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quarta-feira, 14 de maio de 2008

Islão e democracia

Na rua islâmica predominam os regimes ditatoriais, e é preciso fazer prodigiosas piruetas intelectuais para não relacionar o facto com a religião em si.
O Islão não parece ser apenas uma religião como as outras. Desde o berço está estreitamente comprometida com a política e o Profeta era ele mesmo um chefe político, militar e religioso.
Um Califa.
Poderá o Islão algum dia dar a César o que é de César e a Deus o que é de Deus?
No cristianismo não foi fácil. A Cidade de Deus só se separou da Cidade do Homem após séculos de violentas confrontações.
O Islão não logrou essa evolução e o problema parece estar justamente na sharia, uma fonte de direito anti-democrática e absolutista, porque não é “feita” pelos homens, mas sim directamente outorgada por Deus. A sharia assenta numa visão do mundo que pressupõe governantes autocráticos e súbditos submissos (Islão significa “submissão”).
Dispensa pois o conceito de "cidadão".
É a sharia que exorta à jihad para expandir o Islão; é a sharia que determina a diferença de privilégios entre muçulmanos e não muçulmanos numa sociedade por ela regida; é a sharia que fundamenta a discriminação entre homens e mulheres e as sentenças de morte por apostasia ou blasfémia.
Para avançarem no caminho da modernidade, os muçulmanos teriam de rejeitar a sharia, coisa que não parecem ter nenhuma intenção de fazer
Kemal Ataturk, o fundador da Turquia moderna, ele próprio um autocrata impiedoso, compreendeu o fenómeno e não só adoptou o direito romano, como proibiu as manifestações públicas da religiosidade islâmica e chegou ao extremo de mudar o alfabeto de arábico para latino.
A receita é tão fácil de formular como difícil de aplicar.
No Médio Oriente as fortes pertenças tribais tendem sempre a desembocar em soluções que variam entre o centralismo tirânico, a pulverização do poder até à célula tribal, com o Islão sempre como pano de fundo. O terreno não é de modo algum propício ao constitucionalismo, ao estado de direito, à cidadania, à igualdade de géneros e outros requisitos de uma moderna democracia liberal.
A nível global, a ideologia islamista, que alguns já classificaram de islamofascista, define a democracia como o principal inimigo do Islão, recusa os pressupostos da modernidade e preconiza um regresso às imaginárias glórias do passado, pela reafirmação da sharia.
E neste aspecto, tanto Bin Laden, à boa cheia, como o 1º ministro turco, com mais subtileza, tanto os radicais como os “moderados”, procuram o mesmo: uma ordem centralizada e anti-democrática.
Os islamistas consideram que a democracia é incompatível com o Islão. Hassan Al Banna definiu-a mesmo como “uma traição aos valores islâmicos". Yusuf al-Qaradawi, o iman residente da Al-Jazeera, convidado de honra de algumas luminárias da esquerda europeia e que dardejou fatwas sobre o Pokemon, considera que as eleições são “heréticas”.
Apesar disso, os islamistas não hesitam em usar o formalismo democrático para legitimar o seu poder aos olhos da esquerda mundial. O Hamas ganhou eleições e não falta na esquerda quem, por esse facto, considere esta organização terrorista como interlocutor válido, como se os votos lhe tivessem reconstruído o hímen.
O que a esquerda não entende, porque ignora o conceito de Taqyya, é que a paródia democrática, longe de mostrar que os islamistas se renderam subitamente aos valores democráticos, indica, isso sim, a sua extraordinária flexibilidade táctica,
Erdogan, 1º ministro da “democrática”, Turquia, num momento de descontracção verbal, não o podia ter dito melhor “A democracia é como um autocarro. Quando chegas ao teu destino, sais"

9 comentários:

Anónimo disse...

"No cristianismo não foi fácil. A Cidade de Deus só se separou da Cidade do Homem após séculos de violentas confrontações."

Foi à quanto tempo que se deu esta separação?

Unknown disse...

Presumo que para si seja chinês, mas tudo começou com Marsiglio de Padua na obra Defensor Pacis...já lá vão quase 8 séculos.

osátiro disse...

O Cristianismo nunca dominou a vida civil de modo tão concentracionário como ainda hoje faz o Islão e a Sharia.
Basta rever os tribunais civis: aliás, era tradição a justiça civil não perseguir os suspeitos civis nas igrejas e conventos e mosteiros

Chamar "Deus" a Alah é que me parece excessivo.

