Aqui há dias um dos nossos ilustres comentaristas torceu o nariz à autoridade académica de Roger Scruton, e logo um dos cromos que por aqui vagueiam, e que quando fôr grande quer ser agente da Stasi, veio a correr com ficheiro “ético” do filósofo, repleto, como seria de esperar, de grandes malfeitorias.
Excitado, o zote babava qualquer coisa sobre o facto de o ímpio Scruton ter escrito artigos de opinião sobre o tabaco, fazendo-se pagar por uma tabaqueira o que, se bem percebi o zurro do cromo (e peço desculpa pelo meu fraco domínio da linguagem asnática), constituiria autêntico pecado mortal que não só inabilitaria o académico inglês para a vida em sociedade, como seria justificação mais do que suficiente para o colocar a ferros no Linhó, na fila para uma lobotomia radical.
Tratamento que aliás deveria também ter sido aplicado a Fernando Pessoa, esse lacaio do (5º) Império, que, in ilo tempore, andou a vender slogans comerciais à Coca-Cola, como aquele do “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”.
Isto porque a promiscuidade com os capitalistas em geral e com as multinacionais em particular é, como se sabe, um dos sete pecados capitais da imbecilidade esquerdista que faz o nosso tempo.
Com algumas nuances e atenuantes, entenda-se, porque em geral esta a malta adora Frei Tomás, aquele do "faz o que eu digo e não faças o que ele faz", e consome avidamente os produtos e serviços produzidos pelas odiosas multinacionais. O Dr Louçã, por exemplo, não se desloca montado num jumento e há tempos andava para aí numa carrinha Volkswaggen, multinacional grande como o caraças (e se pensarmos que foi lançada por Adolfo Hitler, isto até podia suscitar algunas interessantes análises psicanalíticas).
Há também quem tenha visto o Coronel Hugo Chavez a lançar diatribes contra o capitalismo, a meio caminho entre um Airbus e um Mercedes topo de gama, e o próprio Daniel Oliveira, eminência pardacenta da nossa esquerda folclórica, vende despudoradamente o seu blogue à financeira da General Electric, representante tenebroso do “Grande Capital” americano. Não que eu ache mal….pelo contrário, tenho é inveja , mas parece-me detectar aqui um ligeiro odor a hipocrisia.
Bem, adiante que eu estava a falar da obra prima do mestre (Roger Scruton) e não da prima do mestre de obras (o cromo da Stasi).
Roger Scruton além de muitos méritos, entre os quais o de ser um exímio caçador, é um polemista temível, e usa a argumentação com a mesma eficácia com que Billy the Kid usava o Colt 45. Não tem medo de ninguém e dispara à vista sobre quem pensa que lhe pode disputar a fama a Oeste de Pecos.
Normalmente acerta, pelo que é odiado e temido pelos bonzos da vulgaridade, cujas balas são normalmente feitas com a pólvora seca dos estribilhos do marxismo cultural (vulgo "correcção política").
Scruton escreve com uma clareza desarmante e, em frases secas que todos compreendem, desfaz em meia dúzia de bojardas, as cogitações confusas e pseudo-intelectuais dos pacóvios que acreditam que escrever bem é disfarçar o vazio das ideias, embrulhando-o em rococós elaborados (vidé os pós-modernistas franceses em geral e as bostadas do Dr Boaventura Sousa Santos, em particular)
É pois natural que os marretas do relativismo e da esquerda folclórica o odeiem e, na fúria de verem a pontaria com que Scruton lhes deixa as carecas à mostra, derramam sobre o pistoleiro inglês os mais rancorosos adjectivos, desde demagogo a reaccionário, passando por fascista, radical, obscurantista, enfim, o costume.
E daí à pulsão leninista de lhe assassinar o carácter vai um passinho de criança que qualquer cromo com fetiches da Stasi, está mortinho por dar.
Ora alguém que a esquerda trata com tais mimos, merece sem dúvida ser lido e foi mais ou menos por isso que eu cheguei a Roger Scruton.
