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quinta-feira, 24 de julho de 2008

Eleições Norte-Americanas IX


Não nos desviemos, caro Sérgio, do assunto principal. E esse assunto é, para mim, debater quem é o melhor candidato para a Presidência dos Estados Unidos da América. Gostaria, aliás, de lançar um desafio a todos os leitores do blog, contribuintes incluídos. O que acham que está em jogo nesta eleição (especialmente para a Europa mas também para o Mundo)? Em quem votariam? Quem acham que vai ganhar?

Neste meu artigo, escrito depois desta discussão (creio que ainda a decorrer), irei tentar responder a estas mesmas perguntas.

Já todos se aperceberam que votaria em McCain. Votaria em McCain porque, em primeiro lugar, este me oferece mais credenciais, mais experiência, menos surpresa.

Sydney, como anseia o Sérgio que lhe chame, já tem largas décadas de experiência no senado, pelo Estado do Arizona. Ao invés, Hussein é um amador por aquelas bandas. Para além disso, tem larga experiência em palcos de Guerra, tendo sido, inclusive, Prisioneiro de Guerra durante a Guerra do Vietname. Visita regularmente os interesses dos Estados Unidos um pouco por todo o Mundo, ultimamente com especial foco no Iraque e no Afeganistão. Sabe o que lá se passa, o que pretende fazer e como pretende fazer (não só no Médio Oriente, mas também no Mundo). Como ele próprio diz: "I know who i am, and what i want to do".

Eu também sei o que ele tenciona fazer e como o vai fazer se for eleito: porque ele o diz. Sydney não tem medo de dizer o que pensa, não se esconde atrás dos "hopes" e dos "changes" de Obama. Explica e explicou o que quer em termos de economia, segurança, relações bilaterais, energia, ambiente. Tudo preto no branco: sem "hopes", sem "changes".

Em segundo lugar, votaria em McCain por causa do seu oponente. Barack Obama defende a retirada do Iraque (agora em 18 meses), defende o aumento das taxas alfandegárias, defende o aumento da carga fiscal, defende a reestruturação da NAFTA, defende uma política de combate à imigração ilegal fraca, defende a não exploração do petróleo Americano. Ao invés, McCain defende uma retirada do Iraque de acordo com aquilo que se passa no país (se for preciso, daqui a 100 anos), defende a manutenção das taxas alfandegárias no valor actual, defende a redução (se possível) da carga fiscal, defende a NAFTA, defende um combate à imigração ilegal combinado com a legalização de imigrantes ilegais já presentes no país, defende a exploração do petróleo Americano, para tornar o país menos dependente do exterior.

Barack Obama é, como os Norte-Americanos dizem, um flip-flopper. Mudou de opinião várias vezes durante esta campanha, de acordo com a força que soprava o vento. Primariamente defendeu a retirada integral do Iraque - Agora defende o diálogo com os oficiais e a retirada possível em 18 meses; Defendeu Jerusalém como capital indivisível de Israel - Agora diz que serão os Israelitas e os Palestinianos a decidir; Afirmou que iria aceitar o financiamento público para a campanha - Agora rejeitou-o;.

Barack Obama defende o diálogo "agressivo" com o Irão, com o Hezbollah, com os terroristas. Eu sou contra. Para mim, não há negociação possível: ou eles fazem o que queremos, ou arriscam-se a ter problemas. Esta é, também, a visão de McCain.

Barack Obama não apresenta políticas concretas para a América, para o Mundo, para o combate ao terrorismo, para a energia. John McCain quer uma América forte, um Ocidente forte e unido no combate aos seus maiores inimigos que são, para quem não sabe, o terrorismo, a opressão e o proteccionismo. Não descarta operações militares, não mente, não é oportunista, não nos vende ilusões.

John McCain é contra a tortura. John McCain tem um verdadeiro plano a favor do ambiente que, surpreendentemente, não tem publicidade nenhuma entre os ambientalistas. McCain defende a redução na emissão de CO2 e a aposta no etanol.

O que defende Obama? Alguém sabe? Alguém ouviu?

Estas eleições têm uma importância muito grande no futuro do Globo e na evolução ou não dos Direitos Humanos, da democracia, da Globalização, da Liberdade e de todos os outros valores ocidentais. A escolha é entre um candidato que se diz apostado em mudar, sem se saber bem o quê, e outro candidato que se diz apostado em valorizar o Ocidente, e os Estados Unidos em particular, para transformar o Mundo num Mundo melhor. Um quer negociar com os maus da fita, outro quer fazer os maus verem que estão errados e que nós é que estamos certos.

