O problema não é a Grécia e muito menos a questão financeira e a "maldade" dos bancos, das agências de rating e do malvado "capitalismo neoliberal".
E se o problema não é esse, a solução também não é esta de fazer remendos financeiros e avanços suicidas nos gastos públicos. A quem só tem um martelo, todos os problemas parecem pregos.
O martelo que levou a Europa à situação actual é a pulsão socializante e estatizante que varreu a Europa nas últimas décadas.
Uma Europa cuja génese filosófica é a fundamental desconfiança no Estado ( Monnet era um homem de negócios, um liberal que entendia que a paz só se alcançaria através do comércio e não pela estatização da vida pública), está desde há décadas a ser gerida por governos (de esquerda e de direita) que acreditaram na construção de gigantescos estados de inspiração social-democrata e socialista.
A alma imaginada por Monnet para o espaço europeu, era económica. E todas as instituições criadas, nomeadamente o Banco Central Europeu, buscam raízes na alma mater monetarista e liberal.
Os governos nacionais, pelo seu lado, acreditaram na mirífica conjugação virtuosa do liberalismo económico para criar riqueza, e no socialismo redistributivo, a cargo do Estado. Sol na eira e chuva no nabal.
E o estado levou a sério a sua tarefa de distribuir. Tão a sério que a partir de uma determinada altura, já estava a distribuir aquilo que não tinha e que a economia não produzia. Com grande parte da população a comer da generosa cornucópia, só havia duas maneiras de a manter recheada: rapar os bolsos dos contribuintes e pedir emprestado, na convicção de que no futuro alguém iria pagar as dívidas.
Pois bem, o futuro chegou.
Quando países como Portugal já devem mais de 100% daquilo que ganham, os credores começam a duvidar da sua capacidade para pagar. E quando a dúvida se instala, não é fácil conseguir novos empréstimos. O problema é que não é só Portugal, na verdade até a Alemanha já deve mais de 90% do seu produto.
O busílis disto tudo é a ideologia, o socialismo que domina as mentes, o acosso intelectual ao liberalismo e ao mercado.
É por isso que a Europa declina e tende de facto para a única igualdade que os socialismos logram: a dos miseráveis.
6 comentários:
O meu amigo Lidador sabia que o BCE empresta dinheiro aos bancos comerciais a 1%, e que estes, por sua vez, emprestam aos Estados a taxas superiores a 5%, porque os estatutos do BCE não lhe permitem emprestar directamente as Estados? Não acha isto engraçado?
"O meu amigo Lidador sabia que o BCE empresta dinheiro aos bancos comerciais a 1%, e que estes, por sua vez, emprestam aos Estados a taxas superiores a 5%, porque os estatutos do BCE não lhe permitem emprestar directamente as Estados? Não acha isto engraçado?"
E quando a malta que pede dinheiro aos bancos comerciais lhes não paga o BCE perdoa essa parte da dívida aos bancos?
Diogo, faria melhor se lesse os estatutos do BCE, de resto aprovados democraticamente. O BCE não existe para emprestar dinheiro. De resto já há quem fale na criação de um Fundo Monetário Europeu, justamente para isso.
A sua repimpada ignorância leva-o a asneirar como quem respira.
Estude a basesinha e venha cá depois falar. É que argumentar assim, com quem não tem a mínima ideia das coisas, dá um cansaço do caraças.
Lidador, «O BCE não existe para emprestar dinheiro».
Meu querido amigo, saberá você que o BCE é a única instituição europeia com capacidade de criar dinheiro (excepto as moedas). Não saberá você que é o BCE que empresta dinheiro aos bancos tal como acontece nos EUA?
Lidador, você anda a dormir em pé?
Jornal Expresso - 16 de Dezembro de 2009
O BCE vai emprestar 96,9 mil milhões de euros a 224 bancos, no último leilão que fará a um ano com juros baixos, esperando-se que a taxa de juro seja na ordem de um por cento, segundo a Bloomberg.
(...) No último leilão deste género, o BCE emprestou 75,2 mil milhões de euros, enquanto que, em Junho, tinha cedido mais de 442 mil milhões.»
De facto desde que deixámos de ter as terras de santa cruz e as terras dos pretos,que lá se vai o nosso ourinho que já não chega para tantos carros, tantos telemóveis, tanto novo-riquismo, tantos computadores, tantos ipods e ipads, tantos blogueiros "sabões", etc, etc, etc...
Não vale a pena, mas lá vai. Diogo, o BCE não existe para emprestar dinheiro. Não é essa a sua função. É uma instituição monetarista independente que trata de regular a inflação, através da quantidade de massa monetária em circulação. Quando imprime moeda, para acorrer as necessidades monetárias decorrentes do aumento de riqueza produzida, coloca-a no mercado através de leilões a que acorrem os bancos nacionais e outros agentes descritos nos estatutos. Não é uma emissão de dívida.
Se você têm uma ideia melhor, diga qual é. Estamos à espera do seu génio financeiro.
Provavelmente o mundo tem sido injustamente deserdado das suas magníficas ideias.
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