Ouvi ontem uns quantos pós-modernistas debitarem umas tantas centelhas de clarividência sobre a nova lei do divórcio.
O divórcio não nunca será declarado por decisão unilateral, muito embora seja razão suficiente que um dos cônjuges requeira o divórcio. Como assim? Bem, se um deles não está de acordo com o outro, é porque o outro não está de acordo com ele, portanto... há razões de ambos os lados para que o juiz atenda ao pedido. O juiz deve, portanto, decidir sempre a favor do divórcio.
As partilhas nunca serão efectuadas em função da eventual culpa que cada um tenha. O problema não reside na impossibilidade, numa boa parte dos casos, de se saber quem terá culpa mas na absurdez de se querer, sequer, determinar a culpa. Entretanto, as partilhas da coisa comum não serão feitas em partes iguais mas em função daquilo que cada um dedicou ao casamento. Por exemplo, se uma das partes abdicou de uma carreira para se dedicar à família, será compensada. Não foi explicado como se determina, à posteriori, qual o valor, para cada cônjuge, da “carreira” e da “dedicação à família”. Também não foi explicado como se calculará o valor de uma carreira que foi abandonada, especialmente não se sabendo se teria, ou não, pés para andar.
- Mas ele nunca trabalhou, eu trabalhei pelos dois, em 2 empregos.
- Minha ingrata. Trabalhaste sozinha porque eu abdiquei de uma carreira na NASA.
- Mas ele, de foguetões, só se for a virar panquecas pelos ares. É um inútil. E o que foi aprendendo ainda lhe pode permitir arranjar trabalho como cozinheiro. Ainda ficou a ganhar.
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It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Teste
teste
terça-feira, 30 de setembro de 2008
VIDEO VERY MUCH RELATED...
Caríssima ML, só esta cançoneta dos The Bastard Fairies, que nunca frequentaram (que eu saiba) Harvard, é superior a toda a produção do Luís Cilia, Sérgio Godinho, Fausto e Janita Salomé, que passaram a vida a cantar a mesma coisa mas, grande diferença, sem um grão de ironia e em português:
I’ve got to save the world, liberate
Eat the food that's on my plate
Recycling is really great
Whatever I can do
To get in bed with you
Eat the food that's on my plate
Recycling is really great
Whatever I can do
To get in bed with you
Arrependida?! E porquê, sr. carmo?
Cara ML,
Referia-me ao facto de você ter dito na altura que corrigia erros de ortografia aos americanos. E porque é que pensei na eventualidade de estar arrependida? Porque ao dizer semelhante, facilmente isto pode ser visto como pedantismo que se presta a todo o tipo de sarcasmos. C’est tout!
De todas as maneiras afirmar que corrige os textos de ‘americanos’ não diz grande coisa, só levanta mais perguntas:
- de que classe de americanos estamos a falar? Americanos com pouca escolarização, ou que já frequentaram uma escola secundária, ou académicos?
- Será que a portuguesa em questão faz parte da média dos académicos portugueses, ou é pura e simplesmente genial, logo não sendo de maneira nenhuma representativa como produto das nossas universidades?
Referia-me ao facto de você ter dito na altura que corrigia erros de ortografia aos americanos. E porque é que pensei na eventualidade de estar arrependida? Porque ao dizer semelhante, facilmente isto pode ser visto como pedantismo que se presta a todo o tipo de sarcasmos. C’est tout!
De todas as maneiras afirmar que corrige os textos de ‘americanos’ não diz grande coisa, só levanta mais perguntas:
- de que classe de americanos estamos a falar? Americanos com pouca escolarização, ou que já frequentaram uma escola secundária, ou académicos?
- Será que a portuguesa em questão faz parte da média dos académicos portugueses, ou é pura e simplesmente genial, logo não sendo de maneira nenhuma representativa como produto das nossas universidades?
Eu poderia apresentar-lhe alguns holandeses que escrevem português com menos erros do que os actuais alunos que saem das nossas escolas secundárias, não da antiga quarta-classe do tempo da outra senhora - também lhe apresento, mas é mais difícil. Mas que iria provar com isso?
Estive a matutar na sua divisão das Universidades: 2% do topo e 98% de medíocres nos EUA, verificando-se em Portugal precisamente o contrário e cheguei à conclusão que isso não é possível, antes fosse, que Deus a ouvisse…
Um país (EUA) com 300 milhões de habitantes não pode funcionar (bem) só com 2% de bem pensantes sendo o restante medíocre. Ou melhor, funciona, mas mal, ao nível da Rússia, da Nigéria ou do Paquistão. Mas estamos a falar do país que tecnologicamente é o mais performante do mundo!!!
Esqueça os filólogos, que também são precisos, e pense na qualidade dos outros 98%: dos trolhas, dos electricistas, dos mecânicos, dos funcionários públicos e da gente que faz com que as fábricas produzam produtos de qualidade vendidos em todo o mundo. É aqui que reside a força dos EUA.
Portugal, ao contrário, tem filólogos (e farmacêuticos) a mais - os tais 2% - e trolhas, electricistas, mecânicos e funcionários públicos de qualidade a menos, porque 98% do nosso ensino é medíocre, a razão principal para o país não funcionar como nós todos desejaríamos. Por isso é que convinha começar por reconhecer os problemas, para depois tentar remediar e para não ter que ’meter a viola no saco por sermos os mais desgraçados da CE’ como a ML afirmou. Eu, pela parte que me cabe citaria o Pat Condell: I'm very glad I haven't got much of a formal education [in Portugal], that's why I can read and write. Well, just enough for Fiel Inimigoooou...
Um país (EUA) com 300 milhões de habitantes não pode funcionar (bem) só com 2% de bem pensantes sendo o restante medíocre. Ou melhor, funciona, mas mal, ao nível da Rússia, da Nigéria ou do Paquistão. Mas estamos a falar do país que tecnologicamente é o mais performante do mundo!!!
Esqueça os filólogos, que também são precisos, e pense na qualidade dos outros 98%: dos trolhas, dos electricistas, dos mecânicos, dos funcionários públicos e da gente que faz com que as fábricas produzam produtos de qualidade vendidos em todo o mundo. É aqui que reside a força dos EUA.
Portugal, ao contrário, tem filólogos (e farmacêuticos) a mais - os tais 2% - e trolhas, electricistas, mecânicos e funcionários públicos de qualidade a menos, porque 98% do nosso ensino é medíocre, a razão principal para o país não funcionar como nós todos desejaríamos. Por isso é que convinha começar por reconhecer os problemas, para depois tentar remediar e para não ter que ’meter a viola no saco por sermos os mais desgraçados da CE’ como a ML afirmou. Eu, pela parte que me cabe citaria o Pat Condell: I'm very glad I haven't got much of a formal education [in Portugal], that's why I can read and write. Well, just enough for Fiel Inimigoooou...
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
O neocon
Um dos eficazes recursos da retórica socialista é a invenção de termos que, por si só, definem de forma indiscutível o valor moral de questões complexas.
Um desses termos é “neocon”, (de neoconservador), qualificativo que um jornalista aplicou a alguns intelectuais que abandonaram o Partido Democrata, desiludidos com a esquerdice relativista de Carter e McGovern.
O movimento consolidou-se e aos poucos transformou-se numa das escolas de pensamento do GOP, centrando-se nos valores e na política externa.
Com o tempo alcançou o estatuto supremo de Belzebu, responsável óbvio por todos os males do mundo.
Colocados os neocons no catálogo do “mal”, é pois com a maior naturalidade que todo e qualquer bicho careta, completamente ignorante do significado dos conceitos, veja em tudo o que de negativo se passa do mundo, a mão maligna do Bush, dos neocons e do neoliberalismo.
Desde Evo Morales ao Dr. Soares, passando por génios como Hugo Chavez, Zapatero, Amadinejad, Lula, Francisco Louçã ou Ana Gomes, o diagnóstico é unânime: a culpa (do que quer que seja) é do Bush, dos neocons e do neoliberalismo, apesar de se tratarem de conceitos que têm tanto a ver um com o outro, como a casca de uma cebola com a biela do um motor.
Na verdade o neoconservadorismo tem uma posição, em questões económicas, bem mais perto da social-democracia do que do liberalismo. É pelo welfare state, e nesta matéria, não difere substancialmente daquilo que na Europa se chama o “Estado Social”, podendo-se fazer uma analogia simples com a democracia cristã.
A identificação à religião evangélica, é outra bacorada muito comum dos ignorantes que, como o Dr. Soares, acham o máximo arengar que são “laicos, socialistas e republicanos”, uma espécie de tortilha apodrecida que busca raízes na Guerra Civil espanhola, acontecimento que está para a política como a extinção dos dinossauros para a história da terra.
O movimento neoconservador defende a democracia e a liberdade (é até acusado de querer exportar a "democracia à força") e os neocons não são, nunca foram um grupo religioso. Defendem, isso sim, e ao contrário dos pataratas jacobinos, o respeito pelas crenças religiosas de cada um.
McCain é um neocon e é justamente por isso que experimenta algumas dificuldades com a direita evangélica do GOP.
Bem, mas na novilíngua da esquerda, tudo isto é irrelevante. Os gatos convém que sejam pardos e os neocons dão um jeito do caraças para fazer o papel de bode expiatório da estupidez da esquerda, que necessita sempre de algo ou alguém a quem atribuir culpas cósmicas.
E na dúvida aí vai disto:
Bush e o neoliberalismo neoconservador, o que é o mesmo que dizer, o Sócrates e a monarquia leninista.
Um desses termos é “neocon”, (de neoconservador), qualificativo que um jornalista aplicou a alguns intelectuais que abandonaram o Partido Democrata, desiludidos com a esquerdice relativista de Carter e McGovern.
O movimento consolidou-se e aos poucos transformou-se numa das escolas de pensamento do GOP, centrando-se nos valores e na política externa.
Com o tempo alcançou o estatuto supremo de Belzebu, responsável óbvio por todos os males do mundo.
Colocados os neocons no catálogo do “mal”, é pois com a maior naturalidade que todo e qualquer bicho careta, completamente ignorante do significado dos conceitos, veja em tudo o que de negativo se passa do mundo, a mão maligna do Bush, dos neocons e do neoliberalismo.
Desde Evo Morales ao Dr. Soares, passando por génios como Hugo Chavez, Zapatero, Amadinejad, Lula, Francisco Louçã ou Ana Gomes, o diagnóstico é unânime: a culpa (do que quer que seja) é do Bush, dos neocons e do neoliberalismo, apesar de se tratarem de conceitos que têm tanto a ver um com o outro, como a casca de uma cebola com a biela do um motor.
Na verdade o neoconservadorismo tem uma posição, em questões económicas, bem mais perto da social-democracia do que do liberalismo. É pelo welfare state, e nesta matéria, não difere substancialmente daquilo que na Europa se chama o “Estado Social”, podendo-se fazer uma analogia simples com a democracia cristã.
A identificação à religião evangélica, é outra bacorada muito comum dos ignorantes que, como o Dr. Soares, acham o máximo arengar que são “laicos, socialistas e republicanos”, uma espécie de tortilha apodrecida que busca raízes na Guerra Civil espanhola, acontecimento que está para a política como a extinção dos dinossauros para a história da terra.
O movimento neoconservador defende a democracia e a liberdade (é até acusado de querer exportar a "democracia à força") e os neocons não são, nunca foram um grupo religioso. Defendem, isso sim, e ao contrário dos pataratas jacobinos, o respeito pelas crenças religiosas de cada um.
McCain é um neocon e é justamente por isso que experimenta algumas dificuldades com a direita evangélica do GOP.
Bem, mas na novilíngua da esquerda, tudo isto é irrelevante. Os gatos convém que sejam pardos e os neocons dão um jeito do caraças para fazer o papel de bode expiatório da estupidez da esquerda, que necessita sempre de algo ou alguém a quem atribuir culpas cósmicas.
E na dúvida aí vai disto:
Bush e o neoliberalismo neoconservador, o que é o mesmo que dizer, o Sócrates e a monarquia leninista.
domingo, 28 de setembro de 2008
Video not related
Esta hora pede os acordes revolucionarios da internacional socialista e a adubaçao do kholkoze a pensar na estaçao das chuvas - que o firmamento ameaça desabar. Faça-se uma pausa no festim liberal e voltemos aos campos de concentraçao.
Roger Scruton
Aqui há dias um dos nossos ilustres comentaristas torceu o nariz à autoridade académica de Roger Scruton, e logo um dos cromos que por aqui vagueiam, e que quando fôr grande quer ser agente da Stasi, veio a correr com ficheiro “ético” do filósofo, repleto, como seria de esperar, de grandes malfeitorias.
Excitado, o zote babava qualquer coisa sobre o facto de o ímpio Scruton ter escrito artigos de opinião sobre o tabaco, fazendo-se pagar por uma tabaqueira o que, se bem percebi o zurro do cromo (e peço desculpa pelo meu fraco domínio da linguagem asnática), constituiria autêntico pecado mortal que não só inabilitaria o académico inglês para a vida em sociedade, como seria justificação mais do que suficiente para o colocar a ferros no Linhó, na fila para uma lobotomia radical.
Tratamento que aliás deveria também ter sido aplicado a Fernando Pessoa, esse lacaio do (5º) Império, que, in ilo tempore, andou a vender slogans comerciais à Coca-Cola, como aquele do “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”.
Isto porque a promiscuidade com os capitalistas em geral e com as multinacionais em particular é, como se sabe, um dos sete pecados capitais da imbecilidade esquerdista que faz o nosso tempo.
Com algumas nuances e atenuantes, entenda-se, porque em geral esta a malta adora Frei Tomás, aquele do "faz o que eu digo e não faças o que ele faz", e consome avidamente os produtos e serviços produzidos pelas odiosas multinacionais. O Dr Louçã, por exemplo, não se desloca montado num jumento e há tempos andava para aí numa carrinha Volkswaggen, multinacional grande como o caraças (e se pensarmos que foi lançada por Adolfo Hitler, isto até podia suscitar algunas interessantes análises psicanalíticas).
Há também quem tenha visto o Coronel Hugo Chavez a lançar diatribes contra o capitalismo, a meio caminho entre um Airbus e um Mercedes topo de gama, e o próprio Daniel Oliveira, eminência pardacenta da nossa esquerda folclórica, vende despudoradamente o seu blogue à financeira da General Electric, representante tenebroso do “Grande Capital” americano. Não que eu ache mal….pelo contrário, tenho é inveja , mas parece-me detectar aqui um ligeiro odor a hipocrisia.
Bem, adiante que eu estava a falar da obra prima do mestre (Roger Scruton) e não da prima do mestre de obras (o cromo da Stasi).
Roger Scruton além de muitos méritos, entre os quais o de ser um exímio caçador, é um polemista temível, e usa a argumentação com a mesma eficácia com que Billy the Kid usava o Colt 45. Não tem medo de ninguém e dispara à vista sobre quem pensa que lhe pode disputar a fama a Oeste de Pecos.
Normalmente acerta, pelo que é odiado e temido pelos bonzos da vulgaridade, cujas balas são normalmente feitas com a pólvora seca dos estribilhos do marxismo cultural (vulgo "correcção política").
Scruton escreve com uma clareza desarmante e, em frases secas que todos compreendem, desfaz em meia dúzia de bojardas, as cogitações confusas e pseudo-intelectuais dos pacóvios que acreditam que escrever bem é disfarçar o vazio das ideias, embrulhando-o em rococós elaborados (vidé os pós-modernistas franceses em geral e as bostadas do Dr Boaventura Sousa Santos, em particular)
É pois natural que os marretas do relativismo e da esquerda folclórica o odeiem e, na fúria de verem a pontaria com que Scruton lhes deixa as carecas à mostra, derramam sobre o pistoleiro inglês os mais rancorosos adjectivos, desde demagogo a reaccionário, passando por fascista, radical, obscurantista, enfim, o costume.
E daí à pulsão leninista de lhe assassinar o carácter vai um passinho de criança que qualquer cromo com fetiches da Stasi, está mortinho por dar.
Ora alguém que a esquerda trata com tais mimos, merece sem dúvida ser lido e foi mais ou menos por isso que eu cheguei a Roger Scruton.
