Segundo o PÚBLICO de hoje, a ministra francesa da Reabilitação Urbana, Fadela Amara, de ascendência argelina, afirmou, numa entrevista ao Financial Times, que a proibição da burqa, em França, ajudaria a impedir a progressão do "cancro" do Islão radical no país. Para a ministra, a burqa simboliza "a opressão das mulheres, a sua escravidão, a sua dominação".
Ainda segundo ela, a França, até há pouco tempo ponto de encontro por excelência do Islão sério com a modernidade, precisa agora de lutar contra "a gangrena, o cancro do Islão radical que distorce completamente a mensagem do Islão". E acrescenta: "a grande maioria dos muçulmanos é contra a burqa. É fácil perceber porquê. Os que lutaram pelos direitos das mulheres nos seus países de origem - estou a pensar especialmente na Argélia - sabem o que representa e que projecto político obscurantista está por trás: confiscar as liberdades mais fundamentais" (sublinhado meu).
Espera-se agora a reacção dos insossos palermas esclarecidos do costume.
34 comentários:
Meu caro Gonsalo
Já pouca coisa me causa espanto, apenas curiosidade, deve ser da proliferação das séries tipo ‘X-files’. Mas uma daquelas que continuam a intrigar-me é a incapacidade de um certo subgrupo da direita de ver o mundo a não ser através de dois buraquinhos no telhado e a partir daí estabelecer as duas máximas que aplica religiosamente a tudo o que mexe, indiferente a diversidades, nuances, opiniões. Uma delas é esta história ultra-repetida e ultrafalsa de que a ‘esquerda’ tolera o fundamentalismo islâmico contra a ‘direita’ que reivindica o facho da sua condenação. A caturrice de tal subgrupo em manter esta ideia parece-me raiar a irracionalidade.
Como sabemos, a primeiríssima voz a disparar palermice insossa foi o iluminado idio...Bush, a propósito das arruaças e ameaças de morte por causa dos cartoons dinamarqueses.
O mundo muçulmano irrompeu em fúria na 6ª feira por causa das caricaturas sobre o Profeta Maomé publicadas na Europa enquanto a administração Bush deu o seu apoio aos que protestam, dizendo que “Achamos os cartoons ofensivos e sem dúvida que entendemos as razões pelas quais os muçulmanos consideram as imagens ofensivas”. (nytimes, 4 Feb. 2006)
Como contraprova temos o igualmente multiculturalista iluminado Jacques Chirac, cujo ‘bom-senso, tolerância e respeito’ para com as crenças dos enfurecidos protestadores contrasta com a recusa do Partido Socialista Francês em ceder a chantagens de rua.
Ideologias fora, nada, a laica e republicana velha França continua a ser a única, à esquerda e à direita, a tratar a religião como religião. Não estão sozinhos, também à esquerda e à direita das sociedades ocidentais, uns por umas razões, outros por outras, há muito quem os acompanhe.
Mas vá-se lá pretender corrigir ideias que tantos efeitos oratórios têm rendido!
Adaptando uma espécie de boutade que se usava há uns anos e da qual se deve lembrar, ‘la vie est belle, quelques hommes é que dont cabe d’elle'.
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"Uma delas é esta história ultra-repetida e ultrafalsa de que a ‘esquerda’ tolera o fundamentalismo islâmico contra a ‘direita’ que reivindica o facho da sua condenação."
“o movimento progressista mundial e os muçulmanos têm os mesmos inimigos…Israel, EUA e Reino Unido”
(George Galloway, deputado do partido Respect, extrema-esquerda inglesa)
"Somos todos Hezbolah"
(Slogan dito e escrito em manifes do Bloco de Esquerda)
"Robert Redeker é racista"
(Pierre Tevanien,extrema-esquerda francesa, a propósito de um artigo contra o Islão do filósofo francês"
"Mas é o Hezbollah quem verdadeiramente conquistou o coração de Miguel Portas. A abordagem hagiográfica a Nasrallah transforma qualquer discurso do líder do movimento num exercício de sabedoria e moderação. O Xeque é citado à exaustão (p. 153). MP aceita e repete as ideias do líder do Hezbollah de forma quase naïf,"
(David Oppenheimer, na Atlântico 26)
“ a esquerda europeia encara os muçulmanos como os novos proletários do continente"
( Amir Taheri, esquerdista iraniano fugido dos aiatolas)
“Islão é a única força capaz de persuadir muita gente a voluntariar-se para ataques suicidas contra os EUA, pelo que apenas uma coligação de marxistas e islamistas pode destruir os EUA”
(Chacal ...Ilich Ramirez Sanchez)
"Estamos solidários com a Al-Qaeda e o que se passa no Iraque é uma perspectiva histórica da Frente combatente anti-imperialista. O imperialismo está patente, nos desígnios israelo-anglo-americanos.”
