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sábado, 6 de setembro de 2008

A escola - caixote de lixo

Inferno

Walter Lemos

Nem sempre concordei com Valter Lemos. Mas é justo reconhecer o esforço do cavalheiro na luta perpétua contra o insucesso escolar. Na passada semana, o "Expresso" noticiou o caso de Luís, 15 anos, que passou para o 7.º com oito negativas e uma positiva (a Educação Física). Razão tinha o outro: quem não sabe fazer nada, estuda; quem não sabe estudar, estuda Educação Física. Mas o Secretário de Estado não se atemoriza com este cenário: diz Valter Lemos que, perante a desgraça dos nossos números internacionais, reprovar o Luís seria enxotá-lo para fora do sistema e entregá-lo a uma vida de marginalidade. Enquanto o Luís andar na escola, ele pode não saber ler, escrever, contar, falar ou pensar. Mas, pelo menos, não anda por aí a envergonhar o governo nas estatísticas internacionais. Nem a roubar. Nem a matar.

A lógica é impoluta e inaugura um novo capítulo na frondosa educação nacional: para evitar que as nossas crianças se dediquem ao crime, é o Estado que comete um crime sobre elas, sequestrando-as dentro dos portões escolares. E se elas dão provas de brutal ignorância nas matérias da praxe, isso não basta para as reprovar. As escolas podem sempre esgrimir os inevitáveis despachos normativos "especiais" garantindo passagens sucessivas a troco de permanência física. No caso do Luís, a permanência num curso de educação-formação. Caso o Luís falhe neste curso, é provável que o levem a Fátima. Ou, por deferência homónima à ministra, a Lurdes. Mas sair do sistema está fora de questão.

Eu, por mim, não me oponho; mas às vezes pergunto se esta mentalidade prisional não acabou também por contaminar o próprio Ministério da Educação. Que o mesmo é dizer: aprisionando Valter Lemos à 5 de Outubro, apesar de todas as evidências que aconselhavam à sua libertação. Mas talvez o eng. Sócrates tenha as suas razões para prolongar o cativeiro do Secretário de Estado: entre arruinar o ensino ou arruinar o nosso Valter, entregando-o a uma vida de errância fora dos gabinetes ministeriais, o ensino pátrio, pelo menos, já há muito que estava arruinado.
Via Atlântico
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1 comentário:

Anónimo disse...

na mouche.

Ao Luís devia ser proporcionada uma licenciatura em medicina. Ao Valter Lemos devia ser proibido de consultar outro médico.
Ao Luís devia ser proporcionada uma licenciatura em finanças. Ao Valter Lemos devia ser exigido entregar todo o seu património ao Luís para este gerir.
Ao Luís devia ser proporcionada um curso de pilotagem de aviões. Ao Valter Lemos devia ser exigido ter o Luís como piloto sempre que andar de avião.
Ao Luís devia ser proporcionada um curso de qualquer coisa. Aos filhos do Valter Lemos devia ser exigido ter o Luís professor.