(...)
A cortesia, na tacanhez da lógica
positivista mais estrita ignoradamente subjacente ao quadro mental de múltiplos
“cientistas sociais”, é apenas uma manhosa convenção destinada a evitar os
conflitos entre os humanos. Nada mais falso porque superficial, mas que, no
entanto, ganhou foros de freudiana sabedoria de café ou de bar, depois das doze
badaladas e outros tantos copos. Na realidade, a cortesia que, nos animais, é
mera regra comportamental padronizada pelo instinto de conservação individual e
do grupo, é, entre os homens, um salto qualitativo dessa necessidade de
preservação, pela capacidade, que só eles possuem, de se colocarem na pele do
seu semelhante. Por isso dizemos que alguém cometeu um acto “desumano”, isto é,
um acto que não teve em conta o sofrimento ou a humilhação de alguém em cujo
lugar conseguimos colocar-nos por golpe de imaginação.
Podemos encontrar erotismo em
todo o lado, repito. E, naturalmente, nas mais elementares regras de cortesia
quando entre duas pessoas de sexo diferente. Os actos adquirem significados
diferentes, conforme o contexto, mas há uma gramática erótica institucional.
Quando um homem abre cortesmente a porta a outro homem, na maioria dos casos
não está subjacente a isso, se se tratar de um acto meramente formal, mais do
que o simbolismo respeitante à consideração que o semelhante nos merece, a
exemplo do que sucede com a vénia oriental; mas, se for a uma mulher, ao gesto
acrescenta-se, implícita e inevitavelmente, uma dimensão erótica que nada tem a
ver com o tão falado “assédio” nem com a famosa “compra”. Reconhecer a
diferença, inclusive a da maior fragilidade física feminina em geral (mesmo que
se trate de uma campeã olímpica do lançamento do peso) e agir de acordo com
essa diferença é algo natural no homem. E, além do mais, é giro, porque é a diferença o que dá sabor à vida, não a
igualdade; se houver Inferno, a condenação deve consistir em passarmos a ser
todos iguais e mantidos vivos no meio desse horroroso e infindável tédio. As
mulheres inteligentes sempre souberam perfeitamente que a sua fraqueza é a sua
maior força e, por isso, nunca se queixaram; sempre acharam que isso é giro que se farta — é que a inteligência
está ligada ao sentido de humor e não à graçola.
Nenhuma relação se mantém, ou,
melhor, existe sem a cortesia como expressão de respeito mútuo; e, quando a
relação inclui o sexo, sem que ela se transforme em erotismo. É difícil manter
o interesse mútuo, manter o nível de erotismo? Não se esquecer de dizer, todos
os dias, à mulher que o jantar que ela fez estava bom ou, se nem por isso,
dizer que sim… mas sugerir que não está com ela por causa disso, em vez de o
engolir sem qualquer referência de apreço pelo trabalho que teve, é exprimir
respeito por ela através de um acto de cortesia que é também um acto erótico. O
erotismo é o que transforma a sexualidade humana em arte e, como toda a arte,
inspira-se nos mais ínfimos pormenores do quotidiano para os transmutar em
espírito humano. Seduzir e ser-se seduzido dá cor, sabor e movimento à
existência, seja qual for o sexo de quem seduz e de quem é seduzido. Não a
sedução que empata, mas a que aumenta o desejo da sua tradução em forma de
união carnal, para utilizar uma expressão proscrita pelo irracionalismo ateu
devido àquilo para que serviu ao irracionalismo religioso.
O erotismo é feito
quotidianamente, mas é feito também de ocasiões especiais, da mesma forma que é
imprescindível fazer uma festa de vez em quando para revitalizar o dia-a-dia. O
erotismo pode gerar mesmo uma relação ocasional, feita de olhares, de sugestões
significativas, de adereços mais ou menos teatrais… até de uma troca de ideias.