Comecei pelo “O Ocidente e o Resto”, uma obra notável, e depois fui por aí adiante. Uma que recomendo especialmente é “Guia de Filosofia para pessoas inteligentes”, texto absolutamente extraordinário no qual Scruton toma o pulso à morte e viaja no tempo e no espaço, desde a Grécia ao Bronx, revisitando as principipais figuras da filosofia e não só, defendendo a tese de que todas as grandes realizações intelectuais estão de algum modo ligadas à crença religiosa de que podemos transcender o tempo.
Excitado, o zote babava qualquer coisa sobre o facto de o ímpio Scruton ter escrito artigos de opinião sobre o tabaco, fazendo-se pagar por uma tabaqueira o que, se bem percebi o zurro do cromo (e peço desculpa pelo meu fraco domínio da linguagem asnática), constituiria autêntico pecado mortal que não só inabilitaria o académico inglês para a vida em sociedade, como seria justificação mais do que suficiente para o colocar a ferros no Linhó, na fila para uma lobotomia radical.
Tratamento que aliás deveria também ter sido aplicado a Fernando Pessoa, esse lacaio do (5º) Império, que, in ilo tempore, andou a vender slogans comerciais à Coca-Cola, como aquele do “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”.
Isto porque a promiscuidade com os capitalistas em geral e com as multinacionais em particular é, como se sabe, um dos sete pecados capitais da imbecilidade esquerdista que faz o nosso tempo.
Com algumas nuances e atenuantes, entenda-se, porque em geral esta a malta adora Frei Tomás, aquele do "faz o que eu digo e não faças o que ele faz", e consome avidamente os produtos e serviços produzidos pelas odiosas multinacionais. O Dr Louçã, por exemplo, não se desloca montado num jumento e há tempos andava para aí numa carrinha Volkswaggen, multinacional grande como o caraças (e se pensarmos que foi lançada por Adolfo Hitler, isto até podia suscitar algunas interessantes análises psicanalíticas).
Há também quem tenha visto o Coronel Hugo Chavez a lançar diatribes contra o capitalismo, a meio caminho entre um Airbus e um Mercedes topo de gama, e o próprio Daniel Oliveira, eminência pardacenta da nossa esquerda folclórica, vende despudoradamente o seu blogue à financeira da General Electric, representante tenebroso do “Grande Capital” americano. Não que eu ache mal….pelo contrário, tenho é inveja , mas parece-me detectar aqui um ligeiro odor a hipocrisia.
Bem, adiante que eu estava a falar da obra prima do mestre (Roger Scruton) e não da prima do mestre de obras (o cromo da Stasi).
Roger Scruton além de muitos méritos, entre os quais o de ser um exímio caçador, é um polemista temível, e usa a argumentação com a mesma eficácia com que Billy the Kid usava o Colt 45. Não tem medo de ninguém e dispara à vista sobre quem pensa que lhe pode disputar a fama a Oeste de Pecos.
Normalmente acerta, pelo que é odiado e temido pelos bonzos da vulgaridade, cujas balas são normalmente feitas com a pólvora seca dos estribilhos do marxismo cultural (vulgo "correcção política").
Scruton escreve com uma clareza desarmante e, em frases secas que todos compreendem, desfaz em meia dúzia de bojardas, as cogitações confusas e pseudo-intelectuais dos pacóvios que acreditam que escrever bem é disfarçar o vazio das ideias, embrulhando-o em rococós elaborados (vidé os pós-modernistas franceses em geral e as bostadas do Dr Boaventura Sousa Santos, em particular)
É pois natural que os marretas do relativismo e da esquerda folclórica o odeiem e, na fúria de verem a pontaria com que Scruton lhes deixa as carecas à mostra, derramam sobre o pistoleiro inglês os mais rancorosos adjectivos, desde demagogo a reaccionário, passando por fascista, radical, obscurantista, enfim, o costume.
E daí à pulsão leninista de lhe assassinar o carácter vai um passinho de criança que qualquer cromo com fetiches da Stasi, está mortinho por dar.
Ora alguém que a esquerda trata com tais mimos, merece sem dúvida ser lido e foi mais ou menos por isso que eu cheguei a Roger Scruton.
Comecei pelo “O Ocidente e o Resto”, uma obra notável, e depois fui por aí adiante. Uma que recomendo especialmente é “Guia de Filosofia para pessoas inteligentes”, texto absolutamente extraordinário no qual Scruton toma o pulso à morte e viaja no tempo e no espaço, desde a Grécia ao Bronx, revisitando as principipais figuras da filosofia e não só, defendendo a tese de que todas as grandes realizações intelectuais estão de algum modo ligadas à crença religiosa de que podemos transcender o tempo.
sábado, 27 de setembro de 2008
OS AMERICANOS SÃO MESMO BURROS...
Caríssima ML, já que o ‘papá’ lhe dedicou um poste, e seguindo a nova tradição no F.I. da dedicatória aos comentaristas mais tenazes, não posso ficar atrás e dedico-lhe este com todo o gosto. Espero que goste - também da foto...
Anteriormente, e numa discussão similar, você optou pelo mesmo discurso apoiado na quantificação de números médios para provar a superioridade das Universidades portuguesas em relação às americanas que, na minha opinião, e por muita boa vontade que eu tenha, não consigo ver outro intuito que o de querer apenas provar por a+b que os americanos são burros.
O menos que posso dizer é que isto é um exercício deveras estranho!!!
Encontro um site sobre rankings actualizado (2008) que me diz que das 50 melhores universidades do mundo só 6 é que não são americanas. E você diz-me que não, que não serve: os americanos são mesmo burros!
Vou ver o primeiro site que me enviou e encontro grosso modo os mesmos resultados, as universidades americanas são as melhores em todos os campos e também não serve: os americanos continuam burros!
Por este caminho a nossa diferença de opinião é a mesma que vai existir entre os especialistas que vão provar que Maccain ganhou o debate de ontem à noite, e os especialistas que a partir da mesma realidade vão provar precisamente o contrário.
Com isto não quero de maneira nenhuma ganhar o debate, quero apenas tentar mostrar que com retórica tudo é possível. Pode-se provar a existência de Deus, a Santíssima Trindade, a Imaculada Concepção, o Milagre de Fátima, que o Islão é uma religião de paz, que Maomé casou com a Aisha aos 9 mas só lhe saltou para a espinha aos 25 e que a Coreia do Norte e o Irão são sociedades democráticas. TUDO é possível.
E como eu já imaginava um discurso deste tipo, precavi-me na nossa troca de comentários da seguinte forma: Basta fazer a contabilidade, melhor ainda, basta ter uma ideia aproximada das invenções e dos prémios Nobel atribuídos para imaginar que os americanos devem ter excelentes Universidades.
Quer a minha amiga insinuar que a maioria dos nossos brilhantes alunos, depois de passarem 5 anos (ou seja lá o que for) nas nossas excelentes Universidades, se servem do Canudo apenas para práticas dissolutas que eu não me atrevo aqui a descrever tendo e conta que estou a falar com uma senhora e, mais grave ainda, com uma senhora portuguesa?
A mim (que não tenho nenhum) os canudos não me dizem grande coisa, dou prioridade aos resultados.
Onde estão os resultados, as invenções tecnológicas, os prémios Nobel? Lembro-me também que na nossa troca anterior de pareceres eu ter postado um relatório dos prémios Nobel - que me deu uma trabalheira infernal – em que também aqui os americanos estavam bastante bem representados. Também não servem estes dados?
Em vez de resultados você atira-me como uma citação constestável de Branislav Slantchev: Os estudantes americanos estão entre os mais close-minded, mal preparados para manter um ponto de vista crítico ou para defender as suas ideias (no caso de as terem), e os mais anti-intelectuais que alguma vez vi. E sim, é uma questão cultural e educacional.
Seja, partindo do princípio que Slantchev tem razão, imagine-se o que não seria se além dos excelentes resultados em todos os campos da ciência ainda por cima fossem os mais open-minded, os mais bem preparados e os mais intelectuais? Tornar-se-iam pura e simplesmente INSUPORTÁVEIS.
Voltando à retórica. Apoiado sobre ela qualquer intelectual é capaz de provar que a ex-DDR era uma sociedade superior à Alemanha Federal, o contrário até me parece mais fácil. Só uma coisa não é possível, é dizer que os alemães fugiam com perigo da própria vida da Alemanha Federal em direcção à DDR. O mesmo fenómeno se verifica em relação a Cuba vs EUA, Rússia vs Europa, comunismo vs capitalismo e, last but not least, Islão vs Cristandade.
Moral da história, os intelectuais nem sempre têm razão. Por vezes o reparar para que lado é que as pessoas se piram diz mais do que um tratado de retórica.
sexta-feira, 26 de setembro de 2008
Orgias de estupidez
Como já se previa, a Alemanha acaba de enterrar o Aquecimento Global. A estúpida esquerdalha de serviço vai saltar que nem pipocas em sessão de "cinema documental" ao melhor estilo Michael Moore.
Entretanto, o nosso intrépido e estrebuchante 1º ministro continua a apostar em "coisas limpas", como os Magalhães em molho de megabits, que nos vão limpar do bolso o que não sobra dos impostos.
De lembrar, que foi deitada às urtigas uma refinaria por causa do fantasmagórico CO2, muito embora pareça haver problemas de falta de produção e de concorrência no sector da refinação de combustíveis.
Mas Chavez está em Portugal, para encomendar os portáteis Magalhães que "fabricamos" e importar tecnologia portuguesa para construção de ... casas!
Viva a estupidez.
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Entretanto, o nosso intrépido e estrebuchante 1º ministro continua a apostar em "coisas limpas", como os Magalhães em molho de megabits, que nos vão limpar do bolso o que não sobra dos impostos.
De lembrar, que foi deitada às urtigas uma refinaria por causa do fantasmagórico CO2, muito embora pareça haver problemas de falta de produção e de concorrência no sector da refinação de combustíveis.
Mas Chavez está em Portugal, para encomendar os portáteis Magalhães que "fabricamos" e importar tecnologia portuguesa para construção de ... casas!
Viva a estupidez.
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Reinaldo de Azevedo
Reinaldo de Azevedo, uma das maiores referências da blogosfera brasileira, teve a imensa amabilidade de referir o post "Rato Mickey e Pato Donald", publicado aqui e também no Triunfo dos Porcos.
Uma vez que o leu no "Triunfo dos Porcos", foi para aí que remeteu.
O resultado foi uma avalancha de leitores naquele blogue, no qual não passo muitas vezes .
Assim sendo, deixei lá um poste a servir de sinaleiro para este espaço, bastante mais activo e diversificado.
Uma vez que o leu no "Triunfo dos Porcos", foi para aí que remeteu.
O resultado foi uma avalancha de leitores naquele blogue, no qual não passo muitas vezes .
Assim sendo, deixei lá um poste a servir de sinaleiro para este espaço, bastante mais activo e diversificado.
Caro Ezequiel
Caro Ezequiel.
Você acusa-me de simplismo, na leitura que faço do Islão, e desdobra-se em nuances e complexidades que, a seu ver, impossibilitam opiniões tão taxativas como “Há algo de errado com o Islão”, escrita por Pacheco Pereira (e por Bernard Lewis, by the way).
Não nego que essas complexidades existem e que o Islão não é monolítico. Apenas as acho geralmente irrelevantes para nós, como civilização em choque com a civilização islâmica. A fractura sunismo-xiismo essa sim, tem alguma relevância.
Você parece achar que a chave para a compreensão do fenómeno está na meticulosa análise dessas nuances e que a Verdade está algures no fim desse caminho, como o pote de ouro na extremidade do arco-íris.
Penso que a sua abordagem analítica está errada, pelas mesma razão que marca a impossibilidade de descodificar o significado de D. Quixote, analisando as letras com que é escrito. Se for por esse caminho, desemboca inevitavelmente nas cerca de duas dezenas de letras do alfabeto e não encontra o pote de ouro.
O significado tem de ser procurado num outro nível, que não o da análise meticulosa.
Com o Islão, tem de encontrar também o conveniente nível de análise. A forma de uma floresta, não está inscrita nas rugosidades de uma das suas árvores e se o seu objectivo é conhecer essa forma, tem de se distanciar dos pormenores e ser um especialista em casca de árvore, não o ajuda por ai além.
É como um quadro…a sua beleza não está nos pixéis, mas sim no conjunto e não é necessário conhecer cada pixel para apreciar a pintura. Antes pelo contrário
O que pretendo com estas analogias, é que entenda que aquilo a que você chama “simplismo”, é um deliberado distanciamento dos pormenores que considero irrelevantes no nível de análise em que me tento situar.
Estamos de acordo que é o ventre do Islão que gera o islamismo.
Ora tal “ismo”, não é um mero apêndice maligno, nem uma imaginária “luta de classes” à escala mundial, como parece entender uma certa esquerda formatada nas interpretações marxistas do mundo; não é também o resultado de nenhuma “justa luta”, contra as injustiças e o Bush e o “neoliberalismo”, como argumentam alguns indivíduos mais dados à casuística do seu horizonte imediato; muito menos se trata de uma “reacção” ao “problema palestiniano” e às “atrocidades israelitas”, como garantem os velhos antisemitas e os novos “anti-sionistas”.
Não, não é nada disso, mas sim uma ideologia coerente com uma base intelectual bem definida (Mawdudi, Qutb, Al Banna, etc) que estão para o islamismo, como Marx e Engels para o marxismo.
Por exemplo Sayd Qutb, um dos “pais” filosóficos da Al-Qaeda, encarava a Civilização Ocidental, como um inimigo monolítico, e situava-se num nível de análise bem acima das diferentes visões ideológicas que na altura mapeavam o nosso mundo, tal como o víamos.
Em plena Guerra-Fria, Qutb situava o socialismo comunista e a democracia capitalista liberal no mesmo barco:
“Não nos devemos deixar iludir pela aparentemente dura e amarga luta entre os campos oriental e ocidental. São apenas filosofias materialistas da vida e [...] não há diferença entre os seus princípios […]. A verdadeira luta é entre o Islão, por um lado, e […] a força da filosofia materialista professada igualmente pela Europa, América e Rússia “(Sayyid Qutb, Social Justice in Islam, Nova Iorque, Islamic Publications International, 2000,)
E sendo a Civilização Ocidental, essencialmente o sucedâneo da chamada “Cristandade”, Qutb descrevia argutamente as suas fraquezas: “ [O] Cristianismo […] é uma fé individualista, isolacionista e negativa. [...] não tem nenhuma filosofia essencial do presente, da vida prática. Por outro lado, o Islão é perfeitamente praticável em si próprio; tem crenças, leis, e um sistema social e económico que está sob controlo da consciência e da lei [...] e oferece à humanidade uma teoria perfeitamente abrangente do universo, da vida, da humanidade, uma teoria que satisfaz as necessidades intelectuais do homem”.
Portanto, Qutb não tinha dúvidas de que a estreita simbiose entre a vida, a politica e a religião, típica do Islão, é um aspecto fundamental da superioridade islâmica face a outras teorias religiosas e ao secularismo. Uma ideologia de poder!
Westefalia, a separação entre César e Deus, que o Ocidente decantou a ferro e fogo e que está no cerne da nossa organização política, jurídica e social, é considerada um handicap face à superioridade da visão politico-religiosa do Islão.
Pelo seu lado, Mawdudi achava (Sayyid Mawdudi, The Islamic Way of Life, Leicester, The Islamic Foundation,1986) que “A característica mais importante do Islão é que não faz distinção entre o espiritual e o secular. O seu objectivo é configurar quer as vidas individuais quer a sociedade no seu conjunto, de forma a assegurar que o Reino de Alá possa ser efectivamente estabelecido na terra e que a paz e a felicidade, possam preencher o mundo”.
Esta ideia não surge de geração espontânea na cabeça de Mawdudi. Todos os islamistas falam do Islão (e não do islamismo, isso já somos nós a falar por cima) e fundamentam as suas ideias no Corão.
Mawdudi remete para surata do «Arrependimento» (9: 111):“Alá comprou aos crentes as suas almas e as suas riquezas porque lhe pertence o Paraíso: combatem na senda de Alá e matam ou são mortos. É uma promessa d´ Ele [...] Alegrai-vos pelo contrato que com Ele haveis concluído!”
Este versículo descreve o contrato de Alá com o indivíduo. Alá compra a vida e a propriedade dos crentes, em troca da recompensa do Paraíso. Isto significa que tudo pertence a Alá, que do indivíduo pretende apenas a voluntária submissão, condição sinequanon da eterna felicidade.
