A mudança é bela e agradável até se sentir as consequências dela, pensarão certamente alguns dos Norte-Americanos que votaram em Barack Obama. Na Europa, pelo contrário, o sentimento é de que a mudança ainda não é suficiente, longe disso, sendo que algumas das mudanças (de carácter muito simbólico e pouco prático) têm sido acompanhadas por continuações dignas de um qualquer hard Republican.
No fundo, aquilo que é visível é que todos se começam a desiludir. O fenómeno é facilmente explicável, tanto mais não seja pela confusão que reina na compreensão de quem é Obama e do que é que este quer, confusão que é, aliás, promovida pelo próprio. E esta confusão não afecta apenas o comum cidadão, pois confunde também as mais proeminentes figuras do ramo da Ciência Política e das Relações Internacionais, que se dividem, que duvidam e que desconhecem as intenções e as consequências de várias medidas de Barack Obama.
O Zé Povinho é bem mais prático na avaliação e, quando lhe cheira a esturro, joga à defesa. Nos Estados Unidos começa-se a torcer o nariz à "mudança", ai povo ignorante, e Obama vem por aí abaixo nas sondagens, adivinhando eu que em 2012 o homem vai cair fora de forma clara.
Como se justifica o facto de os Republicanos estarem pela primeira vez, em muitos anos, à frente dos Democratas em assuntos como a Segurança Social e a Saúde? Como se justifica que a maioria dos Norte-Americanos seja contra o fecho de Guantánamo e que 3/4 deles revele ter medo do fecho da prisão? Como se justifica a resistência à mudança no sistema de Saúde? As principais linhas programáticas de Obama encontram-se em xeque, precisando o Presidente de recorrer às suas já famosas habilidades para que volte à mó de cima e consiga levar a sua avante.
As coisas não estão fáceis e episódios como o do polícia e do professor não ajudam nada Obama: não só pela estupidez da sua intervenção no caso como pelo facto de este ultrapassar largamente as suas competências. Não saberá Obama isto? Não estudou ele em Direito em Harvard?
Na política internacional, apesar da vontade de fazer "História" e de regressar à acção concertada das Nações, acção essa que deverá ser promovida pela ONU, Obama tem-se espalhado constantemente ao comprido, acumulando erros, demonstrando indecisões, afastando amigos e demonstrando fraqueza aos inimigos.
Se, na Europa, Obama continua a merecer toda a confiança, as coisas estão bem longe de ser como o eram em Novembro último, quando foi eleito. O fechar de Guantánamo não foi nem é suficiente para animar as hostes da velha Europa, antigamente unilateral e agora acérrima defensora do multilateralismo (pela perda de preponderância e capacidade para ser unilateral). É uma questão de tempo até o anti-Americanismo voltar áquilo que era e áquilo que sempre foi e sempre será.
No tocante ao conflito Israelo-Palestiniano, apesar da vontade de Obama para fazer impôr as suas visões, o Presidente tem levado coices tanto de Netanyahu como do próprio Congresso, que recentemente aprovou mais um pacote de ajuda militar a Israel e que tem, através das mais variadas figuras, pertencentes aos quadros de ambos os partidos, visitado Israel e demonstrado compreensão pelas posições Israelitas em relação aos colonatos e a Jerusalém. Como consequência, Obama tem pedido a Mitchell para acalmar os cavalos, sendo possível agora um acordo que satisfaz muito mais os Israelitas do que os Norte-Americanos.
24 comentários:
Acho muita graça a isto e rio-me mesmo, sabe? O ‘rapazinho’ ter vencido o ‘senador’ foi um golpe demasiado penoso na causa dos sem-causa e há que aproveitar as pequenas alegrias.
Com 51% de aprovação na área do emprego, Barack Obama está perto de cair abaixo do nível da sua base de apoio, como aconteceu com todos os presidentes do pós-guerra, excepto dois. E historicamente, os presidentes sempre regressaram a uma base de apoio maioritária depois da queda inicial abaixo dos 50%. (Gallup)
Então deu-me alguma curiosidade e fui procurar quem tinham sido os American rangers que se tinham aguentado bem na sela nos primeiros rounds.
