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sábado, 5 de fevereiro de 2011

Carter e Obama, 1979 e 2011

Em 1979 Jimmy Carter reagiu a um massivo levantamento popular no Irão, com o abandono do Xá, então um aliado chave dos EUA na região. O Xá era uma espécie de déspota esclarecido, com uma agenda de modernização que afrontava as mais arcaicas tradições religiosas muçulmanas e que, à força, como Kemal Ataturk, procurava ocidentalizar o país, por ver nisso uma boa via para trazer a Pérsia para o século XX.

Era um ditador num mundo de ditadores, mas era “o nosso ditador”.

Contra o Xá alinhava-se uma estranha aliança de idiotas úteis (socialistas, comunistas e toda a galáxia antiamericana e antisemita) e islamistas. Estiveram juntos nas ruas, a festa era bonita, falava-se de democracia e liberdade.

Como não estar com eles? Como não estar do lado certo da História? Como não comungar do entusiasmo que as narrativas mediáticas veiculam?

E na verdade foram vários os especialistas que convenceram Carter de que se tratava de gente moderada, moderna, amante da liberdade, com a qual se podia estabelecer uma relação civilizada e que salvaguardasse os interesses dos povos.

Khomeini foi descrito como um pragmático no qual se podia confiar. O notório Richard Falk, hoje em dia mais conhecido pelo seu ódio a Israel, escreveu mesmo um artigo de opinião no New York Times, intitulado “Confiar em Khomeini”.

Khomeini explorou sabiamente essa imagem, tendo avançado com nomes como Barzagan e outros, vistos como pessoas moderadas e racionais.

E Carter alienou prontamente o seu aliado, em troca de um prato de lentilhas de boas esperanças, tendo Khomeini chegado ao poder.

Uma vez instalado, rapidamente fez rolar as cabeças dos “moderados”, instalando um regime islâmico que é hoje um dos piores inimigos do Ocidente, e do próprio povo iraniano, promotor de terrorismo e exportador de instabilidade.

Em 2011, Obama enfrenta uma situação arrepiantemente análoga e parece estar a repetir, ponto por ponto , a estratégia desastrosa de Carter.

Mubarak é um ditador, mas é o “nosso ditador”. Nem sequer é o pior, no alfobre de ditaduras que é o mundo muçulmano. Na verdade é o principal aliado americano no mundo árabe, tal como era o Irão.

E o que faz Obama quando o seu maior aliado está encostado à parede?

Faz como Carter: aliena-o, e ameaça-o.

Na rua uma coligação de gente bem intencionada, idiotas úteis e islamistas, prepara-se para tomar o poder. Alguns especialistas explicam a Obama que se trata de gente moderada com a qual é possível estabelecer diálogo.

A Irmandade Muçulmana, um movimento tenebroso, que produziu o ideólogo da Al-Qaeda, Al-Zawarii, e centenas de terroristas encartad0s, versão sunita da ideologia revolucionária iraniana, avança a coberto de El Baradei, um “moderado” que, todavia, passou os últimos 10 anos a proteger o programa nuclear iraniano.

Se Mubarak cair e o regime implodir, não é provável que sejam as forças liberalizantes a assenhorear-se do poder, mas sim a bem organizada e poderosa Irmandade Muçulmana que, em surdina, vai chamando a El Baradei e aos “laicos”, “burros da revolução”, isto é, montadas nas quais se anda para atingir o poder.

Tal como em 1979, uma revoada de “especialistas” assegura que esta Irmandade Muçulmana é moderada e pragmática.

Face à atitude naive da Administração Obama, tudo se conjuga para um desastre em dois acordes: ou Mubarak resiste e não voltará a ver nos americanos um aliado fiável, ou a Irmandade chega ao poder, com consequências dramáticas para o Ocidente.

Em ambos os cenários, a América (e a Europa, by the way, cujos dirigentes têm sido de um espantoso histerismo na “exigência” de que Mubarak caia), deixarão de contar o Egipto como aliado.

E os aliados americanos por esse mundo fora, serão também recordados de que essa aliança de nada lhes serve quando as coisas aquecem.

Obama, tal como Carter, parece sobretudo especialista em escavacar as alianças da América, atacando os que estão do seu lado e apaziguando os inimigos.

Alguém se lembra do modo cauteloso como Obama reagiu às manifestações no Irão, há pouco tempo?

9 comentários:

Carmo da Rosa disse...

O-Lidador disse: “E Carter alienou prontamente o seu aliado.”

Imperdoável, a sua actuação: não teve tomates para dar asilo político ao Xá depois de este ter sido um incondicional aliado dos Estados Unidos… E se o Obama pensa fazer a mesma coisa em relação a Mubarak, (curioso que foi precisamente Mubarak quem deu asilo ao Xá da Pérsia) significa que não tem vergonha na tromba…

O-Lidador disse: “ Khomeini explorou sabiamente essa imagem, tendo avançado com nomes como Barzagan e outros, vistos como pessoas moderadas e racionais..”

