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terça-feira, 29 de julho de 2008

Um violino no telhado

Tinha visto o filme , na década de 70 e dele apenas me tinham ficado flashes, como o leiteiro barbudo que cantava "If I were a richman", as filhas bonitas e a maldade do Czar. O contexto e a história já se tinham perdido nas brumas da memória.
De passagem pelo Porto, fui ao Rivoli ver o musical de Filipe La Féria.
Falar da qualidade do espectáculo, da magnífica performance dos actores, é uma redundância, quando antes já se falou de La Féria.
É a norma dos espectáculos que encena, pelo que à perfeição nada há a acrescentar. Bem andou Rui Rio ao correr com os gangues de esquerdistas analfabrutos que se masturbavam intelectualmente naquele espaço, à conta do erário público.

Mas ao rever a história, percebi a razão pela qual ela não me tinha saído da memória.
Está lá tudo!
Uma comunidade de judeus que vivem do seu trabalho, numa aldeia russa sobre a qual pende sempre a sombra do poder do Czar.
É gente que, sustentada pela tradição milenar da cultura judaica, vive e sobrevive encarando o "estado" como um poder que nada de agradável lhe poderá trazer e que é bom que se mantenha o mais longe possível.
Está organizada de acordo com os princípios da divisão do trabalho... um produz e vende leite, outro é alfaiate, outro é talhante, enfim, todos dependem de todos e trocam bens e serviços entre eles e com o exterior.
O dinheiro (ou a falta dele), é uma obsessão constante. A outra é o futuro dos filhos.
Está lá o medo do pogrom e o desejo milenar de encontrar uma terra segura, Jerusalém ou a América.
Estão lá também os ecos de revoluções longínquas cujos estilhaços chegarão à aldeia de Anatevka, sob a forma de um pogrom que desfaz a comunidade, e a dispersa por um mundo hostil, metáfora crua da diáspora judaica.

27 comentários:

Diogo disse...

Opinião de Eça de Queirós - Cartas de Inglaterra 1877-1882:

«Mas que diremos do movimento na Alemanha? Que em 1880, na sábia e tolerante Alemanha, depois de Hegel, de Kant e de Schopenhauer, com os professores Strauss e Hartmann, vivos e trabalhando, se recomece uma campanha contra o judeu, o matador de Jesus, como se o imperador Maximiliano estivesse ainda, do seu acampamento de Pádua, decretando a destruição da lei rabínica e ainda pregasse em Colónia o furioso Grão de Pimenta, geral dos dominicanos –, é facto para ficar de boca aberta todo um longo dia de Verão.

Porque enfim, sob formas civilizadas e constitucionais (petições, meetings, artigos de revista, panfletos, interpelações), é realmente a uma perseguição de judeus que vamos assistir, das boas, das antigas, das manuelinas, quando se deitavam à mesma fogueira os livros do rabino e o próprio rabino, exterminando assim economicamente, com o mesmo feixe de lenha, a doutrina e o doutor.

Mas o mais extraordinário ainda é a atitude do Governo alemão: interpelado, forçado a dar a opinião oficial, a opinião de Estado sobre este rancor obsoleto e repentino da Alemanha contra o judeu, o Governo declara apenas com lábio escasso e seco «que não tenciona alterar a legislação relativamente aos israelitas.

Deixa a colónia judaica em presença da irritação da grossa população germânica — e lava simplesmente as suas mãos ministeriais na bacia de Pôncio Pilatos. Não afirma sequer que há-de fazer respeitar as leis que protegem o judeu, cidadão do império; tem apenas a vaga tenção, vaga como a nuvem da manhã, de as não alterar por ora!

O motivo do furor anti-semítico é simplesmente a crescente prosperidade da colónia judaica, colónia relativamente pequena, apenas composta de quatrocentos mil judeus; mas que pela sua actividade, a sua pertinácia, a sua disciplina, está fazendo uma concorrência triunfante à burguesia alemã.