E quem havia de ser? Nem mais nem menos do que dois que não conseguiram ser reeleitos no final do primeiro mandato: o Bush-pai e Jimmy Carter.
Por outro lado, embora Bush- filho e Bill Clinton tenham tido índices de aprovação extremamente baixos aos 180 dias - Clinton desceu a 41% - ambos alcançaram um segundo mandato.
Como diz o USATODAY, GRRRRRRRRR!!!!!, Não é tão mau para Obama como pode parecer: a barreira dos seis meses tem provado não ser um indicador particularmente fiável em relação à carreira futura dos presidentes.
Ou como dizia eu quando jogava às cartas com os meus irmãos e entrava a perder, ‘o primeiro milho é para os pardais’.
E tudo isto para lhe dizer o quê, meu caro RB? Que a sua alegria pode ser efémera. E queira deus nosso senhor que o seja, pela parte que me toca. Haja alguém que limpe o lixo que o idio... o Bush por cá deixou.
Mas nunca se sabe, não é verdade? E mesmo que os seus auspícios para 2012 lhe traiam o voluntarismo, pelo menos por agora anda feliz com a esperança de que tudo corra mal.
É realmente a da saúde a reforma que mais atrapalha a vida ao Obama, tal como atrapalhou a do Clinton, que perdeu, só que não tenho stock suficiente de inteligência para entender como que é um europeu, que tem à sua disposição condições inimagináveis para a maioria dos americanos, pode congratular-se com um sistema aberrante e desumano. Mas entendo bem demais que, se os que estão bem de saúde forem assim tão ‘compassivos’ como os seus compatriotas sulistas no tempo do esclavagismo, bem pode o Obama preparar-se para uma prolongada ‘guerra das seguradoras’, se é que alguma vez conseguirá dar a volta àqueles para quem os doentes são apenas consumidores de saúde.
Mas segundo leio, o que verdadeiramente se está a revelar um nó górdio para a presidência é a guerra do Afeganistão, sem fim à vista e com baixas que se acumulam dia-a-dia. E a do Iraque, um crime de guerra que ficará como um marco de ganância, só explicável à luz dos tempos áureos das imoralidades económicas.
Já não se pode colar um país que ficou em cacos, não se pode dar vida às dezenas de milhar de mortos. E aqui, dizem os analistas americanos, Obama vai provavelmente ter a sorte do Johnson, rebentar-lhe a ele a boca quando os figos foram comidos por outros.
"Por outro lado, embora Bush- filho e Bill Clinton tenham tido índices de aprovação extremamente baixos aos 180 dias - Clinton desceu a 41% - ambos alcançaram um segundo mandato."
Deveria eu, portanto, levar os indicadores que são maus para Obama como bom presságio para a eleição de 2012?
"que tem à sua disposição condições inimagináveis para a maioria dos americanos, pode congratular-se com um sistema aberrante e desumano."
Agora pergunto-lhe: o que pensam os Americanos sobre o assunto?
"como os seus compatriotas sulistas no tempo do esclavagismo"
Como este? http://en.wikipedia.org/wiki/George_Wallace
Deveria eu, portanto, levar os indicadores que são maus para Obama como bom presságio para a eleição de 2012?
Não sei, isso é consigo. Como é tão pressuroso em seleccionar o pior, talvez uma olhadela no que escrevem outras fontes não fosse má ideia para um comentador da actualidade política. Isto se quiser realmente ser minimamente objectivo, mas pode até nem lhe interessar.
o que pensam os Americanos sobre o assunto?
E acha que a questão é essa? Então devolvo-lhe a pergunta: o que pensam os franceses sobre a política 'invejosa' da França? E os holandeses sobre o 'baixar as calças' da Holanda? E os suecos sobre o 'antiamericanismo' da Suécia?
