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terça-feira, 3 de novembro de 2009

Alle Menschen werden Brüder - die juden auch?


Biergarten (recomendo a toda a gente) na Baviera em Agosto de 2007


ml: «…importa-se de retirar os über- e unter- e deixar toda a gente simplesmente Menschen?»


Senhora dona ml,

Importo-me sim senhora, quero aproveitar enquanto posso a minha liberdade de colunista, porque quando o José Saramago (o outro semelhante) for ministro da cultura deste país só você e o Sérgio Pinto terão direito de antena.

ml: «…eu que descendo de uma raça de descobridores/globalizadores e sou um bocadinho ‘nacionalista’»

Em todo o caso nacionalista suficiente para chatear a mona a uma pessoa – sobre a colocação de verbos numa frase - que gosta da sua língua mas que apenas viveu nove anos (dos 9 aos 18) no seu jardim à beira-mar plantado!

ml: «…da última vez que uns tipos altos e louraços se consideraram os mais inteligentes e capazes, deu no que deu, …»

Tem toda a razão, é o que dá os socialismos-nacionalistas. Todos eles começam sempre por ser um bocadinho nacionalistas, mas depois misturam-lhe socialismo e a coisa torna-se explosiva e dá no que dá.

ml: «…e as vítimas de ontem já se candidataram a carrascos de hoje.»

Você ainda não percebeu bem a coisa! As vítimas de ontem não têm vontade nenhuma de serem, mais uma vez, as vítimas que sempre foram ao longo da história. Que diabo, querem evitar que os seus filhos ou netos venham a escrever um dia em blogues ‘que da última vez que uma religião (da paz) se considerou a única deu no que deu’.

Acerca do Dawkins nada tenho contra e continua para mim a ser muito popular, é um ateu que explica muito bem e com bastante humor como desmantelar o Altíssimo – e normalmente percebo tudo o que ele diz, que mais desejar?

Acerca de raças creio que o Eça era anti-semita, mas era anti-semita da mesma forma que Camões era racista. Para compreender é preciso ver as coisas no seu contexto e na sua época. Na época de Eça, e no meio em que ele se movia, era pura e simplesmente ‘bon ton’ este tipo de referências à raça judaica, e tem tudo a ver com o excelente p.r. do Vaticano a que anteriormente fiz referência.

O anti-semitismo só deixou abruptamente de ser ‘salonfähig’ – para se tornar tabu – depois do Holocausto, mas inspirado actualmente pela religião da paz retoma o seu curso ‘normal’ em meios de esquerda, mas não só. Só assim é que se compreende a percepção e indignação terrivelmente selectiva em relação às supostas maleficências do judeu.

12 comentários:

Sérgio Pinto disse...

Carmo,

Sei que estou a ser um bocadinho repetitivo mas, dado que continua a haver a habitual associação "esquerda <=> anti-semitismo", voltava a pedir que explicitassem essa característica que, pelo menos para vocês, aparenta ser tão clara.

Entretanto, aqui há umas semanas/meses, o seu colega range tinha dito que Chávez, Mugabe & Cia eram "unha com carne" com o BE. Claro que passado este tempo todo, e apesar de diversas insistências, o seu ilustre colega continua, heroicamente,a ser incapaz de assumir que meteu a pata na poça. Só para ir relembrando o assunto...

RioDoiro disse...

Eu explico melhor:

"Chávez, Mugabe & Cia"

Em boa verdade só são unha com carne quando "prometem um homem novo". Depois de estoirarem passam a unha com cadáver.

Já unha com cadáver assobiam para o lado e, se muito pressionados, repetem as ladainhas: a ideia estava certa mas a culpa foi da aplicação, a ideia estava certa mas a culpa da imperfeição do homem, a ideia estava certa mas a culpa foi do imperialismo.

Como partido de raiz claramente totalitária, o BE apoia tudo quanto lhe cheirar a totalitarismo.

Sérgio Pinto disse...

Ah, agora é quando prometem um homem novo? Curioso, que nunca vi o BE com essas aspirações.

Hum, pois, totalitário. Quer fazer o obséquio de indicar, por exemplo, pontos do programa para as legislativas que sustentem tão categórica afirmação? Ou chegou a esta conclusão quando estava sob o efeito das mesmas substâncias que o levaram a colar o Mugabe ao BE?

RioDoiro disse...

http://fiel-inimigo.blogspot.com/2009/11/do-certificado-de-malandro.html

RioDoiro disse...

Caro CdR,

Desculpe.

