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sábado, 14 de março de 2009

Argumentário

Já por várias vezes andei à batatada com o José Luís Sarmento, normalmente por questões de método mais que de fundo (para os que não sabem ler, ‘normalmente’ não significa ‘sempre’).

Apesar de não estar de acordo com a totalidade do seu argumentário, estou de acordo com o fulcral. De qualquer forma, aqui fica o que penso.

Concordo globalmente com o primeiro parágrafo muito embora me pareça desconchavado reclamar para os professores o direito de ensinar. Aliás, parece-me assimétrico que não se reclame, como dever, que os alunos aprendam, e se reclame o direito, aos professores, de ensinar. Agrada-me a mensagem subjacente: se não queres aprender problema teu, mas levarás nos cornos se chateares quem quiser aprender. No meu tempo (toca a malhar, floribélicos idiotas, no termo ‘no meu tempo’) a máxima era simples: ou estudas ou vergas a mola. As coisas simples têm uma elegância inegável.

Concordo com o segundo parágrafo.

Concordo globalmente com o terceiro parágrafo muito embora me pareça que nos últimos 20 anos (talvez mais) se tem preparado os alunos para uma ‘vida’ sem trabalho. A semântica de ‘preparar para a vida’ tem tido muito que se lhe diga.

Concordo com o 4º parágrafo. Acrescentaria ... (alunos) a respeitarem os colegas e a respeitarem-se a si mesmos.

Concordo muito pouco com o 5º. A abertura da escola a todos é uma coisa meramente instrumental tanto mais que a abertura foi acompanhada por um trágico abandalhamento e pela adopção de muita propaganda ideológica mais ou menos disfarçada. Havia que criar um “operariado” acéfalo garantia de emprego para hordas de timoneiros.

Concordo grandemente com o 6º parágrafo muito embora as teorias pedagógicas tenham apenas uma parte da responsabilidade. A pedagogice tem sido uma ferramenta para outras coisas mais insidiosas: o politicamente correcto, a propaganda de cariz marcadamente socialista, a auto-flagelação face ao individualismo de pensamento, etc.

Com o sétimo parágrafo concordo pouco. O problema da burocracia (paranóia da ‘perfeição’) é um reflexo do monstro ideológico em que uma boa parte dos professores alinhou. Ao incivismo (cedência ao politicamente correcto) poder-se-ia chamar indisciplina e selvajaria. Não gosto do termo autoridades educativas. Um programa que faça sentido não é necessariamente percebido por toda a gente (esteja ou não de acordo). Os pais têm o direito e o dever de saber o que é ensinado às crias e têm o direito de interferir, à sua exclusiva responsabilidade, sobre o que é ensinado. Neste momento é praticamente irrelevante o que quer que se faça em relação à indisciplina (suponho que não há coragem, nem sequer entre os professores, de defender a expulsão, pura e simples, de quem não estuda e não deixa estudar). A Polícia está de mãos atadas, a justiça não funciona e está também a braços com lutas ideológicas internas resultantes, aliás, das mesmas peregrinas pedagogices.

O 8º parágrafo é redundante face aos anteriores.

O 9º idem.

O 10º é pura ideologia nenufaríngea.

No parágrafo 11, concordo que o Ministério da Educação é um castelo a demolir mas suponho que os professores se sentiriam órfãos sem ele. As águas inquinadas estão dos dois lados.

O parágrafo 12 parece-me irrelevante.

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Duvido que os controleiros do PCP e que os kaviares do BE (particularmente destes dois) não sabotem rapidamente a ideia. Para eles apenas da terra queimada pode surgir o radioso socialismo.

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