Como este?
Sim, como esse e muitos outros.
Meu caro RB, não me atribua raciocínios à Fiel.
"E acha que a questão é essa?"
Sim e não. O que é curioso é que se comente o assunto problemático da Saúde nos Estados Unidos como se os cidadãos Americanos quisessem efectivamente a mudança pura e radical deste macabro Sistema de Saúde.
O que as sondagens nos dizem, tal como conversas que tive com diversos Americanos, de Republicanos a Democratas, é que a maioria dos Americanos está satisfeita com o seu sistema de saúde e com o seu Seguro. O número de pessoas contra um Serviço Nacional de Saúde aumenta quando se pergunta se estaria disposta a uma subida de impostos, algo inevitável para a construção de um Serviço Nacional de Saúde.
"Sim, como esse e muitos outros."
E acha que eu tenho compatriotas Sulistas do tempo do esclavagismo? Aquilo que eu tenho é uma enorme felicidade ao perceber que, 150 anos depois de ter defendido o esclavagismo na Guerra Civil e 40 depois de ter um candidato manifestamente esclavagista, o Partido Democrata elege o Primeiro Presidente negro para a Presidência.
Como se diz frequentemente: "only in America"
O número de pessoas contra um Serviço Nacional de Saúde aumenta quando se pergunta se estaria disposta a uma subida de impostos, algo inevitável para a construção de um Serviço Nacional de Saúde.
Sim? Da última vez que reparei, os EUA tinham o sistema de saúde mais absurdamente gastador do mundo. E sabe o que quer dizer quando se gasta muito dinheiro e se obtêm resultados miseráveis, não sabe? Pois é, ineficiência. Mas na cabeça dos fundamentalistas de mercado isso é coisa que nunca há-de entrar.
E acha que eu tenho compatriotas Sulistas do tempo do esclavagismo?
Nem tal me passou pela cabeça. Que eu saiba, não é americano para que os ‘compatriotas sulistas’ se lhe possam aplicar.
O número de pessoas contra um Serviço Nacional de Saúde aumenta quando se pergunta se estaria disposta a uma subida de impostos
Ah, bom, assim está bem, a escravatura também lhes ficava muito mais barata, é um critério tão bom como qq outro quando se trata de coesão e solidariedade nacional.
Daqui a 150 anos, os bisnetos dos americanos que agora se opõem à reforma do sistema de saúde, presumivelmente para pouparem uns dólares, olharão para trás e perguntar-se-ão se, para compensar a insensibilidade social dos seus avós, não seria melhor elegerem para presidente um sem-abrigo.
É verdade, só os Estados Unidos para uma reviravolta radical que na Europa seria completamente inviável, pelo menos para já, e essa é uma das razões pelas quais gosto daquele país. Uma apenas, porque tenho outras que dão a medida dos ideais com que foram fundados. Só é pena que os émulos do mundo interno não só lhes passem a mão pelo pêlo pelas piores razões, como comecem já a rezar-lhes pela pele.
Caro Sérgio e cara ml,
o assunto é delicado e há muita coisa estranha em torno de toda esta questão.
Como todas as coisas, os Serviços de Saúde existentes nos Estados Unidos têm pontos negativos e positivos, tal como aliás os Serviços Nacionais de Saúde geridos e financiados pelos Estados, existentes na Europa.
Seriam necessários vários dias para conseguirmos descobrir os problemas e as diferenças entre os sistemas existentes nas duas regiões, creio que tal é consensual. Eu, como não sou expert na matéria, tenho sempre a aprender com a ml e com o Sergio, que me parecem não basear a sua opinião em filmes do Michael Moore (que, porém, são sempre engraçados de ver).