Comecei pelo “O Ocidente e o Resto”, uma obra notável, e depois fui por aí adiante. Uma que recomendo especialmente é “Guia de Filosofia para pessoas inteligentes”, texto absolutamente extraordinário no qual Scruton toma o pulso à morte e viaja no tempo e no espaço, desde a Grécia ao Bronx, revisitando as principipais figuras da filosofia e não só, defendendo a tese de que todas as grandes realizações intelectuais estão de algum modo ligadas à crença religiosa de que podemos transcender o tempo.
It is quite gratifying to feel guilty if you haven't done anything wrong: how noble! (Hannah Arendt).
Teste
teste
domingo, 28 de setembro de 2008
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Alguém me explica porque têm a GNR e a justiça(?) que meter o nariz para saber se quem trabalha na pastelaria lá está dentro ou não?
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Um dos pilares do liberalismo e do mercado livre, é a constatação, colhida da prática, de que a concorrência, a livre formação dos preços, ...
33 comentários:
Lidador:
"ernando Pessoa, esse lacaio do (5º) Império"
Ary dos Santos, fassista de renome, que trabalhou para o Secretariado Nacional da Lã.
http://conversamuitaconversa.blogspot.com/2005/04/ary-dos-santos-e-publicidade.html
.
Alves Redol, tresandava a capitalismo, multinacionais, petrolíferas e bushismos em geral.
"Temos aqui o autor do "slogan" "minha lã, meu amor" numa fotografia da época, 1973, ano em que saiu este anúncio. É difícil falar do Ary dos Santos mas é muito bom recordá lo. Não consegui identificar a agência que criou o anúncio mas o Cliente era o Secretariado Nacional da Lã. Este produto tem história. Um dos primeiros filmes para a "pura lã virgem" foi a estreia do António Pedro de Vasconcelos como realizador. A agência do SNL, na altura, chamava se "Êxito" e nela trabalhava outro nome grande da cultura portuguesa: o escritor Alves Redol. A publicidade nunca foi, como dizia o meu amigo (é melhor não lhe recordar o nome a este propósito!) que a publicidade é a actividade dos artistas falhados: escritores, realizadores, pintores, etc. Como em todas as artes...há de tudo!"
http://www.truca.pt/artes_e_artistas_material/paginas_antigas/artes_e_artistas2.html
.
«........mini-spam........»
Não há tempo a perder com BANDALHOS... Separatismo já!
POVOS COM OS PÉS-DE-BARRO:
- são povos que NUNCA conseguiram construir uma sociedade sustentável (ou seja, uma sociedade com um projecto de Luta pela Sobrevivência, isto é, uma sociedade dotada da capacidade de renovação demográfica) sem ser à custa da... repressão dos direitos das mulheres (mulheres tratadas como uns úteros ambulantes)
De facto, COM O FIM DA REPRESSÃO dos Direitos das mulheres... os povos europeus começaram a desmoronar-se como um castelo de cartas!... Um exemplo:
-> O estado alemão está a oferecer 25 mil euros por cada filho nascido a partir de Janeiro de 2007. No entanto, mesmo isso está a revelar-se insuficiente! [para alcançar a renovação demográfica, ou seja, conseguir alcançar a média de 2.1 filhos por mulher].
---> Como não pretendem pagar os (necessários) caríssimos custos de renovação demográfica, os povos com pés-de-barro viraram uns BANDALHOS NO PLANETA: procuram infiltrar-se no seio de outros povos [pretendem infiltrar-se em qualquer lado]; um exemplo: quer importando outros povos para a Europa... quer deslocando-se para o território de outros povos......
---> Não sejam um bando de imbecis!...
---> Ou seja: não há tempo a perder com BANDALHOS (vulgo Bandalhos Brancos: a maioria dos europeus)!
---> Há que mobilizar aquela minoria de europeus que está disponível para abraçar um projecto de Luta pela Sobrevivência! Ou seja:
-> Contra a (cada vez mais poderosa) Inquisição Mestiça;
-> [antes que seja tarde demais] É urgente reivindicar o legítimo Direito ao Separatismo:
http://separatismo–50–50.blogspot.com/
P.S.
