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sábado, 29 de agosto de 2009

É SÓ SAÚDE....


Já para evitar bocas e meias verdades sobre o tema da saúde nos EUA, em Junho deste ano dei-me ao trabalho de recolher os dados necessários para poder comparar o sistema de saúde americano com o holandês (europeu). Um trabalho filho da puta, sobretudo tendo em conta que não percebo nada do assunto, nem é tema que me aquece ou arrefece...

Deviam estar todos de férias, o caso é que tive apenas três miseráveis comentários! Volto à carga.

O actual serviço de saúde nos Estados Unidos é mais caro que o Europeu e não é melhor. Mas atenção, parece haver nos EU uma modalidade do serviço de saúde que o Ministro holandês da saúde quer copiar – porque, segundo ele, é melhor e custa menos dinheiro!!!

Quais são as principais diferenças entre o sistema de saúde holandês e o americano:

Na Holanda, e ao contrário dos EUA, ter um seguro de saúde é obrigatório. Assim é que na Holanda toda a gente tem um seguro que é custeado a partir de duas fontes. Uma parte (igual para toda a gente) é paga pelo próprio utente directamente à companhia de seguros da sua escolha. Trata-se de uma quantia de ± 1000 euros por ano. A outra parte, 6,9%, é proporcional e é descontada mensalmente do salário (ou do subsídio de desemprego) de cada cidadão.

Os tais 6,9% que todos os utentes pagam na Holanda vão parar aos cofres do Ministério da Saúde - que cá se chama Ministério da Saúde Pública, do Bem-Estar e do Desporto – que seguidamente os vai distribuir pelas várias companhias de seguros segundo um critério baseado no risco de doença das pessoas inscritas.

O critério baseia-se em três factores de risco: idade, sexo e frequência no uso de serviços de saúde no passado.

Exemplo: uma companhia cuja maioria da sua clientela se situa entre os 20 e os 40 anos de idade vai, segundo o tal critério, logicamente receber do Ministério MENOS dinheiro do que uma seguradora com clientes em que a maioria tem uma idade mais avançada (leia-se, com maior risco de uso dos serviços de saúde). Pela mesma lógica, recebe MAIS dinheiro a seguradora que apresentar uma lista em que, independentemente da idade, os seus clientes se sirvam mais frequentemente dos serviços de saúde.

A esta distribuição do risco pela inteira população chamam os holandeses RISICOVEREVENING, que quer dizer COMPENSAÇÃO ou NIVELAMENTO do RISCO. (Há uma expressão idiomática portuguesa que descreve perfeitamente este conceito: distribuir o mal pelas aldeias.)

Desta forma está resolvido o problema da ACEITAÇÃO de qualquer cliente por parte das seguradoras, que na Holanda, como já vimos, e ao contrário dos EUA, é OBRIGATÓRIA. Um individuo pode sofrer de sida, asma e ainda ser tuberculoso que a companhia de seguros não lhe pode recusar um seguro. O enorme risco que esta pessoa acarreta para a seguradora é compensado (é pago pelos mais saudáveis) pelo Ministério com base no tal critério de 'nivelamento' ou 'compensação de risco'.

As diferenças entre o sistema de saúde Americano e o Holandês são basicamente as seguintes:

No sistema Americano,

- Não há obrigatoriedade de contrair seguro de doença.
- Não há obrigatoriedade de aceitação. As seguradoras americanas têm o direito de recusar um cliente com alto risco de doença.
- Não há compensação ou nivelamento do risco.

Três modalidades do sistema americano.

HMO (Health Maintenance Organization), que tem a particularidade de reunir numa só organização saúde e seguro. Nesta modalidade o utente não tem escolha, deve cingir-se aos serviços de saúde que fazem parte da organização, da HMO. Mas tem a vantagem de ser a modalidade mais barata e também a mais eficiente, porque reúne todo o tipo de serviços numa só organização. (Parece que ultimamente já existem certas HMOs que permitem uma escolha de serviços de saúde fora do âmbito dos seus contratos – mas os seguros devem provavelmente ser mais caros).