( Nadia LIoce, 2003, manifestação "anti-globalização)
The democratic left should never again allow itself to be led by the supporters of totalitarianism.
(Nick Cohen, esquerdista desiludido)
Cara ML, que existe «um certo subgrupo da direita de ver o mundo a não ser através de dois buraquinhos no telhado e a partir daí estabelecer as duas máximas que aplica religiosamente a tudo o que mexe...» é provavelmente verdade – eles realmente existem.
Mas creio que é muito mais provável o subgrupo ser da esquerda - pura e simplesmente uma questão de estatística. Aliás, a ministra está com sorte porque é de origem Argelina (quando é que em Portugal vão mudar esta aberração e chamar ao país como deve ser, Algéria, em vez de Argélia?), caso fosse francesinha, francesinha era imediatamente (pela esquerda. Peço desculpa, por uma certa esquerda) acusada de racismo...
Como aconteceu ao Professor Catedrático da Universidade de Lyon, Sylvain Gouguenheim, que está metido num bico de obra por ter publicado uma obra a desmistificar o exagero que diz que ‘a cultura europeia não teria sido possível sem a contribuição islamo-árabe’, e onde apenas afirma que houve realmente contribuição, mas não tanta como a claque politicamente correcta nos quer fazer crer, e isto só para serem amiguinhos da religião da paz, dos novos bons sauvages...
Ver aqui mais uma genuflexão ao Islão (até rima e é verdade!): http://extremecentre.org/2008/04/30/le-cauchemard-vychinsky-sylvain-gouguenheim/
Um palerma do costume, mas mesmo muito esclarecido.
Ora viva, prezadíssimo!
E as férias?
Podia ter aproveitado para uma reciclagem do português:
1.também à esquerda e à direita das sociedades ocidentais
Eliminados liminarmente os que não se adequam.
2.Para saber o que alguns afirmam que outros pensam, bastar-me-ia olhar pelos dois furinhos no telhado aqui dos fiéis.
3.Discursos directos, sem interpostas opiniões:
a) NYtimes
A administração Bush deu apoio aos que protestam, dizendo que Achamos os cartoons ofensivos e sem dúvida que entendemos as razões pelas quais os muçulmanos consideram as imagens ofensivas.
O porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, acrescentou ainda que Imagens antimuçulmanas são tão inaceitáveis como imagens anti-semitas.
b) NYtimes
Ao contrário da maioria da imprensa europeia, os jornais americanos de referência, incluindo The New York Times, The Washington Post, The Los Angeles Times e The Chicago Tribune, não publicaram as caricaturas, afirmando os seus representantes que a história podia ser contada sem a publicação das imagens que muitos considerariam ofensivas.
A maior parte dos chefes de redacção das estações de televisão tomou decisões semelhantes.
c) O President Jacques Chirac condenou a publicação dos cartoons, dizendo que A liberdade de expressão deve ser exercida com responsabilidade. Condeno qualquer provocação que possa incendiar paixões.
d) BBCnews
O ministro italiano Roberto Calderoni, que mandara imprimir uma t-shirt com os cartoons de Maomé, foi afastado por Sílvio Berlusconi. Berlusconi culpou-o pelos desacatos em frente ao consulado italiano em Benghazi.
e) O primeiro-ministro Tony Blair entrou na controvérsia gerada pela republicação dos cartoons, afirmando Nós compreendemos a ofensa causada pelos cartoons e claro que lamentamos que o tenham feito.
f) Jack Straw condenou a decisão de alguns jornais europeus de reproduzir os cartoons, afirmando que foi insultuoso, foi insensato, foi desrespeitador e foi errado.
g) The Guardian (esquerda)
O diário jordano al-Shiban publicou três dos 12 cartoons, acrescentando que “o Jyllands-Posten pediu desculpas por ter ofendido os muçulmanos, mas ninguém no mundo muçulmano quer ouvir desculpas”.
