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sábado, 19 de março de 2011

Da pêra ... amarga

Já nem me lembro se o Haiti também foi assolado por um maremoto, mas o Japão, há uma semana, foi-o por um terramoto e por um maremoto.

O Japão tem umas 50 centrais nucleares que dão apoio ao seu modo de vida. A natureza atacou e eles estavam preparados para a defesa na medida do previsível.

Muito embora tenha ocorrido alguns milhares de mortos, estavam preparados para a defesa e para colar os cacos e dessa cola fazem parte as dezenas de reactores nucleares (e muita tecnologia que eles se permitem fazer funcionar) que, com mais ou menos soluços, voltarão ao serviço.

Ter reactores implica riscos. Por muito perfeita que seja a tecnologia, o risco está presente e é do conhecimento geral que um dos riscos é gordo: o rebentamento do núcleo do reactor para a atmosfera.

Mas a vida tem destas coisas. Há riscos que têm (ou não) de se correr e vantagens (ou desvantagens) decorrem de se desafiar o risco.

O Haiti é um protótipo de país, subdesenvolvido e onde a natureza segue o seu caminho mais primitivo. Ocorreu um terramoto e o número de baixas foi para cima de 100.000? 200.000? alguém sabe?

E quantos mais virão a morrer de fome e doenças, às mãos da acção da mais pura natureza, "livre" de energia nuclear?

Não se deve estar longe da verdade se se disser que morreu e virá a morrer (pelo mesma razão, hoje um pouco remota) tanta gente no Haiti quantas as mortes pelas bombas de Hiroshima, de Nagasaki e nos bombardeamentos a Tokyo, com armamento convencional.

É à sombra desse equilíbrio a que correspondem tomadas de decisão de rachar ossos, que os japoneses têm conseguido viver no território que lhes coube, o os haitianos não. Claro que pelo Haiti e Haiti's deste mundo também uns quantos amantes da livre natureza e do livre regime onde se ocorreu Chernobyl, espalham a desgraça de muitos e luminosos terramotos e tsunamis.

...

Entretanto, na central de Fukushima ocorreu um óbito. Quando ocorreu o terramoto um trabalhador de uma grua estatelou-se no chão.

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Mesmo a calhar, este comentário de JM:
Permita-me acrescentar uma ligação para um artigo recente e esclarecedor porque se baseia em factos em vez de histeria:

http://tech.mit.edu/V131/N14/yost.html

Uma semana depois continua a não haver palavras para descrever a reacção do povo japonês. As notícias que nos chegam são extraordinários exemplos de como viver em sociedade, e de desprendimento para ajudar o próximo, e onde até a máfia japonesa se revela uma máfia diferente (cf artigo na Sábado desta semana). Parecem aliens neste planeta... Caíram, puseram-se de pé, levantaram os ombros, ergueram a cabeça, e seguem em frente, sem choros e histeria, mas com trabalho, trabalho duro, que foi assim que construíram um país com um dos melhores níveis de vida do mundo. É isto que ensinamos aos nossos filhos quando as coisas correm mal. Confesso que como pai não consegui atingir este aprumo, e embora isso me envergonhe, não é por causa disso que vou deixar de tentar copiar o modelo.

2 comentários:

tempus fugit à pressa disse...

1ºo Haiti não foi assolado por um maremoto, não houve movimento vertical das falhas activadas pelo sismo.

2ºO Japão tem só 17 centrais nucleares com 55 reactores

eles estavam preparados para a defesa na medida do previsível.
foi sugerida em 1989 e em 2005 após o maremoto indonésio
a construção de um muro de protecção em alternativa à desactivação das centrais que datavam dos anos 70
o último reactor de Fukushima é de 78 ou 79


Ter reactores velhos implica riscos.

o rebentamento do núcleo do reactor para a atmosfera....não é isso que acontece pode ir parte do material cindível para a atmosfera
por sobreaquecimento das barras de material em fissão no núcleo
Lubos Motl e outros andam analisando os níveis e alguns fazendo apostas




O Haiti é um protótipo de país, subdesenvolvido e onde a natureza segue o seu caminho mais primitivo. Ocorreu um terramoto e o número de baixas foi para cima de 300.000

epicentro muito mais próximo de áreas densamente povoadas
poucas estruturas anti-sísmicas

se o epicentro ocorresse perto de Tóquio haveria talvez 100mil
ao invés das 20 mil que houve



Não se deve estar longe da verdade se se disser que morreu e virá a morrer ,,,
100 a 150 mil mortos em tóquio
mais 100mil mortos pela explosão sopro e radiação nos 40 anosseguintes

dá menos e depois?

comparar alhos com bugalhos?

tempus fugit à pressa disse...

ou seja entre a comunidade de físicos e políticos o fenómeno foi considerado a nível académico

fizeram análises de cariz similar

e com argumentos similares