A questão, meus caros, é que é preciso ter muito cuidado quando se fala do Sistema de Saúde Norte-Americano:
Em primeiro lugar porque a esmagadora maioria das pessoas já vem com uma ideia feita e preconcebida do sistema de saúde em questão;
Em segundo lugar porque o Sistema de Saúde adoptado nos Estados Unidos está muito longe de ser uniforme. Existem diferenças substanciais entre os Estados, quer na forma como o Governo Local interfere na questão quer na forma como os privados fornecem os cuidados de saúde;
Em terceiro lugar porque existem problemas com os quais não estamos habituados a lidar, como o facto de existirem pessoas sem conseguirem recorrer ao Sistema de Saúde. A não Universalidade choca a todos, embora não tanto como o encarar do Sistema de Saúde como um mercado onde existe oferta e procura (algo que acontece também na Europa, onde os privados correm paralelamente com os públicos, sendo que os primeiros são conhecidos por prestarem melhores serviços);
Em quarto lugar porque nem tudo é mau no Sistema de Saúde Norte-Americano, e este é o ponto que me faz discutir com ambos. Os grandes gastos do Estado na matéria, apesar de não surtirem efeito no avanço de um Sistema de Saúde plenamente estatal e universalizado, surtem efeito em muitas outras áreas, nomeadamente no avanço tecnológico. É preciso recordar que os Estados Unidos são líderes mundiais na inovação e tecnologia na Medicina, na produção de medicamentos e vacinas (e estão no topo da doacção destes a países pobres), tal como em muitos outros ramos da mesma área, como obviamente saberão.
Nós, na Europa, agradecemos este último ponto, pois consumimos da inovação e tecnologia Americana, algo em que somos largamente ultrapassados.
Curioso seria observar, de igual modo, quem ganhou, nos últimos 50 anos, o Prémio Nobel da Paz. Figuram diversos Americanos e, quando não são Americanos, observarão que a maioria deles desenvolveu trabalho nos Estados Unidos, para empresas e indústrias Norte-Americanas, as únicas com capacidade de promover a inovação na Medicina.
O facto de o Sistema de Saúde não ser Estatal dá aos privados a oportunidade de entrarem nos mercados, com todas as consequências que daí nascem. Uma delas é a inovação, algo que só é possível a esta velocidade graças aos diversos grupos Norte-Americanos, que são, por motivos óbvios, procurados por todos os médicos, fisicos, quimicos, etc de todo o Mundo.
*Prémio Nobel da Paz.
substituir por Prémio Nobel da Medicina
Ricardo,
Problemas com os seus argumentos:
Os grandes gastos do Estado na matéria, apesar de não surtirem efeito no avanço de um Sistema de Saúde plenamente estatal e universalizado, surtem efeito em muitas outras áreas, nomeadamente no avanço tecnológico. É preciso recordar que os Estados Unidos são líderes mundiais na inovação e tecnologia na Medicina, na produção de medicamentos e vacinas
1) Não sei se os seus dados são exactos ou não, mas assumamos que até são.
2) A produção de medicamentos e vacinas está ligada à indústria farmacêutica, pelo que é complicado perceber em que é que é o facto de o sistema de saúde ser privado e não universal que leva à produção de vacinas e medicamentos. Afinal, se uma pessoa está doente, vai sempre precisar de medicamentos, independentemente do sistema de saúde; e as vacinas poderiam, na melhor das hipóteses, estar ligada ao sistema de patentes (e não é propriamente linear que este seja o melhor, mas também não vem ao caso agora). Já agora, sempre lhe digo que boa parte das maiores farmacêuticas nem são americanas (Novartis, Bayer, GSK...).
3) Avanço tecnológico e inovação: bem, não sei exactamente o que inclui aqui, vou assumir que quer dizer equipamentos hospitalares e inovação de tratamento. Os primeiros seriam sempre precisos, independentemente do sistema, pelo que não explica que haja qualquer melhoria em ser privado; o segundo presumo que estará ligado a gastos de investigação de universidades e farmacêuticas (é palpite, posso estar enganado, claro).
Conclusão: este seu argumento não parece colar.
