É confrangedora a troca de mimos entre os dois mais profissionais da propaganda: José Sócrates e Francisco Louçã. Aprenderam pela mesma cartilha e navegam na lâmina entre a verdade e a mentira exercitando ao gume o equilíbrio instável de projectar a mentira como se de verdade se tratasse.
Alguém do PS, na eventualidade deste ganhar as eleições, resolve convidar, mais ou menos veladamente, Joana Amaral Dias, do Bloco de Esquerda, para um cargo qualquer. Como guardião de virgem, Louça berra que o malandro Sócrates estava enfiado num esquema de tráfico de influências.
… que José Sócrates convidou, vocifera Anacleto, sabendo que não foi Sócrates quem convidou. … que nem ele próprio nem responsáveis pelas nomeações convidaram, responde José Sócrates, sabendo que outro qualquer do partido dele tinha feito o convite.
As peripécias que se sucederam apenas confirmam que ambos políticos estão ao comando de duas bem afiadas máquinas de mentira em propaganda.
Mas porque carga de água convidar alguém para um cargo qualquer há-de ser um pecado original? A aparente recusa de Joana só deveria ter deixado Louça mais confiante. Mas Louçã precisava lançar um aviso à navegação: que ninguém se infiltre no seu convento.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
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1 comentário:
Não diria melhor, já linkei! :)
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