Quem ofende mais o Islão? Um estrangeiro que tenta desenhar o profeta descrito pelos seus seguidores ou um muçulmano que, armado com um cinto de explosivos, se suicida numa festa de casamento em Amman ou em outro lado qualquer?
h) Daily Telegraph (conservador)
Não publicámos os cartoons para salvaguardar os valores britânicos de tolerância e respeito...
i) CNN
Na 4ªfeira passada, por toda a Europa, os jornais reimprimiram os controversos cartoons do profeta Maomé que há dois anos causaram distúrbios irados por parte dos muçulmanos.
A distribuição pavloviana das tretas da ‘tolerância’ que alguns afirmam ver através dos dois buraquinhos no tecto, não passa de treta. Se mudarem algumas telhas, vêem outra coisa qualquer, sei lá.
Sr. Carmo, isso já é outro falar. Existe gente dessa, de parte a parte. Uns com os árabes/muçulmanos, outros com os israelitas/judeus, outros com outra tineta qualquer. A mesma histeria cansativa, a mesma blindagem mental, por mais honestas e fundamentadas que possam ser as opiniões opostas. Também já vi o nosso prezado aqui aos pulos, possesso, porque há quem defenda exactamente a tese contrária sobre a importância e o peso da cultura mediterrânica na Península Ibérica.
Mas tem que reconhecer que, se em ambos os subgrupos há quem não tenha qq propensão para mandar abrir ao menos uma clarabóia no telhado, há muitos outros que fazem questão de se colocar acima disso. Mas para o perceber é preciso ter os olhos abertos e isso já é uma pescadinha de rabo na boca.
Se ler o texto que dedico ao prezado entre dois mergulhos nas ondas geladas aqui do norte, verá que a rábula da ‘tolerância’ da esquerda não passa de ficção. Faz-lhes bem pensar assim, é um quase protector da sanidade mental, mas eu não estaria longe da verdade se dissesse que, quanto a estadistas e governantes, a reacção epidérmica dos grandes ‘corajosos’ da nossa praça foi ‘quem tem c... tem medo’. Depois, pouco a pouco e passado o perigo imediato, é que lhes deu para endireitar a gravata e engrossar a voz.
Vão deixar de dizer ‘Algéria’ quando perceberem que existe mais mundo para lá da CNN e da FOX news e que talvez tivesse sido mais produtivo terem ido às aulas para estudar do que para se encontrarem com os amigos. E também deixarão de dizer ‘Bavária’. E ‘Piedemonte’. E ‘Burgúndia’. E ‘Brandenburgo’. E ‘Saraievo’. E ‘Burma’. E ‘camera’ fotográfica.
@ ML: «Existe gente dessa, de parte a parte.»
SIM, mas porque razão lhe custa assim tanto reconhecer que a quantidade existente à DIREITA, é inferior à quantidade dos poucos corajosos que, à Esquerda, têm a coragem de tomar uma posição decente em relação ao Islão?
Não sei se me faço entender, mas a diferença é enorme. Neste país, quer você queira ou não, para a maioria da esquerda o inimigo não é Bin Laden, não é Nasrallah, não é Amadinejad, é Geert Wilders....
É claro que posso mencionar umas individualidades de esquerda que, tal como eu, acham que Wilders é uma consequência e não a origem, mas infelizmente não são de maneira nenhuma a maioria. À direita isso é muito mais fácil.
P.S. «Vão deixar de dizer ‘Algéria’» !!!
Algéria é que devia ser correcto - assim como Al Garbh, o país chama-se Al Zérie (ou coisa que o valha) - e não Argélia...
Sr. Carmo, a Holanda não é o mundo.
E por muito que queira que eu reconheça, tenho a dizer-lhe é que não conheço ninguém de esquerda que seja tolerante com o radicalismo islâmico, e isso é que os tais subgrupos querem à força demonstrar. Não tomam é a nuvem por Juno nem reduzem Juno à nuvem, mas isso já é chover no molhado e eu aqui não tenho a minha net de tráfego ilimitado para me dar ao luxo de perder tempo a repetir o óbvio. Esta banda larga móvel consome rapidamente o saldo do cartão e daqui a pouco estou sem pio.
E para finalizar, as grandes discussões que tive por causa das posições da França foram sempre com gente de direita, que me acusa de intolerante para com as outras religiões e costumes. Lá confesso que não se trata apenas das ‘outras religiões’ mas de todas, e que a minha pretensa intolerância tem a ver com o abuso que é as religiões – todas - quererem impor-se ao estado civil. Umas já se resignaram a não ser muito exigentes, outras ainda se sentem cheias de força.