Precisamente. Khomeini não se colocou imediatamente no poleiro mas, para tranquilizar o Ocidente enquanto não tinha todas as rédeas do poder nas mãos, deu até a primazia a políticos bastante liberais. Mas quando obteve o poder estava seguro, deu imediatamente autorização para às execuções sumárias e começou a fuga da população para o ….. Ocidente.

ablogando disse...

http://aperoladanet.blogspot.com/2011/02/de-carter-obama.html

José Gonsalo disse...

O primeiro primeiro-ministro do regime foi Bani Sadr, que estivera exilado em Paris, com Khomeini no tempo do Xá. Ganhou as eleições para presidente com quase 80% dos votos, mas ao fim de um ano e meio teve que fugir novamente para Paris (depois de ter procurado organizar uma resistência com apoio dos socialistas, aos quais estava ligado e que haviam integrado a revolução) porque, para além de propor um programa de modernização do país, era contra a presença de ayatholas no governo. O jornal que lhe estava ligado foi fechado, vários dos seus amigos, intelectuais e outros, foram mortos e proibidos quaisquer outros partidos que não o Partido Islâmico. Em França, organizou e continua a encabeçar o Conselho Nacional da Resistência Iraniana.

Excelente texto! Só acrescentei isto para se perceber melhor até que ponto a esquerda é burra e se recusa a perceber realidade mesmo que esta lhe caia em cima.

José Gonsalo disse...

Ao escrever o comentário, logo no início,falei em Bani Sadr como primeiro-ministro e só depois como presidente. Claro que foi o primeiro presidente e não primeiro-ministro. Comecei por escrever outra coisa e depois esqueci-me de corrigir quando fiz entrar o texto.

LGF Lizard disse...

Basta ver como em certos sites de extrema-esquerda (como o 5Dias), sempre preferiram o regime islâmico iraniano aos manifestantes anti-governo. Ou como sempre defenderam movimentos como o Hamas e o Hezbollah.
Existe tanto anti-semitismo na extrema-esquerda como na extrema-direita.

Unknown disse...

A revolução iraniana tem muita coisa escondida.
Ninguém refere que quem protegeu e apaparicou o Khomeni foram os franceses...
Na minha modesta opinião os franceses andavam chateados por americanos e creio que ingleses ficarem com o petróleo todo do Irão e arranjaram um Khomeni para este correr com o Xá e depois dar o petróleo aos franceses...
Só que o Khomeni, era um político bem moderno e, logo que se apanhou no poleiro, mandou os franceses dar uma volta.
É terrível o que aconteceu no Irão e, se não foi pior foi porque o nosso ex-amigo Saddam Hussein o conteve durante uma data de anos, mas, para os franceses, foi bem feito.

Amilcar Fernandes disse...

Ora vejam bem como isto é tramado, se não mudam porque não mudam, se se agitam porque se agitam, valha-nos deus onde isto ainda irá parar, lembram-se do Xa e komeiny?ja dizia o pacheco, é abrir o caminho aos radicalismos islamicos. Então que fazer para estas mentes paralisadas? Colocar lá “os nossos ditadores”. Na europa quando começaram as revoluções liberais do seculo XIX, que modernizaram desenvolveram novas ideias a nivel de pensamento politico, criaram os direitos humanos e colocaram a religião no devido lugar em relação ao estado, provavelmente encontravamos lá estas mesmas mentes paraliticas, mas é claro que não deixam de ter uma certa dose de razão, em tudo que muda há sempre riscos, até nos pos 25 abril os tivemos.

RioD´oiro disse...

O anónimo imbecil que por aqui rasteja usa os seguintes IDs:

http://www.blogger.com/profile/15491385662541781287 Citador

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http://www.blogger.com/profile/04644584993527127569 Anonimo, RDoiro

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http://www.blogger.com/profile/07141517086372303204 Luís

Carmo da Rosa disse...

LGF disse: ”Basta ver como em certos sites de extrema-esquerda (como o 5Dias), sempre preferiram o regime islâmico iraniano aos manifestantes anti-governo.”

LGF, a malta do 5Dias não faz mal a ninguém. Porque se se portarem mal a titi de Cascais e o papá cortam-lhes a mesada, e esta malta sem carro e sem dinheiro para beber café na Brasileira vai fazer birra, bater na namorada e chorar muito e vão acabar no psiquiatra – mas nunca no Hezbollah….

O Raio disse: ” Ninguém refere que quem protegeu e apaparicou o Khomeni foram os franceses....”

Em matéria de conspiração isto é inovador! Faz muito bem Raio, é que realmente já chateia serem sempre os mesmos culpados de tudo: Israel e os EUA…