Quem aceita o contrato é um crente. Quem o recusa é um infiel. Quem o denuncia é um apóstata. Estes últimos devem morrer. Ora o modo de vida islâmico, segundo Mawdudi, abrange a esfera privada e a esfera pública, pelo que a ordem política deverá ser uma clara manifestação da soberania de Deus. O Estado Islâmico!
Sem ele, garantia Mawdudi, o Islão nunca será completamente implementado e tenderá a ser marginalizado. A fé islâmica é assim um processso de busca de uma ordem virtuosa onde a umma, a comunidade dos crentes, se converterá no Hezbollah, partido de Deus, organização da verdadeira fé.«O nosso partido não é um partido de intelectuais ou de missionários religiosos. É um partido de soldados de Deus. Por isso, este partido não tem outra opção se não tomar o controlo político» . (Sayyid Mawdudi, op. cit. ant. pag.13.)
A importância destes autores é enorme. É o seu pensamento que conquista os corações e as mentes da esmagadora maioria dos muçulmanos e o Islão é também isso.
É o Corão, é a praxis e é a grelha mental que estes autores lograram impor.
Podemos lamentar que assim seja, mas não podemos ignorar que é assim.
Você escreve uma frase fantástica (digo-o com ironia) : "...há muita gente influente e esclarecida no Islão que não quer um confronto de civilizações. São nestes que eu aposto porque acredito que o deflagrar de um conflito de cariz civilizacional seria desastroso."
Fantástica porque revela a que ponto a sua análise está contaminada pelos seus desejos.
Mutatis mutandis, diz que há engrenagens no automóvel que rodam em sentido contrário ao do movimento e é nelas que aposta para inverter o sentido do automóvel como um todo.
Porquê? Acredita que elas irão fazer isso?
Não, apenas acredita que se o não fizerem o carro chocará e quer à viva força que a realidade se subordine àquilo em que acredita.
É um pensamento mágico. Vê o carro a caminho do choque, mas recusa o que vê porque não gosta das consequências e deposita as suas esperanças em algumas pequenas rodas dentadas do motor, que rodam ao contrário.
É para mim evidente que esse desejo subjectivo de recusa da catástrofe, não irá alterar um milímetro da realidade.
Por isso, penso que há que olhar para o Islão tal como ele é, e não como desejaríamos que fosse.
Mas o que se está a passar é que, quando o assunto é Islão, uma grande parte do mundo académico, da esquerda, da comunicação social e da política, perde a combatividade, esquece a racionalidade e resguarda-se em atitudes que vão do silêncio respeitoso e comprometido ao apoio entusiástico e militante.
Não se evita um Choque de Civilizações, recusando que ele existe.
A única maneira de o evitar seria a nossa submissão imediata, ou o suicídio colectivo. Como isso não deverá acontecer, temos de nos preparar para o choque, começando por perceber o momento do objecto que vem contra nós.
Você acusa-me de simplismo, na leitura que faço do Islão, e desdobra-se em nuances e complexidades que, a seu ver, impossibilitam opiniões tão taxativas como “Há algo de errado com o Islão”, escrita por Pacheco Pereira (e por Bernard Lewis, by the way).
Não nego que essas complexidades existem e que o Islão não é monolítico. Apenas as acho geralmente irrelevantes para nós, como civilização em choque com a civilização islâmica. A fractura sunismo-xiismo essa sim, tem alguma relevância.
Você parece achar que a chave para a compreensão do fenómeno está na meticulosa análise dessas nuances e que a Verdade está algures no fim desse caminho, como o pote de ouro na extremidade do arco-íris.
Penso que a sua abordagem analítica está errada, pelas mesma razão que marca a impossibilidade de descodificar o significado de D. Quixote, analisando as letras com que é escrito. Se for por esse caminho, desemboca inevitavelmente nas cerca de duas dezenas de letras do alfabeto e não encontra o pote de ouro.
O significado tem de ser procurado num outro nível, que não o da análise meticulosa.
Com o Islão, tem de encontrar também o conveniente nível de análise. A forma de uma floresta, não está inscrita nas rugosidades de uma das suas árvores e se o seu objectivo é conhecer essa forma, tem de se distanciar dos pormenores e ser um especialista em casca de árvore, não o ajuda por ai além.
É como um quadro…a sua beleza não está nos pixéis, mas sim no conjunto e não é necessário conhecer cada pixel para apreciar a pintura. Antes pelo contrário
O que pretendo com estas analogias, é que entenda que aquilo a que você chama “simplismo”, é um deliberado distanciamento dos pormenores que considero irrelevantes no nível de análise em que me tento situar.
Estamos de acordo que é o ventre do Islão que gera o islamismo.
Ora tal “ismo”, não é um mero apêndice maligno, nem uma imaginária “luta de classes” à escala mundial, como parece entender uma certa esquerda formatada nas interpretações marxistas do mundo; não é também o resultado de nenhuma “justa luta”, contra as injustiças e o Bush e o “neoliberalismo”, como argumentam alguns indivíduos mais dados à casuística do seu horizonte imediato; muito menos se trata de uma “reacção” ao “problema palestiniano” e às “atrocidades israelitas”, como garantem os velhos antisemitas e os novos “anti-sionistas”.
Não, não é nada disso, mas sim uma ideologia coerente com uma base intelectual bem definida (Mawdudi, Qutb, Al Banna, etc) que estão para o islamismo, como Marx e Engels para o marxismo.
Por exemplo Sayd Qutb, um dos “pais” filosóficos da Al-Qaeda, encarava a Civilização Ocidental, como um inimigo monolítico, e situava-se num nível de análise bem acima das diferentes visões ideológicas que na altura mapeavam o nosso mundo, tal como o víamos.
Em plena Guerra-Fria, Qutb situava o socialismo comunista e a democracia capitalista liberal no mesmo barco:
“Não nos devemos deixar iludir pela aparentemente dura e amarga luta entre os campos oriental e ocidental. São apenas filosofias materialistas da vida e [...] não há diferença entre os seus princípios […]. A verdadeira luta é entre o Islão, por um lado, e […] a força da filosofia materialista professada igualmente pela Europa, América e Rússia “(Sayyid Qutb, Social Justice in Islam, Nova Iorque, Islamic Publications International, 2000,)
E sendo a Civilização Ocidental, essencialmente o sucedâneo da chamada “Cristandade”, Qutb descrevia argutamente as suas fraquezas: “ [O] Cristianismo […] é uma fé individualista, isolacionista e negativa. [...] não tem nenhuma filosofia essencial do presente, da vida prática. Por outro lado, o Islão é perfeitamente praticável em si próprio; tem crenças, leis, e um sistema social e económico que está sob controlo da consciência e da lei [...] e oferece à humanidade uma teoria perfeitamente abrangente do universo, da vida, da humanidade, uma teoria que satisfaz as necessidades intelectuais do homem”.
Portanto, Qutb não tinha dúvidas de que a estreita simbiose entre a vida, a politica e a religião, típica do Islão, é um aspecto fundamental da superioridade islâmica face a outras teorias religiosas e ao secularismo. Uma ideologia de poder!
Westefalia, a separação entre César e Deus, que o Ocidente decantou a ferro e fogo e que está no cerne da nossa organização política, jurídica e social, é considerada um handicap face à superioridade da visão politico-religiosa do Islão.
Pelo seu lado, Mawdudi achava (Sayyid Mawdudi, The Islamic Way of Life, Leicester, The Islamic Foundation,1986) que “A característica mais importante do Islão é que não faz distinção entre o espiritual e o secular. O seu objectivo é configurar quer as vidas individuais quer a sociedade no seu conjunto, de forma a assegurar que o Reino de Alá possa ser efectivamente estabelecido na terra e que a paz e a felicidade, possam preencher o mundo”.
Esta ideia não surge de geração espontânea na cabeça de Mawdudi. Todos os islamistas falam do Islão (e não do islamismo, isso já somos nós a falar por cima) e fundamentam as suas ideias no Corão.
Mawdudi remete para surata do «Arrependimento» (9: 111):“Alá comprou aos crentes as suas almas e as suas riquezas porque lhe pertence o Paraíso: combatem na senda de Alá e matam ou são mortos. É uma promessa d´ Ele [...] Alegrai-vos pelo contrato que com Ele haveis concluído!”
Este versículo descreve o contrato de Alá com o indivíduo. Alá compra a vida e a propriedade dos crentes, em troca da recompensa do Paraíso. Isto significa que tudo pertence a Alá, que do indivíduo pretende apenas a voluntária submissão, condição sinequanon da eterna felicidade.
Quem aceita o contrato é um crente. Quem o recusa é um infiel. Quem o denuncia é um apóstata. Estes últimos devem morrer. Ora o modo de vida islâmico, segundo Mawdudi, abrange a esfera privada e a esfera pública, pelo que a ordem política deverá ser uma clara manifestação da soberania de Deus. O Estado Islâmico!
Sem ele, garantia Mawdudi, o Islão nunca será completamente implementado e tenderá a ser marginalizado. A fé islâmica é assim um processso de busca de uma ordem virtuosa onde a umma, a comunidade dos crentes, se converterá no Hezbollah, partido de Deus, organização da verdadeira fé.«O nosso partido não é um partido de intelectuais ou de missionários religiosos. É um partido de soldados de Deus. Por isso, este partido não tem outra opção se não tomar o controlo político» . (Sayyid Mawdudi, op. cit. ant. pag.13.)
A importância destes autores é enorme. É o seu pensamento que conquista os corações e as mentes da esmagadora maioria dos muçulmanos e o Islão é também isso.
É o Corão, é a praxis e é a grelha mental que estes autores lograram impor.
Podemos lamentar que assim seja, mas não podemos ignorar que é assim.
Você escreve uma frase fantástica (digo-o com ironia) : "...há muita gente influente e esclarecida no Islão que não quer um confronto de civilizações. São nestes que eu aposto porque acredito que o deflagrar de um conflito de cariz civilizacional seria desastroso."
Fantástica porque revela a que ponto a sua análise está contaminada pelos seus desejos.
Mutatis mutandis, diz que há engrenagens no automóvel que rodam em sentido contrário ao do movimento e é nelas que aposta para inverter o sentido do automóvel como um todo.
Porquê? Acredita que elas irão fazer isso?
Não, apenas acredita que se o não fizerem o carro chocará e quer à viva força que a realidade se subordine àquilo em que acredita.
É um pensamento mágico. Vê o carro a caminho do choque, mas recusa o que vê porque não gosta das consequências e deposita as suas esperanças em algumas pequenas rodas dentadas do motor, que rodam ao contrário.
É para mim evidente que esse desejo subjectivo de recusa da catástrofe, não irá alterar um milímetro da realidade.
Por isso, penso que há que olhar para o Islão tal como ele é, e não como desejaríamos que fosse.
Mas o que se está a passar é que, quando o assunto é Islão, uma grande parte do mundo académico, da esquerda, da comunicação social e da política, perde a combatividade, esquece a racionalidade e resguarda-se em atitudes que vão do silêncio respeitoso e comprometido ao apoio entusiástico e militante.
Não se evita um Choque de Civilizações, recusando que ele existe.
A única maneira de o evitar seria a nossa submissão imediata, ou o suicídio colectivo. Como isso não deverá acontecer, temos de nos preparar para o choque, começando por perceber o momento do objecto que vem contra nós.
quinta-feira, 25 de setembro de 2008
Massagens convenientes
Já tinha aqui dado um exemplo em como se angariavam as "correctas" conclusões de que o aquecimento global existe e a culpa é da imperfeição do homem, do capitalismo, da indústria, das petrolíferas, de Bush e dos neo-tudo-e-mais-alguma-coisa.
Já tinha aqui dado um exemplo em como de massajavam instrumentos de forma a obterem-se as adequadas "conclusões".
Este agora é um exemplo sobre como se massajam dado até que eles digam o que os iluminados (a energias alternativas) pretendem.
Tudo começa quando um pacato personagem recolhe dados de temperatura de um determinado local, ponto de partida para a saga em que algumas "pequenas correcções" são introduzidas.
Os dados são recolhidos, mas ainda não demonstram quanto maléfica é a pérfida civilização. Há então que:
Encontrada a verdade, qual a conveniente diferença entre os valores originais e a verdade revelada?
Via EcoTretas.
Já tinha aqui dado um exemplo em como de massajavam instrumentos de forma a obterem-se as adequadas "conclusões".
Este agora é um exemplo sobre como se massajam dado até que eles digam o que os iluminados (a energias alternativas) pretendem.
Tudo começa quando um pacato personagem recolhe dados de temperatura de um determinado local, ponto de partida para a saga em que algumas "pequenas correcções" são introduzidas.
Os dados são recolhidos, mas ainda não demonstram quanto maléfica é a pérfida civilização. Há então que:
Encontrada a verdade, qual a conveniente diferença entre os valores originais e a verdade revelada?
A "sofisticação"!
"é onde são mais sofisticados e mais se orgulham da herança europeia. "
Esta frase é da comentarista ml, e o mínimo que se pode dizer é que para quem passa a vida a acusar os outros de reducionismo e maniqueísmo, esta associação, um dos mantras mais conhecidos do antiamericanismo europeu, é um notável exercício.
Nesta mente cândida, não há qualquer dúvida que a Europa é "sofisticada" e a América "estúpida".
E que tudo aquilo que a América tem de bom se deve, não aos americanos, esses pobres estúpidos, mas aos sofisticados europeus que fazem o favor de emprestar/vender a sua sofisticação aos pobres idiotas da outra margem do Atlântico.
O que é que isto tem a ver com a realidade?
Pouco, mas não interessa. O que interessa é afirmar o preconceito.
O facto de ter sido na Europa que se verificaram os maiores massacres do séc XX, não desmente a "sofisticação" europeia e a "estupidez" americana.
Porque, como é sabido, os americanos são particularmente estúpidos, e a quantidade de Prémios Nobel que ganham não chega para o disfarçar, e muito menos a quantidade e qualidade da investigação produzida em todos os domínios, nas universidades e nas empresas. Literatura, orquestras, pintura, cinema, nada disso pode pôr em causa a idiotice dos americanos porque ela é, por assim dizer, ontológica.
E está no vademecum, por isso há apenas que repeti-la, como faz a ml, com toda a candura do mundo.
E, claro, o Bush é idiota. Porquê?
Porque sim e porque muitos repetem o estribilho. E isso basta como argumento.
Não é só o Bush, claro!
De um modo geral todos os presidentes dos EUA são casus orgasmicus de uma certa faixa de "sofisticados" (atributo que se outorgam uns aos outros com alguma prodigalidade) “intelectuais” de esquerda que, por razões misteriosas, se consideram intelectualmente muito superiores aos "americanos" e , claro, aos detentores daquele insignificante cargo.
Na verdade nem surpreende que os presidentes americanos sejam "estúpidos" e pouco "sofisticados". São americanos e por isso congregam em si,muito democraticamente, os elementares defeitos dos seus ignorantes cidadãos que, justamente por serem idiotas, se esforçam ao máximo por eleger atrasados mentais, brutos e deficientes profundos.
É por isso que Truman era um mero vendedor de gravatas, Reagan não passava de um mau actor de filmes série B, Bush I basicamente era um cretino texano, Carter vendia ginguba, Clinton um sátiro que tocava saxofone e adorava blowjobs, Bush II é evidentemente um idiota satânico que se mete nos copos (apesar de ter uma sólida formação universitária em Yale e Harvard) e por aí.
Escapa o Kennedy se calhar porque era casado com uma mulher de origem francesa, o que o guindava a um nível intelectual médio, por osmose com a "sofisticação", mas não mais que isso, porque era americano e isso marca.
O McCain já é estúpido mesmo sendo apenas candidato, da Palin nem se fala, e o Obama, embora de momento seja sofisticadíssimo, até porque tem todos os atributos da "sofisticação" (só lhe falta mesmo pegar de empurrão), se for eleito deslizará inevitavelmente para o caldeirão da estupidez americana.
O que vale é que cá pela Europa nós somos sofisticados como o caraças.
E aqui mesmo no rectângulo, habitat de especímenes altamente sofisticados, o Visconde da Apúlia sucedeu ao Capitão Moura, derrotando o Joaquim de Cavez.