A expressão “química entre os dois ” é mais um exemplo da persistência do
ferrete do primarismo boçal positivista, que viu a Luz nas feromonas. Nem nos
animais existem feromonas suficientes para que o macho salte logo para cima da
fêmea, saltando por cima de um elementar ritual de acasalamento que nada serve
para a reprodução em si mesma. Até os bichinhos gostam de ser um pouco mais do
que bichos. E, na nossa espécie, na sua natureza mesma, o erotismo encontra-se,
como já disse, por todo o lado. Gozar com um sexy sotaque tripeiro por cima da
mesa pode ser uma sugestão erótica tão forte como a que um pé sábio pode dar
por debaixo dela. Da mesma maneira que só nos apercebemos integralmente da
paisagem em que estamos quando dela nos distanciamos, também só nos apercebemos
do significado da pele quando nos distanciamos da sua mediatidade. O erotismo
é a distância que refaz a proximidade porque permite senti-la de outra maneira.
Diz o meu caro CdR que nunca
falou em superioridade do velho sobre o novo e muito menos em progresso ou
progressismo. E, no entanto, é disso mesmo que não pára de falar. Por exemplo,
quando compara, noutro comentário que fez entretanto, algures, O Pátio das Cantigas e O sexo e a Cidade, entendendo a série
como sintoma de um avanço na libertação (sexual e não só) das mulheres
registado desde há 70 anos. Ou quando apresenta aquele pequeno filme brasileiro
com que pretende ilustrar o que às mulheres não era permitido sequer sonhar
anteriormente. Segundo o dicionário, designa-se por “progresso” entre dois
estados qualquer mudança que resulte numa melhoria registada no segundo em
relação ao primeiro. O contrário chama-se “retrocesso”. Se quiser inverter o
dicionário, faça favor; mas avise primeiro, que é para eu e os restantes
habitantes do planeta podermos ler e pensar em conformidade. Porque eu
digo-lhe: há mais erotismo e consequentes promessas de incomparáveis gozos
físicos e espirituais (porque é isso que o erotismo possibilita) na franja de
Beatriz Costa e nas redondezas abdominais do Vasquinho do que em toda a série
urbantronga das deprimentes desventuras quecais da Sarah Jessica Parker e suas
irmãs de permanentes desencontros.
É que, repare, quando diz, ainda
num comentário jocoso, que a sua mãe achou o filme uma pouca-vergonha, eu
também concordo consigo, que aquilo não é pouca-vergonha nenhuma. De facto,
aquilo não é uma pouca-vergonha, é uma vergonha insuportável para qualquer animal.
Porque aquela triste está reduzida a algo abaixo de macaco, abaixo de cabra,
abaixo de aranha, abaixo mesmo da feromona: ela já só quer dentro dela a moca
positivista, tal a degradação a que está sujeita; é tanto o seu desespero, que
ela come raivosamente o veneno que a mata. O orgasmo que ela exige não é
terapêutico, é o punhal da tristeza com que ela mata ambos, o “já que queres
que assim seja, assim será!”. Porque à pobre, nem um ritual que qualquer outra
fêmea curte, nem sequer a vigarice de uma atençãozinha feita de porrada, lhe é
dado! Não é de fazer chorar as pedras da calçada, é de fazer explodir em
lágrimas a Vida no planeta inteiro. Ela suicida-se de solidão e de inumanidade
e você diz: “Assim mesmo é que é, o progresso que há no suicídio por tortura! O
extraordinário humor que há neste filme!”.
O que é de facto espantoso para
mim, aquilo que eu não compreendo de todo, é que se o filme fosse sobre a
situação inversa, se fosse dele a brutalidade verbal e física com que ela o
trata, você, como qualquer de nós, repugnar-se-ia com ela e falaria do asco que
aquilo lhe havia provocado. Ainda admito que o filme lhe pudesse provocar
alguma hilaridade enquanto explorasse uma simbólica inversão de papéis, embora
para mim isso fosse, por tudo o que disse, de humor mais do que duvidoso. Agora
apregoar como progresso aquela visão da morte implosiva de uma civilização,
Carmo da Rosa…
Não foi por acaso que utilizei a
expressão “morte implosiva”. Quando, em resposta ao Lidador, disse, por mais
que uma vez, que ele poderia manter-se no passado, mas o certo é que nos países
da Europa civilizada, a Europa mais a norte, a coisa se passa assim, nos “vamos
lá à queca! e prontes!”, e que isso, afinal, até é bom, veio-me à memória um
pormenor de não pequena importância, relacionado com uma pós-graduação que fiz
em Estudos Clássicos. E agora, de repente, uma história passada comigo. Começo
por esta.
