Hoje o Diário Económico brinda-nos com duas notáveis notícias a metro.
É caso para dizer que comentário económico se assemelha muito a comentário desportivo. O que é preciso é defender o próprio clube ainda que isso fique distante da honestidade; o que é preciso é vender jornais ainda que para isso seja preciso inventar transferências, zangas de balneário, desculpas nobres para desempenhos medíocres
Pela meia noite, o DE informou que a “maior subida de sempre” no preço do petróleo ONTEM se ficou a dever à intervenção do governo americano no sistema financeiro ‘secando’ o mau crédito;
Cerca de 8 (oito) horas depois, o DE diz que preço do petróleo está HOJE em forte baixa “com receio de que plano dos EUA não evite uma recessão”, isto é, pela mesmíssima razão que algumas horas antes tinha servido para justificar o movimento inverso.
Parecem existir duas faltas na notícia. Desde logo o facto de uma estar juntinho à outra; quem decide a paginação do jornal on-line tem a obrigação de ter outro nível de cuidado. Depois, e isto, sim, mais espantoso e relevante, conseguir dizer que o gelo que hoje faz baixar o hematoma é o mesmo que ontem o fez subir.
Subjacente a tudo fica a habitual necessidade da opinião económica se basear em leituras políticas que ‘vendam’, ainda que essas leituras se contradigam ou estejam distantes da realidade. O rigor e o discernimento na análise dos temas económicos é coisa que anda mais ou menos longe de muita opinião sobre economia supostamente respeitável.
Cerca de 8 (oito) horas depois, o DE diz que preço do petróleo está HOJE em forte baixa “com receio de que plano dos EUA não evite uma recessão”, isto é, pela mesmíssima razão que algumas horas antes tinha servido para justificar o movimento inverso.
Parecem existir duas faltas na notícia. Desde logo o facto de uma estar juntinho à outra; quem decide a paginação do jornal on-line tem a obrigação de ter outro nível de cuidado. Depois, e isto, sim, mais espantoso e relevante, conseguir dizer que o gelo que hoje faz baixar o hematoma é o mesmo que ontem o fez subir.
Subjacente a tudo fica a habitual necessidade da opinião económica se basear em leituras políticas que ‘vendam’, ainda que essas leituras se contradigam ou estejam distantes da realidade. O rigor e o discernimento na análise dos temas económicos é coisa que anda mais ou menos longe de muita opinião sobre economia supostamente respeitável.
É caso para dizer que comentário económico se assemelha muito a comentário desportivo. O que é preciso é defender o próprio clube ainda que isso fique distante da honestidade; o que é preciso é vender jornais ainda que para isso seja preciso inventar transferências, zangas de balneário, desculpas nobres para desempenhos medíocres
15 comentários:
Concordo com tudo, só não percebi a seguinte frase:
"Subjacente a tudo fica a habitual necessidade da opinião económica se basear em leituras políticas que ‘vendam’..."
Stan
Há por aí muita gente ávida de notícias sobre o 'fim do capitalismo', ou a 'rotura do sistema financeiro mundial' que desta vez é que é.
Mas depois vê-se melhor e 'ainda não foi desta'.
Neste compasso de espera (pelo fim do capitalismo) os arautos da desgraça económica vão vendendo mais junto dos que procuram este tipo de notícia, ou fixando eleitorados na mesma área.
É assim mais ou menos como aquela rapaziada que ganha bom dinheiro a vender t-shirts do 'ché' ou lenços à terrorista, perdão, à Arafat.
Bom post PP.
Isto é mais ou menos como o "global warming".
Se chove a culpa é do "globsl warming", logo do CO2, logo do capitalismo, logo dos Eua, logo do Bush.
Se não chove, a culpa é do "globsl warming", logo do CO2, logo do capitalismo, logo dos Eua, logo do Bush.
O provérbio que se aplica é "preso por ter cão e preso por não ter cão"
[Isto é mais ou menos como o "global warming".]
Eu diria que é mais como as "alterações climáticas", pq tanto dá para as subidas como para as descidas.