Esta frase é da comentarista ml, e o mínimo que se pode dizer é que para quem passa a vida a acusar os outros de reducionismo e maniqueísmo, esta associação, um dos mantras mais conhecidos do antiamericanismo europeu, é um notável exercício.
Nesta mente cândida, não há qualquer dúvida que a Europa é "sofisticada" e a América "estúpida".
E que tudo aquilo que a América tem de bom se deve, não aos americanos, esses pobres estúpidos, mas aos sofisticados europeus que fazem o favor de emprestar/vender a sua sofisticação aos pobres idiotas da outra margem do Atlântico.
O que é que isto tem a ver com a realidade?
Pouco, mas não interessa. O que interessa é afirmar o preconceito.
O facto de ter sido na Europa que se verificaram os maiores massacres do séc XX, não desmente a "sofisticação" europeia e a "estupidez" americana.
Porque, como é sabido, os americanos são particularmente estúpidos, e a quantidade de Prémios Nobel que ganham não chega para o disfarçar, e muito menos a quantidade e qualidade da investigação produzida em todos os domínios, nas universidades e nas empresas. Literatura, orquestras, pintura, cinema, nada disso pode pôr em causa a idiotice dos americanos porque ela é, por assim dizer, ontológica.
E está no vademecum, por isso há apenas que repeti-la, como faz a ml, com toda a candura do mundo.
E, claro, o Bush é idiota. Porquê?
Porque sim e porque muitos repetem o estribilho. E isso basta como argumento.
Não é só o Bush, claro!
De um modo geral todos os presidentes dos EUA são casus orgasmicus de uma certa faixa de "sofisticados" (atributo que se outorgam uns aos outros com alguma prodigalidade) “intelectuais” de esquerda que, por razões misteriosas, se consideram intelectualmente muito superiores aos "americanos" e , claro, aos detentores daquele insignificante cargo.
Na verdade nem surpreende que os presidentes americanos sejam "estúpidos" e pouco "sofisticados". São americanos e por isso congregam em si,muito democraticamente, os elementares defeitos dos seus ignorantes cidadãos que, justamente por serem idiotas, se esforçam ao máximo por eleger atrasados mentais, brutos e deficientes profundos.
É por isso que Truman era um mero vendedor de gravatas, Reagan não passava de um mau actor de filmes série B, Bush I basicamente era um cretino texano, Carter vendia ginguba, Clinton um sátiro que tocava saxofone e adorava blowjobs, Bush II é evidentemente um idiota satânico que se mete nos copos (apesar de ter uma sólida formação universitária em Yale e Harvard) e por aí.
Escapa o Kennedy se calhar porque era casado com uma mulher de origem francesa, o que o guindava a um nível intelectual médio, por osmose com a "sofisticação", mas não mais que isso, porque era americano e isso marca.
O McCain já é estúpido mesmo sendo apenas candidato, da Palin nem se fala, e o Obama, embora de momento seja sofisticadíssimo, até porque tem todos os atributos da "sofisticação" (só lhe falta mesmo pegar de empurrão), se for eleito deslizará inevitavelmente para o caldeirão da estupidez americana.
O que vale é que cá pela Europa nós somos sofisticados como o caraças.
E aqui mesmo no rectângulo, habitat de especímenes altamente sofisticados, o Visconde da Apúlia sucedeu ao Capitão Moura, derrotando o Joaquim de Cavez.
A América Baloiça, a Europa Mete Água
O 'El País' de hoje noticia que Peer Steinbrück, ministro das finanças alemão, declarou no Bundestag que os EUA perderão o seu estatuto de grande potência do sistema financeiro internacional. Esta afirmação parece ser da véspera, embora o jornal espanhol não diga quando foi proferida, contrariando uma das três regras elementares do jornalismo.
Até há pouco ainda não era possível cruzar esta notícia, mas é de admitir que seja verdadeira por estar em linha com outras alarvidades anti-americanas do grotesco e eurocêntrico Steinbrück
Ficam por responder duas perguntas:
-que outro país vai então substituir os EUA como grande centro financeiro mundial?
-porque motivo, apesar da crise no imobiliário americano que já tem muitos meses, as poupanças do mundo continuam a ser canalizadas para os EUA?
Uma coisa é certa, o grande centro financeiro que irá ocupar o espaço livre deixado pela previsão (por cumprir) de Peer Steinbrück não será certamente a Europa. E não será porque não se imagina quem vá colocar as suas poupanças numa zona económica cuja locomotiva, a economia alemã, vai entrar em recessão ainda este ano, segundo previsões da insuspeita Comissão Europeia.
É evidente que a CE, tal qual Steinbrück, diz que a culpa da recessão prevista para a Alemanha é da crise financeira nos EUA. Aquilo que não faz é dar explicação séria para o facto de a principal economia europeia sofrer como nenhuma outra no mundo por causa da crise financeira internacional. Isto tendo em considerarão as excelsidades e virtudes do modelo económico-social europeu, segundo as opiniões politicamente corretas deste e do outro lado do Atlântico.
É claro que muitos preferem pensar na recessão - a tal - que vai acontecer no próximo trimestre nos EUA; sim, essa mesma - a tal - aquela que há uns três ou quatro anos anda para acontecer "no próximo trimestre" e que desta vez é que é.
É claro também que parece que poucos notam que a vertente real da economia americana está a sofrer pouco com a crise financeira, ao contrário do que acontece na UE. Este é um sinal muito evidente das diferenças de saúde entre uma e outra economia. E é por aqui que o assunto deve ser analisado.
É um facto inquestionável que a economia real na Europa sofre mais com a crise financeira que vem dos EUA do que os próprios EUA ou qualquer outra zona económica. Ora, como é que o mesmo virus da constipação deixa uns ir trabalhar enquanto outros ficam de cama? A culpa é do vírus ou do estado geral de saúde do portador? O peso da crise financeira americana na economia real da Europa é uma consequência da debilidade económica a que fomos conduzidos pelo modelo economico-social da UE, de outro modo não seríamos afetados a este ponto. Este é o facto realmente relevante, o mesmo que quase nunca se vê abordado.
Na União Europeia, muitos parecem pategos apontando embasbacados para um transatlântico chamado ‘America’ que lhes passa à frente, baloiçando. Os pategos bradam indignados contra o 'America' e as ondas que faz ao passar inundando-lhes a barcaça ferrugenta em que viajam. Tudo menos pensar nos muitos e grandes buracos no casco da seu próprio barco por onde a água entra. Tudo menos ver que outros barcos também balançam com as mesmas ondas mas não metem água. Coisas da labreguice basbaque e eurocêntrica.
Atualização 2008,09,28: reabrindo o primeiro link do post, passou a constar 'hoy' (hoje) na notícia do jornal. Fica a dúvida se eles andarão a ler o Fiel-Inimigo.
Até há pouco ainda não era possível cruzar esta notícia, mas é de admitir que seja verdadeira por estar em linha com outras alarvidades anti-americanas do grotesco e eurocêntrico Steinbrück
Ficam por responder duas perguntas:
-que outro país vai então substituir os EUA como grande centro financeiro mundial?
-porque motivo, apesar da crise no imobiliário americano que já tem muitos meses, as poupanças do mundo continuam a ser canalizadas para os EUA?
Uma coisa é certa, o grande centro financeiro que irá ocupar o espaço livre deixado pela previsão (por cumprir) de Peer Steinbrück não será certamente a Europa. E não será porque não se imagina quem vá colocar as suas poupanças numa zona económica cuja locomotiva, a economia alemã, vai entrar em recessão ainda este ano, segundo previsões da insuspeita Comissão Europeia.
É evidente que a CE, tal qual Steinbrück, diz que a culpa da recessão prevista para a Alemanha é da crise financeira nos EUA. Aquilo que não faz é dar explicação séria para o facto de a principal economia europeia sofrer como nenhuma outra no mundo por causa da crise financeira internacional. Isto tendo em considerarão as excelsidades e virtudes do modelo económico-social europeu, segundo as opiniões politicamente corretas deste e do outro lado do Atlântico.
É claro que muitos preferem pensar na recessão - a tal - que vai acontecer no próximo trimestre nos EUA; sim, essa mesma - a tal - aquela que há uns três ou quatro anos anda para acontecer "no próximo trimestre" e que desta vez é que é.
É claro também que parece que poucos notam que a vertente real da economia americana está a sofrer pouco com a crise financeira, ao contrário do que acontece na UE. Este é um sinal muito evidente das diferenças de saúde entre uma e outra economia. E é por aqui que o assunto deve ser analisado.
É um facto inquestionável que a economia real na Europa sofre mais com a crise financeira que vem dos EUA do que os próprios EUA ou qualquer outra zona económica. Ora, como é que o mesmo virus da constipação deixa uns ir trabalhar enquanto outros ficam de cama? A culpa é do vírus ou do estado geral de saúde do portador? O peso da crise financeira americana na economia real da Europa é uma consequência da debilidade económica a que fomos conduzidos pelo modelo economico-social da UE, de outro modo não seríamos afetados a este ponto. Este é o facto realmente relevante, o mesmo que quase nunca se vê abordado.
Na União Europeia, muitos parecem pategos apontando embasbacados para um transatlântico chamado ‘America’ que lhes passa à frente, baloiçando. Os pategos bradam indignados contra o 'America' e as ondas que faz ao passar inundando-lhes a barcaça ferrugenta em que viajam. Tudo menos pensar nos muitos e grandes buracos no casco da seu próprio barco por onde a água entra. Tudo menos ver que outros barcos também balançam com as mesmas ondas mas não metem água. Coisas da labreguice basbaque e eurocêntrica.
Atualização 2008,09,28: reabrindo o primeiro link do post, passou a constar 'hoy' (hoje) na notícia do jornal. Fica a dúvida se eles andarão a ler o Fiel-Inimigo.
terça-feira, 23 de setembro de 2008
AO QUE PARECE...
”acho um piadão que estes anti-muçulmanos, enquanto gastam milhares de palavras contra algumas sociedades muçulmanas,”
Que saudades meu Deus que eu tenho, e que piadão que eu acho a esta estupidez confrangedora! Faz-me sempre lembrar os anos anteriores a 25 de Abril de 1974, em que os emigrantes portugueses na Holanda me proibiam a entrada na Casa Portuguesa de Haia porque, vejam lá………eu dizia mal de Portugal e dos portugueses.
Era absolutamente impossível fazer entender a estas (e outras) almas tacanhas e rudes que uma coisa é criticar a IDEOLOGIA vigente num determinado período da história de um país, e outra coisa criticar os seus HABITANTES.
Mas ao contrário do Stran que ainda hoje, e passados trinta e quatro anos continua a não usar convenientemente a caixa dos pirolitos, e é por isso que continua a chatear o indígena, os emigrantes portugueses acabaram por ir às boas mesmo sem terem alguma vez na vida compreendido esta dicotomia. Como por milagre, no dia 26 de Abril de 1974 tinham todos um cravo na lapela, eram todos socialistas e todos eles queriam ser meus amigos. Não é isto fantástico?
Critica-se o nazismo e pronto, somos obrigados a justificar-nos, a gostar de ver homens bêbados vestidos com calções de cabedal. Critica-se o comunismo e pronto, somos obrigados a dizer que até gostamos de russas com mais de sessenta anos e de Vodka. Critica-se o Maoísmo e pronto, lá somos mais uma vez obrigados a dizer que até comemos sopa com pauzinhos.
Cansativa esta eterna actividade de moralista para explicar aos Frans deste mundo coisas tão simples que, compreendidas, de uma vez para sempre iriam facilitar e elevar consideravelmente a qualidade do diálogo.
"Ao que me parece foi um lunático fundamentalista, do tipo do que matou john Lennon, quem matou Theo van Gogh."
Ao que parece, Mohammed Bouyeri estava ligado a uma organização de islamistas radicais chamada “De Hofstadgroep”. Ao que parece, Mo Bouyeri e os seus acólitos prepararam meticulosamente o assassinato – há testemunhas de várias visitas às imediações da casa de Van Gogh. Ao que parece, Mo Bouyeri não cruzou Van Gogh por casualidade na rua, e depois de o abater a tiro e de lhe ter cortado o pescoço (precisamente como é da praxe islâmica nestas situações), espetou-lhe uma faca de talhante no peito com uma carta impressa por um printer, ao que parece anteriormente redigida – não consta que ele trouxesse consigo um laptop ligado a um printer - e dirigida a Ayaan Hirsi Ali. Segundo a carta seria ela a próxima vítima… Ao que parece.
Mas os cartoons do desenhador da Dinamarca foram uma provocação de um jornal de extrema direita contra uma comunidade, dizem os Strans de diversos quadrantes com uma grande lata …
Como é que um desenho pode ser motivo para matar gente, para obrigar o desenhador a viver durante o resto da sua vida protegido pelo estado?
Vamos lá ajudar mais uma vez (a última) os Frans deste mundo a puxar pela cachimónia. Imaginemos que o desenhador tivesse desenhado Buda ou o Cristo com uma bomba nos cornos! Porque não?
Neste caso seria natural uma pessoa não perceber bem a relação e achar uma piada de mau gosto, mas seria isto motivo para matar gente?
Mas no caso de Maomé a relação com bombas é mais do que evidente. Porque todos os dias que nosso Senhor nos dá há gente a ser assassinada em nome de Alá e do seu profeta Maomé, ao que parece...
(Falta de) Qualidade na Informação Económica
Hoje o Diário Económico brinda-nos com duas notáveis notícias a metro.
É caso para dizer que comentário económico se assemelha muito a comentário desportivo. O que é preciso é defender o próprio clube ainda que isso fique distante da honestidade; o que é preciso é vender jornais ainda que para isso seja preciso inventar transferências, zangas de balneário, desculpas nobres para desempenhos medíocres
Pela meia noite, o DE informou que a “maior subida de sempre” no preço do petróleo ONTEM se ficou a dever à intervenção do governo americano no sistema financeiro ‘secando’ o mau crédito;
Cerca de 8 (oito) horas depois, o DE diz que preço do petróleo está HOJE em forte baixa “com receio de que plano dos EUA não evite uma recessão”, isto é, pela mesmíssima razão que algumas horas antes tinha servido para justificar o movimento inverso.
Parecem existir duas faltas na notícia. Desde logo o facto de uma estar juntinho à outra; quem decide a paginação do jornal on-line tem a obrigação de ter outro nível de cuidado. Depois, e isto, sim, mais espantoso e relevante, conseguir dizer que o gelo que hoje faz baixar o hematoma é o mesmo que ontem o fez subir.
Subjacente a tudo fica a habitual necessidade da opinião económica se basear em leituras políticas que ‘vendam’, ainda que essas leituras se contradigam ou estejam distantes da realidade. O rigor e o discernimento na análise dos temas económicos é coisa que anda mais ou menos longe de muita opinião sobre economia supostamente respeitável.
Cerca de 8 (oito) horas depois, o DE diz que preço do petróleo está HOJE em forte baixa “com receio de que plano dos EUA não evite uma recessão”, isto é, pela mesmíssima razão que algumas horas antes tinha servido para justificar o movimento inverso.
Parecem existir duas faltas na notícia. Desde logo o facto de uma estar juntinho à outra; quem decide a paginação do jornal on-line tem a obrigação de ter outro nível de cuidado. Depois, e isto, sim, mais espantoso e relevante, conseguir dizer que o gelo que hoje faz baixar o hematoma é o mesmo que ontem o fez subir.
Subjacente a tudo fica a habitual necessidade da opinião económica se basear em leituras políticas que ‘vendam’, ainda que essas leituras se contradigam ou estejam distantes da realidade. O rigor e o discernimento na análise dos temas económicos é coisa que anda mais ou menos longe de muita opinião sobre economia supostamente respeitável.
É caso para dizer que comentário económico se assemelha muito a comentário desportivo. O que é preciso é defender o próprio clube ainda que isso fique distante da honestidade; o que é preciso é vender jornais ainda que para isso seja preciso inventar transferências, zangas de balneário, desculpas nobres para desempenhos medíocres
segunda-feira, 22 de setembro de 2008
Desculpabilizando o Islão
"Ouço neste blogue e noutros falarem dos muçulmanos como se falou dos Judeus e fico incredulo como é que não se aprendeu com a história da Europa”
Esta frase é de um dos comentadores deste blogue e tenho poucas esperanças de que quem não tem pudor de proferir tal coisa, seja capaz de entender que uma coisa é falar dos muçulmanos enquanto pessoas, outra é falar do islamismo, enquanto doutrina que motiva comportamentos.