PPO (Prefered Provider Organization). Neste caso a seguradora tem contratos com uma maior variedade de serviços de saúde do que a HMO. O que significa que os utentes têm mais escolha, mas também o seguro é mais elevado.

II (Indemnity Insurance). Nesta modalidade, e ao contrário da HMO (seguradora e serviços de saúde formam uma e a mesma organização) e da PPO (seguradora tem contratos com serviços de saúde independentes da organização), a organização apenas oferece um seguro. O utente, por seu lado, usa os serviços de saúde que bem entender e apresenta depois a conta à seguradora. É escusado dizer que este seguro é bem mais caro que os dois anteriores...

Voltando ao Ministro holandês.

Apesar de normalmente os europeus não acharem que o serviço de saúde americano é o suco da barbatana, o Ministro está impressionado com a performance de uma grande seguradora americana da Califórnia tipo HMO (Kaiser Permanent), que além de vender apólices, oferece cuidados de saúde de grande qualidade a preços bastante razoáveis.

Mas a maioria do parlamento holandês ainda não está convencida. Os críticos vêem nesta combinação – seguradoras proprietárias de hospitais – uma incompatibilidade de interesses e o assunto está a ser estudado por terceiros. O Ministro, por seu lado, insiste que o sistema holandês é pouco eficiente: os utentes recebem cuidados de saúde aos bocados que eles próprios têm que juntar. Segundo ele este sistema lembra-lhe “uma pessoa que quer comprar um carro e é obrigado a comprar o volante num sítio e os pneus noutro!”

Na Kaiser Permanent, uma seguradora com 8,6 milhões de clientes, 32 centros de saúde, milhares de médicos e enfermeiras, os doentes recebem tratamento em cadeia e não são mandados de Herodes para Pilatos como na Holanda. Num só sítio recebem todos os cuidados que necessitam. Mas não têm a liberdade de escolha que existe na Holanda. Um americano que tenha uma apólice da Kaiser é obrigado a ir a um centro de saúde da Kaiser. Se quiser ir à concorrência tem que pagar do seu bolso...

Por enquanto uma maioria no parlamento holandês tem receio de quebrar o equilíbrio existente (independência) entre pacientes, companhias de seguro e serviços de saúde. Acham que se um obtém demasiado poder os outros podem ficar a ver navios. Mas reconhecem que o sistema holandês tem INCENTIVOS PERVERSOS. Por exemplo, as companhias de seguro não têm grande interesse em investir na saúde dos seus clientes, porque não sabem se serão eles próprios a colher os frutos. Os clientes podem, de um dia para o outro, passar para a concorrência que oferece um contrato mais barato. Por esta razão as seguradoras investem muito pouco na prevenção e em bons serviços médicos. E o facto dos serviços de saúde serem pagos por cada pessoa que tratam, ajuda a manter uma mentalidadse: quantos mais doentes melhor...

O Ministro está convencido que este dilema pode mudar se as seguradoras e os serviços de saúde se fundirem numa organização. Neste caso há interesse comum em manter as pessoas o mais saudáveis possível, porque isso faz baixar os custos. E também há interesse em oferecer serviços coerentes para prevenir ou diminuir certas doenças.

Cada vez há mais gente a sofrer de doenças crónicas ligadas a obesidade e diabetes. Quase 80% dos custos da saúde pública tem a ver com este tipo de doentes crónicos. É precisamente neste grupo de doentes que o Ministro, enfatizando a prevenção, pensa conseguir poupar o mais possível.

21 comentários:

Renato Bento disse...

Caro CdR,

tenho apenas uma questão: como é feita a gestão dos hospitais e do pessoal médico na Holanda? Estão vinculados ao Estado ou às empresas de seguro?

Carmo da Rosa disse...

Boa pergunta. Tenho uma vaga ideia mas não tenho certezas. Quando a minha mulher voltar das compras vou-lhe perguntar - ela é especialista neste assunto...

o holandês voador disse...