Li à pressa, não tinha percebido as suas objecções à palavra 'Argélia'. Trata-se de um fenómeno fonético característico da língua portuguesa e que se chama troca de líquidas (o /l/ pelo /r/).
Há muitos casos semelhantes na passagem de outras línguas para o português (almario > armário; passoila > vassoira) e mesmo dentro do português. No Brasil esse processo mantém-se vivo em certas regiões entre as populações menos escolarizadas (‘craro’ em vez de ‘claro’, por ex) e mesmo em Portugal a troca é frequente.
Antes de voltar às férias, desta vez umas voltinhas cervejosas pela "Bavária", é verdade que alguma direita, ou aquilo que se convencionou chamar "direita" se mostra igualmente respeitosa com o islão.
Diria até, colaborante e empenhada.
É a direita anti-semita e anti-liberal, que de resto comunga com a esquerda descrita por Nick Cohen, os mesmos demónios e os mesmos ódios.
Salazar era tão anti-capitalista como Francisco Louçã.
Diferem apenas naquilo que diferiam os regimes soviético e nazi.
Regime nazi que, de resto, foi unha com carne com os mais radicais islamistas da época.
O problema é que a esquerda elevou o seu colaboracionismo às alturas de uma categoria moral.
São inúmeras as luminárias de esquerda que acham que é éticamente correcto estarem do lado do Islão contra a sua própria sociedade.
Dois exemplos recentes:
O neto de Al-Banna, Tariq Ramadan, é um islamista acolhido como genial pensador pela esquerda europeia. Até já foi convidado pelo Bloco de Esquerda.
Trata-se de um homem bem falante e que não se inibe de defender em público a excelência do apedrejamento de adúlteras e, de um modo geral, das prescrições da sharia.
Francisco Louçã fez-lhe vénias e os aplausos sicofantas choveram, quando o homem se passeou cá pela esquerda do burgo.
Finalmente uma universidade holandesa teve a coragem de o despedir....
Há dias a Yale Press University, conhecida pela liberdade e expressão, deu-se à ignomínia de proibir a publicação dos cartoons de Maomé, e de um modo geral de todas as figurações de Maomé, num livro académico, para "não ofender o Islão".
Incluida na proibição está uma gravura de Doré, que retrata Maomé no Inferno de Dante.
O conselho para não publicar, foi de uma professora "liberal", que costuma ser convidada para ir ao Irão, fazer "estudos".
Descobre-se agora que afinal o Bush caiu em desgraça e passou de bestial a besta. Portanto, os EUA foram governados durante 8 anos pela 'direita anti-liberal e anti-semita'? O que aconteceu ao 'sol-na-terra'?
P.S. Ml, por favor nunca deixes de escrever. Além de gostar sempre de ler os teus comentários, és a pessoa que maior quantidade de barbaridades consegue arrancar ao lidado. Ah, e o quanto ler as parvoíces dele a meio do dia eleva o meu estado de espírito!...
@ ML: «Sr. Carmo, a Holanda não é o mundo.»
Mas olhe que é uma pena!
«não conheço ninguém de esquerda que seja tolerante com o radicalismo islâmico, e isso é que os tais subgrupos querem à força demonstrar.»
Em Portugal por enquanto não existe radicalismo islâmico, por isso não se verifica ainda uma grande necessidade de se ser ou não tolerante en relação ao fascismo verde, mas mesmo assim há, pelos vistos, uns pacóvios muito de esquerda do estilo Miguel Portas (não creio que seja o único!) que vão beijar as mãos de tudo aquilo que seja anti-americano ou anti-israel, e o Hezbollah também serve....
Além disso este fenómeno, da esquerda ser muito mais benevolente em relação ao fundamentalismo islâmico do que a direita, também se verifica em países europeus à volta da Holanda - na Dinamarca, na Alemanha, na Bélgica e em França.
E na Inglaterra, para quem é que você julga que o Pat Condell escreveu este formidável vídeo, Apologists for Evil ?: http://www.youtube.com/watch?v=G4FpTvp0tgs
É claro que também dedico o vídeo do Pat Condell ao Sérgio Pinto, e com muito prazer.
@ Lidador: «Finalmente uma universidade holandesa teve a coragem de o despedir....»