Até prova em contrário, os muçulmanos, tal como os alemães e os russos, querem da vida o mesmo que qualquer outro ser humano, mas as doutrinas que em certas epocas os formataram enquanto grupos (islamismo, o nazismo e o comunismo), transformaram gente banalíssima em peças de uma engrenagem monstruosa e genocida.
É nesse sentido que Hannah Arendt fala da banalidade do mal.
Comparar a perseguição aos judeus, assente em falsidades, conjecturas paranóicas e teorias da conspiração, com a denúncia do islamismo, cujas acções são concretas, conhecidas, sangrentas e diárias, é uma obscenidade moral que faz por ignorar que foi abertamente declarada uma jihad em nome do Islão.
Está escrita em vários documentos, é veiculada todos os dias em milhares de mesquitas, ensinada em milhares de madrassas e praticada em todo o mundo, com atentados brutais que já mataram dezenas de milhares de pessoas e esmagam todos os valores que a nossa civilização duramente conquistou.
E sugerir que quem quer que ouse sequer pronunciar-se sobre o Islão, é automaticamente xenófobo, não passa de uma patética tentativa de castração moral, procurando inibir a verbalização da indignação e do desconforto perante uma ameaça concreta e abertamente declarada à nossa cultura, valores, vida e modo de vida.
No estranho mundo lido pelos olhos desta gente, o Islão nada tem a ver com os muçulmanos e o terrorismo islâmico nada tem a ver com os dois primeiros, pelo que qualquer relação com a letra e o espírito do Corão, é basicamente uma alucinação de mentes paranóicas, como a minha, por exemplo.
Em virtude deste “raciocínio”, e como que por magia, os “maus” não são aqueles que fazem a jihad, que apoiam a jihad, que rejubilam com a morte dos “infiéis”, que se fazem explodir no meio de inocentes, que desprezam a “degradante” civilização ocidental, mas nós, os que, feitos alvos, nos limitamos a descrever a ameaça.
Na cabeça da avestruz, o problema só existe se o vir, pelo que fechando os olhos, ele está automaticamente resolvido: o único problema é que tal pirueta não impede que o Corão seja o que é e que o terrorismo islâmico exista de facto.
O único problema é, enfim, a realidade.
O nosso comentarista quer acreditar que a interpretação do Corão que está na base da relação conflitual do Islão com todas as outras religiões e sociedades, é apanágio de apenas alguns fanáticos e não recolhe forte apoio entre um grande número de muçulmanos. Infelizmente a informação existe, entra pelos olhos dentro, as pessoas vêem televisão, lêem jornais, sentem na pele a incomodidade das medidas de segurança, pelo que por muito que se encha a boca com frases floribélicas, a única maneira de afirmar que uma coisa é contrário do que é, resulta , ou de estupidez pura, ou da ingestão de aguardente de gasóleo.
Só alguém nestas circunstâncias acredita que os fundamentos corânicos do terrorismo islâmico são alucinações de “fanáticos” anti-Islão.
A constante e obscena desculpabilização do Islão, é o passo seguinte na degradação moral e intelectual. É ela que permite a alguém afirmar que “ Aqui existiu uma provocação a esta comunidade”
O idiota que escreve uma coisa destas, nem entende sequer que está a reificar um ente colectivo que antes garantia não existir , atribuindo-lhe as características colectivas que antes negou.
O problema da desculpabilização é que o terrorismo islâmico existe mesmo e é de uma espécie completamente nova,sustentada na irredutível e inegociável mundivisão que o Corão transmite.
Este tipo de discurso limita-se mais uma vez a demonstrar que a intolerância que determinadas pessoas exercem relativamente à sua própria sociedade, está na medida inversa da tolerância que manifestam pela barbárie dos outros.
Como dizia Paheco Pereira, “Há um problema com o Islão”, que reside no facto de o Islão ser o que sempre foi e o Ocidente, minado pelo marxismo cultural que se entrincheirou nas universidades, no discurso politicamente correcto e nos media, ter vergonha do seu passado, dos seus valores e da sua História.
O Islão não é pacífico nem avançado, nem tolerante.
O Islão é intrinsecamente violento e essa violência releva não só do Corão mas também das interpretações dominantes que dele se fazem. Esperar-se-ia que as pessoas normais encarassem esta religião como perigosa e criassem anticorpos.
Infelizmente tal não está a acontecer e este padrão repete o que se passou com o comunismo durante quase todo o século XX. A generalidade das pessoas segue a sua vida, razoavelmente inconsciente da magnitude das forças que moldam o seu mundo. Mas os ignorantes convencidos, onde hoje pontifica uma estranha aliança de islamistas e de activistas de esquerda, continuam a asneirar como sempre fizeram.
Para a esquerda "progressista" trata-se apenas de mais uma forma de praticar a idiotia útil e de lutar contra a “sociedade burguesa”.
E assim, por não querer parecer “islamófoba”, agacham-se e tornam-se islamófilos. Os resultados deste suicídio entram-nos todos os dias pelos olhos dentro, através das notícias da Dinamarca, da Holanda, da França, da Alemanha, do Reino Unido, da Espanha, etc.
Muitos europeus “compreendem” o terrorismo suicida islamista e acham, paradoxalmente, que os grandes perigos para a Europa são os judeus e os americanos, tal como há 30 anos achavam que o perigo não vinha da URSS. São conduzidos pelo medo, pelo preconceito, pela necessidade de quererem parecer "tolerantes, em suma, por absoluta, e suicida estupidez
Esta frase é de um dos comentadores deste blogue e tenho poucas esperanças de que quem não tem pudor de proferir tal coisa, seja capaz de entender que uma coisa é falar dos muçulmanos enquanto pessoas, outra é falar do islamismo, enquanto doutrina que motiva comportamentos.
Até prova em contrário, os muçulmanos, tal como os alemães e os russos, querem da vida o mesmo que qualquer outro ser humano, mas as doutrinas que em certas epocas os formataram enquanto grupos (islamismo, o nazismo e o comunismo), transformaram gente banalíssima em peças de uma engrenagem monstruosa e genocida.
É nesse sentido que Hannah Arendt fala da banalidade do mal.
Comparar a perseguição aos judeus, assente em falsidades, conjecturas paranóicas e teorias da conspiração, com a denúncia do islamismo, cujas acções são concretas, conhecidas, sangrentas e diárias, é uma obscenidade moral que faz por ignorar que foi abertamente declarada uma jihad em nome do Islão.
Está escrita em vários documentos, é veiculada todos os dias em milhares de mesquitas, ensinada em milhares de madrassas e praticada em todo o mundo, com atentados brutais que já mataram dezenas de milhares de pessoas e esmagam todos os valores que a nossa civilização duramente conquistou.
E sugerir que quem quer que ouse sequer pronunciar-se sobre o Islão, é automaticamente xenófobo, não passa de uma patética tentativa de castração moral, procurando inibir a verbalização da indignação e do desconforto perante uma ameaça concreta e abertamente declarada à nossa cultura, valores, vida e modo de vida.
No estranho mundo lido pelos olhos desta gente, o Islão nada tem a ver com os muçulmanos e o terrorismo islâmico nada tem a ver com os dois primeiros, pelo que qualquer relação com a letra e o espírito do Corão, é basicamente uma alucinação de mentes paranóicas, como a minha, por exemplo.
Em virtude deste “raciocínio”, e como que por magia, os “maus” não são aqueles que fazem a jihad, que apoiam a jihad, que rejubilam com a morte dos “infiéis”, que se fazem explodir no meio de inocentes, que desprezam a “degradante” civilização ocidental, mas nós, os que, feitos alvos, nos limitamos a descrever a ameaça.
Na cabeça da avestruz, o problema só existe se o vir, pelo que fechando os olhos, ele está automaticamente resolvido: o único problema é que tal pirueta não impede que o Corão seja o que é e que o terrorismo islâmico exista de facto.
O único problema é, enfim, a realidade.
O nosso comentarista quer acreditar que a interpretação do Corão que está na base da relação conflitual do Islão com todas as outras religiões e sociedades, é apanágio de apenas alguns fanáticos e não recolhe forte apoio entre um grande número de muçulmanos. Infelizmente a informação existe, entra pelos olhos dentro, as pessoas vêem televisão, lêem jornais, sentem na pele a incomodidade das medidas de segurança, pelo que por muito que se encha a boca com frases floribélicas, a única maneira de afirmar que uma coisa é contrário do que é, resulta , ou de estupidez pura, ou da ingestão de aguardente de gasóleo.
Só alguém nestas circunstâncias acredita que os fundamentos corânicos do terrorismo islâmico são alucinações de “fanáticos” anti-Islão.
A constante e obscena desculpabilização do Islão, é o passo seguinte na degradação moral e intelectual. É ela que permite a alguém afirmar que “ Aqui existiu uma provocação a esta comunidade”
O idiota que escreve uma coisa destas, nem entende sequer que está a reificar um ente colectivo que antes garantia não existir , atribuindo-lhe as características colectivas que antes negou.
O problema da desculpabilização é que o terrorismo islâmico existe mesmo e é de uma espécie completamente nova,sustentada na irredutível e inegociável mundivisão que o Corão transmite.
Este tipo de discurso limita-se mais uma vez a demonstrar que a intolerância que determinadas pessoas exercem relativamente à sua própria sociedade, está na medida inversa da tolerância que manifestam pela barbárie dos outros.
Como dizia Paheco Pereira, “Há um problema com o Islão”, que reside no facto de o Islão ser o que sempre foi e o Ocidente, minado pelo marxismo cultural que se entrincheirou nas universidades, no discurso politicamente correcto e nos media, ter vergonha do seu passado, dos seus valores e da sua História.
O Islão não é pacífico nem avançado, nem tolerante.
O Islão é intrinsecamente violento e essa violência releva não só do Corão mas também das interpretações dominantes que dele se fazem. Esperar-se-ia que as pessoas normais encarassem esta religião como perigosa e criassem anticorpos.
Infelizmente tal não está a acontecer e este padrão repete o que se passou com o comunismo durante quase todo o século XX. A generalidade das pessoas segue a sua vida, razoavelmente inconsciente da magnitude das forças que moldam o seu mundo. Mas os ignorantes convencidos, onde hoje pontifica uma estranha aliança de islamistas e de activistas de esquerda, continuam a asneirar como sempre fizeram.
Para a esquerda "progressista" trata-se apenas de mais uma forma de praticar a idiotia útil e de lutar contra a “sociedade burguesa”.
E assim, por não querer parecer “islamófoba”, agacham-se e tornam-se islamófilos. Os resultados deste suicídio entram-nos todos os dias pelos olhos dentro, através das notícias da Dinamarca, da Holanda, da França, da Alemanha, do Reino Unido, da Espanha, etc.
Muitos europeus “compreendem” o terrorismo suicida islamista e acham, paradoxalmente, que os grandes perigos para a Europa são os judeus e os americanos, tal como há 30 anos achavam que o perigo não vinha da URSS. São conduzidos pelo medo, pelo preconceito, pela necessidade de quererem parecer "tolerantes, em suma, por absoluta, e suicida estupidez
domingo, 21 de setembro de 2008
Stress pré combate
A retracção do PSD em atacar o governo acarreta uma dificuldade acrescida ao poder. Não ocupando espaço mediático, deixa-o vazio para ataques vindos de todas as direcções.
Ontem, o Primeiro Ministro parecia pedir, pelas alminhas, que o PSD o atacasse de forma que as coisas pudessem voltar à normalidade.
Parece que Sócrates sente na pele o stress de quem caminha pelo mato sem saber quando, como e de onde virá o ataque.
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Ontem, o Primeiro Ministro parecia pedir, pelas alminhas, que o PSD o atacasse de forma que as coisas pudessem voltar à normalidade.
Parece que Sócrates sente na pele o stress de quem caminha pelo mato sem saber quando, como e de onde virá o ataque.
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sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Rato Mickey e Pato Donald
O assunto é grave.
Tão grave que o juiz chefe do Supremo Tribunal da Arábia Saudita, um tal Sheik Saleh al-Lihedan, clérigo daquela que é conhecida pela “religião da paz”, pelas mesmas razões que as casas onde há doentes são conhecidas por “casas de saúde”, proferiu uma sentença, autorizando o assassínio dos trabalhadores das televisões que passem, entre outras coisas, comics do Rato Mickey.
Devo confessar que sempre achei peculiar aquela situação de o Rato Mickey ter três “sobrinhos” em casa, sem se saber muito bem de quem eram filhos.
Estava todavia longe de imaginar que aquela imagem de sensatez era postiça e escondia um ser “repulsivo” e um “soldado de Satã”, (palavras textuais do Sheik). A ser verdade é óbvio que “o Mickey deve ser morto”.
Teme-se pois que os quiosques sejam os próximos alvos da Al-Qaeda.
Mas não é apenas o Rato Mickey quem corre perigo de vida
Na terra “bolivariana” o Pato Donald está há muito na linha de tiro de clérigos marxistas, outra conhecida religião da paz.
Em “Para ler o Pato Donald”, obra emblemática (best-seller na América Latina) que faz parte da educação de todos os verdadeiros idiotas latino americanos (conhecidos hoje por “bolivarianos”), os autores, dois marxistas encrespados, juram que as historias em quadradinhos do Pato Donald encerram uma subliminar mensagem capitalista e imperialista. Segundo eles o pérfido pato (confesso que também acho estranha aquela mania de só andar vestido da cintura para cima) é um verdadeiro agente da reacção cujas maléficas intenções passam pelo ataque aos seus inimigos de classe.
Ainda segundo os autores, Patópolis é a metáfora dos EUA, o centro cruel do mundo, que explora a periferia, ou seja a América Latina.
O próprio Pai Natal e “as suas malditas renas”, foram proibidas pelo ditador comunista peruano Velasco Alvarado, possivelmente por suspeitas de que se tratassem de perigosos agentes da CIA.
Uma vez que o próprio Chavez garantiu em plena Assembleia das Nações Unidas que Bush era o Satã e os aiatolas chamam ao EUA o “Grande Satã”, as plavras do clérigo saudita fazem todo o sentido.
O Rato Mickey estará ao serviço do Satã ( Bush, EUA), e é por isso um alvo legítimo.
A estupidez adensa-se e teme-se mais uma conspiração de estúpidos.
Tão grave que o juiz chefe do Supremo Tribunal da Arábia Saudita, um tal Sheik Saleh al-Lihedan, clérigo daquela que é conhecida pela “religião da paz”, pelas mesmas razões que as casas onde há doentes são conhecidas por “casas de saúde”, proferiu uma sentença, autorizando o assassínio dos trabalhadores das televisões que passem, entre outras coisas, comics do Rato Mickey.
Devo confessar que sempre achei peculiar aquela situação de o Rato Mickey ter três “sobrinhos” em casa, sem se saber muito bem de quem eram filhos.
Estava todavia longe de imaginar que aquela imagem de sensatez era postiça e escondia um ser “repulsivo” e um “soldado de Satã”, (palavras textuais do Sheik). A ser verdade é óbvio que “o Mickey deve ser morto”.
Teme-se pois que os quiosques sejam os próximos alvos da Al-Qaeda.
Mas não é apenas o Rato Mickey quem corre perigo de vida
Na terra “bolivariana” o Pato Donald está há muito na linha de tiro de clérigos marxistas, outra conhecida religião da paz.
Em “Para ler o Pato Donald”, obra emblemática (best-seller na América Latina) que faz parte da educação de todos os verdadeiros idiotas latino americanos (conhecidos hoje por “bolivarianos”), os autores, dois marxistas encrespados, juram que as historias em quadradinhos do Pato Donald encerram uma subliminar mensagem capitalista e imperialista. Segundo eles o pérfido pato (confesso que também acho estranha aquela mania de só andar vestido da cintura para cima) é um verdadeiro agente da reacção cujas maléficas intenções passam pelo ataque aos seus inimigos de classe.
Ainda segundo os autores, Patópolis é a metáfora dos EUA, o centro cruel do mundo, que explora a periferia, ou seja a América Latina.