Uns trinta e tal anos atrás, conheci
um casal de gente muito-à-esquerda, daqueles que hoje devem andar muito
indignados, com aspirações a guerrilheiros… de café do centro da capital, e uma
casa na aldeia de sãos costumes comunitários. Ele queria, no porte e na
postura, fazer jus ao que julgava que era: um verdadeiro inconformista e
revolucionário, em suma, um homem à séria, capaz de pegar numa arma e ir-se a “eles”;
ela era esganiçada, feiúca, desenxabida, quase insignificante mas inefavelmente
intelectual, como todas as suas irmãs de género deveriam ser. Dizia ela, a
propósito já não sei de quê, com um ar libertadérrimo: “Ah, nós somos assim,
não estamos com grandes coisas: queres? vamos a isso, e pronto…”. E ele, com ar
pràfrentex e algo gingão, tipo Vital Moreira: “Pois, é assim mesmo…”. Julgo não
precisar de lhe explicar porque me lembrei disto. Garanto-lhe: foi-me
impossível aceitar um segundo convite para ir jantar lá a casa. Que enjoo!
Quanto aos gregos de antanho, a
tradição, devo dizer, que ao contrário do que pretende impingir a comunidade gay, a tradição nunca foi o que era.
Exemplifico com duas obras de Platão: no (se a memória não me falha) Cármides, temos uma imagem de Sócrates,
corado de excitação por imaginar o que poderá estar por baixo da túnica do
mancebo que lhe é apresentado; no Górgias,
quase ao final, o sofista passa de súbito, sem que consigamos compreender
porquê, na tradução portuguesa, a concordar com o que Sócrates lhe diz. Quando
se sabe ler um pouco de grego, vê-se que Sócrates lançou mão de um “argumento”
muito pouco dialéctico: sugere que Górgias é, além de estrangeiro (o que, para
um grego, é um factor depreciativo), sexualmente pervertido, amante de rapazinhos,
e, portanto, implicitamente, não tem o direito de falar, sobre política. É que
a relação sexual com efebos, que, para um ateniense é um dever cívico enquanto
o amor do mais velho tem por justificação ensinar o mais novo a ser um
verdadeiro cidadão (e não vou entrar aqui no que isto possa ter de cultural no
que respeita aos hábitos sexuais dos gregos de etnia dória nem da sua relação
com a guerra), não pode ser motivado pela mera concupiscência, que é uma
degradação do carácter. Daí a proibição que, a partir de certa altura, as
autoridades decretaram de os (não me lembro se todos, mas pelo menos uns
quantos, assinalados) cidadãos mais velhos assistirem aos jogos que se
realizavam com adolescentes.
Na antiga civilização grega,
porque encontrou na democracia política um ponto de organização que só viria a
ter semelhanças com o que o Ocidente encontrou a partir do século XIX,
encontra-se problemas curiosa e assustadoramente parecidos com os que temos
hoje. Como acho que já disse mais do que uma vez, aqui pelo blogue, sabe-se que
se escreveu “A terra a quem a trabalha” nas paredes de Atenas. Os gregos
acabaram por perder a independência, conquistados pelo pai de Alexandre. E o
que é mais interessante para o que tenho vindo a querer dizer-lhe, é que a
decadência política e cultural grega foi acompanhada de, no plano da arte, um
retrocesso em cujo final se encontra o erotismo degradado ao plano do boçal, do
puramente ordinário, mesmo do simplesmente malcriado. Tire as conclusões que
achar por bem, quanto à libertadora mocada troglodita eleita pelo progressista
norte da Europa.