Boa, você também não deixa passar nada! Óptimo exemplo: ele foi contratado para a universidade de Roterdão pela Esquerda (social-democrata) – mas, verdade, verdadinha, com a conivência do antigo presidente da câmara (da direita liberal) - para elaborar programas de integração e servir de ponte entre o Islamismo e o resto.
É claro que o nosso Tarik, fundamentalista mas espertalhaço quanto baste, faz de conta que não percebe que uma ponte serve para ligar ponto A a ponto B, e é claro que as pontes dele vão sempre de A a A, ou seja do Islão para o Islão.
Passado algum tempo a direita liberal, a direita Fortuinista e os cristãos-democratas começaram a criticar o nosso construtor de pontes por diversas razões. Os sociais-democratas e a esquerda-verde diziam que o bacano era um pouco reaccionário mas não viam razões para tantas críticas.
Antes de ontem rebentou a bronca. O nosso construtor de pontes, que no seu passado em terras de França disse coisas tais como ‘se para ser um bom francês tenho que ser um mau muçulmano eu recuso-me’, além do chorudo salário que recebia da Universidade para elaborar programas que nunca fez, era apresentador de TV num programa de entrevistas em Inglaterra pago por......Ahmadinejad!
Aí o actual presidente da Câmara, o marroquino e social-democrata Ahmed Aboutaleb não é de modas e disse que já chegava de chatices. E o homem foi despedido, não pela Universidade, mas sim pela maioria dos partidos representados na Câmara de Roterdão. A esquerda-verde e uma parte de partido social-democrata foram os únicos contra o despedimento. Mas engraçado, até o 'Socialistische Partij' (partido de esquerda comparável ao bloco em Portugal) foi a favor do despedimento de Tarik Ramadan – segundo eles custava muito dinheiro para o que rendia.
Mas, como devem saber, o Ramadão começa este ano na sexta-feira, e assim o nosso Tarik vai ter mais tempo para deixar de comer (e de beber, e de fumar, e de tocar à sebastiana) entre o nascer e o pôr do Sol...
Allah u Akbar.
Era uma deixa para si. Este Ramadan é uma ave de rapina de alto coturno e na verdade até justifica um poste.
Bem, agora vou (mais uma vez) de férias. Aguarda-me um mês de Setembro de loucos e um de Outubro tb nada fácil.
P.S. Para a ML. Eu sei que você não bate muito bem da bola e essas coisas. Mas olhe que lhe reconheço alguma autoridade ( se aquilo que escreve não for postiço), em questões linguísticas.
Dito isto, em Outubro vou fazer uma prelecção sobre "A simbologia da palavra e a Ciência Militar", na Reitoria da Universidade do Porto.
Gostaria de saber o que, assim a voo de pássaro, lhe ocorre sobre "A simbologia da palavra".
Humboldt?
Saussure?
Chomsky?
Skinner?
Quem sabe se não brota aí uma ideia que seja interessante desenvolver?
CdR,
"segundo eles custava muito dinheiro para o que rendia"
... mas fica aí uma brecha por preencher. O caramelo ficava caro porque não era suficientemente militante naquilo que fazia ou a desculpa do rendimento serviu para evitarem ter de comentar a coisa propriamente dita?
SP dixit: "eleva o meu estado de espírito"
Com reverência e a propósito, um pouco de poesia de Friedrich von Schiller:
"Contra a estupidez, os próprios deuses lutam em vão"
Sérgio, é sempre tudo tirado a ferros, o prezado estrebucha até à última agarrado ao preto e branco.
A visão do mundo fiel é muito económica e minimalista, uma linha de via única, um comboio para lá e outro para cá, nunca se cruzam.
Tu toma lá nota da nuance: alguma direita, ou aquilo que se convencionou chamar "direita".
Se pressionarmos um bocadinho vamos assistir de camarote a um imbróglio semelhante ao do 'comunismo de direita'.
Prezado, eu nunca bato bem da bola – por alguma razão frequento este sítio - e tudo o que penso, digo e escrevo é postiço para não destoar do lugar.
E prezado, antecipe as férias, o descanso faz milagres. Quando voltar é capaz de já estar a ver assim quem são os colaboracionistas que acarinham o mais cordial relacionamento moral com a alma do islamismo, que se rege exclusivamente pela sharia, que apedreja, enforca, corta mãos e impõe uma ditadura em que as mulheres, no dizer de uma interessantíssima observação-boomerang do ejsantos, vivem num gigantesco prostíbulo.
Haja paciência. Às vezes nem as férias são suficientes.
