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sexta-feira, 4 de março de 2011

O Irão aplaude


No rescaldo dos tumultos e revoltas deste início de 2011, está a surgir um novo Médio Oriente que todos esperam configurado segundo as suas ideias e crenças.

O Ocidente deseja, obviamente, que a democracia liberal vingue mas, em Teerão, os aitolas parecem bastante satisfeitos com o que se está a passar e avançam às claras os seus peões, projectando poder para o Mediterrâneo, influenciando as revoltas no Bahrain e Yemen (pelo menos) e manobrando os seus proxies no Sinai, no Líbano, em Gaza e no Este da Arábia Saudita, onde vive uma significativa população xiita. Na passada terça-feira Hillary Clinton reconheceu, perante o Senado, que o Irão está profundamente envolvido nos protestos anti-regime em vários países do Médio Oriente.

De tal modo os aiatolas sentem estar na “mó de cima”, que, há dias, o Ministro do Petróleo se atreveu a ameaçar veladamente a Arábia Saudita porque esta, no seu já histórico a até agora incontestado papel de regulador do mercado global de crude, aumentou a produção para compensar o corte da produção líbia.

O raciocínio estratégico do regime iraniano é límpido. Desde logo não acreditam na visão de democracias liberais a nasceram e a pegarem de estaca. E sabem que a esta Administração americana é fraca e está refém de tabus ideológicos sobre o uso da força e do poder. Assim sendo, se das revoltas resultarem governos enfraquecidos o Irão ganha, porque reforça a sua influência manobrando os movimentos de oposição, como fez com grande sucesso no Líbano e em Gaza.

Se as revoltas desembocarem em regimes islamistas, tanto melhor, já que serão hostis ao Ocidente e menos susceptíveis de serem influenciados pelos EUA, que perderá apoios na região.

Esta perspectiva é igualmente atractiva para a Rússia que, na semana passada, justamente no momento em que o Irão assinava um tratado naval com a Síria, resolveu vender a este país um sofisticado sistema de mísseis anti-navio e já fez saber que irá recusar quaisquer iniciativas para novas sanções ao Irão, posição igualmente reafirmada pela Turquia.

Os EUA estão assim, aos poucos, a perder influência na região e se já lhes é quase impossível lograr qualquer Resolução do CS que promova mais sanções económicas ao Irão, qualquer mandato para uma intervenção militar está totalmente fora das cogitações. Assim sendo, o Irão não pode já ser contido desta maneira e a Administração Bobama parece não se ter dado ainda conta de que os seus pressupostos de política externa ruíram como um castelo de cartas e que o céu lhe está a cair em cima. Sinal de que assim é, é a inacreditável posição de Hillary Clinton de que, face ao poder do Irão, os EUA devem continuar a financiar e equipar alguns aliados do Irão, como por exemplo, o governo do Líbano, dominado pelo Hezbolah. Tal como de resto a Autoridade Palestiniana que, enquanto Hillary falava no Capitólio, promovia a queima de bandeiras americanas e efígies de Bobama, e apelava à raiva contra os EUA por este país ter exercido o seu direito de veto no CS, contra uma resolução veiculada pelo Hezbolah (Líbano).

Completamente fora do horizonte bobâmico, parece estar o uso da força sem mandato da ONU, e este nunca será possível. Mesmo para missões menores, como evacuar americanos da Líbia, Bobama hesita pelo que, nos próximos tempos, os EUA serão vistos na região como um poder inefectivo e nada fiável. Isto apesar de haver interesses vitais que a manobra iraniana está a ameaçar directamente.

Face a estes cenários, parece que iranianos têm razões para aplaudir de pé o nascimento de um novo Médio Oriente.

13 comentários:

ablogando disse...

http://aperoladanet.blogspot.com/2011/03/mais-dois-excelentes-textos.html

Streetwarrior disse...

http://www.youtube.com/watch?v=VOk6ENxyAh0&feature=related

" O Ocidente deseja, obviamente, que a democracia liberal vingue mas, em Teerão, os aitolas parecem bastante satisfeitos com o que se está a passar e avançam às claras os seus peões, projectando poder para o Mediterrâneo "

Se calhar não é bem assim

RioD'oiro disse...