O próprio Pai Natal e “as suas malditas renas”, foram proibidas pelo ditador comunista peruano Velasco Alvarado, possivelmente por suspeitas de que se tratassem de perigosos agentes da CIA.
Uma vez que o próprio Chavez garantiu em plena Assembleia das Nações Unidas que Bush era o Satã e os aiatolas chamam ao EUA o “Grande Satã”, as plavras do clérigo saudita fazem todo o sentido.
O Rato Mickey estará ao serviço do Satã ( Bush, EUA), e é por isso um alvo legítimo.
A estupidez adensa-se e teme-se mais uma conspiração de estúpidos.
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
Cavalidades
Há aqui qualquer coisa que não joga bem (actualizado).
De acordo com o documento, o sistema não foi verificado antes da viagem Madrid-Las Palmas, quando o manual da Boeing exige que o mecanismo seja inspeccionado antes do primeiro voo do dia em todas as escalas.'MD'-82 quer dizer McDonnell Douglas e o manual era da Boeing? Será que os carros Toyota são vendidos com manuais da Opel?
[...]
Os autores do relatório referem que essa recomendação era feita pelos fabricantes "há mais de 20 anos" e que, no caso do acidente que causou 154 mortos, o MD-82 não levava activados os flaps.
Comentário de um leitor:.
Sucede que a Boeing comprou há uns anitos, a MD. E como tal chamou a si as responsabilidades de fabricante, quanto aos produtos da MD. Tanto assim que a última evolução do MD82 - uma linhagem que se iniciou com o DC-9 dos anos sessenta - se chama Boeing 717.
Costa
terça-feira, 16 de setembro de 2008
O Mao até não foi mau
A Voz Portalegrense colocou online a reportagem publicada na revista Sábado da semana passada, sobre o que é ensinado nos nossos manuais escolares de História. O artigo está dividido por cinco posts, cada um deles mais assustador que as sobrancelhas do Álvaro Cunhal.
I - O comunismo foi positivo para a economia, o Exército Zapatista é um “movimento social” e a globalização quer transformar o mundo num “vasto casino”.
II - “Se, na URSS, a acção de Estaline provocou milhares de mortos e a deportação de milhões de pessoas para campos de trabalho forçado na Sibéria, nos EUA a perseguição ao suspeitos de simpatizarem com o comunismo e de promoverem actividades antiamericanas transformou-se numa verdadeira “caça às bruxas” que ficou conhecida por maccarthismo.” in Novo História 9, Texto Editores
III - "Os EUA possuem as armas mais poderosas da terra, um assustador arsenal de alta tecnologia que lhe oferece várias opções para aniquilar o inimigo." in Caminhos da História, 12° ano, ASA, volume III
IV - “A ‘revolução cultural’ saldou-se em dois milhões de mortos, cem milhões de perseguidos e vinte milhões de jovens enviados, após o fim do movimento, para campos de reeducação.” in O Tempo da História, 12° ano, Volume II Porto Editora
Uns meros 2 milhões. O Hitler foi muito pior!
I - O comunismo foi positivo para a economia, o Exército Zapatista é um “movimento social” e a globalização quer transformar o mundo num “vasto casino”.
II - “Se, na URSS, a acção de Estaline provocou milhares de mortos e a deportação de milhões de pessoas para campos de trabalho forçado na Sibéria, nos EUA a perseguição ao suspeitos de simpatizarem com o comunismo e de promoverem actividades antiamericanas transformou-se numa verdadeira “caça às bruxas” que ficou conhecida por maccarthismo.” in Novo História 9, Texto Editores
III - "Os EUA possuem as armas mais poderosas da terra, um assustador arsenal de alta tecnologia que lhe oferece várias opções para aniquilar o inimigo." in Caminhos da História, 12° ano, ASA, volume III
IV - “A ‘revolução cultural’ saldou-se em dois milhões de mortos, cem milhões de perseguidos e vinte milhões de jovens enviados, após o fim do movimento, para campos de reeducação.” in O Tempo da História, 12° ano, Volume II Porto Editora
Uns meros 2 milhões. O Hitler foi muito pior!
V - "Actualmente, Fidel Castro continua a ser o dirigente de Cuba. O país atravessa sérias dificuldades devido à continuação do bloqueio e tenta ultrapassá-lo através de uma aproximação à Europa.” in Novo Clube de História 9, parte II, Porto Editora
Aguardamos ansiosamente a reacção da D. Palmira.
Outra vez a "Crise do Capitalismo"
Alguns comentaristas comentam com um ar de "ah, afinal, vocês não dizem nada sobre ...", referindo-se a mais uma dose de previsões apocalípticas sobre o fim do capitalismo.
Nesta matéria os oráculos não se têm saído muito bem e esta coisa do "fim do capitalismo" já desacreditou muitos Zandingas, a começar pelo Grande Manitú do "pensamento" de esquerda (passe o oxímoro), o venerado Karl Marx.
A malta do "social" anda outra vez com humidade nas calcinhas a antecipar orgasmos com a crise financeira nos EUA e, pela enésima vez, acredita que agora é que é, agora é que vai acabar o malvado capitalismo sobre cujas cinzas se irá erguer a Felicidade Universal dos Povos e essas coisas.
Cada vez que ouve um traque, a esquerda pensa que vem aí a diarreia.
O facto de o socialismo ter falhado miseravelmente e o capitalismo ter propiciado a milhões de pessoas condições de bem-estar que durante milénios só estiveram ao alcance de algumas elites, não conta no ninho onde os cucos se espojam.
Os 800 milhões de pessoas arrancadas da pobreza absoluta na China, Índia, Brasil, etc, nos últimos anos, não estão no horizonte dos palermas do "social" e do "abaixo o neoliberalismo" e patati patatá, apesar de, comprovadamente, nenhum outro sistema económico ter feito melhor nos últimos 30 000 anos, num raio de vários anos-luz em volta do sistema solar.
A experiência económica do malvado capitalismo, ensinou que é geralmente mais sábio que os iluminados não interfiram em demasia no sistema e deixar o mercado lancetar os seus próprios excessos e fracasssos.
O capitalismo baseia-se no princípio darwinista da destruição criadora: quem erra, falha, ou mostra não ter unhas para a viola, não deve ser protegido pelo dinheiro dos contribuintes.
Deve falir, para não contaminar o ambiente de responsabilização e entrar em competição desleal com empresas que tomaram boas decisões.
O facto de nem todas as empresas sobreviverem e algumas falirem estrondosamente, não conduz à conclusão de que o capitalismo está errado. Fracassos sempre houve e sempre haverá, mas no sistema capitalista é o próprio mercado que os corrige, numa dinâmica em que constantemente morrem e nascem empresas.
O ciclo é cruel para as pessoas directamente prejudicadas (trabahadores e accionistas) mas nestes momentos em que apenas se ouve a demagogia histérica dos profetas da desgraça, convém dar conta de algumas coisas básicas:
-O saldo de vantagens e desvantagens do capitalismo é largamente positivo e superior a qualquer outro sistema.
-O capitalismo não é a selva e por isso só funciona onde há Estado...um Estado que não deve jogar mas apenas garantir as regras do jogo, porque quando procurar contrariar a destruição criadora se torna perigoso, pelas perversões que introduz.
-Nos últimos 100 anos TODAS as grandes crises, a inflação galopante, o desemprego em massa, foram causadas por governos interventivos ou por total ausência de Estado.
Nesta matéria os oráculos não se têm saído muito bem e esta coisa do "fim do capitalismo" já desacreditou muitos Zandingas, a começar pelo Grande Manitú do "pensamento" de esquerda (passe o oxímoro), o venerado Karl Marx.
A malta do "social" anda outra vez com humidade nas calcinhas a antecipar orgasmos com a crise financeira nos EUA e, pela enésima vez, acredita que agora é que é, agora é que vai acabar o malvado capitalismo sobre cujas cinzas se irá erguer a Felicidade Universal dos Povos e essas coisas.
Cada vez que ouve um traque, a esquerda pensa que vem aí a diarreia.
O facto de o socialismo ter falhado miseravelmente e o capitalismo ter propiciado a milhões de pessoas condições de bem-estar que durante milénios só estiveram ao alcance de algumas elites, não conta no ninho onde os cucos se espojam.
Os 800 milhões de pessoas arrancadas da pobreza absoluta na China, Índia, Brasil, etc, nos últimos anos, não estão no horizonte dos palermas do "social" e do "abaixo o neoliberalismo" e patati patatá, apesar de, comprovadamente, nenhum outro sistema económico ter feito melhor nos últimos 30 000 anos, num raio de vários anos-luz em volta do sistema solar.
A experiência económica do malvado capitalismo, ensinou que é geralmente mais sábio que os iluminados não interfiram em demasia no sistema e deixar o mercado lancetar os seus próprios excessos e fracasssos.
O capitalismo baseia-se no princípio darwinista da destruição criadora: quem erra, falha, ou mostra não ter unhas para a viola, não deve ser protegido pelo dinheiro dos contribuintes.
Deve falir, para não contaminar o ambiente de responsabilização e entrar em competição desleal com empresas que tomaram boas decisões.
O facto de nem todas as empresas sobreviverem e algumas falirem estrondosamente, não conduz à conclusão de que o capitalismo está errado. Fracassos sempre houve e sempre haverá, mas no sistema capitalista é o próprio mercado que os corrige, numa dinâmica em que constantemente morrem e nascem empresas.
O ciclo é cruel para as pessoas directamente prejudicadas (trabahadores e accionistas) mas nestes momentos em que apenas se ouve a demagogia histérica dos profetas da desgraça, convém dar conta de algumas coisas básicas:
-O saldo de vantagens e desvantagens do capitalismo é largamente positivo e superior a qualquer outro sistema.
-O capitalismo não é a selva e por isso só funciona onde há Estado...um Estado que não deve jogar mas apenas garantir as regras do jogo, porque quando procurar contrariar a destruição criadora se torna perigoso, pelas perversões que introduz.
-Nos últimos 100 anos TODAS as grandes crises, a inflação galopante, o desemprego em massa, foram causadas por governos interventivos ou por total ausência de Estado.
The Great Gig in the Sky
The Great Gig in the Sky
(Richard Wright)
"And I am not frightened of dying, any time will do, I
don't mind. Why should I be frightened of dying?
There's no reason for it, you've gotta go sometime."
"If you can hear this whispering you are dying."
"I never said I was frightened of dying."
(Richard Wright)
"And I am not frightened of dying, any time will do, I
don't mind. Why should I be frightened of dying?
There's no reason for it, you've gotta go sometime."
"If you can hear this whispering you are dying."
"I never said I was frightened of dying."
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segunda-feira, 15 de setembro de 2008
domingo, 14 de setembro de 2008
O passeio dos aviões do 9/11
"Porque é que quatro aviões comerciais andaram a passear nos céus americanos, tempos infinitos, sem qualquer intervenção da Força Aérea?"-pergunta retoricamente um dos, mais estúpidos teóricos da conspiração,passe a redundância.
Com esta pergunta o teórico da conspiração não pretende de facto uma resposta, mas apenas sublinhar que acha a situação estranhíssima e que de resto dispensa todas as respostas que não incluam a mão maligna dos "poderosos", da CIA, dos judeus, enfim, dos mafarricos habittuais.
O teórico da conspiração, convencido que a CIA têm poderes divinos, acha totalmente incompreensível que as Forças Armadas americanas não tenham sido capazes de abater em tempo útil uns meros aviões civis, pelo que só pode haver uma explicação: receberam ordens para não o fazer.
Um “argumento” muitas vezes utilizado, e que o nosso Diogo tem certamente no manual das citações, é uma declaração do Major Martin, porta-voz do NORAD, citada num livro do teólogo David Griffin (um dos mais notórios gurus do movimento dos maluquinhos e, não por acaso, professor de religião) sobre o carácter rotineiro das intercepções de aviões civis, referindo que só entre Junho de 2000 e Setembro de 2001, “o NORAD tinha executado 67 scrambles”.
O teórico da conspiração tem de truncar e descontextualizar frases, para alimentar os seus delírios e na sua estranha cabeça interceptar aviões é como carregar no botão da Playstation.
Na verdade, um scramble não é uma intercepção, mas sim todo a cadeia de movimentos que leva uma tripulação até ao avião, depois de receber uma ordem preparatória.
Alguns scrambles conduzem a intercepções, a maioria não, há mesmo intercepções sem scramble, feitas pelo desvio de aviões em patrulha.
O que o tal Major Martin disse realmente, é que “o NORAD tinha executado 67 scrambles mas não relativos ao espaço continental dos EUA”, o que é bastante diferente.
Na verdade, nos 10 anos anteriores ao 9/11, o NORAD interceptou apenas um avião civil sobre o espaço aéreo americano (o avião particular do golfista Payne Stewart) e demorou 79 minutos, desde o alerta. Além desta intercepção, todas as outras (quase todas relacionadas com trafico de droga) aconteceram em offshore, nas Air Defense Identification Zones (ADIZ), as quais requeriam planos de voo, transponders activos e comunicações rádio. Nenhum avião foi abatido.
Um outro “argumento” é um vídeo truncado das declarações do Secretário dos Transportes, Norman Mineta à Comissão do 11 de Setembro. O vídeo termina abruptamente aos 3’ 59’’, “provando”, segundo os tolinhos, que havia uma ordem de Dick Cheney para não abater o avião que se dirigia ao Pentágono. (é curioso que neste “argumento” os mesmos teóricos da conspiração que acham que no Pentágono acertou um "míssil", referem-se na maior das calmas ao "avião". O nosso Diogo é um exemplo. Farta-se de falar do "míssil" nos seus devaneios, mas de repente muda para 4 aviões, sem o menor pudor intelectual)
Todavia, quem vá ler as declarações completas de N. Mineta, verificará que ele diz precisamente o contrário.
Mas de factoo avião não foi abatido, havendo ordens para o abater. Como foi isto possível?
Conspiração!-berra imediatamente o tolinho.
A resposta é algo mais complexa e por isso não interessa ao cérebro simplista do teórico da conspiração.
Para começar, o sistema de intercepção que não estava virado para ameaças internas, não havendo sequer ADIZ sobre terra.
Á época, em cada momento havia quase 5000 aviões civis no espaço aéreo americano. Segundo os protocolos então em vigor, a partir do momento em que um controlador chegava à conclusão de que um dos seus aviões tinha sido desviado (e isso não era imediato a não ser que os terroristas comunicassem), informava os seus superiores e o caso percorria os sucessivos patamares até ao Air Trafic Control (ATC) HQ que notificava a Federal Aviation Administration (FAA) HQ.
Este organismo digeria a informação e telefonava para o Pentágono para solicitar uma escolta militar do National Military Command Center (NMCC). O NMCC obtinha autorização do Secretário de Estado da Defesa e a ordem seguia depois para o NORAD que por sua vez dava a ordem, pelo canal descendente, à conveniente base aérea que fazia então descolar os aviões com a missão que fosse oportuna, na maioria das vezes para as zonas de espera sobre o mar, onde aguardavam os pormenores específicos da missão.
No mundo real, tudo isto leva o seu tempo e até se entendia que assim fosse, porque nos casos de desvio de aviões, o expectável era que houvesse uma aterragem em algum sítio seguida de uma negociação.
NUNCA tinha havido um desvio de aviões para serem usados como bombas guiadas.
No 9/11, tudo começou pelo inédito facto de os terroristas não terem comunicado. Estes piratas eram suicidas, não queriam negociar o que quer que fosse, mas sim atingir os seus alvos o mais depressa possível. O controlador aéreo responsável só acharia estranho quando o avião não respondesse a alguma comunicação, quando começasse a desviar-se da rota, ou quando desligasse o transponder. E começaria por tentar perceber se haveria algum problema técnico, porque há quase 20 anos que não havia desvios de aviões nos EUA.
No caso do voo 77, quando o transponder foi desligado e as comunicações rádio interrompidas, o FAA de Indianopolis pensou que o avião tinha caído, porque o seu controlador nem sequer sabia que tinha havido já dois desvios, minutos antes. O controlador tentou fazer o tracking do avião na sua trajectória planeada, sem perceber que ele tinha já virado para Este e voou indetectado para Washington durante 36 minutos.
Mas como é isto possível?- pergunta o teórico da conspiração.
Cabe na cabeça de alguém que um avião comercial consiga passear-se impunemente sobre o espaço aéreo americano?