---> Para os Bandalhos Brancos, «os pretos são os salvadores da pátria»: de facto, como os pretos(...) pretendem ocupar e dominar cada vez mais territórios, consequentemente os Bandalhos Brancos estão a contar com os pretos(...) para combater o SEPARATISMO.
{{{nota: É possível encontrar portugueses brancos receptivos à ideia do Separatismo-50-50, pelo contrário, os portugueses negros(...) (e os mestiços também) são uns ferozes opositores do Separatismo-50-50}}}
Experiência
Wikipedia
teste
Passando por cima dos habituais disparates, o Scruton veio à baila porque você, no decurso de uma das suas brilhantes intervenções, se questiona sobre se, em vez de "especialistas", não precisaremos antes de de sábios, pessoas capazes de sair das caixas das especializações e ligar assuntos?
Ora, como foi referido, o Scruton consegue perfeitamente sair da sua caixa de especialização, como o demonstram as suas tentativas de atacar a OMS e as afirmações relativas aos benefícios do tabaco.
E o que eu questionei foi o pedestal de sábio-habilitado-a-discorrer-sobre-qualquer-assunto que você lhe decidiu atribuir. Não gostou? Azar seu.
Scruton escreve com uma clareza desarmante e, em frases secas que todos compreendem, desfaz em meia dúzia de bojardas, as cogitações confusas e pseudo-intelectuais dos pacóvios que acreditam que escrever bem é disfarçar o vazio das ideias,
A sua dedicação à clareza do Scruton merece ser recompensada. Aqui vai, pode engolir mais uma pérola de "clareza desarmante", escrita quando já estava recebia a mesada da JTI: Even the World Health Organisation, devoted to the seemingly blameless cause of helping the developing nations to overcome contagious diseases, spends far more time and energy trying to legislate against smokers. It now seeks to control the fiscal policy of national legislatures, since nothing less than this will satisfy the anti-smoking fanatics who occupy its seat of power.
Nada mau, para o mesmo autor da seguinte prosa: Something new seems to be at work in the contemporary world — a process that is eating away the very heart of social life, not merely by putting salesmanship in place of moral virtue, but by putting everything — virtue included — on sale.
pinto, não foi o Scruton que foi sumariamente despedido pelos zotes da 'Wall Street Journal' e do 'Financial Times' por falta de ética?
Está mal.
Que os Dow-Joneses lhe assassinem o carácter dizendo que o nosso padrão ético de sempre exige que as ligações financeiras sejam declaradas para que os nossos leitores possam fazer os seus juízos. Mr. Scruton tinha a obrigação de nos informar e aos seus leitores sobre o facto de estar a ser financiado pela indústria do tabaco quando escrevia artigos sobre o tabaco, ainda vá que não vá. Agora que zurrem não o declarou e por isso vai de férias das nossas páginas e que o tenham levado a retractar-se, é que já é de bonzice duvidosa.
Não se te configura despedimento sem justa causa, ou assim?
Deixa lá, isto é coisa lá de génios. O Fernando Pessoa (e o Alexandre O'Neill, sei lá) ia para o Martinho da Arcada beber litradas agarrado a uma garrafa de coca-cola e veio a saber-se postumamente que afinal era pago para andar por ali em tertúlias.
Caros aprendizes da stasi, ainda bem que se dignaram ilustrar o meu diagnóstico:
"E daí à pulsão leninista de lhe assassinar o carácter vai um passinho de criança que qualquer cromo com fetiches da Stasi, está mortinho por dar."
Ora, ml, mas o Wall Street Journal e o FT já podem falar em padrões éticos sem que isso configure um assassinato de carácter. Sei lá, devem estar ao abrigo de regras especiais de que jornais com algumas credenciais 'sérias' (como o apoio ao mercado livre, por exemplo) podem gozar.