Olhe, vou terminar. Creio que não
tenho mais nada a dizer, por agora. Mas sou capaz de lhe dar razão, talvez às
vezes me alargue demais nas respostas. Talvez, perante o filme que decidiu
apresentar como um avanço civilizacional me bastasse ter dito: Aquilo, aquilo,
é um avanço cultural e civilizacional…?! Oh Carmo da Rosa,
F…OOODAA-SSSE!!!
E pronto, cada um iria à sua
vida.
8 comentários:
" O erotismo é o que transforma a sexualidade humana em arte e, como toda a arte, inspira-se nos mais ínfimos pormenores do quotidiano para os transmutar em espírito humano."
Boa.
O Jose Gonsalo está imparável. Estes textos são de uma qualidade invulgar.
Têm conteúdo e são agradáveis de ler.
5 estrelas...
José Gonsalo: ” Quando um homem abre cortesmente a porta a outro homem, na maioria dos casos não está subjacente a isso, se se tratar de um acto meramente formal, mais do que o simbolismo respeitante à consideração que o semelhante nos merece, a exemplo do que sucede com a vénia oriental; mas, se for a uma mulher, ao gesto acrescenta-se, implícita e inevitavelmente, uma dimensão erótica que nada tem a ver com o tão falado “assédio” nem com a famosa “compra”.”
Porque razão existirá sempre uma dimensão erótica? E porquê inevitavelmente? Entre o assédio e não abrir a porta cortesmente a uma mulher, há todo um oceano de possibilidades! A era da informática não faz as pessoas automaticamente binárias: 0 ou 1.
José Gonsalo: ”Reconhecer a diferença, inclusive a da maior fragilidade física feminina em geral (mesmo que se trate de uma campeã olímpica do lançamento do peso) e agir de acordo com essa diferença é algo natural no homem.”
Como é que etiqueta praticada numa época determinada e sobretudo no mundo ocidental, pode ser natural no homem? Isto não passa de socialização, assim como aprender de pequenino que não se deve meter à boca aquilo que apanhamos do chão – É CÁCA, dizem as nossas mães… Mas ultimamente os pais mais modernaços já chegaram à conclusão que isso é um erro: as crianças precisam de fortalecer o sistema imunitário.
José Gonsalo: ” E, além do mais, é giro, porque é a diferença o que dá sabor à vida, não a igualdade.”
Ah, que pena não ser mulher. Teria aqui no FIEL imediatamente direito à diferença. Assim lixo-me…
José Gonsalo: ”As mulheres inteligentes sempre souberam perfeitamente que a sua fraqueza é a sua maior força e, por isso, nunca se queixaram;.”
Então as sufragettes eram todas burras (queixavam-se de não ter direito de voto) e a Ayaan Hirsi Ali idem (ainda se queixa da situação da mulher no mundo muçulmano)!
José Gonsalo: ” Não se esquecer de dizer, todos os dias, à mulher que o jantar que ela fez estava bom ou, se nem por isso, dizer que sim… mas sugerir que não está com ela por causa disso, em vez de o engolir sem qualquer referência de apreço pelo trabalho que teve, é exprimir respeito por ela através de um acto de cortesia que é também um acto erótico.”
É preciso ser mesmo todos os dias? E quando elas são desconfiadas e julgam que estamos a engraxar porque andamos a comer a vizinha? Neste caso, não será mais prudente um ‘low-profile’?
José Gonsalo: ” quando compara O Pátio das Cantigas e O sexo e a Cidade, entendendo a série como sintoma de um avanço na libertação (sexual e não só) das mulheres registado desde há 70 anos.”
Precisamente, isto é indiscutivelmente progresso e um avanço na libertação (sexual e não só) das mulheres.
José Gonsalo: ” Ou quando apresenta aquele pequeno filme brasileiro com que pretende ilustrar o que às mulheres não era permitido sequer sonhar anteriormente..”
É isso mesmo que queria ilustrar sem tirar nem pôr.
José Gonsalo: ” Porque eu digo-lhe: há mais erotismo e consequentes promessas de incomparáveis gozos físicos e espirituais (porque é isso que o erotismo possibilita) na franja de Beatriz Costa e nas redondezas abdominais do Vasquinho do que em toda a série urbantronga das deprimentes desventuras quecais da Sarah Jessica Parker e suas irmãs de permanentes desencontros...”