Precisamos de um Presidente dos Estados Unidos que tenha força para tomar decisões difíceis mesmo que nós, mais uma vez, nos decidamos acobardar e esconder na nossa toca, bem defendida pela NATO. Precisamos de um Presidente dos Estados Unidos que se consiga impor e que seja competente. Precisamos de uns Estados Unidos economicamente fortes, face à ameaça Chinesa. Precisamos de uns Estados Unidos apostados no mercado com a Europa, nas relações com a Europa, no entendimento com a Europa. Se esta quiser, claro.

Não sei quem vai ganhar. Reconheço que as coisas estão do lado de Obama e este é quem tem toda a responsabilidade de ganhar, depois de dois mandatos Republicanos tão mal-amados pelos Norte-Americanos. As coisas estão, a meu ver, muito empatadas, com vantagem, no entanto, para Obama.

Os indecisos desempenharão um factor chave nestas eleições. Eles vão decidir qual vai ser o próximo Presidente dos Estados Unidos. Convém frisar que eles ainda representam 15% dos eleitores.

15 comentários:

Renato Bento disse...

A propósito: bonito discurso de Barack Obama em Berlim hoje. O homem pode ter muitos defeitos, mas tem uma grande máquina por detrás dele..

ml disse...

debater quem é o melhor candidato para a Presidência dos Estados Unidos da América.

Mas já o encontrou, não é?
O outro nem existe, é uma construção da máquina europeia.

Ich bin ein Berli... perdão, ein Amerikaner.

Sérgio Pinto disse...

Caro Ricardo,

Tenho andado com pouco tempo, mas a partir de amanhã as coisas vão melhorar.

Alguns pontos:
- as eleições nos EUA não me dizem assim tanto; essencialmente, interessar-me-iam as posições em termos de política externa (porque têm impacto directo no resto do mundo) e em termos económicos (porque poderiam ter impacto na forma como organizações internacionais como o BM/FMI actuam, e não deve ser possível fazer pior que pôr o Wolfowitz à frente de qualquer delas);
- dentro dos dois grandes partidos, os únicos que me poderiam merecer bastante simpatia seriam, eventualmente, o Edwards e o Kucinich; dado que ambos já saíram, há muito, da corrida, maior é o meu desinteresse em relação às eleições;
- de um modo geral, o Obama nem sequer me agrada; simplesmente, os republicanos agradam ainda menos, como seria expectável relativamente a um partido mais conservador em termos sociais; no fundo, é como Portugal: não gosto (nem voto) do Sócrates ou da Ferreira Leite, embora o Sócrates me pareça menos mau; nos EUA é o mesmo: parece-me que o Obama é o menos mau.

Além disso, presenteio-o com uma lista de intervenções brilhantes do McCain, que pode ver mais em detalhe se seguir o link:

http://www.thecarpetbaggerreport.com
/archives/16270.html

* McCain continues to believe Czechoslovakia is still a country.

* McCain has been confused about the difference between Sudan and Somalia.

* McCain has been confused about whether he wants more U.S. troops in Afghanistan, more NATO troops in Afghanistan, or both.

* McCain has been confused about how many U.S. troops are in Iraq.

* McCain has been confused about whether the U.S. can maintain a long-term presence in Iraq.

* McCain has been confused about the source of violence in Iraq.

* McCain has been confused about Iran’s relationship with al Qaeda.

* McCain has been confused about the difference between Sunni and Shi’ia.

* McCain has been confused about Gen. Petraeus’ responsibilities in Iraq.

* McCain has been confused about what transpired during the Maliki government’s recent offensive in Basra.

* McCain has been confused about Gen. Petraeus’ ability to travel around Baghdad “in a non-armed Humvee.”

* McCain has been so confused about Iraq, in November 2006, he couldn’t even do a live interview about the war without reading prepared notes on national television.

* McCain has been confused about his vote on the Kyl-Lieberman amendment on the Iranian Revolutionary Guard.

* McCain, following a trip to Germany, referred to “President Putin of Germany.” (Updated)

And this only covers McCain’s obvious incoherence on his signature issue.

I honestly don’t know what happened to this guy. John McCain used to be a sharp, reasonably honest politician. And then he decided he desperately wanted to be the Republican presidential nominee — and he threw it all away.

Renato Bento disse...

"embora o Sócrates me pareça menos mau"

Curioso. A mim também.

Eu próprio já tinha encontrado na internet e já tinha visto alguns dos erros cometidos por McCain. É óbvio que são sempre de lamentar, e não têm desculpa, mas a mim parece-me que não se deve dar relevância ao caso. Ele sabe perfeitamente que a Checoslováquia já não existe e que o Presidente Alemão não é Putin.

Tal como Obama disse que os Estados Unidos são 49 estados e ninguém lhe caiu em cima. São coisas que acontecem, mas na idade de McCain é-lhes dada maior relevo.

ml disse...