Mas sabes o que acho verdadeiramente engraçado? Nem sequer é o facto de o estimado lidador nos andar a dedicar posts por não conseguir (ou por não querer) perceber o que nós escrevemos, acabando sempre a fugir e a disparar idiotices como forma de tentar encobrir a fuga (isso já é habitual, de qualquer forma); é, isso sim, a ironia de ser alguém que é incapaz de escrever um post/comentário sem catalogar os interlocutores de "anti-americanos/semitas/etc." ou de fazer referências à Stasi, que vem depois choramingar acerca de supostos "assassinatos de carácter".
Mas pinto, a tal de Stasi não anda a recrutar zotes como o Murdoch e outros bonzos que denunciaram as ligações ainda hoje pouco claras do F. Pessoa à coca e do sr. Daniel Oliveira aos frigoríficos?
Olha, o que acho mesmo lamentável é que esses pasquins de esquina a troco de uns rublos o tenham empurrado para actos de grande coragem como a retractação pública. A Stasi está em todo o lado, até na alma do Scruton.
Olha
1. Recomendo-te especialmente ‘A Mensagem’ do Fernando. Não defende a tese de que ‘as grandes realizações intelectuais estão de algum modo ligadas à crença religiosa’ porque acho que quis apagar o rasto da church connection.
2. No left no blog.
Como diria F. Pessoa, melhor ainda do que eu e já que estamos em maré de Mensagem, "Deus quer, o homem sonha, a obra nasce"
Porque " a alma é divina e a obra imperfeita" e , ainda segundo o vendido ao capitalismo da Coca-Cola, "Foi Deus a alma e o corpo de POrtugal"
etc, etc.
Urge retirar esta gajo das escolas,porra.
Não consegue fazer mais de 3 versos sem meter Deus ao barulho.
E quando fala em "Grécia, Roma, Cristandade", a casa vem abaixo.
Ou na "Cruz que é o Destino", and so on.
Vá lá, ml, que grande chuto em si mesma, hem?
P.S. Ah, e não venha com a palermice de que o Fernando Pessoa não quis dizer aquilo que disse, mas sim o que você acha, que já não tenho paciência para coçar pulgas.
prezadíssimo, don't make a fool yourself. Intervale.
Percebe a diferença entre a profissão de publicitário e propor a uma empresa escrever 'artigos de opinião' em jornais de referência a troco de umas massas por debaixo dos panos, ou precisa de um desenho de pormenor?
Fernando Pessoa quis dizer tudo o que disse, não foi é 'corajoso' para fazer passar aquilo que disse por virtudes da coca-coola.
Já percebeu ou mais um desenhito dava jeito?
Don't make a fool of yourself.
O timbre da proveniência é fundamental mas redundante.
Sim, ml, debata-se mais um pouco nas malhas da estultícia.
Entretanto, enquanto medita na relação entre a parte judaica do vate e a sua relação com o capitalismo da Coke, e se maravilha com a estranha coincidência entre a tese de Scruton para a qual lhe abri uma janela, e o verso "Deus quer, o homem sonha, a obra nasce", delicie-se com mais um pouco de Mensagem:
"Cheio de Deus, não temo o que virá"
Eu cumpro informes instruções do além.."
"Todo começo é involuntário. Deus é o agente"
"Quando Deus faz e a história é feita."
blasfémias de
Sim, sim, dearest, esteja descansado, we’ve got the point.
Apareceu no inesgotável baú do Fernandinho mais um email para a coca em que pedia, para além do montante mensal de 7 3000 euros que vinha recebendo, mais mil libras por mês para colocar artigos pró-tabaco, perdão, pró-coca, em jornais e revistas de prestígio internacionais, e que o seu propósito era colocar um artigo de dois em dois meses no ‘Wall Street Journal', ‘Times', ‘Telegraph’, ‘Spectator’, ‘Financial Times’, ‘Economist’, ‘Independent’, e ‘New Statesman’.
Irrepreensível. E com cobertura místico-religiosa.
Não fuja tanto, estimado, parece um rato cosido com as paredes.