Os teóricos da conspiração e outros representantes de uma certa fauna urbana, pensam que a realidade é como os filmes de ficção científica, que as agências de segurança americanas são omnipotentes e omnipresentes, e que têm câmaras no espaço, controladas por botões, capazes de filmar em tempo real tudo o que está a acontecer lá para baixo. A realidade é muito mais prosaica e a verdade é que todo o sistema de defesa aérea americano estava virado para ameaças vindas de fora, não havendo nenhum sistema de vigilância que assegurasse a cobertura completa e integrada do mainland.
1- “ when you looked at NORAD on September 11, we had a ring of radar all around Canadá and the United States. It was like a donut. There was no coverage in the middle. That was not the threat” (Maj Martin, NORAD)
2-“We're pretty good if the threat is coming from outside; we're not so good if it's coming from the inside."(Gen Myers)
3-“This country is not on a wartime footing,…We don't have capable fighter aircraft loaded with missiles sitting on runways in this country. We just don't do that anymore. We did back during the '70s, the '60s, along the coast, being concerned about Russian intrusion, but to expect American fighter aircraft to intercept commercial airliners, who knows where, is totally unrealistic and makes no sense at all." (Senador Warren Rudman)
No caso do voo 77 ( o que se despenhou sobre o Pentágono) às 9:30, levantaram 2 F-16 de Langley, com missão Standard Operation Procedure(SOP), pelo que se dirigiram para uma ADIZ em offshore.
Às 9:32 o ATC de Dulles apanhou um blip não identificado que vinha na sua direcção e fez seguir a informação. Quando o ATC de Boston tomou conhecimento do caso fez seguir a informação e os F-16, receberam ordens para voarem para Washington a velocidade supersónica, contrariando as normas em vigor em tempo de paz, a fim de interceptarem o voo 77.
Estavam ainda a mais de 200 km a Leste, quando o avião embateu no Pentágono às 9:37. Mesmo que por milagre, todos os intervenientes tivessem percebido instantaneamente a big picture do que se estava a passar e tivessem actuado à velocidade da luz, as regras de empenhamento em vigor na altura não permitiam abater aviões comerciais civis sem ordens expressas e autenticadas do máximo responsável político. No mundo real, os aviões não têm velocidade “warp”.
E no fim da cadeia está o piloto no seu caça, que recebe uma missão específica (o que fazer, quando, onde e como). O “onde” é sempre algo vago num caso destes porque o alvo se desloca. O caça tem de procurar o seu alvo numa zona saturada de aviões e adquiri-lo no seu radar.
E abatê-lo, o que também não era uma decisão que pudesse ser tomada pelo piloto ou pelos responsáveis militares, uma vez que segundo a lei americana da altura, o desvio de aviões era crime e não acto de guerra.
Os conspiradores referem que não se compreende que havendo uma base (Andrews) a 15 km do Pentágono, não tenha sido essa a receber a ordem de intercepção. Não compreendem porque se recusam a tomar conhecimento que nessa e noutras bases não havia interceptores em alerta (em todo o país só havia 20) porque se entendia que não havia razão para tal.
Em resumo, o sistema falhou porque, como refere o relatório do 9/11. “the protocols in place on 9/11 for the FAA and NORAD to respond to a hijacking presumed that the hijacked aircraft would be readily identifiable and would not attempt to disappear, there would be time to address the problem through the appropriate FAA and NORAD chains of command, and the hijacking would take the traditional form: that is, it would not be a suicide hijacking designed to convert the aircraft into a guided missile.”
Entretanto muita coisa mudou.
Não há nada de inexplicável nisto, mas infelizmente os tolinhos preferem teorias paranóicas e sobrenaturais relativamente às quais não apresentam qualquer prova positiva.
Porque no fundo, não têm qualquer dúvida sobre o que aconteceu. Eles sabem tudo à priori, a montante e à revelia dos factos. Provavelmente por Revelação ou por leitura de búzios e nunca nenhum facto foi susceptível de pôr em causa qualquer Fé.
Com esta pergunta o teórico da conspiração não pretende de facto uma resposta, mas apenas sublinhar que acha a situação estranhíssima e que de resto dispensa todas as respostas que não incluam a mão maligna dos "poderosos", da CIA, dos judeus, enfim, dos mafarricos habittuais.
O teórico da conspiração, convencido que a CIA têm poderes divinos, acha totalmente incompreensível que as Forças Armadas americanas não tenham sido capazes de abater em tempo útil uns meros aviões civis, pelo que só pode haver uma explicação: receberam ordens para não o fazer.
Um “argumento” muitas vezes utilizado, e que o nosso Diogo tem certamente no manual das citações, é uma declaração do Major Martin, porta-voz do NORAD, citada num livro do teólogo David Griffin (um dos mais notórios gurus do movimento dos maluquinhos e, não por acaso, professor de religião) sobre o carácter rotineiro das intercepções de aviões civis, referindo que só entre Junho de 2000 e Setembro de 2001, “o NORAD tinha executado 67 scrambles”.
O teórico da conspiração tem de truncar e descontextualizar frases, para alimentar os seus delírios e na sua estranha cabeça interceptar aviões é como carregar no botão da Playstation.
Na verdade, um scramble não é uma intercepção, mas sim todo a cadeia de movimentos que leva uma tripulação até ao avião, depois de receber uma ordem preparatória.
Alguns scrambles conduzem a intercepções, a maioria não, há mesmo intercepções sem scramble, feitas pelo desvio de aviões em patrulha.
O que o tal Major Martin disse realmente, é que “o NORAD tinha executado 67 scrambles mas não relativos ao espaço continental dos EUA”, o que é bastante diferente.
Na verdade, nos 10 anos anteriores ao 9/11, o NORAD interceptou apenas um avião civil sobre o espaço aéreo americano (o avião particular do golfista Payne Stewart) e demorou 79 minutos, desde o alerta. Além desta intercepção, todas as outras (quase todas relacionadas com trafico de droga) aconteceram em offshore, nas Air Defense Identification Zones (ADIZ), as quais requeriam planos de voo, transponders activos e comunicações rádio. Nenhum avião foi abatido.
Um outro “argumento” é um vídeo truncado das declarações do Secretário dos Transportes, Norman Mineta à Comissão do 11 de Setembro. O vídeo termina abruptamente aos 3’ 59’’, “provando”, segundo os tolinhos, que havia uma ordem de Dick Cheney para não abater o avião que se dirigia ao Pentágono. (é curioso que neste “argumento” os mesmos teóricos da conspiração que acham que no Pentágono acertou um "míssil", referem-se na maior das calmas ao "avião". O nosso Diogo é um exemplo. Farta-se de falar do "míssil" nos seus devaneios, mas de repente muda para 4 aviões, sem o menor pudor intelectual)
Todavia, quem vá ler as declarações completas de N. Mineta, verificará que ele diz precisamente o contrário.
Mas de factoo avião não foi abatido, havendo ordens para o abater. Como foi isto possível?
Conspiração!-berra imediatamente o tolinho.
A resposta é algo mais complexa e por isso não interessa ao cérebro simplista do teórico da conspiração.
Para começar, o sistema de intercepção que não estava virado para ameaças internas, não havendo sequer ADIZ sobre terra.
Á época, em cada momento havia quase 5000 aviões civis no espaço aéreo americano. Segundo os protocolos então em vigor, a partir do momento em que um controlador chegava à conclusão de que um dos seus aviões tinha sido desviado (e isso não era imediato a não ser que os terroristas comunicassem), informava os seus superiores e o caso percorria os sucessivos patamares até ao Air Trafic Control (ATC) HQ que notificava a Federal Aviation Administration (FAA) HQ.
Este organismo digeria a informação e telefonava para o Pentágono para solicitar uma escolta militar do National Military Command Center (NMCC). O NMCC obtinha autorização do Secretário de Estado da Defesa e a ordem seguia depois para o NORAD que por sua vez dava a ordem, pelo canal descendente, à conveniente base aérea que fazia então descolar os aviões com a missão que fosse oportuna, na maioria das vezes para as zonas de espera sobre o mar, onde aguardavam os pormenores específicos da missão.
No mundo real, tudo isto leva o seu tempo e até se entendia que assim fosse, porque nos casos de desvio de aviões, o expectável era que houvesse uma aterragem em algum sítio seguida de uma negociação.
NUNCA tinha havido um desvio de aviões para serem usados como bombas guiadas.
No 9/11, tudo começou pelo inédito facto de os terroristas não terem comunicado. Estes piratas eram suicidas, não queriam negociar o que quer que fosse, mas sim atingir os seus alvos o mais depressa possível. O controlador aéreo responsável só acharia estranho quando o avião não respondesse a alguma comunicação, quando começasse a desviar-se da rota, ou quando desligasse o transponder. E começaria por tentar perceber se haveria algum problema técnico, porque há quase 20 anos que não havia desvios de aviões nos EUA.
No caso do voo 77, quando o transponder foi desligado e as comunicações rádio interrompidas, o FAA de Indianopolis pensou que o avião tinha caído, porque o seu controlador nem sequer sabia que tinha havido já dois desvios, minutos antes. O controlador tentou fazer o tracking do avião na sua trajectória planeada, sem perceber que ele tinha já virado para Este e voou indetectado para Washington durante 36 minutos.
Mas como é isto possível?- pergunta o teórico da conspiração.
Cabe na cabeça de alguém que um avião comercial consiga passear-se impunemente sobre o espaço aéreo americano?
Os teóricos da conspiração e outros representantes de uma certa fauna urbana, pensam que a realidade é como os filmes de ficção científica, que as agências de segurança americanas são omnipotentes e omnipresentes, e que têm câmaras no espaço, controladas por botões, capazes de filmar em tempo real tudo o que está a acontecer lá para baixo. A realidade é muito mais prosaica e a verdade é que todo o sistema de defesa aérea americano estava virado para ameaças vindas de fora, não havendo nenhum sistema de vigilância que assegurasse a cobertura completa e integrada do mainland.
1- “ when you looked at NORAD on September 11, we had a ring of radar all around Canadá and the United States. It was like a donut. There was no coverage in the middle. That was not the threat” (Maj Martin, NORAD)
2-“We're pretty good if the threat is coming from outside; we're not so good if it's coming from the inside."(Gen Myers)
3-“This country is not on a wartime footing,…We don't have capable fighter aircraft loaded with missiles sitting on runways in this country. We just don't do that anymore. We did back during the '70s, the '60s, along the coast, being concerned about Russian intrusion, but to expect American fighter aircraft to intercept commercial airliners, who knows where, is totally unrealistic and makes no sense at all." (Senador Warren Rudman)
No caso do voo 77 ( o que se despenhou sobre o Pentágono) às 9:30, levantaram 2 F-16 de Langley, com missão Standard Operation Procedure(SOP), pelo que se dirigiram para uma ADIZ em offshore.
Às 9:32 o ATC de Dulles apanhou um blip não identificado que vinha na sua direcção e fez seguir a informação. Quando o ATC de Boston tomou conhecimento do caso fez seguir a informação e os F-16, receberam ordens para voarem para Washington a velocidade supersónica, contrariando as normas em vigor em tempo de paz, a fim de interceptarem o voo 77.
Estavam ainda a mais de 200 km a Leste, quando o avião embateu no Pentágono às 9:37. Mesmo que por milagre, todos os intervenientes tivessem percebido instantaneamente a big picture do que se estava a passar e tivessem actuado à velocidade da luz, as regras de empenhamento em vigor na altura não permitiam abater aviões comerciais civis sem ordens expressas e autenticadas do máximo responsável político. No mundo real, os aviões não têm velocidade “warp”.
E no fim da cadeia está o piloto no seu caça, que recebe uma missão específica (o que fazer, quando, onde e como). O “onde” é sempre algo vago num caso destes porque o alvo se desloca. O caça tem de procurar o seu alvo numa zona saturada de aviões e adquiri-lo no seu radar.
E abatê-lo, o que também não era uma decisão que pudesse ser tomada pelo piloto ou pelos responsáveis militares, uma vez que segundo a lei americana da altura, o desvio de aviões era crime e não acto de guerra.
Os conspiradores referem que não se compreende que havendo uma base (Andrews) a 15 km do Pentágono, não tenha sido essa a receber a ordem de intercepção. Não compreendem porque se recusam a tomar conhecimento que nessa e noutras bases não havia interceptores em alerta (em todo o país só havia 20) porque se entendia que não havia razão para tal.
Em resumo, o sistema falhou porque, como refere o relatório do 9/11. “the protocols in place on 9/11 for the FAA and NORAD to respond to a hijacking presumed that the hijacked aircraft would be readily identifiable and would not attempt to disappear, there would be time to address the problem through the appropriate FAA and NORAD chains of command, and the hijacking would take the traditional form: that is, it would not be a suicide hijacking designed to convert the aircraft into a guided missile.”
Entretanto muita coisa mudou.
Não há nada de inexplicável nisto, mas infelizmente os tolinhos preferem teorias paranóicas e sobrenaturais relativamente às quais não apresentam qualquer prova positiva.
Porque no fundo, não têm qualquer dúvida sobre o que aconteceu. Eles sabem tudo à priori, a montante e à revelia dos factos. Provavelmente por Revelação ou por leitura de búzios e nunca nenhum facto foi susceptível de pôr em causa qualquer Fé.
sábado, 13 de setembro de 2008
sexta-feira, 12 de setembro de 2008
9/11
Ontem passou no Canal História uma excelente programa que rebateu ponto por ponto os mitos da teoria da conspiração do 9/11.
Já escrevi sobre isto no Triunfo dos Porcos e, curiosamente, com argumentos semelhantes.
Deixo aqui um post que escrevi há algum tempo:
A propósito dos atentados de 11 de Setembro de 2001, nos EUA, adiante referidos por “9/11”, têm sido avançadas diversas explicações, conhecidas genericamente como “teorias da conspiração”. Se algumas delas se podem logo classificar como delirantes, outras repousam em raciocínios aparentemente mais sólidos e são sustentadas por pessoas a quem se atribui alguma credibilidade académica.
Todas as teorias se apoiam nos mesmos factos, mas deles extrapolam conclusões contraditórias, o que constitui o primeiro indício revelador das falácias lógicas em que assentam.
Assim, a partir dos mesmos factos, umas concluem pela culpabilidade da Mossad, outras da Maçonaria, outras ainda dos chineses, passando pela extrema-direita, os Iluminatti, o lobi judaico, seres alienígenas, etc.
Trata-se de uma impossibilidade lógica que resulta de uma simples falácia:
-As “conclusões” das teorias da conspiração não decorrem dos factos mas, pelo contrário, são prévias a eles.
A teoria da conspiração mais mainstream, é do "inside job", que atribui a culpa à Administração americana, nela se incluindo toda a estrutura militar, industrial, económica, financeira, política e ideológica dos Estados Unidos da América. Esta tese, ela própria um corolário do “Blame América First”, tem variantes, desde as que tentam explicar todos os factos à luz da sua lógica interna, e que se socorrem para o efeito de um número crescente de especulações e suposições, às que desistem de qualquer coerência interna e se limitam a apontar os factos, sugerindo, mas nunca provando, que por detrás de todos eles está, de alguma forma que nunca é cabalmente explicada, a mão maligna do Governo americano.
Estas teses, começaram a circular em força com o livro “A Grande Mentira”, do francês Thierry Meyssan, um radical homossexual da extrema-esquerda francesa, que atribuiu os atentados a “forças internas” americanas interessadas em acabar com a democracia e instalar um regime militar visando a hegemonia mundial.
O livro teve grande sucesso nos meios da esquerda antiamericana europeia, e no mundo islâmico, tendo a Liga Árabe e o Conselho de Cooperação do Golfo, suportado economicamente a sua difusão.
O Presidente dos Emiratos Arabes Unidos chegou mesmo a oferecer 5000 cópias a líderes de opinião do mundo árabe e esta estranha empatia entre um homossexual da esquerda radical e gente cujos valores principais são a homofobia e o fascismo de índole religiosa, deveria merecer no mínimo um franzir do cenho. Isso não aconteceu e a razão pela qual tanta gente confiou cegamente nos óbvios disparates do Sr. Meyssan é um mistério que nos remete para os mecanismos da fé, uma vez que se trata de alguém sem qualquer competência técnica ou credibilidade ética.