Tente o Roland Barthes, sei lá. Sempre é claro (o que no seu caso é uma benção), saussuriano, menos citado e também faz um vistaço.
Consuma-se com cautela, é quase tão letal como o Chomsky.
E atine lá com os hífens, balhamedeus.
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a esquerda ser muito mais benevolente em relação ao fundamentalismo islâmico do que a direita
Sr. Carmo, como já disse atrás, a maior das benevolências em relação ao fundamentalismo islâmico vem daqueles que lhes andam a beijar os pés. Porque é que acha que o idio... o Bush e outros se apressaram a condenar os cartoons e censurar os jornais europeus? Deve ter sido um susto, ‘Mon Dieu, et l'or noir?’
Verdadeiros rapinantes, a ganhunça é que lhes orienta os valores.
@ Range: «O caramelo ficava caro porque não era suficientemente militante naquilo que fazia (...)»
Não. Era caro porque na realidade foi contratado, como eu já disse, para elaborar programas de integração de minorias (islâmicas) – ideias muito idealistas, muito de esquerda, mas que geralmente nunca funcionam, ainda por cima elaboradas por um fundamentalista encapotado – mas não apresentou trabalho que se visse. E com dinheiro os holandeses não brincam, até mesmo os de esquerda...
@ Lidador: «Era uma deixa para si. Este Ramadan é uma ave de rapina de alto coturno e na verdade até justifica um poste.»
Não tenho neste momento tempo para postar, estou a traduzir a “História das relações entre Portugal e a Holanda”, e ainda aparecem por meio uns biscates para servir de intérprete para ‘refugiados políticos’ de Angola.
@ ML: «A visão do mundo fiel é muito económica e minimalista, uma linha de via única, um comboio para lá e outro para cá, nunca se cruzam.»
Bela frase. Mas convenhamos, nisto também a esquerda bate a direita de longe. É como o Arnaldo Abrantes a correr contra o Usain Bolt – se isso lhe diz alguma coisa!!!
@ ML: «Tente o Roland Barthes, sei lá. Sempre é claro (...)»
Cara ML, o Roland Barthes é tudo o que você quiser menos claro! Creio mesmo que é dos tais intelectuais que é necessário ler um livro de introdução ao... antes de ler ‘the real thing’!!! Como vê, isto para mim não serve, mas também é verdade que você não o aconselhava à minha pessoa. E fez muito bem. Isso teria sérias consequências na nossa harmoniosa relação.
@ ML: «Verdadeiros rapinantes, a ganhunça é que lhes orienta os valores.»
Precisamente cara amiga, mais uma frase sua que desta vez além de bela também bate certo. A ligação da direita (Bush) com o islamismo é apenas uma questão de garantir o fluxo de ‘l’or noir’, é uma questão PRAGMÁTICA, ao contrário da esquerda que tem uma relação PROGRAMÁTICA....
Cara ML,
Sugiro-lhe o (re)visionamento deste vídeo:
http://fiel-inimigo.blogspot.com/2008/04/democracia-deus-democrtico.html
.
Cá para mim, o apoio do SP (à decisão de despedir o Tarak de Roterdão) tem mais a ver com Euros do que com ideologia. Antes de serem socialistas, eles são calvinistas. Sempre muito "poupadinhos", é o que é...
errata: tarik e não tarak, claro
Holandês Voador,
precisamente, por isso é que eu disse há uns minutos atrás: Mas engraçado, até o 'Socialistische Partij' (partido de esquerda comparável ao bloco em Portugal) foi a favor do despedimento de Tarik Ramadan – segundo eles custava muito dinheiro para o que rendia.
Lidado,
Sim, gosto muito das suas citações avulsas, particularmente quando se finge familiarizado com a obra do autor que cita. Confesso-lhe que, aqui pela blogosfera, há poucas coisas mais hilariantes do que vê-lo a estampar-se em todas as cascas de banana que a ml lhe larga ao caminho. Só com as do Orwell já se fazia um livro.
Mas o que me interessava mesmo entender era a metamorfose do Bush: de líder do Paraíso a membro da "direita anti-liberal e anti-semita". Care to explain?
Ah, e de caminho dou-lhe os parabéns pela democracia consolidadíssima do Afeganistão, que se tornou no paraíso das feministas.