Cara ml, enquanto se vai coçando e assobiando para o ar, faça bom proveito de mais estas mensagens:
"Meu dever fez-me, como Deus ao Mundo"
"Deu-me Deus o seu gládio, porque eu faça
A sua santa guerra"
"Cheio de Deus, não temo o que virá"
E para os dólares as libras que lhe brilham no cotovelo da inveja e da raiva dos tristes, "tudo o mais é com Deus".
E para esmagar a canalha, leve com esta na mona e vá ganir para o conto de onde do qual em má hora saíu:
"Cada civilização segue a linha íntima de uma religião que a representa"
P.S ( Aconselho-a mesmo a ler esta parte do Livro do Desassossego e a comparar com aquilo que diz o outro vendido ao capitalismo)
"Não fuja tanto, estimado, parece um rato cosido com as paredes."
LOL.
Tenho de confessar que estas duas ultimas semanas o Lidador conseguiu atingir novos baixos em termos de debate. Não é novidade, que o Lidador utilize insultos para sair de uma questão mais pertinente, como também não é invulgar proferir soundbites a oponentes. E não é a primeira vez que o Lidador utiliza a fuga para a frente para sair de um debate (com criacção de novos post), apenas para iniciar outra polémica diferente da anterior.
Como também não será a ultima vez que selectivamente o Lidador decide não comentar os artigos que mais barreiras levantam à sua posição.
O extraordinário e o novo patamar que o Lidador atingiu prende-se com a quantidade de vezes que o Lidador utilizou estes "ultimos recursos", mostrando que com o passar do tempo o raciocinio do Lidador fica menos flexivel, e a sua capacidade de argumentação deteriora-se de dia para dia.
É triste, mas é sinal da idade. É o que acontece normalmente quando uma pessoa se encerra nos seus dogmas e deixa de "ouvir" (neste caso ler) os argumentos de quem tem opinião contrária.
Se continuar desta forma ainda veremos o Lidador num banco de jardim a gritar sozinho "Neoliberal é o Caminho de Portugal" ou outras coisas estranhas assim...
Já agora sobre Scruton:
1 - O conteudo parcial do mail:
(...) "We would aim to place an article every two months in one or other of the WSJ [Wall Street Journal], the Times, the Telegraph, the Spectator, the Financial Times, the Economist, the Independent or the New Statesman," (...)
"While one or more of these articles might be written by RS, we would do our best to get other journalists to join in."
(...)"For example, fast-food of the McDonald's variety, which seems to be addictive, is aimed at the young, is a serious risk to health, with a worse effect on life-expectancy than cigarettes, and, unlike cigarettes, has a seriously corrosive effect on social relations and family life,"
(...)"We have found that our workload has increased during the course of the last year. We will need a part-time office assistant for the day-to-day stuff,"
(...)"In the light of this we were wondering whether you would consider putting up the fee from £4,500 monthly to £5,500 - on the assumption that we try our hardest to justify this amount and that you have the right to revise it downwards if dissatisfied."
Fonte: http://www.guardian.co.uk/Archive/Article/0,4273,4341924,00.html
2 - Resposta de Scruton:
"Your paper has made itself judge and prosecutor in the case of Scruton and tobacco (Scruton in media plot to push cigarettes, January 24). Allow me to present the case for the defence. My wife and I have a company devoted to public affairs, the aim of which is to help clients to find the language appropriate to their concerns and to promote debate of those concerns in the media. Japan Tobacco International has been our client for the last three years. We have advised JTI on language and arguments and arranged debates, seminars and conferences on risk and freedom, with their declared sponsorship.
We have also published Risk of Freedom Briefing, circulated to journalists (including some on the Guardian) the purpose of which is to stimulate debate. This carries my name as editor and JTI's name as sponsor. We have never concealed the relationship, but have tried to make clear we are related to our client not as advocates but as advisers.
