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quinta-feira, 8 de maio de 2008

Ordem Espontanea

Todo o pensamento liberal no seculo xx levantou-se contra o fruir racionalista do tempo. De hayek a popper suspeita-se das frageis maos que tentam dirigir o colossal navio da historia. Que fazer? O poder das razao nao é ilimitado e nao é possivel de modo algum fazer uma ciencia causalistica sobre o desenvolvimento da sociedade humana. É escusado apontar a imperfeiçao moral e intelectual dos seres humanos. Toda a superestrutura – a linguagem, religiao, direito, a propria sociedade – nao tiveram um planeador cartesiano, uma equipa de positivistas, cientistas sociais a arder de entusiasmo e a urdir diligentemente a sociedade de “amanha”. Como fazem as multinacionais. Uma divisao de trabalho para o latim, outra para o direito, mais uma para adagios populares, outra a escrever os designios dos ceus. Franchisings da mcdonalds a servir um socialismo requentado e pronto a engolir antes de suspeitarem da existencia de marcuse. O aparecimento e evoluçao do mercado ou os solavancos da historia sao o fruto espontaneo do formigueiro humano – imunes a tentativas de explicaçao terminais e definitivas, podemos ausentar da caverna temporal mas pernoitamos nela. As instituiçoes sociais que chegaram aos nossos dias sao aquelas que sobreviveram aos estragos dos seculos. Nao houve paciente supervisao. Fazem parte de um processo de desenvolvimento inconsciente ou semiconsciente das sociedades e sao a expressao dos seus atributos que marcham num microcosmos circunstancial, atomos de um cosmos de fenomenos titanicos e que dao forma ao preterito e ao futuro e terraplanam epocas e civilizaçoes. Isto destroi a ideia de liberdade? Nao, somos criaturas de liberdades minimas porque lamentavelmente a historia nao começa connosco

Leituras recomendadas:

Revoluçao vs Ordem Espontanea
Ordem Espontanea

1 comentário:

ml disse...

Todo pasa y todo queda,
pero lo nuestro es pasar,
pasar haciendo caminos,
caminos sobre el mar.

(António Machado)

Creio que conhece este poema.
E então temos que nos colocar em um de dois postos de observação.
Ou ‘haciendo caminos’ é o formigar, manso ou turbulento, que visto a partir do alto pelo ‘grande arquitecto’ é um conjunto de meros pontilhados sem qualquer interferência na grande linha da história, ou aproximamos a lupa e praticamente nada é espontâneo.

Só depois da definição do método podemos afirmar se, por ex., a estrutura social que nos aparece já nos Poemas Homéricos perfeitamente definida como norma é espontânea ou construção. Tudo ali está tipificado como modelo, nomeadamente os comportamentos e sentimentos.

Mais tarde Medeia matou os filhos porque era bárbara, estrangeira, a um grego não eram permitidos sentimentos excessivos que se desviassem do espírito apolíneo, padronizado como modelo para comportamentos de futuro. Os modelos, a moral, a ética, não são mais do que isso. Decorrem de um sentir, ou generalizado ou apenas tido como recomendável por uma parte da sociedade com poder para o impor, ao mesmo tempo que se constroem e consolidam esses valores para os vindouros. A abolição da escravatura ou da pena de morte são exemplos actuais.

Passar da biologia para o funcionamento abstracto da economia, ainda vá. Passar para o discurso filosófico sobre a sociedade, já é abusivo, principalmente quando se politiza a linguagem para caucionar opções meramente conjunturais e transitórias. Talvez uma tribo perdida na Amazónia ou na Papuásia tenham ainda um viver espontâneo, mas as sociedades actuais, nomeadamente as mais desenvolvidas, assentam num esqueleto de projecto, como aconteceu com a construção dos EU e sempre aconteceu na Europa com o desenhar e desfazer de impérios.

E isto faz-me lembrar um dos ministros da educação que tivemos que, confrontado com a decisão que tomou de determinar o número de alunos por turma segundo a área da sala de aula – uma poderia levar 20 alunos outra 40 – desenterrou uma teoria pedagógica muito conveniente, que estava provado que se aprendia tão bem numa turma pequenina como numa grande.
Ou as teorias cíclicas e por um mero acaso coincidentes com períodos de recessão de emprego, do retorno das mulheres a casa por exigências da maternidade.

Nada vem do nada a não ser que acreditemos no criacionismo. Mas isso é tão válido para as transformações lentas como para rupturas, que se limitam a acelerar um processo já em andamento e as instituições sociais que chegaram aos nossos dias são aquelas que sobreviveram aos estragos dos séculos, porque as que ficaram para trás morreram quer por senilidade quer por doença incurável, razão pelas qual foram removidas.