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segunda-feira, 13 de julho de 2009

Sai uma bola de Berlim, ó faxavor!


Ricardo Costa, hoje, no Expresso:



A comissão de inquérito ao caso BPN acabou como tinha que acabar. A estranha coligação de interesses, que funcionou bem durante meses, esfumou-se na hora de produzir um relatório. O PS teve que proteger Vítor Constâncio para lá do aceitável e a Oposição teve que o atacar para lá do normal.
Quem tenha seguido os trabalhos da comissão ficou aterrorizado com uma coisa de que há um ano poucos sabiam o nome: supervisão. Ora, uma coisa com um nome tão imponente devia funcionar e devia meter medo. Mas funcionou mal e não meteu medo a ninguém.
Se no Expresso resolvermos brincar com as leis da Comunicação Social (e algumas são boas para isso), a ERC multa-nos de imediato. Se algum leitor decidir ir vender bolas de berlim para o Sotavento algarvio, a ASAE surge detrás de uma duna. Se um banqueiro decidir roubar o seu banco está à vontade.
Todo o trabalho do Banco de Portugal se baseia numa palavra: confiança. Em teoria para se ser banqueiro tem que se ser considerado idóneo e de confiança. Passado este dificílimo teste (uma coisa ao nível dos guerreiros Jedi, só não lhes pedem para mover cómodas com a mente...), são banqueiros. A partir daí, é só confiança para lá e para cá.
Quando há alguma coisa que parece mal num banco de confiança envia-se uma equipa do Banco de Portugal. O banqueiro de confiança põe quilos de papelada e terabytes de excel à frente dessa equipa. Entretanto, o banqueiro de confiança gere dinheiro em offshores e bancos de fachada, sobrevaloriza activos, esconde 'buracos' enormes e entretém a equipa. Volta e meia a equipa faz perguntas e as respostas lá vão chegando, a conta-gotas, papéis para cá e para lá. Se cheira a esturro o Banco de Portugal (BdP) chama o banqueiro de confiança (Bdc) para uma conversa:
BdP - Estou preocupado, temos recebido informações graves sobre o seu banco, a sua contabilidade é duvidosa.
Bdc - Oh dr., sabe quantos anos eu já levo disto?
BdP - Sei, claro que sei. Mas não gosto que mude de auditores... e com tantas reservas às suas contas.
Bdc - Não se preocupe, isso foram uns rapazolas a querer mostrar serviço. Gente nova que não percebe que a banca precisa de confiança.
BdP - Nisso estamos de acordo, mas eu tenho que garantir a estabilidade do sistema financeiro. Resolva os seus problemas, por favor. Qualquer movimento nosso punha o sistema em causa.
Bdc - Confie em mim, nós banqueiros somos diferentes. Olhe, o dr. consegue comer bolas de berlim na praia?
BdP - Sabe, às vezes apetece-me, mas resisto sempre. Não confio naqueles tipos.

4 comentários:

Diogo disse...

A Banca é tão invejosa, ardilosa, fútil, mentirosa, traidora, leviana...

São essas qualidades que lhe dão esse "je ne sais quai..."

Diogo disse...

No Daily Show - A nossa única hipótese como país é o Osama bin Laden colocar e detonar uma grande bomba nos Estados Unidos

Jon Stewart: Ontem à noite estava a ver o programa do Glenn Beck na Fox News. Ele estava a falar com um ex-analista da CIA, Michael Scheuer, sobre como esta Administração não nos está a proteger dos terroristas… E depois ouvi uma coisa tão demente que ia caindo…

Michael Scheuer: A nossa única hipótese como país é o Osama bin Laden colocar e detonar uma grande bomba nos Estados Unidos. Só o Osama é capaz de executar um ataque que obrigue os americanos a exigir que o Governo os proteja.

Jon Stewart: Mas que m… foi aquela? E, já agora, sabem o que é fascinante na nossa cultura? Aposto que censuraram quando eu disse merda. Porque o Governo Federal decidiu proteger-vos e aos ouvidos dos vossos filhos desse tipo de linguagem. Entretanto, o gémeo malvado do Pai Natal [Michael Scheuer]... está à vontade para propor um massacre de americanos, para conseguir apoios para o programa de segurança dele.

Jon Stewart: Pois, aquele bin Laden é um desmancha-prazeres! Quando não queremos que ele mate americanos, ele mata, e quando queremos, não mata. É um parvalhão! E quando ele detonar uma bomba na América, esperemos que não seja nas partes "boas e verdadeiras".

Vídeo

Carmo da Rosa disse...

Diogo, fartei-me de rir com o Jon Stewart, ele sim, ao contrário dos bancos, tem um 'je ne sais pas quoi'...

Carmo da Rosa disse...

O Jon Stewart até me conseguiu fazer esquecer que o artigo do Espresso também não está nada mau.