The document to which you refer was a proposal for 2002; it should be understood in the above context. We were hoping to encourage debate. Our proposal was not taken up, and our work for JTI continues as before. This can be made to look like a scandal only because the private document was not phrased as carefully as it would have been, had it been intended for public discussion. The real scandal is that it should have been stolen and used as part of your "shut up Scruton" campaign.
Of course, this defence comes too late. Your campaign has been successful and the FT has ceased to employ me. But as you note, I have never written about tobacco in my column, nor ever intended to.
Roger Scruton
Brinkworth, Wilts"
Fonte da resposta de Scruton: http://www.guardian.co.uk/uk/2002/jan/28/smoking.guardianletters
É triste, mas é sinal da idade.
Qual idade, stran, pensas que isto é de agora?
E vendo bem, que queres tu que o prezado responda? Que o homem é um habilidoso a olhar pela vidinha com a ajuda de Deus?
Que se ponha a recitar o Corão?
Caro artolas desbocado,
Então e sobre o estatuto de 'sábio' do Scruton ou os "assassinos de carácter" do FT ou do Wall Street Journal, não sai nada?
"Qual idade, stran, pensas que isto é de agora?"
Não, mas está a agravar.
"E vendo bem, que queres tu que o prezado responda?"
Sei lá, talvez uma resposta directa às questões levantadas, não sei...
"Que o homem é um habilidoso a olhar pela vidinha com a ajuda de Deus?
Que se ponha a recitar o Corão?"
Julgo se estivessemos na Arabia Saudita ele muito certamente estaria a recitar o Corão.
Como é que será que se diz Lidador em Arabe?
Caro Lidador,
Na minha opinião, o mérito de um filósofo reside essencialmente na sua capacidade de "inventar" conceitos. Scruton não inventou qualquer conceito. É um excelente interprete de conceitos que foram inventados por outros. É por esta razão que prefiro ler os clássicos, ou seja, aqueles que inventaram conceitos. Eu já li grande parte da sua obra e respeito-a. Mas considerar Scruton um filósofo de referência parece-me uma atitude algo fraudulenta, em parte porque muito do que ele diz já foi dito melhor por outros. Só isto. Peço desculpas por ter chamado Scruton de "fraude." ELE não é uma fraude, evidentemente. Mas, para mim, não é uma referência prioritária. Tratá-lo como o Messias da direita conservadora parece-me um sintoma da desorientação crescente que se sente na direita. Scruton é uma versão pop de muitos outros que o precederam.
Cumps, ezequiel
Cumps,
ezequiel
"Na minha opinião, o mérito de um filósofo reside essencialmente na sua capacidade de "inventar" conceitos."
É uma opinião algo redutora,e creio que você o sabe mto bem.
Sabe, houve um tipo que inventou os nºs naturais, outro os , outro o zero, outro os imaginários, outro o PI, outro o "e", e depois apareceu Euler que se limitou a relacioná-los, decantando a mais elegante fórmula matemática.
e o que é que sr chama a esta nova relação?? Foi ele que a pensou, não? Ele inventou uma relação. O Benz não inventou a roda, obvt. Eu não estava a falar de ideias cristalinas ou transcendentais às quais acedemos pelo meio da criatividade desconexa ou dita abstracta. Não acredito na ideia peregrina que a invenção ocorre a partir de uma tabula rasa. Não faria qualquer sentido.
Deveria ter explicitado o que pretendia com o termo "inventar." O sr Gilles Deleuze escreveu coisa interessante sobre este tema, na O que é a filosofia? (conhecia a ideia antes de ler o livro de Deleuze, tem genealogia sinuosa, esta ideia)
Cumps, ezequiel
Ou seja, Deleuze concordaria consigo.
LOL :)
cumps
ezequiel
« Ce sont tous ces phénomènes de rapport entre les sciences ou entre les différents discours dans les divers secteurs scientifiques qui constituent ce que j’appelle épistémè d’une époque
Presumo que o Lidador concordará com este argumento do Foucault.