Tão ou mais importante do que mostrar as diferenças entre os sistemas dos EUA e da Holanda, é tentar perceber qual é o modelo por detrás dos sistemas em presença. É óbvio que as resistências às mudanças do sistema actual nos EUA têm a ver com os interesses da "industria da saúde" (a segunda industria mais rentável do Mundo a seguir ao armamento) nomeadamente as seguradoras privadas e a industria farmacêutica, que não querem perder os seus lucros fabulosos. Claro que num sistema ideal cada um devia poder fazer o seguro que mais lhe interessasse. Mas, isso, nos EUA e na maior parte dos países, não é possível. É por essa razão, que cerca de 50 milhões de americanos não têm qualquer seguro e quando adoecem são tratados como indigentes.
O modelo holandês - que de resto é comum à maior parte dos países do Norte da Europa - implicava (até 2008) uma taxa obrigatória para todos os cidadãos abaixo de uma fasquia nacional máxima. Todos aqueles que ganhassem acima dessa fasquia e/ou fossem funcionários públicos, não tinham acesso ao Fundo de Doença Nacional
(ZiekenFonds) e tinham de fazer um seguro privado que, muitas das vezes era mais barato do que o seguro nacional, mas deixava de fora algumas especialidades (dentistas, doenças terminais, etc.). Ao contrário do "ZiekenFonds", onde quem trabalhasse e/ou recebesse um subsídio (desemprego, incapacidade laboral, rendimento social mínimo, etc.) tinha direito ao tratamento de qualquer doença, as seguradoras privadas exigiam uma declaração do segurado relativamente a doenças como a hepatite ou HIV, que eram frequentemente recusados. Sei do que falo, pois tratei juridicamente de muitos destes casos.
O que se passa na Holanda é comum à maior parte dos Estados de Protecção Social (Welfare States) que têm cada vez mais dificuldades em arranjar receitas tributáveis para pagar um sistema de saúde que é, por definição, deficitário.
A escolha não está, por isso, entre o sistema dos EUA ou o sistema da Holanda, a escolha é entre um sistema onde só quem tem dinheiro tem acesso aos cuidados de saúde; ou um sistema, onde toda a gente tem esse direito, independentemente dos seus rendimentos (seja através de uma maior intervenção estatal, seja através de taxas de impostos progressivos, que é o modelo proposto por Obama).
Relativamente à questão do RB, os médicos na Holanda têm dois tipos de vínculo: ao estado (em regime de exclusividade) ou ao regime privado, dependendo da classificação do estabelecimento de saúde (ainda que alguns desses hospitais e/ou clínicas, estejam ligados a seguradoras).

Carmo da Rosa disse...

RB,

Segundo a minha patroa, não há cá nada veiculado ao estado, os médicos são pagos por entidades privadas, e acrescentou que os médicos holandeses são os mais bem pagos da Europa, apesar de se estarem sempre a queixar....... das costas!


@ holandês voador: « Tão ou mais importante do que mostrar as diferenças entre os sistemas dos EUA e da Holanda, é tentar perceber qual é o modelo por detrás dos sistemas em presença. É óbvio que as resistências às mudanças do sistema actual nos EUA têm a ver com os interesses da "industria da saúde" (a segunda industria mais rentável do Mundo a seguir ao armamento) nomeadamente as seguradoras privadas e a industria farmacêutica, que não querem perder os seus lucros fabulosos.»

Caríssimo,

O importante é mostrar apenas as diferenças e deixar as especulações sobre armamento e o maligno lucro ao critério de cada um. Porque o que transparece dos jornais da especialidade é que neste caso a resistência vem mesmo do ‘maldito’ povo: 50% dos americanos pensa que uma mudança no sistema de saúde vai fazer baixar a qualidade, e 75% estão mesmo convencidos que a qualidade oferecida actualmente é boa ou excelente.

E porque também, como disse há tempos um jornalista holandês: ”Mais um efeito secundário do capitalismo são os medicamentos. Actualmente já ninguém precisa de morrer de HIV. Porquê? Porque a indústria farmacêutica, sobretudo a dos EUA, obtém lucros fabulosos com o desenvolvimento de medicamentos.”

