Rodin, O Pensador
À última hora, depois de um comentário que fiz no post do Tarzan, lembrei-me
ainda, no entanto, de algo a que pensei responder-lhe, mas de que acabei por me
esquecer.
Quatro dias atrás, 21 de Maio, às 00:38, o Carmo da Rosa escreveu na
caixa de comentários:
"Por falar em insultos e
para lhe ser sincero (como de costume), a primeira vez que li um dos seus
comentários em que sugeria que eu teria bebido o mesmo que o
cómico que citei, eu é que fiquei pior que estragado e
já me estava a preparar para lhe responder da mesma maneira, mas à minha
maneira. Felizmente que não o fiz. Respirei fundo, contei até dez, reli o seu
comentário e realmente você apenas sugere. Creio que lhe respondi de forma
correcta, apesar de ter usado de ironia (isto já é vício), só para provar que a
ofensa não passou despercebida…
Um amigo que segue o FIEL
enviou-me agora um mail com um resumo da nossa discussão que poderia muito bem
ter sido feito pelo Jim Jefferies: Estive a ler as “teses” do Gonsalo
e as tuas respostas (sobre o stand-up australiano, que é excelente) e confirmo
a minha opinião: o gajo é ………… [censurei]. Se bem o percebo, a diferença entre erótico e pornográfico é
a seguinte: tudo o que nós pensamos é erótico, tudo o que os outros pensam é
pornográfico..."
“Beber
o mesmo que o cómico” não poderia significar, para si, uma vez que gosta dele,
senão um elogio à espirituosidade, sua e dele. Mas o CdR diz que isso o deixou “pior
que estragado”. E, depois de continuar, afirmando que já se preparava para me “responder
da mesma maneira” mas à sua maneira, acrescenta que “felizmente” não fez. “Felizmente”,
porquê? O que poderia haver de tão grave no que me quereria dizer ou no modo
como o faria? Seria ofensivo? Ou porque poderia ser considerado como tal? Mas
então bastaria explicar-me, a mim, que pareço ofender-me facilmente, que nada
daquilo tinha intenções insultuosas. Talvez eu ainda conseguisse aprender
alguma coisa, quem sabe…
“Respirei
fundo, contei até dez, reli o seu
comentário e realmente você apenas sugere”, continua. Sugiro, o quê? Não um
insulto, com certeza. Só posso supor, pela sua reacção e atendendo ao que
escrevi, que pensasse que lhe pudesse estar a chamar bebedolas. Mas isso não
seria mais grave do que chamar-lhe “panilas”, e você disse ao Lidador que
acharia infantil alguém que o fizesse.
No entanto, parece-me ser
isso que aconteceu pelo que vem a seguir: “Creio que lhe respondi de forma
correcta, apesar de ter usado de ironia (isto já é vício), só para provar que a
ofensa não passou despercebida…”. A “ofensa”?! Afinal, ofendi-o ou
estive quase a fazê-lo? Afinal, é possível ser violento ao ponto de ofender? Não
o percebo.
Mas, à cautela, deixe-me
dizer-lhe que nem considero nada de anormal escrever com uns copos no bucho nem
NUNCA considerei chamar-lhe tal nem o termo “bêbado” é, no meu vocabulário, um
termo pejorativo, a não ser quando representa laxismo e degradação vil. Nunca vi
o meu velho defunto Luiz Pacheco como um bêbado, muito embora ele se levantasse
às cinco da manhã e às nove já entaramelasse as ideias, na época em que o
conheci.
Isso foi alguma coisa “subjectiva”
que lhe passou pela cabeça. É verdade que o Código Penal considera o termo como
injúria e eu acho muito bem que o considere enquanto termo que classifique a
pessoa à qual se dirige como sendo indicativo de degradação de carácter. Ora aquilo
de que eu o tenho “acusado” é de incoerência “confusionista”. Exactamente por
coisas deste tipo.
Mas
ainda há mais. A seguir, decide ir procurar reforço no que um seu amigo lhe
escreveu a respeito das minhas “teses” — o que, com as aspas, é a típica expressão
usada pelo bimbo que julga que é esperto para apoucar a pessoa de quem fala (não
sei se, da parte dele, com o propósito de melhor me depreciar, mas, aleluia!,
conseguiu fazer-me rir, no meio disto tudo) — e, à cautela, censura uma palavra
que ele escreveu. Só posso supor que a palavra censurada me fosse dirigida, uma vez que o seu amigo demonstra apreço pelo J.J. e, nesse caso, não faria sentido suprimir um elogio, mesmo que em vernáculo. Mas, então, porquê? Porque era ofensiva? Ou porque o meu espírito
retrógrado e preconceituoso poderia considerá-lo como tal? Nesse caso, mais uma
vez, não seria uma óptima oportunidade para me revelar a Luz da Contemporaneidade?
Olhe,
CdR, essa de ir buscar os amigos para ajudar a dar porrada no meco, é que me
desmanchou definitivamente em gargalhadas. Lembrou-me a infância, o que é que
quer? Jamais me passaria pela cabeça uma dessas. Por acaso, tive umas quantas
opiniões de amigos, em especial de UMA amiga de há muitos anos, daquelas tão,
mas tão livres que faria corar uma dos sítios onde você anda (sabe, em Portugal
também as há e são mais do que você imagina), mas não as vou trazer para aqui.
Em privado, sim, em são convívio (eu, que prefiro bezanas tropicais, não prescindo
das minhas caipirinhas). Agora aqui… Meu caro, seria de mau gosto.
Mas traga, traga um amigo também. Esse é que acho que não, porque, na minha cabeça, perante a conclusão que ele apresenta sobre o que leu, só me ocorreu, na sequência do gargalhar, a hipótese humorística de instituir, a exemplo do que acontece com a condução automóvel, a necessidade de tirar uma carta de condução de leitura e compreensão de texto. É que o homem é um perigo público, com uma inépcia tão clara em manter os pensamentos a direito...!