A alta finança e o pequeno comércio estão-lhe igualmente nas mãos: é o judeu que empresta aos estados e aos príncipes, é a ele que o pequeno proprietário hipoteca as terras. Nas profissões liberais absorve tudo: é ele o advogado com mais causas e o médico com mais clientela: se na mesma rua há dois tendeiros, um alemão e outro judeu, o filho da Germânia ao fim do ano está falido, o filho de Israel tem carruagem! Isto tornou-se mais frisante depois da guerra: e o bom alemão não pode tolerar este espectáculo do judeu engordando, enriquecendo, reluzindo, enquanto ele, carregado de louros, tem de emigrar para a América à busca de pão.

Mas se a riqueza do judeu o irrita, a ostentação que o judeu faz da sua riqueza enlouquece-o de furor. E, neste ponto, devo dizer que o Alemão tem razão. A antiga legenda do israelita, magro, esguio, adunco, caminhando cosido com a parede, e coando por entre as pálpebras um olhar turvo e desconfiado – pertence ao passado.

O judeu hoje é um gordo. Traz a cabeça alta, tem a pança ostentosa e enche a rua. É necessário vê-los em Londres, em Berlim, ou em Viena: nas menores coisas, entrando em um café ou ocupando uma cadeira de teatro, têm um ar arrogante e ricaço, que escandaliza. A sua pompa espectaculosa de Salomões "parvenus" ofende o nosso gosto contemporâneo, que é sóbrio. Falam sempre alto, como em país vencido, e em um restaurante de Londres ou de Berlim nada há mais intolerável que a gralhada semítica. Cobrem-se de jóias, todos os arreios das carruagens são de ouro, e amam o luxo grosso. Tudo isto irrita.

Mas o pior ainda na Alemanha é o hábil plano com que fortificam a sua prosperidade e garantem o luxo, tão hábil que tem um sabor de conspiração: na Alemanha, o judeu, lentamente, surdamente, tem-se apoderado das duas grandes forças sociais – a Bolsa e imprensa. Quase todas as grandes casas bancárias da Alemanha, quase todos os grandes jornais, estão na posse do semita. Assim, torna-se inatacável. De modo que não só expulsa o alemão das profissões liberais, o humilha com a sua opulência rutilante e o traz dependente pelo capital; mas, injúria suprema, pela voz dos seus jornais, ordena-lhe o que há-de fazer, o que há-de pensar, como se há-de governar e com que se há-de bater!

Tudo isto ainda seria suportável se o judeu se fundisse com a raça indígena. Mas não. O mundo judeu conserva-se isolado, compacto, inacessível e impenetrável. As muralhas formidáveis do Templo de Salomão, que foram arrasadas, continuam a pôr em torno dele um obstáculo de cidadelas. Dentro de Berlim há uma verdadeira Jerusalém inexpugnável: aí se refugiam com o seu Deus, o seu livro, os seus costumes, o seu Sabbath, a sua língua, o seu orgulho, a sua secura, gozando o ouro e desprezando o cristão. Invadem a sociedade alemã, querem lá brilhar e dominar, mas não permitem que o alemão meta sequer o bico do sapato dentro da sociedade judaica.

Só casam entre si; entre si, ajudam-se regiamente, dando-se uns aos outros milhões – mas não favoreceriam com um troco um alemão esfomeado; e põem um orgulho, um coquetismo insolente em se diferençar do resto da nação em tudo, desde a maneira de pensar até à maneira de vestir. Naturalmente, um exclusivismo tão acentuado é interpretado como hostilidade – e pago com ódio.»

Diogo disse...

Então Lidador? Entre o La Féria e o Eça não há que hesitar (não obstante a genialidade do La Féria, de quem sou grande apreciador).

Renato Bento disse...

Eça de Queiroz tinha, realmente, o hábito de escrever sobre judeus. No seu romance "Os Maias", todos se lembraram certamente de Cohen.

Este excerto não nos reserva nada de novo. Não percebo porque é que chega aqui como se portador da Boa-Nova fosse. O anti-semitismo é das coisas mais velhas do Mundo.

