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sábado, 25 de julho de 2009

Chocadeiras


Vem recorrentemente à baila a história da baixa taxa, negativa nalguns casos, de crescimento demográfico na Europa (pelo menos na ocidental).

Por europeus ocidentais eu entendo aqueles que cá vivem e há várias gerações e se identificam, traços gerais, pela forma de viver dos concidadãos em idênticas circunstâncias. Percebendo serem cidadãos pelo ponto de vista do direito, parece-me que os imigrantes que entre nós se encontram e que insistem, mais ou menos abertamente, em renegar a nossa forma de encarar a vida, são cidadãos nacionalizados. Chamarei, portanto, a uns os nacionais e aos outros os nacionalizados.

Voltando à demografia, os nacionais tendem a parir pouco, os nacionalizados bastante mais. Levantam-se então vozes chamando a atenção que a génese de cada povo pode vir a ser posta em causa e que esse facto pode vir a gerar formidáveis tensões, eventualmente banhos de sangue. Esta conversa é particularmente pertinente face à nacionalização de hordas de muçulmanos*1. A maioria da migração de nacionais não levanta problemas de maior porque além de não serem regra geral pouco significativos (em termos relativos), comungam valores básicos.

Há quem diga, e eu aposto nesta, que a Europa ocidental se encontra em decadência exactamente por não se aguentar demograficamente.

“Nós precisamos de imigrantes porque parimos pouco”.

Já ouvi muitas mas esta é das mais engraçadas. Além de implicitamente colocar o imigrante na posição e chocadeira parece querer convencer que o substituinte substitui realmente. É assim como uma espécie de transplantação de corpo e alma.

A Europa ocidental é, demograficamente falando, decadente. Mas se importarmos imigrantes deixa de o ser. Parece que a economia não se desenvolve sem imigrantes porque sem expansão demográfica não vamos lá. Mas “vamos” lá se formos transplantados de corpo e alma. Hmmm.

Claro que isto pode ser visto de outra forma. A economia é uma espécie de master-cidadão servida por duas espécies de infra-cidadãos: os nacionais e os nacionalizados. Só com os nacionais o master-cidadão não se aguenta, com os nacionalizados fica tudo bem mesmo que, evidentemente, os nacionais tendam a desaparecer e a ser substituídos pelos nacionalizados. A economia é aqui equiparada ao Partido. Aquele que justifica a existência de pessoas - as que passarem o controlo de qualidade.

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