@ holandês voador: ”O modelo holandês - que de resto é comum à maior parte dos países do Norte da Europa - implicava (até 2008) uma taxa obrigatória para todos os cidadãos abaixo de uma fasquia nacional máxima.”

É quase isso, mas a tua informação está desactualizada porque se refere à situação de 2006, quando a lei mudou e deixou de haver diferença entre Fundo de Doença Nacional (Ziekenfonds, que os emigrantes portugueses designavam muito foneticamente por O CHICO AFONSO!!!) e o privado. Tudo é privado mas não podem fazer lucro. E, como já disse, são obrigados a aceitar toda a gente. Ah, e a minha patroa disse ainda, depois de ter lido o teu comentário em português sem a minha ajuda, que na Holanda, ao contrário de Portugal com o sistema da caixa, nunca existiu diferenças de tratamento. Os pobres e os ricos vão para os mesmo hospitais.

Mas, por favor, eu não quero discutir mais sobre doentes e hospitais. Quero discutir o islão, a esquerda, a direita, o desenvolvimento das suecas, a bola....

Anónimo disse...

Curioso a mistura dar resultado. O Estado interfere mas a coisa parece mais privada do que estatal

o holandês voador disse...

Quem iniciou a discussão sobre doentes e hospitais foste tu, não tens de te queixar. Eu também prefiro falar sobre suecas...
Três questões importantes:
1) se eu falei dos lucros da industria é porque essa é a questão central na discussão dos EUA. Não podemos analisar o sistema de saúde americano, se não tivermos este factor em conta. O facto de 75% dos americanos serem contra um sistema nacional de saúde, não é exemplo de nada. Obviamente que os que podem pagar não se interessam nada se os restantes 50 milhões podem fazê-lo...
2) Claro que há médicos holandeses em exclusividade do estado. Os médicos que controlam as baixas por doença (medicina do trabalho, por exemplo) são pagos por organismos estatais (GAK, etc.). O mesmo se passa com os médicos em hospitais do estado, como são todos os hospitais universitários (Akademische Ziekenhuizen, por exemplo). O que acontece é que nesses hospitais também há médicos em regime privado.
3) É verdade que os segurados do ZiekenFonds (até 2006) e os segurados privados, têm acesso aos mesmos hospitais, mas, de acordo com os seguros, têm (tinham) de pagar taxas de intervenção diferentes e recebiam tratamento diferenciado. Por exemplo, eu fui operado em 1979 num hospital de orientação protestante (Andreas Ziekenhuis) e porque tinha um seguro de estudante (categoria 3) puseram-me no primeiro andar de uma enfermaria geral. Por coincidência, nessa mesma semana, esteve lá internado o Den Uyl (ex-primeiro ministro) que ficou num quarto particular, no sexto andar. Ficámos ambos no mesmo hospital, por ser o hospital da área geográfica onde viviamos, mas tivemos tratamento diferenciado. A razão: dois tipos de seguro diferentes. Ele tinha um seguro privado e eu não. Mas, fomos os dois atendidos. Ora, isso, nos EUA, não é possível.
Resumindo: os modelos de saúde não são independentes dos regimes políticos onde estão inseridos e não podem ser comparados como fenómenos desligados da ideologia vigente. Não é EUA versus Holanda, é regime neo-liberal versus regime social-democrata, ainda que ambos dentro do mesmo sistema económico (neste caso, capitalista). Portugal, que também está dentro do mesmo sistema económico, tem um sistema misto: toda a gente tem direito a usufruir do Sistema Nacional de Saúde (SNS), sendo que este é tendencialmente gratuito. Há pessoas que estão isentas de qualquer pagamento (+ de 65 anos ou com baixos rendimentos) e outras que pagam taxas moderadoras (de acordo com os seus rendimentos). Quem desejar, é livre de fazer um seguro privado, mas não perde o SNS por isso.
Vantagens: no SNS os tratamentos são tendencialmente gratuitos e, de acordo com as doenças, podem demorar mais ou menos tempo a serem atendidos; enquanto no sistema privado, paga-se sempre, mas é-se atendido rapidamente.

