No Irão o poder pende cada vez mais para o lado dos Guardas Revolucionários, em detrimento dos clérigos que, na arquitectura política iraniana, detém formalmente o poder absoluto.
Mas em matéria de facto, a relação entre Ahmadinejad e Khamenei pode comparar-se à que existe na Rússia entre Putin e Medvedev, ou seja, o detentor do poder formal, não coincide com o detentor do poder factual.
A situação iraniana é paradoxal, porque a hierarquia dos Guardas da Revolução é, em questões de ortodoxia, muito mais radical que a maioria dos aiatolas.
Khamenei, um Líder Supremo a quem outros clérigos não reconhecem suficiente estatura intelectual, está hoje refém dos Guardas Revolucionários e da sua hierarquia extremista.
Nas semanas que se seguiram às eleições os campos clarificaram-se, as personalidades foram identificadas e os Guardas da Revolução completaram com êxito uma campanha repressiva que consolidou o seu poder.
A nível externo é também claro que a hierarquia dos Pasdaran respira confiança face à debilidade que, em matéria de política internacional, diagnosticaram
Segundo as fontes, o plano para um ensaio nuclear já foi apresentado a Khamenei e os ingleses não têm dúvidas que assim que o Guia Supremo der a ordem (e é praticamente certo que a dará, dada a actual relação de poder), a Central de Natanz poderá, em 6 meses, enriquecer o urânio necessário.
É este o tempo que falta para que se soltem os demónios.
A partir daqui os floreados retóricos, os discursos floribélicos de Obama e da União Europeia, as tímidas ameaças de sanções que ninguém cumpre, e a valsa da diplomacia, passarão automaticamente à categoria de jogos de salão.
Infelizmente não é uma opção tão fácil e limpa como a destruição das estruturas nucleares iraquiana e síria, que os israelitas a seu tempo levaram a cabo.
Os custos humanos e materiais serão certamente elevados.
Mas os custos de nada fazer poderão sê-lo infinitamente mais.
Israel está numa encruzilhada na qual os seus dirigentes se vêm obrigados a fazer uma opção política existencial, entre o mau e o péssimo.
A catástrofe, essa é apenas uma questão de tempo.
Israel, pelo contrário, não pode ignorar o avanço iraniano. A bomba nuclear iraniana tem um objectivo, explícita e inequivocamente reafirmado por todos os responsáveis iranianos, desde os mais “moderados” aos mais radicais: a destruição pura e simples do estado judeu!
(Gen Jaffari, Comandante dos Pasdaran, 13 de Agosto de 2005)
E basta uma bomba para isso.
( Rafsandjani (moderado), 14 de Dezembro de 2001)
Os europeus protestarão, como é da praxe, mas não podem deixar de reconhecer que Telaviv não é noutra galáxia e que qualquer capital europeia estará, se nada se fizer, tão vulnerável como Israel.
2 comentários:
Boa análise. Desta vez creio que mesmo a ML estará de acordo - não em mandar amanhã mesmo uma bojarda israelita para cima das instalações nucleares do Irão - que se trata realmente de um dilema diabólico.
Parece que os maluquinhos de Allah andam a procurar sarna para se coçar. Infelizmente, isso não me surpreende. O que me surpreende é ver muita boa gente cá do burgo a aplaudir as maluqueiras de Teerão.
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