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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

"Consenso ideológico" a caminho do fim?


"O meu primeiro contacto com a realidade do consenso Americano deu-se no final dos anos 60, quando atravessei a fronteira dos Estados Unidos e dei comigo no interior do mito da América. Não o da América do Norte, dado que o mito se detinha nas fronteiras com o Canadá e com o México, mas o de um país que, a despeito de fronteiras arbitrárias e de uma desconcertante mistura de raças e credos, podia acreditar em algo a que chamava a verdadeira América e emprestar a esta manifesta ficção todo o apelo moral e emocional de um símbolo religioso (...) Aqui o anarquista Judeu Paul Goodman repreendia severamente o Midwest por ter abandonado as promessas; ali um descendente de escravos Americanos, Martin Luther King, denunciava a injustiça como violação do espírito Americano; acolá desenrolava-se um infindável debate sobre o destino Nacional (...) os conservadores empenhados em varrer da rua os não Americanos, os historiadores da nova esquerda lembrando ao país a sua missão sagrada.


Nada, nos meus antecedentes Canadianos, me tinha preparado para este espectáculo (...) Deu-me algo de semelhante ao sentimento de admiração do antropólogo para com os símbolos da tribo (...) Para um Canadiano céptico, um gentio na terra de Deus (...) aqui encontrava-se um povo pluralista e pragmático (...) unido em torno de um consenso ideológico.

Permitam-me que repita esta expressão banal: consenso ideológico. Já que não foi a ideia da singularidade que descobri em 1968 (...) Eram centenas as seitas e facções, cada uma aparentemente diferente das outras, mas exaltando todas a mesma missão (...) a ideologia, neste sentido, talvez seja um conceito mais restrito do que os habitualmente associados à «América», mas é mais útil. Fala dos usos diários do mito (...) Assim, apesar de o consenso a que me refiro não ser uma medida daquilo a que os census-takers chamam sociedade, e não obstante a sua função ter sido a de mistificar ou mascarar realidades sociais, denota, todavia, algo de igualmente «real»: um sistema de valores, símbolos e crenças e uma série de rituais destinados a manter o sistema a funcionar".

Sacvan Bercovitch, académico Canadiano que visitou os Estados Unidos durante os conturbados anos 60

4 comentários:

ml disse...

Aposta tanto e com tanta fé na queda do homem que qualquer dia ele tropeça com o mau-olhado.

Anónimo disse...

Novo minímo histórico no apoio ao plano de saúde:

38% a favor
56% contra

Eurico Moura disse...

São assim as sondagens:
http://sic.sapo.pt/online/noticias/portugal2009/sondagem-legislativas.htm

ml disse...

São assim as sondagens:

Pasme-se. Só explica, se é que tem explicação inteligível, que a alternativa assombra qq um.

'Mais vale cavalo que me derrube do que asno que me leve', parece ser de momento o motto dos portugueses.