Unknown disse...

HV, você dá uns bons aportes à discussão, mas perde-se nos chavões.
Chama "neoliberal" ao país do Sr Obama.
POrque razão?
Você tem a certeza que sabe o que é "neoliberal"?

Quanto ao atendimento, já foi bastas vezes explicado que nos EUA os pobres têm um sistema estatal ( Medicare) e os velhos tb ( Medicaid".
Tal como na Holanda, vão aos Hospitais privados e o Estado paga.
Paga muito, pelas razões que já foram referidas.
Os que não têm assistencia são os tipos que não querem fazer seguro.
Não são pobres, senão tinham o Medicare, mas acham que não têm dinheiro para um seguro, ou acham que não vão ficar doentes, ou acham que outros devem pagar pelas suas opções.
Não se admire...já vi muita gente de cigarro na boca bramir que não tem dinheiro para comprar os livros escolares dos filhos.

Fazendo contas simples, um maço de tabaco por dia, num ano dá para comprar livros escolares para 4 filhos.

Opções!

Não se devem proteger as pessoas de si mesmas, embora seja isso que os modelos socializantes perseguem: tornar-nos todos dependentes de um grande e afável Papá, que vela por nós, nos alimenta, nos veste e nos dá umas cinturadas para nosso bem, quando acha necessário.

Já agora, na Holanda, é o Estado que define o risco das empresas de seguros?
E como o faz?
Quem é o Van, que emite esses numeros olimpicos? É um anjo?
E se a realidade não se acomodar nas decisões administrativas do burocrata?

o holandês voador disse...

Lidador:
O facto do Obama estar (há sete meses) no poder não quer dizer que o sistema tenha mudado. O sistema é o mesmo. O presidente é que mudou e está a querer introduzir uma graduação no sistema de seguros de saúde. Isso não é o mesmo que querer toda a gente no seguro nacional, mas que toda a gente tenha direito ao seguro nacional. Não é verdade que os 50 milhões que estão fora do sistema não queiram pagar. O que se passa é que os preços são de tal forma absurdos que grande parte dos americanos não têm dinheiro para ter um seguro razoável. Tenho muitos amigos nos EUA e sei quanto é que eles pagam.
Na Holanda, até 1 de Janeiro de 2007, as pessoas com rendimento anual inferior a +- 50.000 euros tinham direito ao chamado Fundo de Doença (Nacional). Os impostos são progressivos e variam de acordo com os ordenados:
eu pagava uma taxa média de 43% (o subsídio de férias era taxado a 56%). Mas como era funcionário público tinha de fazer o meu próprio seguro. Quem não era e ganhava menos do que a fasquia, pagava cerca de 9% para a seguro de saúde. Já no outro extremo do spectrum, o CEO mais bem pago da Holanda (o presidente da Philips) pagava 73% de impostos e tinha de fazer o seu próprio seguro.
O que se passa é que o sistema nacional se tornou demasiado caro e o governo resolveu liberalizar o sistema. Menos dinheiro para a saúde, mais opções de escolha nos seguros. Resta saber se os serviços de saúde melhoram. Este, é de resto, um debate que está a ser feito em toda a Europa, devido ao envelhecimento da população e à percentagem cada vez menor de pagadores de impostos.

Carmo da Rosa disse...

@ holandês voador: ”Quem iniciou a discussão sobre doentes e hospitais foste tu, não tens de te queixar. Eu também prefiro falar sobre suecas...”

Pois fui, mas porque me irrita ouvir bocas sem saber do que se trata. Uns dizem que o sistema americano é bom. Outros que o sistema europeu é fantástico, mas ninguém explica como funcionam. Tive que ser precisamente eu, que não percebo nada do assunto nem gosto do tema. Já é azar...

Tu insistes no factor dos lucros, mas sinceramente que não estou a ver em que isso possa ser importante. Mesmo que os americanos adoptem o sistema de saúde holandês em 100% (que eles chamam sistema ‘soviético’) não há impedimento nenhum da industria farmacêutica continuar a fazer lucro.... Caneco, a indústria farmacêutica está feita para isso, para fazer lucro, não a devemos confundir com a Cruz Vermelha.