Curioso seria observar, de igual modo, quem ganhou, nos últimos 50 anos, o Prémio Nobel da Paz. Figuram diversos Americanos e, quando não são Americanos, observarão que a maioria deles desenvolveu trabalho nos Estados Unidos, para empresas e indústrias Norte-Americanas, as únicas com capacidade de promover a inovação na Medicina.
Não tive pachorra para ir procurar os últimos 50 anos, mas fiz as contas desde 1980.
Em termos de Nobel per capita, ficam atrás de RU, Suíça, Austrália, Suécia e Dinamarca. Pode dizer que nestes últimos o facto de serem muito pequenos e tal distorce um bocado os resultados, mas não explica o caso do RU (sim, vi só por nacionalidade, obviamente não sei onde trabalham e isso demoraria muito mais tempo).
O facto de o Sistema de Saúde não ser Estatal dá aos privados a oportunidade de entrarem nos mercados, com todas as consequências que daí nascem. Uma delas é a inovação, algo que só é possível a esta velocidade graças aos diversos grupos Norte-Americanos, que são, por motivos óbvios, procurados por todos os médicos, fisicos, quimicos, etc de todo o Mundo.
Não percebi o que é que este parágrafo queria dizer...
"A produção de medicamentos e vacinas está ligada à indústria farmacêutica, pelo que é complicado perceber em que é que é o facto de o sistema de saúde ser privado e não universal que leva à produção de vacinas e medicamentos."
Complicado? Não vejo nada de complicado Sérgio. Não sei se me fiz entender bem: o que leva à produção de mais e mais desenvolvidas vacinas, de mais e melhores medicamentos é o facto de existir um sector fortemente desenvolvido e fortemente competitivo. Esse sector existe nos EUA, tanto quanto sei.
"Em termos de Nobel per capita, ficam atrás de RU, Suíça, Austrália, Suécia e Dinamarca."
Nobel per capita? LOL. Mas tente ver onde eles trabalharam e desenvolveram o seu trabalho. Não é ao acaso para onde eles vão o que ajuda, em parte, o ponto anterior, onde disse que os EUA estão na vanguarda da tecnologia e inovação na área da Saúde (medicamentos, vacinas, tratamentos, etc).
Não sei se me fiz entender bem: o que leva à produção de mais e mais desenvolvidas vacinas, de mais e melhores medicamentos é o facto de existir um sector fortemente desenvolvido e fortemente competitivo.
Mas que sector é que é fortemente competitivo? O farmacêutico? O que tem isso a ver com o facto de o sistema de saúde ser privado? Acha que por ser privado os doentes consomem mais aspirinas?
E, repito, boa parte das maiores farmacêuticas são europeias. A menos que você saiba onde é que cada uma tem os centros de investigação...
Mas tente ver onde eles trabalharam e desenvolveram o seu trabalho. Não é ao acaso para onde eles vão o que ajuda, em parte, o ponto anterior, onde disse que os EUA estão na vanguarda da tecnologia e inovação na área da Saúde (medicamentos, vacinas, tratamentos, etc).
Não faço ideia onde trabalham, como disse. De qualquer forma, também tentei explicar porque razão esse argumento, mesmo que trabalhassem todos nos EUA, não me parece plausível.
RB, um sistema de saúde que tem mais vantagens do que desvantagens é o sistema que cumpre o objectivo primeiro para que foi criado, fornecer cuidados de saúde à generalidade da população. Se um país é pobre, espera-se um sistema que distribua o mal pelas aldeias, apenas os serviços que consegue suportar. Se um país é rico, espera-se que trate os seus cidadãos, privada ou estatalmente, de acordo com os meios de que dispõe, sem deixar ninguém para trás.
Não vejo que possa haver outro critério que o da funcionalidade em relação às metas naturais.