Muita das coisas que aqui estão escritas são, obviamente, verdade. Mas nada disso explica ou justifica a parte final do excerto de Eça: "Naturalmente, um exclusivismo tão acentuado é interpretado como hostilidade – e pago com ódio.»"

Diogo disse...

Nada justifica, tenrinho RB? Se no teu próprio país, uma raça estrangeira te tratasse abaixo de cão (exclusivismo tão acentuado), o que é que tu sentirias? Gratidão?

ablogando disse...

Caro Diogo:
O que dizia Eça é menos importante do que a sua cabeça poderá dizer.
Nesse sentido, aconselho-o, caso ainda o não haja feito, a ler isto: História do Povo Judeu : da destruição do Templo ao Novo Estado de Israel / Werner Keller ; trad. [de] Brito Roma, Ed. Acrópole, 1966.
Dado o ano de edição, é possível que não o encontre à venda, mas poderá encontrá-lo na Biblioteca da Universidade Católica de Lisboa. Tenha especialmente em atenção a situação criada aos Judeus na Europa na Idade Média e o que se lhe seguiu e tire daí as devidas ilações.
Medite ainda sobre o que Fernando Pessoa diz, no seu opúsculo de 1932sobre a Maçonaria, acerca da absorção dos valores judaicos pela Europa protestante, em contraposição aos valores greco-latinos da Europa do Sul (A Maçonaria vista por Fernando Pessoa e Norton de Matos,1993, José Ribeiro, Editor). E, para terminar, leia Moralidade e Política na Europa Moderna, de Michael Oakeshott, Ed. Sec. XXI.
A partir daí já poderá orientar-se com maior facilidade em leituras mais aprofundadas e, em consequência, a emitir pontos de vista com fundamento proporcional.
Se já o fez, peço-lhe que me desculpe as sugestões e poderemos avançar para outro nível de discussão.

Renato Bento disse...

O que é tratar abaixo de cão? É o que os Africanos fazem aos ciganos em Loures? Ou vice-versa? É o que os neo-nazis fazem aos Africanos em Lisboa? É o que os Iranianos fazem aos judeus que pisam solo Iraniano?

Porque é que eram eles "tratados abaixo de cão"? Não teriam os não-judeus poder suficiente para se defenderem?

"as leis que protegem o judeu, cidadão do império"

O judeu, cidadão do império! Ainda o Império Alemão não existia, e já Judeus habitavam lá. Que praga! Não os largam!

No século X depois de Cristo, já judeus estavam estabelecidos na Germânia. Estima-se que aí estivessem desde o século VI, VII. Curioso: quase que é parecido com aquilo que se passa no Médio Oriente. Os muçulmanos também chegaram no século VII e acabaram o trabalho dos Babilónicos e dos Romanos.

"O motivo do furor anti-semítico é simplesmente a crescente prosperidade da colónia judaica, colónia relativamente pequena, apenas composta de quatrocentos mil judeus"

Tão bem que isto se aplica aos dias de hoje. Não acha Diogo?

"e o bom alemão não pode tolerar este espectáculo do judeu engordando, enriquecendo, reluzindo, enquanto ele, carregado de louros, tem de emigrar para a América à busca de pão."

Então mas não eram os Judeus cidadãos Alemães? Como as coisas se inverteram: menos de 100 anos depois, eram uns que fugiam para o mesmo continente.

"Cobrem-se de jóias, todos os arreios das carruagens são de ouro, e amam o luxo grosso. Tudo isto irrita."

Eça, Eça...

"Quase todas as grandes casas bancárias da Alemanha, quase todos os grandes jornais, estão na posse do semita."

Roubaram a alguém?

"Tudo isto ainda seria suportável se o judeu se fundisse com a raça indígena. Mas não. O mundo judeu conserva-se isolado, compacto, inacessível e impenetrável."

Se o judeu não se fundisse com a raça "indígena" porque é que acha que Hitler emitiu os decretos que proibiam relações sexuais entre judeus e não-judeus?

Diogo disse...

Caro Joaquim Simões, confesso que não li as obras de que fala. Mas que me diz da opinião do Eça?