Mas isso é lá consigo. Eu, não censuro a presença de ninguém.
Então,
até daqui a quinze dias.
5 comentários:
"e, à cautela, censura uma palavra que ele escreveu."
Lá está.
o CdR admite que faz exactamente aquilo que me acusou de fazer, isto é, sente se sensato apagar insultos.
Então porque razão faz uma coisa (e bem) e defende o seu oposto (e mal)?
José Gonsalo: ”Afinal, é possível ser violento ao ponto de ofender? Não o percebo.”
José Gonsalo,
Não percebe porque se recusa ler o que já escrevi pelo menos três vezes, ou então lê na diagonal….!
Ser violento não é ainda tecnicamente possível através da Internet, já lá chegaremos se Deus quiser, mas ofender já é possível. Eu já disse (a si e ao Lidador) que ACEITO A EXISTÊNCIA DO INSULTO, conheço a palavra, conheço o fenómeno, sei como se faz, enfim, vivi muitos anos no Porto….
Nisto não temos qualquer tipo de desacordo, por isso, não adianta continuar a bater no ceguinho. Passemos à fase seguinte, à bifurcação que nos separa. E o que nos separa é, pelos vistos, eu achar a PERCEPÇÃO de INSULTO subjectiva, cultural e não igual para toda a gente.
Sobre os copos
Acho mal - lá está, sou mais antiquado do que você julga - uma pessoa sugerir que o texto do outro está influenciado pelo uso de álcool. Acho que uma pessoa deve-se cingir-se o mais possível ao que está escrito e mais nada. Mas isto nem por sombras foi razão para o insultar de volta (coisa que não fiz) e muito menos para o censurar. Por mim pode voltar a fazê-lo, o único inconveniente é você um dia apanhar-me mesmo com uns copitos atrás do teclado e eu responder torto – mesmo sem querer. É tudo.
José Gonsalo: ”Olhe, CdR, essa de ir buscar os amigos para ajudar a dar porrada no meco, é que me desmanchou definitivamente em gargalhadas..”
Dar porrada é exagero, mas se o fez rir melhor, e dizer que foi um amigo que disse é uma questão de ética (outra coisa muito antiquada). Podia não ter dito nada e teria poupado (a si e a mim) uma porrada de batidelas no teclado. Mas isso nunca faria pela simples razão que não fui eu que escrevi – mas tenho muita pena e assumo a plena responsabilidade.
Sobre a censura
Note bem que censurei o meu próprio mail, uma coisa totalmente diferente de censurar comentários de leitores… Mas porque razão o fiz? Porque só estava de acordo, só podia assumir, aquela pequena parte do mail do meu amigo, não o resto. Em todo mo caso não a designação que o meu amigo lhe reservava: padreco. Como acho que você ainda tem salvação, achei por bem retirar a palavra (mas já estou arrependido, não de ter retirado mas de o ter dito, porque se presta a todo o tipo de teorias conspiratórias, quando a coisa é bastante mais banal).
Mas já que o José Carmo, com base nesta banalidade, me lança a pergunta retórica:
Então porque razão faz uma coisa (e bem) e defende o seu oposto (e mal)?
sinto-me na obrigação de revelar a totalidade do conteúdo da troca de mail com o tal meu amigo para não passar por alguém que diz uma coisa e faz outra. Quem se sente é filho de gente, não é? Mas depois não me venham chatear a mona porque o conteúdo não pode ser transmitido na TV em horário nobre:
O meu amigo: Ó pá, ando aqui com um problema e gostaria de ouvir o teu conselho. Quero ir ao cu à minha mulher mas não sei como colocar a questão! Tens alguma dica?
CdR: Por acaso tenho, e costuma funcionar. No dia em que estiveres com apetites anais, compras um busto do Napoleão aí de, não precisa ser muito caro, 50 cm de altura. Mandas embrulhar muito bem com um lacinho e tudo, e ao chegar a casa ofereces de presente à tua mulher…
Ela fica toda contente, provavelmente vai perguntar a razão e tu respondes: ‘porque está bom tempo lá fora’. Ela desembrulha finalmente a prenda e exclama: Mas é o Napoleão!!!
E nesse preciso momento tu aproveitas para responder: ‘Qual Napoleão, qual caralho, o que tu queres é levar na peida’…
PS Como se compreende não posso revelar o nome do meu amigo… Ou melhor, ele nem se importaria, o problema é a mulher…
"Quem se sente é filho de gente, não é?"
Exacto.
Foi isso que eu disse e ainda bem que concorda.
Mas então porque razão achou, (na questão dos insultos que me foram dirigidos, que apaguei e na sequencia dos quais você me acusou de ser contra a liberdade de expressão), que eu não tinha razão ou direito de me ofender?
É porventura o CdR o árbitro dos meus direitos? É o CdR que define se eu me devo sentir ofendido ou não?
Não acha essa postura algo arrogante?
"ACEITO A EXISTÊNCIA DO INSULTO, conheço a palavra, conheço o fenómeno, sei como se faz, enfim, vivi muitos anos no Porto…."
Imagino se tivesse vivido muito tempo na Régua ou Vila Real.
Ahahahah...
Cumprimentos.
"ACEITO A EXISTÊNCIA DO INSULTO, conheço a palavra, conheço o fenómeno, sei como se faz"
E concorda portanto que isso, que conhece tão bem, mas tem tanta dificuldade em reconhecer quando não lhe é dirigido, é algo diferente de liberdade de expressão, não?
Então se é assim, porque razão se fartou de dizer que não?
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