A parte da investigação já me parece pertencer a uma outra esfera independente da oposição público/privado, como o mostram os Nobel nos países de sistema estatizado. Aliás, creio que a avaliação das universidades entra em linha de conta com a investigação e o RU é dos países que emparelha com os EU nos primeiros lugares. Se fizermos as contas como o Sérgio propõe, instituição per capita, e com as quais estou plenamente de acordo, os britânicos lideram de longe no ranking universitário.
Mas sabe, RB, não me incomoda nada que haja seguradoras interessadas nesse mercado, desde que existam ‘consumidores’ interessados e que cumpram o que se espera, que é dar a saúde máxima aos cidadãos contratantes. O que já me incomoda é que um país, rico, sujeite deliberadamente a saúde da totalidade dos seus cidadãos às regras do ‘mercado’ porque não há alternativa. Não é uma escolha, não é a insatisfação com o que o estado oferece, é o ter que aceitar contratos recheados de excepções, limites de idade, tectos máximos de despesas, limites de tratamentos, menus de saúde de acordo com o dinheiro que se pode despender.
Nesta área, isto choca, não somos automóveis, mais jante menos aleron. Por isso tantos milhões ficam à margem e outros tantos a pouco mais têm direito do que sofrer de gripe.
Esta angústia da população é visível até em filmes e em qq série de TV.
Como diz um estudo de uma instituição de Singapura (e sobre isto há mais um episódio memorável do nosso estimado), país onde a saúde é privada mas universal (8º lugar no ranking da OMS), o sistema de saúde americano, desorganizado, desequilibrado, injusto e gastador, é mais um seguro de vida para os privados do que um seguro de saúde para os americanos.
Ora viva.
De passagem, porque não tenho mto tempo, mas esta discussão é interessantíssima.
Já escrevi algures um post sobre esta matéria, mas deixo apenas dois argumentos.
Sobre o custo do actual sistema de saúde americano:
É de facto bastante oneroso, mas a razão é conhecida e difícil de atalhar a menos que se confrontem as liberdades básicas. Tem a ver com a conflitualidade jurídica. Os agentes de saúde têm uma grande probabilidade de serem processados por erros, pelo que são obrigados a fazerem seguros caríssimos. O custo dos prémios é passado ao cliente, como é evidente.
Nós por cá é mais come e cala. É essa a razão pela qual 2 meses depois do que se passou em Santa Maria, está tudo em águas de bacalhau e provavelmemte quem se irá lixar são as vítimas.
De qq modo os americanos têm estado a debater este assunto e parece que não estão a comprar as maravilhas imaginárias que os socialistas lhe querem vender.
Quanto aos "Nobel per capita", o SP tem uma curiosa visão nacionalista e xenófoba nesta matéria, o que demonstra que a sua opinião é basicamente determinada pela raiva aos "amaricanos".
Ó homem, não se está aqui a discutir a inteligência relativa dos povos. Se for por aí, facilmente verificará qie no "per capita", são os judeus que levam a palma, por razões que têm a ver com o modo como as famílias sempre educaram os filhos.
Os EUA estão à frente nesta e noutras matérias, porque têm um sistema que propicia a criatividade e a inovação.
Tem a ver com lucro, liberdade, falta de centralismo, etc.
Aquilo que o meu amigo detesta.
Se um sistema estatista e socializante fosse bom, a inovação viria da Coreia do Norte e de Cuba.
Não é o caso....
"Mas que sector é que é fortemente competitivo? O farmacêutico? O que tem isso a ver com o facto de o sistema de saúde ser privado? Acha que por ser privado os doentes consomem mais aspirinas?"
O farmacêutico e, supostamente, o Sistema de Saúde. É pelo facto de o primeiro ser privado que se produzem mais e melhor aspirinas; o consumo, esse, está a cargo do consumidor.
Cara ml,
"fornecer cuidados de saúde à generalidade da população"
É este um objectivo geralmente aceite ou apontado pela ml?
"Não é uma escolha, não é a insatisfação com o que o estado oferece, é o ter que aceitar contratos recheados de excepções, limites de idade, tectos máximos de despesas, limites de tratamentos, menus de saúde de acordo com o dinheiro que se pode dispender."