Sim, para si. Mas porque razão é que taras e preconceitos novecentistas de portugueses de meia-idade têm que ser o metro-padrão do erotismo mundial? Quando pelos vistos nem sequer no Brasil penetram!
José Gonsalo: ”De facto, aquilo não é uma pouca-vergonha, é uma vergonha insuportável para qualquer animal. Porque aquela triste está reduzida a algo abaixo de macaco, abaixo de cabra, abaixo de aranha, abaixo mesmo da feromona: ela já só quer dentro dela a moca positivista, tal a degradação a que está sujeita;.”
O que aqui vai de raiva e ódio perante o simples facto de ser uma mulher a QUERER algo!!! José Gonsalo, não me leve a mal, mas olhe que já vi destes textos escritos pelo Dr. Yusuf al-Qaradawi. Minto. Os seus estão mais bem escritos.
José Gonsalo: ”Não é de fazer chorar as pedras da calçada, é de fazer explodir em lágrimas a Vida no planeta inteiro. Ela suicida-se de solidão e de inumanidade e você diz: “Assim mesmo é que é, o progresso que há no suicídio por tortura! O extraordinário humor que há neste filme!”
Não digo eu que isto está muito bem escrito. Até me lembra um fado que gosto muito:
ó rua do Capelão
juncada de rosmaninho
se o meu amor vier cedinho
eu beijo as pedras do chão
que ele pisar no caminho
Tá ver, reconheço muita poesia a estas imagens, mas até o Raul Solnado, que Deus tem, é mais realista do que você quando a certa altura diz à mulher: Já pós a p…. (naquele tempo da ditadura ele era obrigado a colocar apenas um “p” com pontinhos) da pata na poça.
José Gonsalo: ” O que é de facto espantoso para mim, aquilo que eu não compreendo de todo, é que se o filme fosse sobre a situação inversa, se fosse dele a brutalidade verbal e física com que ela o trata,”
Mas qual brutalidade qual caraças? Não extrapole.Nao parta de premissas erradas. Não temos todos as mesmas taras. Eu tenho outras.
José Gonsalo: ”Ah, nós somos assim, não estamos com grandes coisas: queres? vamos a isso, e pronto…”. E ele, com ar pràfrentex e algo gingão, tipo Vital Moreira: “Pois, é assim mesmo…”. Julgo não precisar de lhe explicar porque me lembrei disto. Garanto-lhe: foi-me impossível aceitar um segundo convite para ir jantar lá a casa. Que enjoo!,”
Mas o que é que pretende dizer-me? Que não gosta de gente prá frentex? Eu tão pouco, e agora! E sabe porque razão não tenho uma afeição especial por portugueses muito prá frentex (mas não sinto enjoo nem recuso convites) ? Porque geralmente são más imitações de costumes importados há pouco tempo…
José Gonsalo: ” Quanto aos gregos de antanho, a tradição, devo dizer, que ao contrário do que pretende impingir a comunidade gay,”
Sobre homossexuais quero apenas dizer que, ao contrário do que afirma o Nivaldo Cordeiro, a homossexualidade na minha opinião não é uma opção ideológica. Por isso, não vejo muita razão para procurar justificações históricas na antiga Grécia porque uma pessoa nasceu gaga e outra nasceu preta…
José Gonsalo: ”Tire as conclusões que achar por bem, quanto à libertadora mocada troglodita eleita pelo progressista norte da Europa”
E a única conclusão possível é que no progressista norte da Europa há menos problemas sexuais e outros que no sul da Europa. As estatísticas dizem que eles são os povos mais felizes do mundo. E quando há conflitos sexuais, isso tem normalmente a ver com os adeptos das ideias do Dr. Yusuf al-Qaradawi.
José Gonsalo: ” Aquilo, aquilo, é um avanço cultural e civilizacional…?! Oh Carmo da Rosa, F…OOODAA-SSSE!!!”