SW,

Como afirma você que ...

"não é bem assim"

... relativamente a ...

Lidador:
" O Ocidente deseja, obviamente, que a democracia liberal vingue mas, em Teerão, os aitolas parecem bastante satisfeitos com o que se está a passar e avançam às claras os seus peões, projectando poder para o Mediterrâneo "

... apontando um vídeo de 2008?

É para levar a sério ou foi largar link por largar?

E porque se aborrece você depois por ninguém visionar os seus vídeos?

Streetwarrior disse...

Atenção eu, não disse que " não é em assim.
Eu disse que, " se calhar não é em assim, o que é totalmente diferente.
Mas já agora, você acredita que a politica externa dos EUA ou a de qualquer de outra super potencia, planifica os seus interesses em cima do joelho?
... Quer dizer, algumas politicas ou medidas possam ser aplicadas ou reajustadas por eventos ou acontecimentos que possam ocorrer fora da sua agenda mas os seus interesses serão sempre salvaguardados ou planeados no minimo 5 a 10 anos á frente, ou não será assim?

O proprio Brezzinsky admitiu ter feito " recomendações " acerca do Irão...ou é teoria da conspiração.

RioD'oiro disse...

SW,

"se calhar não é bem assim,"

"se calhar" coloquial. Certezas, só no patriarcado.

RioD'oiro disse...

Colocando essa grande ênfase no "se calhar", demonstra estar consciente da substancial probabilidade de irrelevância da coisa.

Nesse caso trata-se de um video-byte.

LGF Lizard disse...

"Streetwarrior disse...
http://www.youtube.com/watch?v=VOk6ENxyAh0&feature=related"

Pronto, lá vêm as conspirações dos Bildenderger , da Trilateral e do raio que os parta.

Só falta o videozinho anti-semita do costume...

Streetwarrior disse...

"" Certezas, só no patriarcado.""

Portanto só posso deduzir que o rio, tem a certeza absoluta do que texto afirma, apesar de estar repleto de... " se " ..ou seja, duvidas, tais como ;

" Assim sendo, " se " das revoltas resultarem governos enfraquecidos o Irão ganha "

"" Se as revoltas desembocarem em regimes islamistas, tanto melhor "

"" Face a estes cenários, " parece " que iranianos têm razões para aplaudir de pé o nascimento de um novo Médio Oriente "".

È muitos " ses " e " parece que "

...e se calhar, as coisas não são bem assim.

RioD'oiro disse...

SW:

"Atenção eu, não disse que " não é em assim".
Eu disse que, " se calhar não é em assim""

As palavras são suas, o reparo relativamente a haver dúvida é seu.

Streetwarrior disse...

Ok rio, as duvidas são minhas e as certezas são suas.
Não vale a pena, pois como sempre, a razão e as certezas abonam sempre no seu discurso.

Streetwarrior disse...

http://www.scribd.com/doc/46916097/Zbigniew-Brzezinski-Iran-Time-for-a-New-Approach-2004

Vá, aqui tem o livrinho do Senhor.
O meu já cá mora.

RioD'oiro disse...

SW:

"abonam sempre no seu discurso."

O capote é seu, não sacuda a água.

Streetwarrior disse...

Parte 1
http://www.youtube.com/watch?v=bfikRg2jE6o

Parte 2
http://www.youtube.com/watch?v=RGjAsQJh7OM&feature=channel

Duas grandes entrevistas, acerca do papel dos EUA no Médio oriente.


P.S _ Apesar de na minha opinião, ele ser um dos principais culpados pelo crescimento de grupos radicais e violentos no Afeganistão e não consigo evitar de sentir um fascinio pela inteligencia e pelo profundo conhecimento que este homem tem de geopolitica.