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Ml, o lidado é um caso que oscila entre a comédia e a tragédia. Anda por ali tanta patologia que se passasse por aqui alguém de psicologia tinha ali matéria prima para uma tese de doutoramento. Ao mesmo tempo, ele e a sua corte de portos e oliveiras são um belo exemplo da direita mais fossilizada, tão bronca que a única utilidade é mesmo arrancar umas gargalhadas pela frequência com que o tapete lhes foge debaixo dos pés e os obriga a contorcionismos mentais que fazem o Bush parecer inteligente.
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Carmo,
Obrigado pela dedicatória, mas olhe que tem aqui uns colegas de blogue com carências bem mais profundas que a minha.
E já viu a coincidência de os comentadores frequentes de tendências esquerdistas que por aqui andam serem todos inequivocamente contra fundamentalismos religiosos?
Sérgio,
Não vou discutir carências, já me chegam as minhas, mas creio que este vídeo-blogue do Condell (Apologists for Evil) não deixa muitas margens de manobra em relação a saber a quem ele se dirige!!!
Sim, você tem razão, os comentadores de esquerda que por aqui aparecem são frequentemente e inequivocamente contra o fundamentalismo religioso, pena é serem frequentemente apenas contra um deles – o do ex-presidente dos EUA...
o Roland Barthes é tudo o que você quiser menos claro! Creio mesmo que é dos tais intelectuais que é necessário ler um livro de introdução ao... antes de ler ‘the real thing’!!!
Pois está redondamente enganado, sr. Carmo. Não sei o que leu mas, mesmo correndo o risco de pôr em causa este mítico relacionamento celestial, atrevo-me a indicar-lhe um ou dois livrecos em que o Barthes vai além dessas chinesices sobre significado/significante/signo/semiologia e explica detalhadamente ‘the real thing’, como funcionam os sistemas simbólicos como a moda, a publicidade, o poder, etc. Até na fotografia ele se intromete, esse racha-amizades.
É verdade que não se debruça concretamente sobre as militarices que o prezado preza, mas dá todas as pistas e mais um par de botas para um trabalho catita sobre a linguagem representativa e simbólica, verbal e não verbal. E temos que convir que nas casernas a linguagem visual é obra.
é uma questão PRAGMÁTICA, ao contrário da esquerda que tem uma relação PROGRAMÁTICA....
E nem lhe pergunto a si, homem de esquerda, qual lhe parece mais... digamos, sadia. Só com um copo de ‘Calda Bordalesa’ (Bairrada) à minha frente para compensar a baixa de tensão.
os comentadores de esquerda que por aqui aparecem são frequentemente e inequivocamente contra o fundamentalismo religioso, pena é serem frequentemente apenas contra um deles – o do ex-presidente dos EUA...
Credo, que azedo.
Sérgio, o fiel é realmente de geometria irregular, deus-nosso-senhor nem sempre está de bom humor quando chega a hora. Mas nem seria por aí, ‘quando não conseguires ver com os olhos da mente usa os da alma’. O problema é quando falham os dois.
@ ML: «Pois está redondamente enganado, sr. Carmo. Não sei o que leu mas, [...]»
Não li coisa nenhuma, mesmo assim creio estar só enganado, redondamente parece-me exagero. Eu compreendo que para si, intelectual portuguesa, as cogitações do Roland Barthes sejam claras como as águas do riacho que corre na sua aldeia natal - sempre assim foi: ‘Pour les Portugais, plus c’est compliqué, plus ils adorent!’ Para mim, hooligan a viver há 35 anos em terras de brumas, frases curtas e dizer urgente, a semiótica lembra-me sempre uma doença para a qual ainda não há cura...
Li sim, há muitos anos, um livrinho em franciú sobre moda muito giro. Além de ser bastante claro e escrito numa linguagem simples - ainda por cima tinha desenhos explicativos, com setas a apontar para o cabelo e outra para os sapatos, estilo Ikea – precisamente como eu gosto.
Aconselho vivamente este livrinho a todos aqueles que quiserem conhecer as diferenças e as preferências dos diversos grupos sociais:
Les mouvements de mode expliqués aux parents, d'Hector Obalk, Alain Soral et Alexandre Pasche, Editions Le Livre de Poche, 1985, ISBN : 2253037362
@ ML: «E nem lhe pergunto a si, homem de esquerda, qual lhe parece mais... digamos, sadia.»
Mas devia perguntar. Lá está, ficava logo a saber em vez de se perder em cogitações semióticas que não levam a lado nenhum. Bem, a lado nenhum é exagero da minha parte, sempre se bebe uns copos de uma excelente pomada.