José Gonsalo, continuo na minha, aquele filme F…….., é um avanço cultural e civilizacional. É apenas insólito, para não dizer triste, que seja o colonizado a mostrar o caminho ao colonizador…
Carmo da Rosa:
Depois de ler o que escreveu na caixa de comentários aos meus dois posts mais recentes, fechei-a, siderado. Para a reabrir poucos minutos depois. Só para verificar a que horas os colocara.
Bem... não sei se foi o hábito ou a insónia o que o levou a escrevê-los às três da manhã ou se estaria já com sono; ou com o estômago pesado, a bílis às voltas... mal-disposto, enfim. E, naturalmente, com menos atenção. Ou, provavelmente, mais rabugento em resultado de parte ou de tudo isso.
Olhe, sei apenas que se tivesse escrito a resposta para um semi-analfabeto, o nível de compreensão do texto que ele demonstraria não seria muito inferior. É que é tudo ao lado, Carmo da Rosa, tudo ao lado! Não se aproveita uma!
Está fora de questão, recuso-me a pensar em si como o émulo masculino da Júlia Pinheiro, a mulher que não precisa de megafone, como diz o nosso cómico pós-Solnado, Herman José. A Júlia Pinheiro é aquela apresentadora de TV que responde frequentemente a alhos com bugalhos; e que, quando um convidado de um seu programa de debates, pessoa honesta e de boa-fé, teve a ousadia de proferir um “Bom, vamos lá tentar chegar a um consenso”, berrou de imediato, com ar jocoso e folgazão: “Consensos? Mas eu não quero consensos, eu quero é polémica!”.
Porque se o pensasse, teria também que suspeitar que o Carmo da Rosa estaria a tentar montar um circo, que andaria à procura de palhaços e estaria a convidar-me subtilmente. Não me caberia a mim contestar a legitimidade da sua aspiração, mas dir-lhe-ia desde logo que tal honra ultrapassa as minhas aptidões e que, por isso, seria impossível para mim trabalhar consigo ou para si. Ainda por cima, de graça.
Falei também em má-disposição. Porque, pelo meio, o Carmo da Rosa — não tenho recursos verbais suficientes para me exprimir de outra maneira… —, certamente levado por ela, ultrapassa bastante a saudável irreverência para roçar o insulto em diversas ocasiões, de modo perfeitamente injustificado. Julgo eu, que tive por si a consideração suficiente para me demorar a explicar-lhe as razões pelas quais, contrariamente ao que lhe proporcionaram a sensibilidade e o raciocínio de momento, acho repugnante aquele vídeo.
Olhe, acho melhor ficarmos por aqui, porque não posso discutir consigo as respostas ao que eu não disse e que só por exercício de redução ao absurdo ou distorção de sentido o Carmo da Rosa pode ter dado. Quando estiver melhor do fígado (e atenção aos copos, por si tantas vezes referidos em comentários e posts), falaremos de novo. Até lá, tal como o Lidador, não voltarei a comentar o que publique.
P.S. – A propósito de usos e desusos, o Carmo da Rosa faz-me sempre recordar de dois ou três versos de um poema do Caetano Veloso, de um disco, não me lembro qual, do final da década de 80. Era qualquer coisa assim:
“O Time Magazine diz que os Rolling Stones já não cabem no mundo
Do Time Magazine
Mas o Time Magazine é que já não cabe no mundo
Dos Rolling Stones
Forever rockin’
And rolin’”
Deixo-lhe ainda uma dúvida que não sei se pretende ter. Quando diz que não precisa de conhecer todos os titulares e suplentes mas apenas o creme, está seguro de que aquilo é creme?
José Gonsalo disse: ” não sei se foi o hábito ou a insónia o que o levou a escrevê-los às três da manhã ou se estaria já com sono; ou com o estômago pesado, a bílis às voltas... maldisposto, enfim. E, naturalmente, com menos atenção. Ou, provavelmente, mais rabugento em resultado de parte ou de tudo isso.”