Apoiante do corrupto Bernard Tapie, acusado de propaganda e desinformação por vários elementos de uma organização promotora da liberdade de expressão de que fazia parte, este activista, obcecado pelo ódio à América, não esteve em nenhum dos locais sobre os quais formulou as suas esotéricas as teses.
Não esteve nos EUA a seguir aos atentados, nem esteve também em Beslan, o que não o impediu de escrever que o Massacre de Beslan foi obra da…CIA!
Convém referir que a tese da conspiração dos “poderosos” não é nova, e tem sido recorrente nos EUA, a propósito de todos os acontecimentos importantes que marcaram a História americana, desde ao assassínio de Kennedy, ao desastre de Pearl Harbour, passando pela ida à Lua, o Maccartismo, o fenómeno dos OVNI, etc.
É tema aliás de uma pujante indústria cinematográfica e literária (XFiles, Matrix, Dan Brown, Dr Strangelove, etc.).
Todos os factos (TODOS!) suscitados pelos teóricos da conspiração têm explicações naturais, mais ou menos simples, mas isso não basta para os desmobilizar. Trata-se obviamente de pessoas com personalidades peculiares e com uma absoluta necessidade de reduzir a complexidade, os erros, o acaso, e as intenções do mundo real, à arrumação maniqueísta das suas próprias ideias.
Um exemplo:
A frase “Como é que podemos compreender a presente situação se não acreditarmos que homens altamente colocados no nosso governo estão concertados para nos conduzir ao desastre? Isto deve ser o produto de uma grande conspiração a uma escala inimaginável na história do homem [..].. (Estes) actos e decisões [...] não podem ser atribuidos à incompetência”, podia ter sido escrita por muitos teóricos da conspiração e de facto muitos deles se revêm inteiramente nela, como tive ocasião de constatar ao apresentá-la, sem lhe citar o autor, ao nosso inacreditável Diogo, conhecido na blogosfera pelas traduções que faz de artigos de negacionistas do Holocausto e outros exóticos e patológicos teóricos da conspiração.
Acontece que foi escrita pelo Senador McCarthy em 1951, o que revela o tipo de mentalidade paranóica que sustenta este tipo de teorias.
Quando mostrei isto ao Diogo, ele ganiu mas, como quem não tem vergonha não se envergonha, daí a momentos já estava a repetir a lengalenga de sempre.
Já escrevi sobre isto no Triunfo dos Porcos e, curiosamente, com argumentos semelhantes.
Deixo aqui um post que escrevi há algum tempo:
A propósito dos atentados de 11 de Setembro de 2001, nos EUA, adiante referidos por “9/11”, têm sido avançadas diversas explicações, conhecidas genericamente como “teorias da conspiração”. Se algumas delas se podem logo classificar como delirantes, outras repousam em raciocínios aparentemente mais sólidos e são sustentadas por pessoas a quem se atribui alguma credibilidade académica.
Todas as teorias se apoiam nos mesmos factos, mas deles extrapolam conclusões contraditórias, o que constitui o primeiro indício revelador das falácias lógicas em que assentam.
Assim, a partir dos mesmos factos, umas concluem pela culpabilidade da Mossad, outras da Maçonaria, outras ainda dos chineses, passando pela extrema-direita, os Iluminatti, o lobi judaico, seres alienígenas, etc.
Trata-se de uma impossibilidade lógica que resulta de uma simples falácia:
-As “conclusões” das teorias da conspiração não decorrem dos factos mas, pelo contrário, são prévias a eles.
A teoria da conspiração mais mainstream, é do "inside job", que atribui a culpa à Administração americana, nela se incluindo toda a estrutura militar, industrial, económica, financeira, política e ideológica dos Estados Unidos da América. Esta tese, ela própria um corolário do “Blame América First”, tem variantes, desde as que tentam explicar todos os factos à luz da sua lógica interna, e que se socorrem para o efeito de um número crescente de especulações e suposições, às que desistem de qualquer coerência interna e se limitam a apontar os factos, sugerindo, mas nunca provando, que por detrás de todos eles está, de alguma forma que nunca é cabalmente explicada, a mão maligna do Governo americano.
Estas teses, começaram a circular em força com o livro “A Grande Mentira”, do francês Thierry Meyssan, um radical homossexual da extrema-esquerda francesa, que atribuiu os atentados a “forças internas” americanas interessadas em acabar com a democracia e instalar um regime militar visando a hegemonia mundial.
O livro teve grande sucesso nos meios da esquerda antiamericana europeia, e no mundo islâmico, tendo a Liga Árabe e o Conselho de Cooperação do Golfo, suportado economicamente a sua difusão.
O Presidente dos Emiratos Arabes Unidos chegou mesmo a oferecer 5000 cópias a líderes de opinião do mundo árabe e esta estranha empatia entre um homossexual da esquerda radical e gente cujos valores principais são a homofobia e o fascismo de índole religiosa, deveria merecer no mínimo um franzir do cenho. Isso não aconteceu e a razão pela qual tanta gente confiou cegamente nos óbvios disparates do Sr. Meyssan é um mistério que nos remete para os mecanismos da fé, uma vez que se trata de alguém sem qualquer competência técnica ou credibilidade ética.
Apoiante do corrupto Bernard Tapie, acusado de propaganda e desinformação por vários elementos de uma organização promotora da liberdade de expressão de que fazia parte, este activista, obcecado pelo ódio à América, não esteve em nenhum dos locais sobre os quais formulou as suas esotéricas as teses.
Não esteve nos EUA a seguir aos atentados, nem esteve também em Beslan, o que não o impediu de escrever que o Massacre de Beslan foi obra da…CIA!
Convém referir que a tese da conspiração dos “poderosos” não é nova, e tem sido recorrente nos EUA, a propósito de todos os acontecimentos importantes que marcaram a História americana, desde ao assassínio de Kennedy, ao desastre de Pearl Harbour, passando pela ida à Lua, o Maccartismo, o fenómeno dos OVNI, etc.
É tema aliás de uma pujante indústria cinematográfica e literária (XFiles, Matrix, Dan Brown, Dr Strangelove, etc.).
Todos os factos (TODOS!) suscitados pelos teóricos da conspiração têm explicações naturais, mais ou menos simples, mas isso não basta para os desmobilizar. Trata-se obviamente de pessoas com personalidades peculiares e com uma absoluta necessidade de reduzir a complexidade, os erros, o acaso, e as intenções do mundo real, à arrumação maniqueísta das suas próprias ideias.
Um exemplo:
A frase “Como é que podemos compreender a presente situação se não acreditarmos que homens altamente colocados no nosso governo estão concertados para nos conduzir ao desastre? Isto deve ser o produto de uma grande conspiração a uma escala inimaginável na história do homem [..].. (Estes) actos e decisões [...] não podem ser atribuidos à incompetência”, podia ter sido escrita por muitos teóricos da conspiração e de facto muitos deles se revêm inteiramente nela, como tive ocasião de constatar ao apresentá-la, sem lhe citar o autor, ao nosso inacreditável Diogo, conhecido na blogosfera pelas traduções que faz de artigos de negacionistas do Holocausto e outros exóticos e patológicos teóricos da conspiração.
Acontece que foi escrita pelo Senador McCarthy em 1951, o que revela o tipo de mentalidade paranóica que sustenta este tipo de teorias.
Quando mostrei isto ao Diogo, ele ganiu mas, como quem não tem vergonha não se envergonha, daí a momentos já estava a repetir a lengalenga de sempre.
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
THE UNITED STATES OF JESUS...
Eu, tal como o meu guru, Pat Condell, ando um pouco preocupado com a actual relação entre os EUA e Deus, e para o FIEL INIMIGO não parecer o porta-voz do Partido Republicano, aqui vai uma opinião dissidente em forma de video-blog de Pat Condell intitulado THE UNITED STATES OF JESUS.
Creio que o John MacCain até acharia piada, mas a Sarah Palin, nem pó, se visse isto ficava pior que estragada e exigia da Grã-Bretanha a retirada imediata de Pat Condell da net – caso fosse ela a mandar claro…
Entre outras coisas diz o nosso Pat:
Neste momento é mais fácil fazer passar um camelo pelo buraco de uma agulha do que um ateu ser eleito presidente dos EUA.
Se Cristo fosse presidente como o mundo seria diferente. Mas é claro que isto é um sonho irrealista, porque Cristo não tem a mínima hipótese de ser eleito presidente! Quantos cristãos de direita vão votar num judeu liberal originário do Médio-Oriente que parece um goddam hyppie. A Fox crucificava-o, se ainda não tivesse sido preso como terrorista…
Acho que neste momento os EUA são um pouco cristãos demais para Cristo.
PS. Desta vez a tradução não é da minha responsabilidade mas de uma alma caridosa, desconhecida e brasileira que agradeço imenso. Para obter legendas é favor carregar na flecha na parte de baixo do ecrã.
terça-feira, 9 de setembro de 2008
Eleições Norte-Americanas XX
Peço desde já desculpa pelo atraso do post, que deveria ter sido colocado no dia seguinte ao culminar da convenção Republicana. Tenho estado aterefado e, como consequência, não tenho conseguido estar no computador.
Assisti na íntegra (na CNN) à convenção Republicana que se realizou na cidade de St. Paul, no sempre azul estado do Minnesota (o último Republicano a vencer este estado foi Richard Nixon). Estive com particular atenção aos últimos dois dias da convenção, onde discursaram figuras como Mitt Romney, Rudy Giuliani, Mike Huckabee e, claro, Sarah Palin e John McCain.
Convém não esquecer o grande Joe Lieberman, que no segundo dia já tinha dado o mote: “John McCain é o homem certo, na altura certa. Só por esta razão é que eu, um Democrata, me encontro entre tantos Republicanos”. O vice de Al Gore em 2000 tomou uma decisão controversa ao apoiar o seu grande amigo John McCain, deixando um enorme amargo de boca nos Democratas. A má relação entre Lieberman e o Partido Democrata não é nova, sendo proveniente da candidatura como Independente de Joe Liberman ao Senado pelo estado do Connecticut (eleição que ganhou).
A capacidade de John McCain em chamar votos Independentes e Democratas é um ponto fulcral nas eleições deste ano. John McCain tem a necessidade de continuar ao lado de pessoas como Lieberman, demonstrando que o ticket Republicano é diferente, é consensual, é moderado e nada tem de parecido com a administração Bush. O apoio de Lieberman é, portanto, muito importante.
Foi por causa desta grande independência em relação ao partido que John McCain se viu forçado a escolher alguém mais ligado a ele para a vice-Presidência, de modo a evitar a abstenção entre os Republicanos. É relativamente consensual entre os meios de comunicação social Norte-Americanos que John McCain queria escolher Lieberman para vice-Presidente, mas isso não agradaria, de todo, à base mais conservadora do Partido Republicano.
A escolha de Sarah Palin veio, sem sombra para dúvidas, corrigir a lacuna da candidatura de John McCain. Conservadora feroz a todos os níveis, mãe de 5 filhos, anti-aborto, contra casamentos homossexuais e profundamente religiosa, Palin tem tudo o que um Republicano “duro” gosta.
Mas Sarah Palin não é só isto, é muito mais: é mulher, é jovem, não pertence ao establishment, tem uma boa imagem.
John McCain e Sarah Palin são, acima de tudo, um ticket ao serviço dos Americanos, disposto a fazer a mudança necessária e credível. Sem discursos bacocos, sem baboseiras, sem confetties. Desvinculados do partido, independentes.
No terceiro dia, Mitt Romney iniciou a vaga de discursos importantes. Acusou Washington de ser profundamente liberal, apesar de ser um Republicano o Presidente dos Estados Unidos da América (porém, o congresso e o senado são dominados pelos Democratas).
Mike Huckabee apareceu lúcido e claro. Contou histórias, atacou aqueles que afirmam que os Republicanos são ricos, reclamou por menos governo e mais liberdade. “Oiço por aí muita gente a falar da falta de experiência da nossa vice-Presidente. Pois olhem: quando Sarah Palin foi eleita Mayor naquela pequenina cidade de 7000 habitantes no Alaska, teve mais votos do que aqueles que Joe Biden recebeu na eleição deste ano” (Biden candidatou-se para as eleições deste ano, mas retirou-se depois de algumas primárias). Foi um grande discurso do antigo pastor evangélico, que poderá ser útil a McCain para chamar esta grande fatia do eleitorado.
Rudy Giuliani fez levantar tudo e todos. Foi um grande discurso do antigo Mayor de Nova Iorque, tendo sido, talvez, o discurso que mais se focou em Barack Obama e os Democratas. “Barack Obama não tem experiência nenhuma, niente, nada”. “Barack Obama nunca liderou seja o que for, não está habituado a liderar”. Foi de Giuliani, do meu ponto de vista, o discurso da noite.
Quando Giuliani saiu do palco ainda faltava falar Sarah Palin. O seu discurso foi visto por 37,2 milhões de espectadores que, certamente, não ficaram desiludidos com a Governadora do estado do Alaska. Foi um discurso maioritariamente auto-biográfico, explicável por muitos Norte-Americanos continuarem sem a conhecer muito bem. Elogiou John McCain a todos os níveis, realçando a sua história de vida, o seu combate nos bastiadores de Washington, a sua personalidade. Identificou-se como uma hockey mom, foi várias vezes interrompida pelo slogan “drill baby drill” e atacou Obama. Chamou Obama de “community organizer from Chicago”, capaz de fazer dois livros de memórias, mas incapaz de fazer 1 lei séria no Senado. “Acho que sou a única que tenho experiência executiva”.
Sarah Palin incendiou a plateia. A união do Partido Republicano estava consumada. A sua popularidade subiu e flecha sendo, hoje, mais popular que Barack Obama, Joe Biden e John McCain.
No 4º dia, os comentadores Democratas da CNN tinham notícias novas: Sarah Palin tinha recorrido ao teleponto para discursar! Não me digam que o grande Barack não usa teleponto? E o Joe Biden? E a Michelle Obama?
Como se isso não bastasse, o discurso foi escrito por um Bushista convicto. Isto nada tem para o caso, quem escreve discursos é pago para o fazer pelo Partido Republicano. Escreve apenas. Escreve e o seu texto é visto por um batalhão de acessores antes de ser aceite.
Mais: havia poucos Afro-Americanos na convenção! Mas quem é que é o negro Norte-Americano que vai votar em John McCain? Sondagens dizem que 95% dos Afro-Americanos vão votar em Barack Obama. Eu ainda vi alguns Afro-Americanos, poucos é certo, mas os comentadores não parecem capazes de decifrar sondagens e de terem um raciocínio lógico que lhes permita perceber que o voto com motivos raciais, especialmente dentro de uma minoria, impera.
Nada que afectasse a convenção: era dia do candidato discursar. Depois de quatro dias de tributo à vida de John McCain, este só poderia retribuir com um grande obrigado a todos os presentes e com algumas recordações do tempo que passou no Vietname: “Devo a vida a alguns amigos que, nos tempos em que estava em baixo no Vietname, tiveram a coragem de me ajudar e de me dar força. É por causa deles que estou aqui hoje”.
“Eu já disse, por mais que uma vez, que prefiro ver-me a perder uma eleição do que ver os Estados Unidos perderem uma guerra”. “Existem muitas diferenças entre mim e Barack Obama, mas existem coisas que nos unem. A maior delas todas é ele ser cidadão dos Estados Unidos. Isso para mim é tudo”.
“Aprendi a amar o meu país quando estive prisioneiro. Depois disso eu já não era de mim próprio, era do meu país”. Muitas foram as pessoas emocionadas durante o seu discurso, visto por 39 milhões de pessoas nos Estados Unidos, superando dessa forma a marca de Barack Obama.
Mas John McCain criticou também o próprio partido, demonstrando que o dia não era só de festa e que o partido deve reflectir um pouco aquilo que tem feito: “Perdemos a confiança dos Americanos, quando valorizámos o poder em detrimento dos princípios”. “O partido vai voltar à base e receber de novo o apoio dos Americanos”. “A luta contra a corrupção tem que prevalecer. Não podemos permitir que esta exista, sejam Republicanos, Democratas ou Independentes.”
A noite acabava. A luta continuava amanhã, num outro qualquer ponto do país.
O fenómeno Palin ganhou votos, a história de John McCain também.
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