Oh, gosh! Só pode ser alguma coisa que põem na sopa lá na cantina do partido.

Renato Bento disse...

"Só pode ser alguma coisa que põem na sopa lá na cantina do partido."

Essa até seria uma boa desculpa.. Mas creio que a maioria destes erros ocorreram antes dele conquistar a corrida Republicana.. O McCain não se pode dar ao luxo de dizer estes disparates em campanha..

Renato Bento disse...

Queria também deixar aqui uma nota, que creio que não deixei ao longo de todos os meus textos sobre as eleições: estou cada vez a ficar menos preocupado caso Obama vença as eleições.

A inflexão que fez para apanhar o eleitorado da Hillary fez-lhe muito bem. As posições sobre Israel, Iraque e Irão melhoraram substancialmente.

ml disse...

Olhe, esta foi há dias.

the Iraq-Pakistan border.

O Partido Republicano tem que vigiar melhor os menús ou mudar de cozinheiro.


estou cada vez a ficar menos preocupado caso Obama vença as eleições.

E faz muito bem. Sofrer dores alheias já é mesmo hipocondria.

Sérgio Pinto disse...

É óbvio que são sempre de lamentar, e não têm desculpa, mas a mim parece-me que não se deve dar relevância ao caso. Ele sabe perfeitamente que a Checoslováquia já não existe e que o Presidente Alemão não é Putin

e

O McCain não se pode dar ao luxo de dizer estes disparates em campanha..

Por acaso, a maioria das asneiras do McCain ocorreu já depois de ser ele o único 'sobrevivente' da corrida Republicana, ou seja, são posteriores a Março de 2008.

Sim, é óbvio que a questão do Putin e da Checoslováquia não são graves, Por outro lado, os erros sobre o Iraque, o Irão, a Al-Qaeda, xiitas e sunitas são evidência de ignorância/má preparação graves sobre o assunto em que, supostamente, ele teria superioridade.

Renato Bento disse...

"O candidato republicano citou "a redução das entregas de petróleo aos checos porque eles concluíram um acordo com os Estados Unidos, a exclusão da Rússia da petroleira britânica BP, a enorme pressão sobre a Geórgia e a Ucrânia e o bloqueio no Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o Irã".

"Eles se tornaram uma autocracia", lamentou McCain. "O ex-presidente Putin, agora primeiro-ministro, e seu gouverno levaram o país por um péssimo caminho", prosseguiu."

Ainda acha que ele não sabe o que faz Putin?

Sérgio Pinto disse...

Não chute para canto, Ricardo.
Eu disse-lhe precisamente que isso do Putin e da Checoslováquia poderia ser entendido como um lapso.
As parvoíces que ele debitou sobre Irão estar a treinar elementos da Al-Qaeda, por exemplo, já nem por isso. E ter que vir o Lieberman soprar-lhe a correcção da asneira ao ouvido é particularmente triste. Ou a palermice sobre o cessar fogo quando houve problemas entre as milícias do Al-Sadr e o governo do Al-Maliki. E, e, e...

Renato Bento disse...

Falar em Lieberman.. Acredita num ticket McCain/Lieberman?

Sérgio Pinto disse...

Não. Pela simples razão de, entre os Republicanos, o McCain já ter uma imagem algo liberal, pelo que aparecer combinado com alguém que ainda há pouco era democrata e era o vice-presidente do Al Gore poderia alienar a base mais radical e conservadora. Provavelmente, o vice-presidente será alguém com posições mais conservadoras que o McCain em questões sociais. Até o Romney parece mais provável, dado que além do mais conseguiria trazer um montante apreciável em financiamentos para a campanha atrás dele...

Renato Bento disse...

Romney era uma boa aposta. Não esquecer que ele também é mormon, o que é bom para chamar alguns evangélicos.

Além disso, com Romney o Michigan estaria ganho!

Mas viam, de maneira favorável, para vice de McCain, Huckabee e depois Lieberman. Huckabee também será uma boa aposta.

É que isto é um pau de dois bicos: se chama um conservador mais radical, perde votos ao centro; se chama um liberal, perde votos à direita.

Que drama!

Renato Bento disse...

Ups, apaguei uma parte do comentário, aqui vai outra vez:

Romney era uma boa aposta. Não esquecer que ele também é mormon, o que é bom para chamar alguns evangélicos.

Além disso, com Romney o Michigan estaria ganho!

Há dias, num estudo os eleitores viam de maneira favorável, para vice de McCain, Huckabee e depois Lieberman. Huckabee também será uma boa aposta.

É que isto é um pau de dois bicos: se chama um conservador mais radical, perde votos ao centro; se chama um liberal, perde votos à direita.

Que drama!