Caro RB, porque é que terá o Eça dito o que disse? Funcionará o judeu como uma maçonaria? Uma máfia?

RB: «Se o judeu não se fundisse com a raça "indígena" porque é que acha que Hitler emitiu os decretos que proibiam relações sexuais entre judeus e não-judeus?»

Talvez porque, precisamente, o judeu não se fundiu com a raça "indígena"?

Renato Bento disse...

Portanto, o Hitler fez uma lei para evitar aquilo que não ocorria?

Porreiro pá.

Quanto aos indígenas parece que ficou conversado..

Luís Oliveira disse...

[Talvez porque, precisamente, o judeu não se fundiu com a raça "indígena"?]


Caro Diogo, se lesse outras coisas para além da nojenta propaganda anti-semita que tão avidamente consome, talvez obtivesse perspectivas diferentes sobre a "questão". Por exemplo:

"Um dos grandes mistérios do século XX é a violência racial mais extrema de toda a história ter surgido numa sociedade onde a assimilação estava a progredir com excepcional rapidez. [...] Talvez a melhor maneira de entender o anti-semitismo dos nazis seja como uma reacção ao sucesso da assimilação judaico-alemã."

Assim comenta Niall Ferguson, em The War of the World, apresenatndo alguns dados:

- casamentos de judeus alemães fora da sua fé cresceram de 5% em 1875 até 35% em 1915

-nessa altura, em toda a Europa, as cidades alemãs eram as que tinham a maior percentagem de casamentos de judeus fora da sua fé.

Cita também Peter Drucker, autor de "A questão judaica na Alemanha" (1936):

"A questão judaica era especialmente sensível na Alemnha porque a assimilação dos judeus tinha avamçado mais aí do que em qualquer outro sítio".

Até o Heidegger andava enrolado com a Arendt...

ml disse...

Um pastelão, o 'Fiddler on the roof' do Norman Jewison. Um lugar-comum cantante.

Diogo disse...

Luís Oliveira, talvez isto ajude a perceber alguma coisa:

Judea Declares War on Germany

From Wikipedia

"Judea Declares War on Germany" was the front-page headline of the March 24, 1933 edition of the British newspaper Daily Express. It was the headline for an article that announced a boycott against German goods.[1] The rest of the mass media did not describe the boycott as a declaration of war. The Nizkor Project says the attempted boycott was declared in response to the anti-Semitic actions by Nazi Germany under Adolf Hitler.[2]

Three days after the headline was published, a meeting of representatives of British Jews, the Jewish Board of Deputies, denied that there was a boycott against Germany.[3] Nevertheless, this article and related articles in the British and American press in spring 1933 were used in Nazi propaganda to justify the "Judenboykott," a boycott of Jewish merchants.

Luís Oliveira disse...

E o que me diz do corpo da notícia?

"Sectional differences
and antagonisms have been submerged in one common aim - to stand by the 600,000 Jews of Germany who are terrorised by Hitlerite anti-Semitism and to compel Fascist Germany to end its
campaign of violence and suppression directed against its
Jewish minority. "


E o que me diz do Niall Ferguson?

Diogo disse...

Mas, então, se a assimilação era assim tão avançada na Alemanha, porquê esse súbito fanatismo anti-judeu?

Luís Oliveira disse...

[se a assimilação era assim tão avançada na Alemanha]

Era inexistente ou era avançada?


[porquê esse súbito fanatismo anti-judeu?]

O Fergusson também explica, mas não tenho aqui o livro. Deixo-lhe só uma pista.

"If at the beginning of the [1st] War and during the War twelve or fifteen thousand of these Hebrew corrupters of the people had been held under poison gas, as happened to hundreds of thousands of our very best German workers in the field, the sacrifice of millions at the front would not have been in vain. On the contrary: twelve thousand scoundrels eliminated in time might have saved the lives of a million real Germans, valuable for the future."

Hitler, Mein Kampf

Luís Oliveira disse...

Peço desculpa ao Lidador por lhe estar a sujar o post com o vomitado do diogo, vou parar e buscar a esfregona.