E as eleições em Gaza não foram democráticas: acaso alguém pode defender a exist~encia do Estado de Israel em gaza e ficar vivo?

Quanto ao resto, sem dúvida, é acertar na mouche!

Anónimo disse...

Não caiam nas armadilhas que maomé criou, ao dizerem que allah é Deus.

Anónimo disse...

"mas tudo começou com Marsiglio de Padua na obra Defensor Pacis...já lá vão quase 8 séculos"

Ok este é o inicio, mas quando é que efectivamente a Igreja se separou na maioria dos países europeus?

Satiro:
"O Cristianismo nunca dominou a vida civil de modo tão concentracionário como ainda hoje faz o Islão e a Sharia."

A inquisição foi uma mera brincadeira?!?

Carmo da Rosa disse...

Erdogan, 1º ministro da “democrática”, Turquia, num momento de descontracção verbal, não o podia ter dito melhor “A democracia é como um autocarro. Quando chegas ao teu destino, sais"

Excelente artigo, e o Erdogan já começou (devagarinho) a dar um ar da sua graça. No princípio de Janeiro mandou retirar da programação da TV, através do comissário da imprensa, actualmente nas mãos do partido AK, o comediante Huysuz Virjin (virgem descarada). Huysuz Virjin é a versão turca de Dame Etna, talkshow de um travesti australiano.

A declaração oficial era que ‘um homem vestido de mulher fazendo piadas grosseiras é indecente, não se coaduna com as nossas normas e valores e é nocivo para os nossos filhos.’

Huysuz: ‘faço sempre o mesmo tipo de piadas e a Turquia em peso vê há quase meio-século os meus programas’

Um exemplo: Olha para um belo rapaz do público e exclama: - Olá bonitão, és casado? Sim responde o rapaz. ‘Não pode ser. Para quê tanta pressa? Depressa e bem há pouco quem?’

O público desata às gargalhadas…

Depois de muitos protestos, telefonemas e e-mails do público o comissário teve que ceder e declara que o programa de Huysuz Virjin pode ser transmitido, mas só depois das 23 horas.

Virjin ainda não decidiu o que vai fazer, mas eu não creio que a Turquia ceda facilmente à sharia – a ver vamos!

osátiro disse...

O Stran ainda não viu q a igreja esteve quase sempre, desde há 2 mil anos, separada do poder civil?
Então estude um pouco: comece pelas perseguições cruéis nos tempos romanos, em q os cristãos eram comidos vivos no Coliseu( sabe o q é? aquele edifício circular semi-destruído q há em Roma?), as invasões bárbaras, islâmicas,e outras, a guilhotina da revolução francesa, os jacobinos tipo Afonso Costa, Mouzinho da Silveira, etc..
Até o Pombal expulsou os jesuítas...

Irra, q na blogosfera só se vê ignorância crassa, misturada com paranóia anti ICAR!!!

A Inquisição matou um pouco mais de duas mil pessoas em 350 anos.
Foram crimes já mais do que descritos( podiam ter sido destruídos..., como fazem muitos dos q defendem medidas anti ICAR), e q a ICAR já pediu desculpa.
Aliás, é a única instituição no mundo q faz isso.

Mas como cita uma frase em q eu comparo com o Islão, e só critica a ICAR, presumo q ache o Islão( ou o stalinismo)óptimos.
Então, porque vive num país q não se separou do Cristianismo?
É masoquista?
Vá viver para esses paraísos...

osátiro disse...

Stran
Esses países eram os do Islão e do Stalinismo.


Não se preocupe que eu gosto de ensinar.
Esteja à vontade.

Stran disse...

" presumo q ache o Islão( ou o stalinismo)óptimos"
Presume mal, aliás muito mal.

Quanto à ICAR, é como outras organizações dogmáticas, não gosto delas, no caso da ICAR não tenho problemas desde que não me chateiem. Qualquer culto religioso deve ser tido em conta como culto e não interferir com a vida civil (p.e. escolas).

Duvidas:
- a "Bula Papal" servia para quê?

- Os Cruzadas foram o quê?

- O poder dos reis absolutistas baseava-se em quê?

PS Se estou correcto a sequência é a seguinte:
"A inquisição foi uma mera brincadeira?!?"
"Esses países eram os do Islão e do Stalinismo"
(não é ironia é mesmo uma duvida)