Pensei que o SP estava a comentar um outro artigo e não o deixei, em exclusivo, para si.

Carmo da Rosa disse...

Sérgio,

A associação que EU vejo entre esquerda e anti-semitismo não é uma questão racial mas ideológica e está implícita nesta minha frase ”Só assim é que se compreende a percepção e indignação terrivelmente selectiva em relação às supostas maleficências do judeu.”

Eu vivo aqui no centro da Europa onde se fazem manifestações (de esquerda) por dá cá aquela palha e a verdade é que já assisti a várias manifs contra Israel mas nenhuma contra o que a Rússia faz na Chechénia, a Turquia no Curdistão, o Sudão em Darfur, a China em Xinjiang, etc, etc, etc.

Mas se os judeus fossem pobres, fracos e boicotados pelos americanos certamente que a esquerda europeia esquecia Cristo e andava de solidéu e trancinhas a queimar bandeiras americanas em enormes manifestações de solidariedade.

Penso eu de que!

Sérgio Pinto disse...

Carmo,

Parece-me evidente para que lado pende o equilíbrio de poder em Israel, sendo igualmente claro quem é o ocupante e o ocupado, quem está sujeito a restrições dentro do próprio país, etc. E, agora, nem sequer existe a desculpa de que o governo palestiniano é que é extremista e impede o processo de paz e blá blá - o governo israelita decidiu pôr um elemento da extrema direita, que já apelou à execução de deputados árabes e que adoraria reencaminhar os não judeus para fora de Israel, na pasta dos negócios estrangeiros.

Em segundo lugar, como sabe, os conflitos não têm todos a mesma exposição mediática: Iraque, Afeganistão e Israel terão mais que qualquer outro, sendo muito mais fácil haver mobilizações para uma causa amplamente difundida do que para uma relativamente obscura, como é evidente.
Felizmente, o Darfur tem, apesar de tudo, mais exposição que os outros conflitos que enumera. Também por isso terá havido mais manifestações em protesto contra o governo sudanês do que contra o russo ou o chinês. Em todo o caso, vi isto: http://www.bbc.co.uk/portugueseafrica/news/story/2007/09/070917_darfurdaybp.shtml. E tropecei também no seguinte texto, no Arrastão:
De 23 a 30 de Abril decorrem os Global Days for Darfur, uma iniciativa internacional em solidariedade com as vítimas desta limpeza étnica de dimensões inimagináveis e como forma de pressão cidadã para por fim a esta chacina. Esta é a imagem para pôr nos blogs.

E poderia dizer o mesmo em relação ao que se passou recentemente no Irão, quando o Ahmadinejad e o Khomenei resolveram desancar quem tinha aspirações a outro Irão.

Mas pode tentar fazer o exercício inverso: quantas vezes viu o PSD ou o PP a falar sobre qq desses conflitos (pode usar os equivalentes holandeses, se preferir).

ml disse...

Dom Carmo

Ora cá temos nós mais um belo post em que os comentadores são a matéria-prima. Poupadinhos.


que apenas viveu nove anos (dos 9 aos 18) no seu jardim à beira-mar plantado!

Ora, a correcção não implicava qq apreciação crítica. Apenas, como vi que hesitou algumas vezes, pensei que gostaria de saber como é.
Se assim não foi, as minhas desculpas.


Em todo o caso nacionalista suficiente para chatear a mona a uma pessoa – sobre a colocação de verbos numa frase

Vá lá, não queira diminuir-me os créditos, não é só à conta da concordância verbal que as monas se chateiam. Só por isso nem valia a pena o trabalho.

Os louraços nórdicos não eram nacionalistas nem eram nada, as ralações iam para a sobrevivência da tribo e para umas vandalices. Mais tarde, mas muuuuuuito mais tarde, é que alguém foi ao sótão procurar as fotos dos avós e os comparou com outra gente mais baixinha e morena. Os avós devem ter chorado de vergonha com o que se seguiu.


Você ainda não percebeu bem a coisa!

Claro que não, e até estou a pensar abdicar da minha percepção e adoptar a sua. Que acha? O pior é se depois nos aparecem pela frente um terceiro e um quarto iluminados a dizer que nós os dois - finalmente de acordo - ainda não percebemos bem a coisa.
Se ao menos houvesse um perceberómetro, era só consultar a tabela.