Não entendo o que possa haver de azedo numa simples constatação? "os comentadores de esquerda que por aqui aparecem são frequentemente e inequivocamente contra o fundamentalismo religioso, pena é serem frequentemente apenas contra um deles – o do ex-presidente dos EUA..."
O interessante, e eu nem sequer me lembrei de sublinhar a coisa, veja lá como sou inocente, é que este fundamentalismo nem é o pior...
Eu compreendo que para si, intelectual portuguesa, as cogitações do Roland Barthes sejam claras como as águas do riacho que corre na sua aldeia natal - sempre assim foi: ‘Pour les Portugais, plus c’est compliqué, plus ils adorent!’
Também não precisava de ficar tão enxofrado assim, a vida são os tais dois dias de que lhe falei e no que me resta pretendo continuar a não bater bem da bola para apreciar raridades como as produzidas aqui nos fiéis.
A maldita semiótica e outras minhoquices sem préstimo até são capazes de analisar porque é que se acirra assim contra ela.
Lá que anda azedo, anda. Vai-se a ver e já é outra vez falta de férias.
Para lhe agravar o mal-estar, olhe, vou ali até ao mar dar uns mergulhos.
Ciao e até ao carregamento de saldo.
PS: não tenho aldeia natal, nasci na cidade. Riachos, também não, mas 'auguinha' não falta.
"os comentadores de esquerda que por aqui aparecem são frequentemente e inequivocamente contra o fundamentalismo religioso, pena é serem frequentemente apenas contra um deles – o do ex-presidente dos EUA..."
Olhe que pedir óculos emprestados ao lidador é má política. Começa a ter alucinações, só vê duas cores e encontra fantasmas por todo o lado...
@ ML: Também não precisava de ficar tão enxofrado assim…
Cara ML, não ando de maneira nenhuma enxofrado nem azedo. Não me diga que isso transparece dos meus comentários? Estava (e continuo) muito bem disposto – a vida sorri-me: ainda vou tendo algum trabalho, faz bom tempo, estou em forma no squash, há o campeonato do mundo de atletismo em directo na TV e o Tarik Ramadan foi despedido…
Não tenho nada em particular contra a semiótica. É apenas algo à priori complicado demais para mim, e se ainda por cima for escrito por franceses ou portugueses, gente que gosta de carregar na retórica, eu sei de antemão que não vou perceber patavina, e isso irrita-me e fico azedo e enxofrado. O que não é de maneira nenhuma o caso neste momento...
@ Sérgio Pinto: Começa a ter alucinações, só vê duas cores e encontra fantasmas por todo o lado...
Sérgio, é pá nem toda a gente tem essa capacidade de ver tantas cores, creio que é um privilégio da esquerda, ou terá algo a ver com a alimentação?
Sérgio, é pá nem toda a gente tem essa capacidade de ver tantas cores, creio que é um privilégio da esquerda, ou terá algo a ver com a alimentação?
Tem mesmo a ver é com a opção de não desligar o cérebro. Não, não é privilégio da esquerda: por mais extraordinário que possa parecer a quem frequenta este blogue, a direita também pode ser inteligente e evitar a necessidade de dividir tudo entre 'nós, os iluminados' e 'os outros, as trevas'.
@ Sérgio: «(...) a direita também pode ser inteligente e evitar a necessidade de dividir tudo entre 'nós, os iluminados' e 'os outros, as trevas'.»
Precisamente o que tento sempre fazer: não dividir tudo entre mim e outros, sejam eles iluminados ou .... menos iluminados. Um blogue só de iluminados, ou um só de não-iluminados é uma pincelada, lembra a imprensa da ex-URSS ou a da Arábia Saudita.
Mas aqui entre nós (esquerdistas), que ninguém nos houve, você sabe tão bem como eu que a direita, com todos os defeitos que possa ter, permite mais a heterogeneidade de opiniões que a esquerda...
Mas aqui entre nós (esquerdistas)
O seu humor é delicioso. Melhor do que isso só a bandeira monárquica nos Paços do Concelho.
a direita, com todos os defeitos que possa ter, permite mais a heterogeneidade de opiniões que a esquerda...
Claro, basta ler este blogue.
Carmo,
Em linha com o comentário da ml, nem sei o que me parece mais divertido, se a sua proclamação de esquerdismo, se essas certezas sobre a direita heterogénea e a esquerda ortodoxa e monocromática.
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