José Gonsalo,
Escrevi aquela hora tardia porque muito simplesmente estava acordado e sem vontade de dormir. Estômago pesado não tinha porque o jantar foi às 20:30, além disso estava (e continuo) bastante bem disposto e, como sou um animal nocturno, quanto mais tarde mais atento. De manhã é que é uma desgraça, só consigo mesmo mijar, para o lado…Enfim, não sei em que se baseia para iniciar desta forma a sua resposta!!!
José Gonsalo disse: ” Olhe, sei apenas que se tivesse escrito a resposta para um semi-analfabeto, o nível de compreensão do texto que ele demonstraria não seria muito inferior.”
Se tivesse escrito ao seu ‘empregado de mesa engatatão’ teria certamente mais sorte, eu sei. Ele teria certamente descoberto a cabeça antes de lhe contar a última aventura amorosa, e você bateria palmas porque ele, mais uma vez resistiu à tentação marxista e não a comeu na casa de banho. Além disso, quando ele passar aos detalhes mais picantes, certamente que as comparações com ‘a franja da Beatriz Costa e as redondezas abdominais do Vasquinho’ farão também a suas delícias – mas não a minha, peço imensa desculpa mas a Jessica Parker comigo funciona melhor…(admita o direito à diferença!)
Mas compreender, não significa estar inteiramente de acordo, muito menos em coisas de sexo.
José Gonsalo disse: ”Está fora de questão, recuso-me a pensar em si como o émulo masculino da Júlia Pinheiro, a mulher que não precisa de megafone, como diz o nosso cómico pós-Solnado, Herman José..”
Não faço a mínima ideia quem seja a Júlia Pinheiro, mas o Herman José é um excelente exemplo de um comediante que tem tudo (inteligente, bem informado, canta bem, pensa rápido) para pertencer à tal crème de la crème da comédia, mas como se acanalhou com o ‘establishment’, faz apenas cócegas a quem devia criticar severamente… E o país tanto a precisar.
José Gonsalo disse: ”Mas eu não quero consensos, eu quero é polémica!”
Não é possível querer as duas coisas? E não vejo nada de positivo ou negativo nos dois conceitos! Digamos que sou um caloroso adepto das chamadas Conferências do Casino. Como vê, nem tudo o que reluz são modernices…
José Gonsalo disse: ” Porque se o pensasse, teria também que suspeitar que o Carmo da Rosa estaria a tentar montar um circo (…)”
Não se preocupe, quando o fizer aviso com antecedência.
Continua….
José Gonsalo disse: ” Falei também em má-disposição.”
Falou mas está redondamente enganado! Falou mas não me soube indicar uma única frase em que demonstra a minha tão badalada má-disposição! O mesmo em relação a hipotéticos insultos! Nem uma prova!
Por falar em insultos e para lhe ser sincero (como de costume), a primeira vez que li um dos seus comentários em que sugeria que eu teria bebido o mesmo que o cómico que citei, eu é que fiquei pior que estragado e já me estava a preparar para lhe responder da mesma maneira, mas à minha maneira. Felizmente que não o fiz. Respirei fundo, contei até dez, reli o seu comentário e realmente você apenas sugere. Creio que lhe respondi de forma correcta, apesar de ter usado de ironia (isto já é vício), só para provar que a ofensa não passou despercebida…
José Gonsalo disse: ” Quando estiver melhor do fígado (e atenção aos copos, por si tantas vezes referidos em comentários e posts), falaremos de novo.”
Outra vez? Está com sorte, como vê, continuo muito bem disposto.
José Gonsalo disse: ”Até lá, tal como o Lidador, não voltarei a comentar o que publique.”
Faz muito bem, embrulhe-se na manta reconfortante e amena da seita, que este verão vai fazer muito frio.
P.S.
Um amigo que segue o FIEL enviou-me agora um mail com um resumo da nossa discussão que poderia muito bem ter sido feito pelo Jim Jefferies: Estive a ler as “teses” do Gonsalo e as tuas respostas (sobre o stand-up australiano, que é excelente) e confirmo a minha opinião: o gajo é ………… [censurei]. Se bem o percebo, a diferença entre erótico e pornográfico é a seguinte: tudo o que nós pensamos é erótico, tudo o que os outros pensam é pornográfico...
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