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quinta-feira, 26 de março de 2009

Luta de Classes.

Se Karl Marx ressuscitasse ao 3º dia sentir-se-ia feliz ao ver  que a luta de classes entre proletários e burgueses assentou arraiais na esquerda actual, nesta hora de presságios em que os oráculos, remexendo  entranhas de galinhas e manipulando búzios, interpretam mais uma crise do capitalismo e tratam de repartir culpas.

O nível de análise, como demonstra o Luis Oliveira neste poste, está à rasa altura dos comícios nos quais ainda se berra a  Internacional, com o punho ao alto, que a saudade do ridículo aperta os corações.

A culpa começou por ser obviamente do Bush, dos neocons e dos neoliberais, tudo ao molho no  mesmo saco, como se fossem coisas indistintas. Depois passou a ser também culpa de Wall Street, dos banqueiros, dos empresários gananciosos, da malta sem escrúpulos, que os estados  neocons e neoliberais querem salvar com "politicas de direita".

A burguesia, acantonada no  estado (neoliberal), explora os pobres proletários, como Marx dizia. Se juntarmos à narrativa a mensagem de que a principal tarefa do governo perante a crise deverá ser a protecção dos desfavorecidos, temos o quadro completo de culpados,  vítimas e salvadores da crise, guião telenovelístico escrito pelos  Soares, Sócrates e Alegres deste alegre mundo, os mesmos que deitam um olhar vesgo a  Wall Street e se prostram embevecidos perante o Neo obâmico que saíu da Matrix para atacar os poderes do "neoliberalsmo desenfreaddo", espécie de "programa Smith" descontrolado que ameaça destruir o mundo.

O Evangelho é interessante e apelativo, mas acontece que os gananciosos  e desalmados burgueses de Wall Street deram (muito) mais dinheiro a Obama do que a McCain. Não é que Obama seja herdeiro de Marx, o socialismo para aqueles lados não é bem visto, mas parece-se muito com alguns  herdeiros europeus (e ibéricos)  do Profeta, tirando a cor da pele.

E na Europa, incluindo Portugal, as classes alta e média-alta têm tão estreita relação com o estado "social", que o proletariado até parece  "de direita". Na verdade o partido com maior proporção de votantes da alta e média  burguesia é justamente o Bloco de Esquerda. Pelo que ressuscitar  Marx para enfrentar a crise, é tão adequado como desatar a cantar a Internacional na Missa de Domingo.


10 comentários:

Luís Oliveira disse...

"O nível de análise"

Análise é com o Daniel. E com a Clara. Uns portentos.

Carmo da Rosa disse...

No seguimento da análise económica de Daniel Oliveira no Arrastão de 26 de Março “Recusar a Chantagem”, uma alma crítica fez esta pergunta:

@ pma: ”um francçês ganha 2500/3000 euros/mês numa qql fábrica de pneus, num trabalho não especializado..a empresa deslocaliza para portugal, numa medida apoiada pelo estado português..o investimento cria 2000 postos de trabalho directo, mas uns quantos indiretos..integra-se no crescente “cluster” da industria automóvel nacional... os ordenados pagos pelo mesmo trabalho serão cerca de metade, ou talvez um pouco mais/menos... o D.O criticaria esta “deslocalizção”!?"

E eu, numa de solidariedade entre camaradas de esquerda e porque estava muito bem disposto nesse dia, arranjei uma solução para o Daniel Oliveira:

É certo e sabido que o Daniel Oliveira de lá, ou seja, Dani le rouge da Force Ouvrière, vai organizar uma greve geral contra a transferência da fábrica, contra o capital, contra o Estado capitalista português, e vai também vociferar sem razão nenhuma contra o apoio da esquerda revisionista encabeçada pelo Daniel Oliveira com sede em Pequim – ou algo no género….

Daniel Oliveira, indignado com estas infames acusações dos camaradas francious, e com toda a razão, propõe uma solução brilhante que os sindicatos franceses não podem recusar: a fábrica de pneus em vez dos míseros € 3000, passa a pagar um ‘salário justo’ de € 6000 aos trabalhadores franceses. Estes, por sua vez, prontificam-se a enviar € 2000 aos seus camaradas portugueses.

Os trabalhadores franceses ficam a ganhar mais € 1000 euros por mês, e os seus camaradas portugueses muito mais daquilo que poderiam ganhar caso a fábrica fosse montada em Portugal - e ainda por cima tinham que vergar a mola…

Os trabalhadores franceses não vão recusar ceder € 2000 dos seus salários, porque caso contrário a fábrica é transferida para Portugal e perdem pau e bola.

Esta solução vai automaticamente encarecer o preço dos pneus para caraças, o que vai obrigar toda a gente a usar menos o carro, conduzir com mais cuidado, mais devagar. Resultado: menos acidentes na estrada, menos poluição.

Mas há mais! Os papás e as mamãs portuguesas, para poupar pneus que estão pela hora da morte, passam a NÃO levar as criancinhas todas as manhãs de carro à escola, como infelizmente é costume na nossa terra. As anafadas criancinhas (correndo o risco a todo o momento de apanhar diabetes) começam a ir a pé ou de bicicleta que só lhes faz bem. Menos gastos na saúde pública.

Vão comprar pneus à loja do chinês?

Os únicos pneus autorizados em Portugal continental são os pneus franceses da dita cuja fábrica.

Os alemães e os americanos também fabricam pneus?

Bom, mau mau, já não estou a gostar da brincadeira…

Como se vê, nem com a minha ajuda, a análise surrealista do D.O. tem ponta por onde se lhe pegue...
Mas, há uma coisa em que não sei como não lhe dar razão: que a culpa da crise é de Wall Street e dos banqueiros! Ou então da falta de controlo sobre Wall Street e sobre os banqueiros!!!

Diogo disse...

A verborreia acéfala continua eternamente, não é Lidador?

«O Evangelho é interessante e apelativo, mas acontece que os gananciosos e desalmados burgueses de Wall Street deram (muito) mais dinheiro a Obama do que a McCain»

E quem é Obama, meu caríssimo idiota?

Será possível que ao fim deste tempo todo, você ainda não perceba o funcionamento da «democracia»?

Anónimo disse...

De fato o adeptos do marxismo estão se revelando agora racistas também, com foi o caso daquele brasileiro que saiu por aí culpando os banqueiros de olhos azuis.

Qualquer semelhança com Hitler às avessas é mera coincidência.

Carmo da Rosa disse...

Diogo, zangou-se com o Jon Stewart?

Diogo disse...

Não desvie a conversa, Carmo.

O Lidador ainda não conseguiu perceber o que é a finança. E já tinha idade para isso.

Diogo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carmo da Rosa disse...

@ Diogo: "Não desvie a conversa, Carmo."
Ó Diogo você é um ditador pá! Por uma vez que eu desvio a conversa você cai-me logo em cima - não se faz!

Geralmente é você quem sempre desvia a conversa apoiado no Jon Stewart, o seu guru ...

Diogo disse...

Não é bem assim.

Coloco umas pitadas de Jon Stewart para vos abrir os olhos.

Anónimo disse...

"...remexendo entranhas de galinhas e manipulando búzios, interpretam mais uma crise do capitalismo e tratam de repartir culpas."


:) Muito bom, Caro Lidador. Muito muito bom.

Cumps, ezequiel