Eça anti-semita? Acha que ele era contra o mundo? É que não houve cão nem gato que lhe escapasse à linguazinha e até fomos nós, portugueses, quem mais levou pela medida grande.
Eça anti-português? Humm… vou pensar nisso.
Ou afinal esse critério é válido apenas para os judeus? Todos os outros podem ser zurzidos forte e feio, que é o normal exercício da opinião crítica. Quando chega a vez dos judeus, alto lá com a procissão!
Pelezinhas sensíveis.

Não, não só o Eça não era anti-semita como está preto no branco a denúncia do anti-semitismo na Alemanha e da conivência do estado com uma população lamurienta, a querer que façam trabalho sujo por eles. Não é que Eça apreciasse o comportamento social dos judeus, e não se coibiu de explicar porquê, mas faz muita bem a destrinça entre pouca simpatia pelo modo de vida dos judeus e hostilidade ou antagonismo.
OK, deixemos o compasso binário trabalhar em paz.
Tic-tac... tic-tac...

Numa coisa concordo consigo, o bom-tom é sempre de época. Agora é de muito bom-tom - embora apenas em meios muito limitados, tout court – dizer mal dos árabes/muçulmanos. Também vai passar, como todos os bons-tons passam.

Obrigadinha pelo fino. Espero é que não queira que eu o partilhe com nenhum Bruder, sowohl Jude, Moslem als auch Christ. Mas como não sou mal agradecida, quando o Saramago for ministro da cultura o Sérgio e eu abrimos-lhe uma excepção. Afinal é um antigo kamarada, faz parte dos registos como eu faço parte da lista da ICAR só porque me baptizaram. São as regras da casa, sei lá.
Valeu?

Carmo da Rosa disse...

@ Sérgio Pinto: «Parece-me evidente para que lado pende o equilíbrio de poder em Israel, sendo igualmente claro quem é o ocupante e o ocupado, quem está sujeito a restrições dentro do próprio país, etc.»

Caro Sérgio, o ocupante foi aquele que resistiu ao ataque conjunto dos vizinhos e ganhou. Se tivesse perdido estava feito num oito, nem as NU, nem a UE, nem sequer os EUA o safavam.

Mas mesmo depois de ter ganho, Israel é o único país que de vez em quando - para não o ouvir mais a si e para que os árabes o larguem da braguilha - lá devolve um pedaço de terra. Coisa que por exemplo os outros por costume nunca fazem: que eu saiba os americanos não pensam devolver a Califórnia aos mexicanos, nem os franceses a Alsácia-lorena aos alemães, os espanhóis Olivença a Portugal, Portugal o Algarve aos mouros e Marrocos Ceuta a Portugal. Perderam, está perdido.

@ Sérgio Pinto: «o governo israelita decidiu pôr um elemento da extrema direita, (…) na pasta dos negócios estrangeiros.»

Muito bem visto caro Sérgio e este seu reparo vem, de certo modo, e mais uma vez, confirmar a tal indignação selectiva a que eu me referi anteriormente.

O elemento da extrema-direita parece que foi escolhido democraticamente e o Netanyahu não pôde fazer outra coisa, se é que quer governar, senão incorporar o dito cujo elemento no seu governo. Mas é realmente pena uma nomeação deste tipo, sobretudo tendo em conta o contraste com os cuidados que os vizinhos de Israel colocam na escolha dos seus políticos – tudo gente cooptada entre as melhores famílias árabes com excelentes contactos com os respectivos líderes que têm uma larguíssima experiência de governação…

@ Sérgio Pinto: «….como sabe, os conflitos não têm todos a mesma exposição mediática:

Eu apenas sei que os conflitos têm a exposição mediática que se lhes quer dar! Além disso não é minha intenção dizer que a imprensa ocidental (de esquerda ou de direita) silencia o Darfur, a Chechénia, o Nordeste Chinês e os problemas no Irão! Quero apenas dizer que há indiscutivelmente nos movimentos de esquerda (quanto mais à esquerda mais evidente a coisa se torna) uma preferência na escolha das vítimas. As vítimas, para conseguirem o estatuto máximo de coitadinhos, com direito a manifestações imponentes nas capitais europeias, têm pelo menos que levar nos cornos de Israel ou dos americanos. De outro modo são, se tiverem sorte, apenas vítimas – números.

Carmo da Rosa disse...

@ ml: «Ora cá temos nós mais um belo post em que os comentadores são a matéria-prima.»

É verdade, isto sem matéria-prima já não vai lá. Por isso é que eu insisto com os meus colegas, a bem de todos nós, para que tratem a matéria-prima com a deferência e a delicadeza que merecem. Reconheço que nem sempre sou ouvido…

@ ml: «Ora, a correcção não implicava qq apreciação crítica.»

