Ah!!! Já me esquecia. Quando tenho tempo, quando as minhas missões de educador de infância, psicólogo ou funcionário administrativo me permitem, também consigo, em cerca de 10% do meu trabalho, preparar minimamente as aulas e ensinar matemática do 8º e do 9º anos (para além, naturalmente, de me preocupar com os instrumentos de avaliação). Mas tenho que dizer isto baixinho para que os peritos do eduquês não me ouçam. É que palavras como “ensinar”, “explicar” ou “expor” são para eles termos quase criminosos. Porque, qualquer dia, na forma como as coisas têm evoluído, escola e conhecimento serão conceitos que só tenuamente se interceptam. Porque a escola deixará definitivamente de ser um local onde se aprende e onde se ensina, para ser apenas um espaço de motivação e de vivência. Com estes pressupostos e com o anunciado e vergonhoso aumento da escolaridade obrigatória até ao 12º ano, não é preciso ser grande visionário para que se preveja que, cada vez mais, cheguem às universidades verdadeiros analfabetos. Mesmo que não no sentido literal, pelo menos do ponto de vista cultural, formativo, comportamental ou cognitivo.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
Ser professor é:
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7 comentários:
Chegam á universidade e saem como entram: Analfabetos.
tirou-me as palavras da boca. Só falhou numa coisa: a escola já deixou de ser há muito tempo um sitio onde se ensina e se aprende. Tentar fazer isso é uma heresia que paga caro.
Professor já meio taralhouco de 63 anos à espera da reforma, que dizem será aos 65 anos…
Pois é, de facto, não temos motivação, pagam-nos mal; a vivência também não é grande coisa, com tantos alunos malcriados.
Que saudades dos tempos em que só chegavam aos liceus os meninos de boas famílias, a quem nós ensinávamos Conhecimento e Cultura. Sim tínhamos tempo de sobra, 10 a 15 ou 22 horas de aulas no máximo por semana e todo o resto do tempo para prepararmos aulas, corrigirmos “pontos”, darmos em casa explicações, bem pagas, aos mais burritos, acumularmos com aulas num externatozito, onde maioritariamente adultos insistiam em ser alguém na vida. Aí sim, éramos, realmente, professores que cumpríamos a nossa função de ensinar. Ah e ainda tínhamos três meses de férias, mais as do Natal, Carnaval e Páscoa. Não há dúvida, formámos muitas gerações de gente culta e bem preparada, pena foi que tivessem deixado isto descambar para a democracia. Erro crasso.
Desculpem, mas não concordo com a petição. Muitos desses políticos foram ensinados por professores iguais a mim e eu entendo que eles, políticos, até são mal pagos, pois se fossem bem pagos não eram tentados a cometer algumas ilegalidazitas, mas diga-se a verdade, na maioria das vezes, bem feitinhas e sem provas que os metam na choldra.
Caro Riodoiro,
Talvez para vosso conforto, senão como remédio para asia, cito-lhe a entrevista
http://veja.abril.com.br/blog/augusto-nunes/videos-veja-entrevista/leandro-narloch-jornalista-e-autor-do-livro-guia-politicamente-incorreto-da-historia-do-brasil/
dividida em três partes, feita pelo jornalista Augusto Nunes com outro jornalista que publicou um manual sobre história do brasil com base em teses de mestrados e doutorados. Ele admite que pretende irritar o maior número possível de pessoas!
A grande questão por aqui é entender como e por quê não há pontes entre a universidade e a escola das crianças e jovens, por exemplo, na própria universidade não se divulga essas pesquisas nos próprios cursos de graduação!!
Parece até teoria da conspiração, mas o fato é que gente inteligente produz conhecimento honesto que fica mofando nas prateleiras das universidades. Mas, ninguém diz a causa disso.
Assim, o trabalho de Leandro Narloch chega a ser um acontecimento comemorado com alívio.
Bacalhau, o fiel amigo,
Espero que este gajo não venha para cá desmitificar a nossa querida Padeira de Aljubarrota.
Joaquim Ferreira disse: ”Portugal corre o risco de ter políticos cada vez mais ricos com o povo cada vez mais pobre”
Se em Portugal apenas se corre o risco de, quer dizer que ainda não é assim…
Então, caro Joaquim Ferreira, para saber se devo ou não assinar a sua petição, é capaz de me dizer quanto é que ganha um político em Portugal – presidente, ministros, membros do parlamento – e qual é o salário mínimo e, já agora, o salário médio de quem trabalha?
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