Unknown disse...

Caro LO, com o Diogo não há diálogo possível, se se entender o díalogo como a troca de argumentos.
Desde o dia em que, numa discussão, se deu ao luxo de negar as leis da Física e jurar que ele via aquilo que as leis da óptica garante ser impossível ver, percebi que não vale a pena. Trata-se de um fanático que vive obcecado pela teoria da conspiração judaica.
Acredita nela, é uma fé, e usa recorrentenente a conhecida falácia da pesca à linha para seleccionar tudo aquilo quue lhe parece estar de acordo com a crença.
O que não está de acordo com ele, pura e simplesmente descarta como despiciendo.
É o raciocínio próprio dos idiotas e argumentar com ele é impossível. Como reparou, ao discutir com o RB, disse uma coisa e seu contrário com o ar imperturbável de quem , pura e simplesmente, não entendeu que se contradisse a si mesmo.

Do mesmo livro de Nial Ferguson, um excerto de um "poema" de 1922, na Polónia:

" De lés a lés contamina a Polónia o Povo judeu;
Escandaliza jovens e destrói a unidade do povo.
Através da imprensa ateísta envenena o espírito;
Incita ao mal, provoca, divide...
Uma terrível gangrena inflltrou-se no nosso corpo
E nós..estamos cegos!
Os judeus ganharam controlo sobre o comércio polaco
Como se fôssemos imbecis;
E enganam, extorquem e roubam;
Enquanto nos alimentamos de fantasias...."

Na verdade isto acontecia por toda a Europa

O Eça tem razão...os judeus sempre foram um bode expiatório fácil. Proibidos da posse da terra, dedicaram-se aos bens mobiliários, ao dinheiro, à cultura, à medicina, aos serviços. Muitos enriqueciam e a inveja rapidamente se transforma em ódio, nas cabeças simples, devidamente manipuladas e excitadas.
Os Diogos deste mundo são ovelhas estúpidas que balem uma lengalenga milenar, absolutamente convencidas de que nunca se ouviu tão inteligente balido.

Ignora até que em Lisboa se chacinaram milhares de judeus, porque uns dominicanos convenceram hordas de imbecis como o Diogo, de que tinham sido os judeus a conspirar para trazer a peste.

Infelizmente sempre houve Diogos e sempre haverá. E sempre haverá Adolfos e Amadinejaads para explorar a imbecilidade útil destes palermas.

Diogo disse...

Lidador: «O Eça tem razão...os judeus sempre foram um bode expiatório fácil. Proibidos da posse da terra, dedicaram-se aos bens mobiliários, ao dinheiro, à cultura, à medicina, aos serviços.»


Mas, bom Lidador, o Eça diz mais: «Mas o pior ainda na Alemanha é o hábil plano com que (os judeus) fortificam a sua prosperidade e garantem o luxo, tão hábil que tem um sabor de conspiração: na Alemanha, o judeu, lentamente, surdamente, tem-se apoderado das duas grandes forças sociais – a Bolsa e imprensa. Quase todas as grandes casas bancárias da Alemanha, quase todos os grandes jornais, estão na posse do semita. Assim, torna-se inatacável. De modo que não só expulsa o alemão das profissões liberais, o humilha com a sua opulência rutilante e o traz dependente pelo capital; mas, injúria suprema, pela voz dos seus jornais, ordena-lhe o que há-de fazer, o que há-de pensar, como se há-de governar e com que se há-de bater!»

Unknown disse...

De resto, os balidos dos diogos úteis, é exactamente igual à dos aiatolas.
E a opinião da ml, desvalorizando a "qualidade" da obra ( gostava de conhecer o caixote do lixo deste portento da literatura e do cinema que temos a comentar aqui no blogue) tb é subscrita pela TV iraniana

Maio, 22, 2008.

http://www.memritv.org/clip/en/1807.htm


Narrator: For two decades, during the 1960s and 1970s, the Zionist regime and its imperialist supporters faced many crises of legitimacy. Some of these crises were the result of the exposure of the terrifying image of this regime, when it used its war machine in the Six-Day War. Other crises were due to the fact that the struggle of the Muslims in the occupied lands and against Zionist strongholds in Europe focused the attention of the world on Palestinian suffering. So the cinematic propaganda machine of the Zionists focused on falsifying history, and on portraying the Jewish minorities as oppressed, for the benefit of the bloodthirsty, aggressive Zionists.