Na minha modestíssima opinião a crítica a fazer ao sistema de saúde nos EU não é a qualidade, que é excelente, segundo os entendidos, mas o facto de não abranger toda a gente.

@ holandês voador: ”Claro que há médicos holandeses em exclusividade do estado. Os médicos que controlam as baixas por doença (medicina do trabalho, por exemplo) são pagos por organismos estatais (GAK, etc.).”

Bom, lá tive que imprimir a tua resposta outra vez para a dar a ler à minha patroa – faz-lhe bem, melhora o português.

A patroa manda dizer:

O GAK já não existe e os médicos a que te referes (controlam as baixas por doença). Só controlam, não curam, por isso não fazem parte do sistema nacional de saúde e são funcionários ao serviço do Ministério dos Assuntos Sociais (Sociale Zaken) – não do Ministério da Saúde.

Os Hospitais Universitários (Akademische Ziekenhuizen) são 8 dos 100 e, no que diz respeito à actividade de assistência médica, curar pessoas, são pagos pelas seguradoras. Para a actividade académica (pesquisa e educação/formação de médicos) é o Ministério da Educação que arrota com o cacau.

Não percebo, e ela ainda menos, o que queres dizer com ‘tratamentos TENDENCIALMENTE gratuitos’!!!

Eh pá, tu como estudante (ainda por cima estrangeiro) não teres tido o direito a um quarto particular no hospital igualzinho ao do Primeiro-Ministro, é realmente..... muito realmente!

Mas um doente privado pagando mais pode ter o tal quarto particular igual ao do PM. Ao contrário de Portugal, onde não há diferença é no TRATAMENTO MÉDICO nem na lista de esperas, que é igual para todos – menos para o PM e jogadores de futebol...

Nobody is perfect.

Unknown disse...

Holandes, acaba de introduzir um termo ( preço absurdo) que não é quantificável, e cuja subjectividade torna impossível qq discussão.
O sistema americano paga aos pobres. E paga principescamente. E pobres, segundo a categorização americana, são, como o RB já indicou, gente que por cá seria considerada rica.

Se pessoas que não são pobres, acham que os preços são absurdos, estão no seu direito. Mas os outros, os que pagam, tb estão no direito de achar que não têm de pagar as opções que cada um faz, segundo conceitos que ele mesmo define.

É que se o conceito de "absurdo" for definido por cada um, eu mesmo posso achar absurdo o preço que pago pelo gasóleo e exigir que o Estado o pague.

Quanto aos 50 000 euros, que dão direito a ser pobre aí na Holanda, aqui definem "os ricos", aqueles sobre quem recaem as taxas mais "absurdas " do IRS.

By the way, no Universidade de Harvard, por exemplo, um estudante cujo agregado familiar tenha menos de 60 000 dólares por ano, não paga nada.
É tudo de borla.

Sabe, esta discussão é interessante porque toca nas funções do Estado, que só neste século passaram a incluir o "bem-estar".
O problema é que a burocracia para propiciar esse bem-estar cresceu na medida da dimensão do próprio conceito de "bem-estar", e virou ideologia. Ideologia socializante.
E está a acontecer o que aconteceu nos países do socialismo real: o estado começa a comer a carne daquilo que era suposto ser o esqueleto. A despesa aumenta, a receita fiscal não pode acompanhar, e entra-se no círculo vicioso da pauperização.
Se levado ao extremo, seremos todos iguais e todos igualmente pobres.
É esse o mundo que você deseja para os seus filhos?
Estou em crer que não...

o holandês voador disse...