A especulação é que será o equivalente do aquecimento global (só explica as subidas).
Já percebi. Obrigado pelo comentário.
"Há por aí muita gente ávida de notícias sobre o 'fim do capitalismo', ou a 'rotura do sistema financeiro mundial' que desta vez é que é."
Julgo que quem advogue isso nem imagina que "estalada" isso provocaria à nossa sociedade...
Para mim foi o fim da visão neo liberal mais radical da economia.
Mas tenho que confessar foi muito estranho ouvir o Maccain dizer que um dos motivos da culpa desta crise foi o "Self Interst"
Quanto ao DE não ia tão longe, é apenas incompetência...
sStan
Julgo que quem advogue [o fim do capitalismo] nem imagina que "estalada" isso provocaria à nossa sociedade...
Não é uma questão de imaginação, mas de realidade, veja a Coreia do Norte, Cuba, a defunta URSS; é bem verdade que o fim do capitalismo e a regressão ao feudalismo vermelho seriam certamente um estalo, nisso estamos de acordo.
Quanto às observações de Mccain: é interessante que o Obama não refira ao tal 'egoísmo', tal como é interessante que ele consiga muito mais fundos de milionários americanos de que Mccain. Does this ring a bell?
Sran, a perfeição não é coisa deste mundo. O capitalismo não é perfeito, mas tem certamente mais vantagens e menos defeitos que qualquer outro sistema económico conhecido. Pergunte ao PC Chinês, ou ao mano Castro que, como quem não quer a coisa, vai privatizando as atividades económicas que pode no país do "Coma'Andante".
"Quanto às observações de Mccain: é interessante que o Obama não refira ao tal 'egoísmo'..."
Será que o Obama ganhou mais um apoiante?
"O capitalismo não é perfeito, mas tem certamente mais vantagens e menos defeitos que qualquer outro sistema económico conhecido"
Por enquanto sim, o futuro só os Homens o construirão, e não se sabe se será do capitalismo ou de outra forma qualquer, julgo é que nunca verei a alternativa na minha vida...
Stran
O único apoio que posso dar ao Obama é aquele que decorre de eu achar que aquilo que ele vai fazer nos EUA vai desagradar mais à esquerda europeia do que aquilo que Mccain fará.
Nada vai mudar na política externa americana. Obama e Mccain farão a mesma coisa nesse domínio. A única diferença entre eles é que Obama tenderá a proteger a economia americana do exterior, ao contrário de Mccain. No primeiro caso, a economia do resto do mundo vai ressentir-se. E voltaremos à arenga anti-americana da esquerda europeia.
"O único apoio que posso dar ao Obama é aquele que decorre de eu achar que aquilo que ele vai fazer nos EUA vai desagradar mais à esquerda europeia do que aquilo que Mccain fará."
Pensava que apoiaria o que fosse melhor para si.
"Nada vai mudar na política externa americana. Obama e Mccain farão a mesma coisa nesse domínio."
Não concordo, julgo que Obama irá retirar o máximo de tropas do Iraque e tentar uma solução que envolva a ONU. Talvez reforce um pouco as tropas no afeganistão/paquistão mas nunca na porporção do que retirar do Iraque. E fa-lo-á não só por uma questão doutrinária mas por "cash" que os americanos irão ter que pagar nos proximos anos.
"A única diferença entre eles é que Obama tenderá a proteger a economia americana do exterior, ao contrário de Mccain."
Concordo, por tradição os democratas são mais proteccionistas que os Republicanos, no entanto julgo que desta vez não irá ser negativo para o resto do mundo. Depois de 8 anos de completa loucura o resto do mundo precisa de um USA que se recolham um pouco e limpem a casa. Os ultimos 8 anos foram maus demais para continuarmos na mesma rota.
"No primeiro caso, a economia do resto do mundo vai ressentir-se. E voltaremos à arenga anti-americana da esquerda europeia."
Julgo que não será assim tão forte. É altura de olharmos para a Europa e seguir o nosso rumo...