A ml tem obviamente razão. O sistema tem inúmeras imperfeições mas, sabendo dessas imperfeições, os Americanos querem continuar a tê-lo. Os motivos podem não parecer óbvios, mas são diversos: liberdade de poderem escolher quem os trata e onde são tratados; liberdade de escolherem se querem seguro ou não; o Estado não mexe no assunto e não tem nada que ver com isso, o que é importante para os desconfiados Americanos; liberdade de um aumento de impostos que seria incontornável; uma indústria farmacêutica fortemente desenvolvida e inovadora, impar no Mundo, onde se produz de tudo e para todo o Mundo; os melhores médicos e cientistas do Mundo, uma vez que o Sistema atrai mais dinheiro e paga melhor; etc.
Esqueci-me de focar a investigação, a descoberta, a inovação de tratamentos, os estudos cientificos, etc, que têm lugar especialmente nos EUA.
"facilmente verificará qie no "per capita", são os judeus que levam a palma"
E por 10 a 0...
@ Lidador: ”Sobre o custo do actual sistema de saúde americano: Tem a ver com a conflitualidade jurídica. Os agentes de saúde têm uma grande probabilidade de serem processados por erros, pelo que são obrigados a fazerem seguros caríssimos. O custo dos prémios é passado ao cliente, como é evidente.precisamente em sentido contrário.»
Sou obrigado a dizer que o Lidador tem absolutamente razão neste ponto, porque neste momento me aponta à cabeça uma G3 em mau estado de manutenção que pode disparar espontaneamente a qualquer momento – e contra isto batatas, nem o ‘excelente’ serviço de saúde holandês me safa…
lidado,
Tenho demasiado pouco tempo para o perder com analfabetos funcionais. Quando conseguir reler e elaborar um post com menos de uma alarvidade por parágrafo falamos.
Ricardo,
O farmacêutico e, supostamente, o Sistema de Saúde. É pelo facto de o primeiro ser privado que se produzem mais e melhor aspirinas; o consumo, esse, está a cargo do consumidor.
Continua sem explicar: o que é que o funcionamento da indústria farmacêutica tem a ver com o sistema de saúde ser privado ou público?
É este um objectivo geralmente aceite ou apontado pela ml?
Não entendo. Quer clarificar?
O sistema tem inúmeras imperfeições mas, sabendo dessas imperfeições, os Americanos querem continuar a tê-lo.
Já viu que esta seria a melhor defesa do esclavagismo? Tudo muito imperfeito, mas eles querem, que se há-de fazer?
Vai-se a ver também os escravos apreciavam este charme da imperfeição.
Tenho a certeza de que os 40 milhões sem cobertura de saúde, mais todos aqueles que já sofreram na pele os limites do pacote que contrataram, e não são tão poucos como isso os que tiveram que vender tudo, até a casa, para se operarem, não pensam do mesmo modo.
Em questões vitais não pode haver maiorias decisivas, o estado que representa a totalidade dos cidadãos tem a obrigação de tomar iniciativas que acudam às necessidades básicas. Os americanos é que se enredaram nisto e têm agora dificuldade em desfazer o imbróglio. Todos os outros países industrializados resolveram há muito uma situação que não pode ficar à mercê da bondade e sensibilidade individuais.
"facilmente verificará qie no "per capita", são os judeus que levam a palma"
Mas estamos outra vez numa de racismo, é? Os judeus não têm nacionalidades?
Deixo-vos com as vossas irracionalidades doentias.
"Os judeus não têm nacionalidades?"
Têm, quando é do interesse.
Caro Sérgio,
"Já agora, sempre lhe digo que boa parte das maiores farmacêuticas nem são americanas (Novartis, Bayer, GSK...)."
http://en.wikipedia.org/wiki/Pfizer . A maior do Mundo - Americana.
... esta coisa do phishing está a tornar-se uma doença.
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