Está desculpada e tenho realmente que lhe retribuir os créditos: não é só gramática o que a casa gasta.

@ ml: «até estou a pensar abdicar da minha percepção e adoptar a sua. Que acha?»

Por favor não faça isso, lá se ia uma boa parte da matéria-prima... Além disso a minha percepção, apesar de correcta, é um tanto ou quanto simplória e certamente não ficaria bem ao lado do seu apuradíssimo sentido de estilo.

@ ml: «Eça anti-semita? Acha que ele era contra o mundo?»

Eu disse: “…..era anti-semita da mesma forma que Camões era racista” e eu sou do Benfica. Uma questão cultural a que dificilmente se pode escapar, salvo raras excepções como a minha cara amiga, que para colmatar a falta que o futebol e a catequese lhe fazem, preenche a sua existência com doutrinas - sabe-se lá de onde? - prejudiciais aos interesses da nação (isto deve ser lido com um leve tremidinho na voz, tão característico no doutor Oliveira Salazar).

@ ml: «Numa coisa concordo consigo, o bom-tom é sempre de época. Agora é de muito bom-tom - embora apenas em meios muito limitados, tout court – dizer mal dos árabes/muçulmanos.»

Pois eu até agora fartei-me de rir e tinha concordado consigo em tudo, mas esta, peço desculpa, mas não pode ser! Dizer mal do Islão – outra coisa do que dizer mal dos muçulmanos - é a maneira mais eficaz de praticar eutanásia activa! Como é que pode ser actualmente bom-tom?

@ ml: «….como não sou mal agradecida, quando o Saramago for ministro da cultura o Sérgio e eu abrimos-lhe uma excepção. Afinal é um antigo kamarada, faz parte dos registos como eu faço parte da lista da ICAR só porque me baptizaram.»

Acredito sinceramente que (você e o Sérgio) me abrissem uma excepção, o pior seriam os problemas que ambos irão sofrer mais tarde. Os kamaradas do polit-bureau, na melhor das ocasiões, lembrariam às massas em tribunal popular a relação demasiadamente amistosa entre os responsáveis revolucionários (ml e Sérgio Pinto) e um neo-con anti-islão, pró Fortuijn e pró Wilders.

Huuum, não me parece que isto seria benéfico para a carreira de ambos.

ml disse...

Reconheço que nem sempre sou ouvido…

Essa parada já perdeu. Realmente é difícil encontrar uma tão… huummm… hábil gestão da carteira de comentadores.


Além disso a minha percepção, apesar de correcta

As nossas percepções são sempre as correctas, a sua, a minha e as de mais uns milhões de pessoas. É chato, mas é assim.
Mas alguns sabem que a correcção é uma questão de timing. Hoje o correcto nos Estados Unidos é a cobertura universal da saúde, daqui a uns tempos, quando o Senado reunir, já não se sabe qual será.
A propósito, o rapazinho averbou uma vitória que ninguém tinha conseguido até hoje, só por isso já merecia outro prémio Nobel e uma beijoca. Deus-nosso-senhor-permita que continue com a habilidade negocial que mostrou até agora.
Bom, who cares, eu tenho cobertura universal e completa desde a ponta dos pés à raiz dos cabelos e acho que o Dom Carmo também não se queixa. Borrifemo-nos nos 40 milhões de parasitas americanos.


Dizer mal do Islão – outra coisa do que dizer mal dos muçulmanos

Ah, mas eu fui muito clara, dizer mal dos árabes/muçulmanos. Pode confirmar aqui no blogue a histeria levada aos píncaros, que inclui a negação da história. É burrice, é, mas que quer que lhe faça?


Os kamaradas do polit-bureau, na melhor das ocasiões, lembrariam às massas em tribunal popular

Desconheço o funcionamento interno dos kamaradas, tenho que acreditar na sua experiência e já estou a assustar-me com o que diz. Mas olhe, os dados estão lançados, que venha a Sibéria, vou comprar um par de esquis e um samovar.

De facto Camões era um pinga-amor, dava-lhe para escrever trovas a escravas negras. Sempre tivemos um raio de uma tendência para o multiculturalismo, mas isso eram outros carnavais, agora que é de bom-tom fingir que isso é mau, convinha refrearmo-nos.

Carmo da Rosa disse...

@ ml: «Sempre tivemos um raio de uma tendência para o multiculturalismo,»

É verdade, mas só em relação a digamos 40% da população: raparigas a partir dos 15 anos. Nada mau, uma performance superior a muitas outras nações…