CdR:
1) Eu não sou contra o lucro. Não podemos é ignorar esta variante na discussão actualmente em curso nos EUA. Por alguma razão as seguradoras e a industria farmacêutica se opõem ao plano do Obama, tentando convencer os americanos de que um sistema nacional de saúde é funesto para os utentes. Isto, porque não querem ter concorrência. Ora os utentes (os tais 50 milhões e os outros que não podem pagar) querem o sistema nacional de saúde.
2) "Tendencialmente gratuito", quer dizer, é gratuito em princípio, mas pode ter de pagar-se uma taxa moderadora (simbólica) para aceder ao tratamento. Por exemplo, a minha mãe (92 anos) não pagava nada. Eu, se quiser uma consulta, pago uma taxa moderadora (4,5 euros).
Agora, vou ter de sair.

o holandês voador disse...

Lidador:
Estou de acordo que a (excessiva) influència do estado pode ter efeitos nocivos. Também sei que sistemas como os da saúde são, por norma, deficitários. Mas, prefiro um sistema onde o sistema de saúde, a educação e a justiça, sejam tendencialmente gratuitos e aos quais possam aceder todos os cidadãos em igualdade de circunstância, do que um sistema onde só quem tem dinheiro pode usufruir desses direitos. Trata-se de uma questão civilizacional, como deve perceber. Ora os sistemas são mais ou menos evoluidos de acordo com o seu grau de desenvolvimento. Por essa razão, o sistema de saúde dos EUA está em 37% lugar no índice do PNUD e os países europeus do Norte da Europa estão entre os dez primeiros...Vá lá saber-se porquê!

Luís Oliveira disse...

Continuo a dizer que o que tem que se comparar são os resultados obtidos com os gastos públicos nos vários países. Nessa medida os USA são tão bons ou tão maus como os restantes países europeus.

A fantasia dos Pintos e mls deste mundo é a de que, se o dinheiro gasto pelos privados nos USA passasse para a mão de uns tipos esclarecidos (como eles próprios, p ex), duplicando assim o orçamento estatal, se obteriam forçosamente melhores resultados.

Mas basta ver o que aconteceu recentemente no UK, para perceber que isso não é assim. Os gastos com a saúde aumentaram astronomicamente com o New Labour, no entanto a qualidade dos serviços de saúde continua a degradar-se.

Mas que importa que os ingleses tenham que arrancar os próprios dentes com alicates? A medicina dentária no UK é "gratuita", e de qualquer forma o que conta são as intenções, e não os resultados!

Luís Oliveira disse...

Se a Saúde é demasiado importante para deixar nas mão dos temíveis “privados”, que dizer da Alimentação?

Não será altura das mercearias, padarias e restaurantes da nação começarem a ser controlados pelo Estado?

Vamos deixar uma coisa tão importante como a comida dos nossos filhos sujeitas à lei do lucro selvagem??

Vejam aqui:

http://thepeoplescube.com/red/viewtopic.php?t=3927

Luís Oliveira disse...

Ao cuidado do Pinto:

Para denunciar os (fiéis) inimigos do povo: flag@whitehouse.gov

RioDoiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
RioDoiro disse...

Parafraseando o LO,

Se a alimentação é demasiado importante para deixar nas mão dos temíveis “privados”, que dizer da actividade sexual?

Ahhh... mas bem vistas as coisas, o estado já está nela metido até aos tomates!

Volando à alimentação, Chavez (vai em bom ritmo) e Mugabe, como em todos os paraísos socialistas, trataram e garantir que a actividade que trabalha para a exercitação das mandíbulas humanas era convenientemente ultravisionada pelo estado. Nos paraísos que ruíram nos anos 80, criou-se um sistema a duas velocidades, A nomenklatura comia, ou outros ficavam a ver. No Zimbabwe a coisa acabou nas mãos do mercado negro a preços de moeda estrangeira abolida que acabou por ser a moeda nacional.

Claro que estes últimos dos casos são 'elegantes'. Nada de sistemas em que uns podem escolher e os mais tesos são, de qualquer forma, assistidos.

Há por aí a circular na net uma imagem em que uma criança, caída por terra, dá o último suspiro sob o olhar de um abutre.

A imagem está bem enquadrada, a iluminação é perfeita, equilíbrio de forças uma maravilha ...

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
RioDoiro disse...

Isolei o cometário acima porque me cheirava a phishing.

http://en.wikipedia.org/wiki/Phishing

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
RioDoiro disse...

...idem.