[...]

Iranian film critic Majid Shah-Hosseini: [The messages] in a film like "Fiddler on the Roof" are hidden deeper, and it is more sentimental and romantic [than other films], but it strongly defends the Jews and the view that they are oppressed. By the way, this film was directed by Norman Jewison, a Jew.

[...]

Narrator: The film "Fiddler on the Roof" tries to conceal one of the reasons for European and American hatred of Zionism, which was their control of the resources of wealth and power. The film depicts the Zionist immigrants' forefathers as kind and poor people, who immigrated out of poverty, and not out of a desire to occupy [Palestine].

Unknown disse...

E, para mostrar a falácia da pesca à linha usual nos fanáticos do ódio aos judeus, o texto de Eça não acaba ali.

Prossegue com frases como:

".... o judeu triunfa. O dever do alemão seria exercer o músculo, aguçar o intelecto, esforçar-se, puxar-se para a frente para ser, por seu turno, o mais forte. Não o faz: em lugar disso, volta-se miseravelmente, covardemente, para o Governo e peticiona, em grandes rolos de papel, que seja expulso o judeu dos direitos civis, porque o judeu é rico, e porque o judeu é forte.

O Governo, esse, esfrega as mãos, radiante. Os jornais ingleses não compreendem a atitude do senhor de Bismarck aprovando tacitamente o movimento antijudaico. É fácil de perceber; é um rasgo de génio do chanceler. Ou, pelo menos, uma prova de que lê com proveito a história da Alemanha.

Na Meia Idade, todas as vezes que o excesso dos males públicos, a peste ou a fome desesperava as populações; todas as vezes que o homem escravizado, esmagado e explorado mostrava sinais de revolta, a Igreja e o príncipe apressavam-se a dizer-lhe: «Bem vemos, tu sofres! Mas a culpa é tua. E que o judeu matou Nosso Senhor e tu ainda não castigaste suficientemente o judeu.» A populaça então atirava-se aos judeus: degolava, assava, esquartejava, fazia-se uma grande orgia de suplícios; depois, saciada, a turba reentrava na treva da sua miséria a esperar a recompensa do Senhor.

Isto nunca falhava. Sempre que a Igreja, que a feudalidade, se sentia ameaçada por uma plebe desesperada de canga dolorosa – desviava o golpe de si e dirigia-o contra o judeu.

Quando a besta popular mostrava sede de sangue –servia-se à canalha sangue israelita.

É justamente o que faz, em proporções civilizadas, o senhor de Bismarck. A Alemanha sofre e murmura: a prolongada crise comercial, as más colheitas, o excesso de impostos, o pesado serviço militar, a decadência industrial, tudo isto traz a classe média irritada. O povo, que sofre mais, tem ao menos a esperança socialista; mas os conservadores começam a ver que os seus males vêm dos seus ídolos.

....

Portanto, à falta de uma guerra, o príncipe de Bismarck distrai a atenção do alemão esfomeado – apontando-lhe para o judeu enriquecido. Não alude naturalmente à morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Mas fala nos milhões do judeu e no poder da sinagoga. E assim se explica a estranha e desastrosa declaração do Governo."

Como é evidente, o hipócrita cortou o texto a meio e, como eu já tinha dito, aproveitou apenas aquilo que lhe pareceu estar de acordo com a sua crença.

Funciona, de imbecis para imbecis.
Vá portanto predicar as suas patéticas paranóias, para junto dos seus, meu caro imbecil.
Sem pretender ofender os imbecis, claro..

Diogo disse...

Lidador: «O Eça tem razão...os judeus sempre foram um bode expiatório fácil. Proibidos da posse da terra, dedicaram-se aos bens mobiliários, ao dinheiro, à cultura, à medicina, aos serviços.»


