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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A bomba iraniana

No Irão o poder pende cada vez mais para o lado dos Guardas Revolucionários, em detrimento dos clérigos que, na arquitectura política iraniana, detém formalmente o poder absoluto.

Mas em matéria de facto, a relação entre Ahmadinejad e Khamenei pode comparar-se à que existe na Rússia entre Putin e Medvedev, ou seja, o detentor do poder formal, não coincide com o detentor do poder factual.

A situação iraniana é paradoxal, porque a hierarquia dos Guardas da Revolução é, em questões de ortodoxia, muito mais radical que a maioria dos aiatolas.

Khamenei, um Líder Supremo a quem outros clérigos não reconhecem suficiente estatura intelectual, está hoje refém dos Guardas Revolucionários e da sua hierarquia extremista.

Nas semanas que se seguiram às eleições os campos clarificaram-se, as personalidades foram identificadas e os Guardas da Revolução completaram com êxito uma campanha repressiva que consolidou o seu poder.

A nível externo é também claro que a hierarquia dos Pasdaran respira confiança face à debilidade que, em matéria de política internacional, diagnosticaram em Barack Obama. As declarações dos responsáveis indicam-no claramente.

É nesta conjuntura politicamente favorável que um reporte dos serviços de informações ingleses, dá conta de progressos técnicos definidores, no programa nuclear iraniano, nomeadamente um sistema de iniciadores que permitirá detonar um engenho nuclear, assim que Khamenei dê luz verde.

Resolvida esta questão técnica, os analistas pensam que só faltam 30 kg de urânio enriquecido, para ter uma bomba pronta.

Segundo as fontes, o plano para um ensaio nuclear já foi apresentado a Khamenei e os ingleses não têm dúvidas que assim que o Guia Supremo der a ordem (e é praticamente certo que a dará, dada a actual relação de poder), a Central de Natanz poderá, em 6 meses, enriquecer o urânio necessário.

É este o tempo que falta para que se soltem os demónios.

A partir daqui os floreados retóricos, os discursos floribélicos de Obama e da União Europeia, as tímidas ameaças de sanções que ninguém cumpre, e a valsa da diplomacia, passarão automaticamente à categoria de jogos de salão.

E perante a naive e vacilante política externa americana só uma acção israelita sobre Nataz e Arak pode fazer atrasar o relógio, pelo menos mais 3 anos.

Infelizmente não é uma opção tão fácil e limpa como a destruição das estruturas nucleares iraquiana e síria, que os israelitas a seu tempo levaram a cabo.

Os custos humanos e materiais serão certamente elevados.

Mas os custos de nada fazer poderão sê-lo infinitamente mais.

Israel está numa encruzilhada na qual os seus dirigentes se vêm obrigados a fazer uma opção política existencial, entre o mau e o péssimo.

Os Estados Unidos podem dar-se ao luxo de ignorar ou relativizar o avanço iraniano, e racionalizar um Irão nuclear com os instrumentos conceptuais da Guerra Fria. E provavelmente fá-lo-ão, embora sejam facilmente discerníveis as diferenças entre um poder soviético mais ou menos racional e um poder iraniano incendiado pelo fanatismo religioso. A prazo desencadear-se-á uma corrida nuclear na região e é praticamente certo que os movimentos terroristas armados e financiados pelo Irão ficarão na posse, senão os instrumentos do apocalipse, pelo menos da capacidade de ameaçar psicologicamente qualquer país ocidental, pela simples sugestão do uso terrorista do poder nuclear.

A catástrofe, essa é apenas uma questão de tempo.

Israel, pelo contrário, não pode ignorar o avanço iraniano. A bomba nuclear iraniana tem um objectivo, explícita e inequivocamente reafirmado por todos os responsáveis iranianos, desde os mais “moderados” aos mais radicais: a destruição pura e simples do estado judeu!

O Imã Khomeiny disse que a entidade sionista devia ser eliminada da face da terra. Ainda não pudemos concretizar esse objectivo. Mas devemos executar sem tardar esta vontade do Imã.”

(Gen Jaffari, Comandante dos Pasdaran, 13 de Agosto de 2005)

E basta uma bomba para isso.

Uma bomba atómica será suficiente para destruir o regime sionista, ao passo que a resposta sionista apenas causará danos "

( Rafsandjani (moderado), 14 de Dezembro de 2001)

Israel não deverá deixar-se aniquilar sem lutar. Há mais de 60 anos que o faz.

Os europeus protestarão, como é da praxe, mas não podem deixar de reconhecer que Telaviv não é noutra galáxia e que qualquer capital europeia estará, se nada se fizer, tão vulnerável como Israel.

Aproxima-se um tempo de decisões. Este Inverno deverá trazer com ele algo mais do que os grandes frios.

2 comentários:

Carmo da Rosa disse...

Boa análise. Desta vez creio que mesmo a ML estará de acordo - não em mandar amanhã mesmo uma bojarda israelita para cima das instalações nucleares do Irão - que se trata realmente de um dilema diabólico.

EJSantos disse...

Parece que os maluquinhos de Allah andam a procurar sarna para se coçar. Infelizmente, isso não me surpreende. O que me surpreende é ver muita boa gente cá do burgo a aplaudir as maluqueiras de Teerão.