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quinta-feira, 16 de julho de 2009

Refrescos do Estado

Um café com meia dúzia de metros quadrados é obrigado a manter disponível e asseado um lavabo para uso de que entra para tomar uma bica, ou simplesmente entra só para usar o lavabo; dito de outro modo, o café é obrigado a custear um lavabo para uso público, apesar de não ser um serviço público.

Uma secção de finanças não tem lavabos para uso público, ainda que sejamos obrigados a entrar nela para tratar assuntos fiscais, tendo por vezes de esperar mais de uma hora para ser atendidos. Pode acontecer ser necessário “ir ao café” e voltar.

Isto é, uma secção de finanças não é obrigada a disponibilizar um lavabo público, apesar de as suas instalações serem usadas no âmbito de um serviço público por quem não tem outro modo de tratar de assuntos ligados à administração pública. Mas os cafés, que não são um serviço público e em que a entrada é opcional, são obrigados a disponibilizar lavabos a todos os que passam.

Segue uma hipótese explicativa: nos Estados Sociais os políticos sabem que o mundo se divide em duas categorias: o Estado e quem vive nele, e os outros. Para o Estado e quem vive nele vão os privilégios, as isenções, as mordomias e as boas figuras feitas com o dinheiro dos outros. Para os outros, as obrigações, os imposições, as penalidades e os impostos pagos para regalo e boa figura do Estado. Assim é o Estado Social: pimenta no cu dos contribuintes para o Estado é refresco.

6 comentários:

Carmo da Rosa disse...

Bom, como de costume, nem sempre compreendo muito bem a essência mas é um facto que se um café ou um restaurante não tem um lavabo eu para a próxima não ponho lá os cotos. Talvez seja esta a intenção do dono!

Pior ainda, há cafés e restaurantes na capital do império que têm lavabos e cagadeiras em tal estado que eu já pensei várias vezes em ir arrear o calhau a Évora...

Utilizando a tal auto-estrada que o Miguel de Sousa Tavares diz não servir para grande coisa mas eu em momentos de aperto tenho uma opinião completamente diferente.

José Meireles Graça disse...

O caso é ainda mais grave: Na repartição não se pode tomar café; mas no café para consumir o que quer que seja têm que pagar-se impostos.

Anónimo disse...

Facil......monta-se um Café ao lado de qualquer repartição de finanças e da-se um subsídio para os lavabos.
Ora bolas.

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
RioDoiro disse...

Apaguei o comentário anterior por me parecer tartar-se de phishing.

Diogo disse...

Quase completamente de acordo. A questão é: quem vive no Estado ou do Estado?