas não são Radicais, não aniquilam, silenciam, ocultam nada...não aparecem nos Jornais, nem nas Tv´s, não podem ser radicais...serão, o mal menor.

...Sem falar em alguns cidadãos, que ao aperceberem-se que estão a ser enrrabados a sangue frio, acham que basta mudar o pássaro do poleiro e resolve-se a coisa...quando no fim de contas, o bisilis da coisa é o poleiro e não o pássaro....e eles sabem-no.

É....o que estes movimentos defendem, é sem duvida mais rádical do que as politicas que nos estão a ser impostas.
...é que afinal , vendo bem as contas, na vossa maneira de ver, os maus são aqueles que se revoltam, agitam as águas e estes Governantes, os bem intencionados, honestos e concienciosos..no fundo no fundo, estão a pensar na maioria que lhes deu esse poder.

Por anormal que seja, eu não estou a ver nenhum sistema podre que tenha sido derrubado com palavras doces e de braços cruzados a dizer mal daqueles que tentam mudar algo

Unknown disse...

Caro SW, percebe-se, pelo tamanho do comentário, (e ignorando as habituais paranóias da teoria da conspiração que vê extraterrestres em todas as esquinas), que é pela "revolta".


De facto é fácil, até a mim, dizer que um Ferrari tem defeitos e esta nossa democracia liberal tem muitos.

O que eu gostaria era que você me dissesse que modelo preconiza uma vez derrubado este que é tão defeituoso.

Por exemplo, quem exerceria o poder executivo? E o legislativo? E o judicial?

É capaz de responder a estas questões tão simples?

RioD'oiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
RioD'oiro disse...

Estou mesmo a ver a resposta: comités de sábios não elitistas.

RioD'oiro disse...

Mas, oh SW. Esse seu "desabafo" em forma de comunicado, deu direito a uma tertúlia até que horas? Foi aprovada por unanimidade? Teve que sujeitar-se a uma lavagem ao cérebro, ou teve que sujeitar alguém? Foi por tecnologias de virtualidade ou presencial?

Streetwarrior disse...

Lidador, a Democracia que nós temos, sabemos que é frutos de constantes melhorias e aperfeiçoamentos.
O que está em causa, não é o modelo democrático o problema é o estado que deveria ser o fiscal destas garantias é o maior manipulador e nisto, Portugal não é nem mais menos que os outros, é simplesmente, igual.
Depois há paises como é o caso da Suécia, Filandia entre poucos outros em que uma minoria das regras, ainda consegue ser cumprida.
Eu não estou contra a democracia em si...eu estou é contra a falta de vontade que há em preencher as lacunas dela.
É compreensivel?

Streetwarrior disse...

o caso dos Juizes, é o perfeito exemplo.
Tudo a começar as provas ...from the begining

RioD'oiro disse...

SW:
"o estado que deveria ser o fiscal destas garantias"

?????????

Unknown disse...

"Eu não estou contra a democracia em si...eu estou é contra a falta de vontade que há em preencher as lacunas dela."

Ou seja, aceita a legitimidade democrática, o que significa que entende que aqueles que nos governam foram escolhidos por nós.
E nós quando os escolhemos, fazemo-lo porque queremos.
Você diz que lhes falta vontade de preencher lacunas.

1º- Se os portugueses pensassem isso, teria votado nos que têm essa vontade.

2º- As "lacunas" que cada um vê, são a sua particular visão. E cada um tem a sua, ou seja, cada um dos 10 milhões dos seus compatriotas vê, ou não vê "lacunas" diferentes das suas. Porque razão você e umas dúzias de tipos que se dão mal com a água e com o sabão, acham que eles é que são os que sabem como os políticos deviam ser? Quem os mandatou?

3º- Como pensa que mijar e cagar no Rossio, pode melhorar as "lacunas"? Não seria melhor que essa malta se juntasse, constituisse um partido e apresentasse aos outros portugueseas as suas geniais ideias?

RioD'oiro disse...

Lidador:
"Não seria melhor que essa malta se juntasse, constituisse um partido e apresentasse aos outros portugueseas as suas geniais ideias? "

Isso transforma-los-ia imediatamente em lacaios da "democracia burguesa". Ficariam à mercê de Bernardino Soares.