O Scruton escreve como se o episteme fosse coisa que pode ser dissociada da procura da verdade. Como se a procura da verdade fosse um processo hermético e.g. não relacional...
cumps
ezequiel
a citação ref. a Foucault , Les mots et les choses
que, a meu ver, não é a melhor das suas obras. A Arqueologia do Saber é muito mais interessante, particularmente o capitulo que aborda as "formações discursivas" !
Peço-lhe um favor. Considera a internet e a revolução em IT à luz deste conceito da "formação discursiva".
Acredite que não se arrependerá.
cumps, ezequiel
Caro Ezequiel, eu não sou filósofo, nem sequer estudioso de filosofia. Li alguns clássicos, li obras várias aqui e ali, por pura curiosidade intelectual, de forma não sistemática.
Não tenho, como você parece ter, uma "escola" mas, como leio bastante depressa, o meu saldo de leituras é seguramente maior do que o da mairia das pessoas.
Não "gosto" de Foucault, embora reconheça que a noção de epistema é interessante, tal como não "gosto" de Sartre, apesar de o seu conceito de "má-fé",ser um "achado".
Talvez ache o que se segue algo "primário", mas considero que o fervilhar de métodos alternativos à cultura clássica, é uma mera transposição de revolta geracional que todos os adolescentes experimentam contra os "cotas" e a sua "rigidez".
E nestes "alternativos" incluo todos aqueles cujos livros nunca comprarei e que só lerei se me vierem parar às mãos, desde Jameson (neomarxismo),até Barthes (estruturalismo), passando pelo pós-estruturalismo do seu Foucault),pelo desconstrucionismo de Derrida), o pós-modernismo de Lyotand, o pós-colonialismo de E.Said, etc, etc.
Você pode acreditar que toda esta erupção de "conceitos novos" é devido a uma explosão de génio filosófico, mas eu penso que se trata de espuma embrulhada em linguagem obscura e pretensiosa.
E lá no cerne de todas estas teorias está um único e velho conceito:
Atacar a cultura e a civilização ocidentais.
O complexo de culpa, afinal.
De forma alguma, caro Lidador (sem querer ser petulante: não considero os seus argumentos acerca desta matéria primários)
eu, ao contrário de si, considero estas "novas" ideias uma parte importante da nossa tradiçãol. Não as considero um ataque à civilização ocidental. Muito pelo contrário. Considero-as uma celebração (de facto) da liberdade que usufruímos. O relativismo não foi inventado pelos pós-modernos. Protagoras (via Platão) explorou estas questões. Os nominalistas e os cépticos tb.
Estranho esta sua interpretação psicanalitica (complexo de culpa) das filosofias do nosso tempo.
Não percebo como é que o pensamento de Derrida pode ser interpretado como um ataque à civilização ocidental. Deleuze ataca-a. Enfim, não me parece sensato enviar-lhes todos no mesmo saco.
conhece Whitehead?? (process and reality)
cumps, ezequiel
"Não percebo como é que o pensamento de Derrida pode ser interpretado como um ataque à civilização ocidental"
Bem, o projecto desconstrucionista pode ser utilizado como resposta
à célebre interrogação de Lukacs, "quem nos livrará da civilização ocidental?"
Porque o pensamento revolucionário fica desligado da realidade objectiva, tornando-se hermético à polémica racional.
Oferece a ficção de si mesmo, enquanto quem assenta no status quo e na realidade, está preso a ela, à racionalidade e à lógica.
É um argumento válido, o seu.
Este, + especif.
"Porque o pensamento revolucionário fica desligado da realidade objectiva, tornando-se hermético à polémica racional.
Oferece a ficção de si mesmo, enquanto quem assenta no status quo e na realidade, está preso a ela, à racionalidade e à lógica."
Eu não penso na filosofia apenas como um guia prático nem considero que seja necessário ela estar sempre ligada à realidade, à racionalidade ou à lógica. Seria deveras trágico se a filosofia tivesse que ser sempre política.
Mas, como disse, o seu argumento é válido.
Considere o seguinte: já alguma vez conheceu um fanático Derridiano? (só para explicitar um aspecto da relação da filosofia com a motivação política)
cumps
ezequiel
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