Stran
Vai sair do Iraque se puder. Se não puder, fica. Como outro presidente americano qualquer, afinal o mesmo que Bush já está a fazer agora.
Depois, e como já é sabido, o Irão vai ser bombardeado. E o que tiver de se seguir, seguirá. Seja Obama, ou Mccain, ou Bush, ou Clinton. Isso mesmo, Clinton, o tal que para a esquerda agora é 'bom', mas que no tempo em que poxou o gatilho com facilidade contra Milosevich era 'mau'. Uma espécie de percurso inverso ao de Obama, se ele for eleito.
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Acho graça quando diz que não terá consequências para o mundo caso o próximo presidente americano decida, provavelmente por via indireta, reduzir fortemente as importações americanas. E acho graça porque os EUA espirraram com a crise do crédito e muitos no mundo apanharam uma constipação
Mas por um assunto com consequências mais significativas o Stran acha que não se vai passar nada. E porquê? Por uma questão de lógica económica não é certamente. Então porque será? Porque é o Obama, isto é, porque se 'acredita no salvador' e chega. Passamos assim ao domínio do metafísico.
A falta de Deus resulta em fezadas deste e de outros tipos.
"Acho graça quando diz que não terá consequências para o mundo caso o próximo presidente americano decida, provavelmente por via indireta, reduzir fortemente as importações americanas. E acho graça porque os EUA espirraram com a crise do crédito e muitos no mundo apanharam uma constipação"
Não disse que não irá existir consequência. Julgo é que não são tão danosas como seriam à 10 anos atrás, dada a conjuntura actual.
Dada a depreciação do dolar as exportações para os USA já têm uma barreira dificil de ultrapassar como sabe, além disso se existir uma maior protecção isso obrigará a Europa a redireccionar os seus investimentos/exportações para outros lados, nomeadamente mercado asiatico, américa latina e Africa (mercados que não estavam tão desenvolvidos anteriormente).
P.S. Peço desculpa pelo atraso no comentário
Stran
"além disso se existir uma maior protecção isso obrigará a Europa a redireccionar os seus investimentos/exportações para outros lados, nomeadamente mercado asiatico, américa latina e Africa (mercados que não estavam tão desenvolvidos anteriormente)."
Redirecionar que exportações para onde?
Meu caro, eu acho que vc não percebeu ainda o que se passa com a economia europeia. Os produtos europeus são cada vez menos competitivos, para além da tendência para a estagnação das procuras internas.
E redirecionar investimentos? Mas quem é que redireciona investimentos? O Manuel Pinho? Ou a Merkel? Há já muitos anos que os governos não têm nada a dizer sobre 'redirecionamentos' investimentos no estrageiro. Na melhor das hipóteses facilitam investimento nos seus próprios países. E parece que não há assim muita gente interessada em apostar em cavalos coxos.
Meu Caro PP,
Quer um exemplo de redireccionamento:
Sector de construção civil: com a baixa taxa de crescimento em Portugal "mudaram" parte da sua actividade para Africa nomeadamente Angola. O mesmo também está a acontecer com o sector bancário.
Percebe agora?
Empresas, self-interest, lucro, tudo coisas que parecia-me que entenderia...
ok, percebo. Agora vamos ao Stran:
Quem foi que os enviou para lá? O Pinho? A Merkel?
Já agora, o que é exportado, para além de alguma mão de obra especializada? É este o seu conceito de 'exportação'?
Onde imagina que ficarão os lucros, na UE onde as taxas fiscais são elevadíssimas?
"Onde imagina que ficarão os lucros, na UE onde as taxas fiscais são elevadíssimas?"
Isto é uma questão teorica ou pratica?
Na realidade parte dos lucros regressam à sede, como bem sabe e não vejo uma grande deslocalização das sedes das multinacionais para esses paraísos fiscais ao longo do tempo. Será estupidez crónica destas empresas multinacionais que teimam ficar num loval onde "as taxas fiscais são elevadíssimas"?
Quanto à exportação de serviços, isso é mau?
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