Contudo, bom Lidador, o Eça diz mais:

«Mas o pior ainda na Alemanha é o hábil plano com que (os judeus) fortificam a sua prosperidade e garantem o luxo, tão hábil que tem um sabor de conspiração: na Alemanha, o judeu, lentamente, surdamente, tem-se apoderado das duas grandes forças sociais – a Bolsa e imprensa. Quase todas as grandes casas bancárias da Alemanha, quase todos os grandes jornais, estão na posse do semita. Assim, torna-se inatacável. De modo que não só expulsa o alemão das profissões liberais, o humilha com a sua opulência rutilante e o traz dependente pelo capital; mas, injúria suprema, pela voz dos seus jornais, ordena-lhe o que há-de fazer, o que há-de pensar, como se há-de governar e com que se há-de bater!»


É forte, hein!

ablogando disse...

Diogo:
Brevemente:
"Mas que diremos do movimento na Alemanha? Que em 1880, na sábia e tolerante Alemanha, depois de Hegel, de Kant e de Schopenhauer, com os professores Strauss e Hartmann, vivos e trabalhando"
Eça, ao contrário de Antero, não era, filosoficamente, muito bem informado. Umas luzinhas bastavam-lhe para o que pretendia e, por isso, não pode ser grandemente considerado a esse nível.
O tolerante Kant, por exemplo, é-o, em diversas passagens, bem pouco em relação aos judeus. Quanto a Hegel e a Schopenhauer, nem sequer vale a pena desenvolver o que diz respeito à tolerância manifestada, em especial por este último relativamente ao semelhante em geral. Além disso, não podemos nunca tomar a parte (ínfima, neste caso, ainda por cima) pelo todo. Não dá, por isso,como Eça, para "ficar de boca aberta todo um longo dia de Verão". A posição referida do governo alemão não tem, por seu lado, nada de extraordinário, reflecte somente a "vox populi" e os interesses políticos.
Só mais uma achega: na época em que Eça escreveu isto já fazia furor pela Europa um alemão "renegado" chamado Nietzsche. Aquele que, embora tendo escrito que as críticas mais inteligentes lhe tinham sido feitas por judeus e que não era anti-semita, a irmã, que esteve nas origens da formação do paartido nazi, transformou, após a sua morte e através do que foi uma das maiores burlas intencionais da história do pensamento europeu, em ideólogo oficial do nacional-socialismo e do respectivo anti-semitismo.

"O motivo do furor anti-semítico é simplesmente a crescente prosperidade da colónia judaica, colónia relativamente pequena, apenas composta de quatrocentos mil judeus; mas que pela sua actividade, a sua pertinácia, a sua disciplina, está fazendo uma concorrência triunfante à burguesia alemã."
Essa é que é essa!

"na Alemanha, o judeu, lentamente, surdamente, tem-se apoderado das duas grandes forças sociais – a Bolsa e imprensa. Quase todas as grandes casas bancárias da Alemanha, quase todos os grandes jornais, estão na posse do semita. Assim, torna-se inatacável. De modo que não só expulsa o alemão das profissões liberais, o humilha com a sua opulência rutilante e o traz dependente pelo capital; mas, injúria suprema, pela voz dos seus jornais, ordena-lhe o que há-de fazer, o que há-de pensar, como se há-de governar e com que se há-de bater!"
Explicação? Remeto-o para as obras de que lhe aconselhei a leitura.

