Em França está lançado o debate sobre a eventual proibição do uso do hijab e Sarkozy já disse com todas as letras que a vestimenta não é bem vinda em França.
As reacções não se fizeram esperar, vindas dos quadrantes habituais: islamistas e esquerdistas.
Os islamistas argumentam que o hijab representa a sua religião, a sua cultura, a sua identidade, que é um sinal de modéstia, de virtude, de submissão a Deus, etc.
Os chamados intelectuais de esquerda acham mais ou menos o mesmo, defendendo o uso do hijab com o argumento de que se trata do direito à diferença, de liberdade religiosa, etc.
Na verdade não são estes valores que estão aqui em causa e é de uma espantosa desfaçatez que a esquerda, herdeira dos mais autoritários regimes e sociedades que o sapiens inventou, se atreva sequer a fazer-se porta-voz de conceitos que na prática sempre relativizou.
As vestes islâmicas são impostas a milhões de mulheres em todo o mundo e por isso o assunto não pode ser apresentando apenas como uma questão de escolha individual, como se não houvesse uma história e uma cultura nos bastidores. É provável que algumas mulheres usem estes trajes por escolha pessoal, talvez porque sejam feias como o caraças e não queiram que se note, talvez porque sejam de tal modo tontas que não entendam que estão apaixonadas pela trela, talvez porque sejam masoquistas, talvez porque sejam genuínas beatas, mas na vida real não é possível averiguar caso por caso, quando o que está em jogo é verdadeiramente uma questão política.
Estes trajes reduzem as mulheres a meros objectos sexuais. Aprisionadas debaixo das vestes, as mulheres perde individualidade, passam a ser apenas clones de um sexo que tem de ser escondido porque faz os homens pecar. Tapadas, são todas iguais, sexos em movimento, sem nada que distinga a individualidade.
Numa sociedade islâmica, a mulher está reduzida à sua sexualidade que ainda por cima é motivo de vergonha.
Os chamados “crimes de honra”, relevam desta visão da mulher, como propriedade e fonte de vergonha. A honra de um muçulmanos não está naquilo que ele faz ou deixa de fazer, mas no comportamento sexual da mulher. É o corpo da mulher que encarna a “honra” do homem. Se ela o ocultar mal, se ela dançar, se ela olhar para outros homens, se ela agir como indivíduo, está a “desonrar” o homem. Isto é profundamente perverso, e leva ao assassínio “legal”de mulheres pelos seus pais, irmãos e maridos, para “lavar a sua honra”
O hijab, o véu, a burka, o niqab, e toda a panóplia de vestes islâmicas, representam e sempre representarem a submissão da mulher ao homem e a cidadania de segunda, que é a das mulheres nos países muçulmanos. Nos últimos tempos, os islamistas transformaram-nas em símbolo da causa. Trata-se, nem mais nem menos, do que uma afirmação da lei islâmica no Dar Al Harb , da recusa dos valores ocidentais, da recusa da integração, e é exactamente por isso que reagem tão fortemente à questão.
As mulheres que se passeiam em trajos islâmicos pelas ruas da Europa, são cartazes ambulantes da expansão e da força do islamismo, pelo que os esquerdistas que se colocam desse lado da barricada, acreditando que representam a tolerância e a civilização, estão na prática a promover uma ideologia totalitária e profundamente retrógrada.
A importância das vestes das mulheres como bandeiras e símbolos ideológicos, foi bem compreendida por Ataturk que, numa dramática tentativa para afastar a Turquia do islamismo político, proibiu e criminalizou o uso público de tais atuendos. E é também a razão pela qual, no Irão, estas vestes são impostas pela força a todas as mulheres, seja de que religião forem.
Os islamistas reclamam que a proibição de tais trajos é uma manifestação de racismo e exigem respeito pela liberdade de religião, utilizando contra nós conceitos que eles mesmos não respeitam, mas que sabem ser importantes para o Ocidente. Muitos esquerdistas apressam-se e deglutir o isco, ignorando que estão a ser tocados à vara e que o que está em causa é o poder político. Ao pretender inibir, neste caso, o estado francês de intervir naquilo que chamam “questões religiosas”, os islamistas lutam por ter rédea livre no objectivo de impor as suas leis religiosas nas escolas, nos hospitais, nos espectáculos, na sociedade.
Os compromissos com o Islamismo, são o inelutável caminho da servidão, da “dhimmitude”
Os esquerdistas são reincidentes e herméticos na burrice. Já antes se opuseram à expulsão de estudantes veladas das escolas, argumentando que essa exclusão apenas iria piorar a sua situação. Estavam errados. Pelo contrário seria a permissão do uso do véu que iria tornar impossível a sua recusa nos bairros onde os islamistas ditam a lei. Mesmo assim, não são raros os casos em que as raparigas que não colocam o véu no deslocamento para a escola, acabam agredidas, insultadas e ameaçadas.
6 comentários:
Esta esquerda laica e socialista que hoje defende o uso do hijab – expressão da repressão da mulher no islão - é a mesma que há menos de cem anos proibia os padres de usar batina na rua. Mudam-se os tempos, mantém-se o problema da esquerda laica e socialista: o ódio à liberdade.
Em Roma sê romano. Quem veio de fora que se adapte. E que seja bem vindo. Se não gostam das nossas regras, que se vão embora.
Anos atrás, um grupo de ocidentais foi apedrejado em Marrocos por se ter despido e tomado banho num rio. Tolerância zero para o que não os seus valores, para aquilo que os escandaliza enquanto impróprio de um ser humano.
Mas reclamam o direito de poder ofender os outros em sua casa, quando, ainda por cima, lá foram voluntariamente.
A hipocrisia é celebrada, entre os árabes, como uma virtude. E a esquerda é, em muitas coisas, cega ou, pelo menos, ignorante.
"E a esquerda é, em muitas coisas, cega ou, pelo menos, ignorante."
Nem uma coisa nem outra, José Gonsalo. É um problema bem mais grave..é o desfasamento entre o mundo real e as construções ideais que estão na cabeça do típico esquerdista.
Trata-se de dissonância cognitiva.
Já diagnosticada, de resto, quando os "intelectuais de esquerda" francees ( Sartre, Ponty, etc) metiam na balança de um lado a realidade democratica burguesa na qual viviam e no outro o ideal comunista que as suas cabeças tinham construído e que naturalmente identificavam com a URSS.
A realidade era-lhe desinteressante e a outra realidade , a do socialismo real, era como se já fosse o que inelutavelmente deveria vir a ser.
Lidador:
Utilizei cega no sentido de "o pior cego é o que não quer ver".
E já viram os hotéis de cinco estrelas na costa turca especialmente concebidos para muçulmanos? Com praias e piscinas separadas (com um muro de 7 metros) para homens e mulheres.
Parece ser um mercado crescente.
Elas podem nadar, segundo elas, à vontade, sem olhares masculinos mas em tendas de campismo - mas também no famoso burquini.
Eles, paneleiros, mas com umas grandes barbas, não querem ver outras mulheres nas imediações da piscina. Nem sequer a tradutora local (toda vestida) que acompanhava o jornalista holandês!!!
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