"Tudo isto ainda seria suportável se o judeu se fundisse com a raça indígena. Mas não. O mundo judeu conserva-se isolado, compacto, inacessível e impenetrável. As muralhas formidáveis do Templo de Salomão, que foram arrasadas, continuam a pôr em torno dele um obstáculo de cidadelas. Dentro de Berlim há uma verdadeira Jerusalém inexpugnável: aí se refugiam com o seu Deus, o seu livro, os seus costumes, o seu Sabbath, a sua língua, o seu orgulho, a sua secura, gozando o ouro e desprezando o cristão. Invadem a sociedade alemã, querem lá brilhar e dominar, mas não permitem que o alemão meta sequer o bico do sapato dentro da sociedade judaica.
Só casam entre si; entre si, ajudam-se regiamente, dando-se uns aos outros milhões – mas não favoreceriam com um troco um alemão esfomeado; e põem um orgulho, um coquetismo insolente em se diferençar do resto da nação em tudo, desde a maneira de pensar até à maneira de vestir."
Remeto-o, de novo, para as mesmas leituras. E lembro-lhe ainda coisas simples, como o facto de Freud ter enveredado pela psicologia e, a partir daí, ter criado a psicanálise, por não lhe ser permitido, enquanto judeu, exercer medicina nos hospitais.

Diogo disse...

Caro Simões, não percebo onde é que quer chegar. Não pode ser mais incisivo?

ml disse...

Chamou, bom lid... estimadíssimo lidador?

Oh, que chatice, e eu a pensar que pela primeira vez ia fazer aqui um vistaço. Um filmezinho de cores tão sadias, tão afinadinho e gracioso, sem um cabelinho fora do sítio, tão politiquinhamente correctinho, costuma ser ao gosto dos cardumes.
Acho eu, sei lá.

ablogando disse...

Diogo:
Eça tem tanta razão quanta pode ter, por exemplo, alguém que estabeleça uma teoria explicativa coerente sobre o que se passa no oceano, tendo somente em atenção os fenómenos que se verificam nele acima dos 100m de profundidade. Não mente, mas falha e será incapaz não só de compreender como de prever.
Além disso, como disse anteriormente, já o facto de Eça chamar à Alemanha sábia e, sobretudo, tolerante a partir da existência de 5 que o teriam sido entre vários milhões de habitantes do país dos germanos que claramente nunca o foram, a começar por Bismarck, constitui uma generalização sem pés nem cabeça. E, ainda por cima, sem qualquer fundamento, já que nenhum dos filósofos citados era verdadeiramente tolerante, a começar por Kant.
Uma discussão séria de um problema de gravidade histórica extrema exige informação e documentação o mais rigorosa possível por parte de quem a ela se pretende abalançar. Trata-se, no caso, de muitos milhões de vidas em jogo, e não só a dos israelitas. Não é, portanto, compatível com opiniões ligeiras e retiradas à pressa de meia dúzia de factos jornalísticos (Eça era e sempre foi apenas isso: um jornalista com uma ampla cultura geral e dotado de uma das melhores intuições literárias de que há memória em Portugal).
Indiquei-lhe, assim, aquelas obras no sentido de, lendo-as, dar-se conta de parte da minha perspectiva sobre o assunto e, dessa maneira, poder desde logo concordar, total ou parcialmente, ou discordar das bases em que assenta quando nos tornássemos a encontrar, pela net ou por qualquer outro lado. É-me impossível escrever, de momento, as boas dezenas de páginas que o assunto requereria e tenho também a certeza de que o Diogo benificiará muito mais da leitura directa dos autores que citei do que meu menor saber em relação ao deles nessa matéria, pelo menos ao nível da soma de elementos e pormenores. É, aliás, para isso mesmo que se escrevem livros, para comunicar sínteses de conversas possíveis, deste modo evitando uma interminável, e por isso impossível série de conversas repetitivas que o autor teria que manter com cada um que o interpelasse.
De momento, não tenho modo de lhe responder mais do que isto. Desejo-lhe um bom trabalho.

ablogando disse...

Relendo o que escrevi apressadamente, verifico que escrevi (como sempre e para minha irritação, já que não percebo porquê) "benifício" em vez "benefício". Está a ver? Se calhar é mesmo melhor não confiar em mim e ler as obras que referi. Possivelmente até encontrará nelas matéria que se desmente o que eu lhe disse, da mesma maneira que me esqueço sistematicamente da raiz da palavra.
Mais uma vez: saúde e bom trabalho

Diogo disse...

Ok Joaquim,

Devemos todos tentar aprofundar mais o assunto.

Diogo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.