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quinta-feira, 31 de março de 2011

GREVES CÍNICAS

Nos países democráticos a greve é um direito dos trabalhadores. Curiosamente tem uma origem liberal mas o movimento socialista acabou por assenhorear-se do movimento sindical e hoje, em Portugal, por exemplo, falar em centrais sindicais é falar em esquerda e extrema esquerda.

O racional da greve é fácil de entender: destina-se a dar força às reivindicações dos trabalhadores, face a entidades patronais renitentes e prepotentes. Trata-se de tentar equilibrar aquilo que, na maior parte dos casos, é uma relação em que uma das partes (a entidade patronal) tem muito mais poder.

Ameaçando o interesse próprio do empresário (o lucro), este é levado a fazer contas e a negociar, tentando minimizar as perdas.

Nos últimos dias e nas próximas semanas, os sindicatos de certas empresas públicas de transportes, levam a cabo greves parciais que, na opinião de muita gente, constituem uma perversão deste racional.

As greves são parciais, explorando lapsos na lei da greve, chico-espertice que visa apenas reduzir os custos que recaem sobre aqueles que decidem fazer greve (perda de salário).

O que é inaceitável, é que são programadas para as horas e dias que mais prejudicam, não a entidade patronal, como decorre da filosofia subjacente à greve, mas sim os utentes.

Assim, por exemplo, o Metro de Lisboa tem estado sujeito a greves parciais nas horas de maior tráfego e na CP as greves são normalmente à sexta-feira.

A ideia dos grevistas é que a melhor maneira de pressionar a entidade patronal (o Estado) em empresas que dão prejuízo, é usar os utentes como peões de brega, para que o seu descontentamento faça ricochete.

Este cinismo é inaceitável.

Os utentes são deliberadamente usados e prejudicados, e são, normalmente, aqueles que mais dificuldades têm, já que os gestores e os políticos que tomam as decisões, raramente andam nos transportes públicos.

Face a isto, torna-se urgente uma alteração da Lei da Greve que impeça os sindicatos de usar maquiavelicamente os utentes dos serviços como reféns nas suas lutas, justas ou não.

Acabar com greves parciais e de má fé, está a alcance de duas ou três linhas de legislação.

5 comentários:

LGF Lizard disse...

E como acabar com as greves parciais sem violar o direito à greve?

RioD'oiro disse...

LGF:

"E como acabar com as greves parciais sem violar o direito à greve? "

Privatizando às fatias para que houvesse concorrência.

Não resolvia o problema mas atenuava-o. Tornava-o suportável e tornava a greve útil para os próprios ... em detrimento do partido. Mas, claro, o partido é o mundo.

Unknown disse...

"como acabar com as greves parciais sem violar o direito à greve?"

Não é difícil.
Bastaria uma pequena alteração na lei, limitando esse direito, por exemplo, proibindo greves de 2 ou 3 horas que se destinam sobretudo a prejudicar as pessoas que usam os serviços.
E com possibilidade de fiscalização à posteriori, para averiguar a razão pela qual um sindicato marca uma greve de maquinistas para várias sextas feiras consecutivas e e não para a quintas.

Isto não põe em causa o direito à greve, apenas o regula evitando abusos e perversões.

LGF Lizard disse...

Para mim, iria mais longe. Deveria-se proibir as ligações entre sindicatos e partidos políticos. Ou seja, qualquer pessoa que quisesse ser sindicalista deveria ser automaticamente proibida de ter cargos de direcção em partidos políticos. Ou seja, poderiam ser militantes e nada mais. E com proibição de estarem mais de dois mandatos consecutivos no mesmo cargo, com mais dois periodos de tempo onde não se poderiam candidatar a esse cargo.

Isso iria quebrar os laços entre o PCP e os sindicatos. E tornaria a luta sindical independente dos partidos.

Hoje em dia, ninguém sabe se a CGTP luta pelos interesses dos trabalhadores ou se luta pelos interesses do PCP.

j disse...

" mais prejudicam, não a entidade patronal, como decorre da filosofia subjacente à greve, mas sim os utentes "

Pense outra vez. Prejudicar os utentes penaliza o(s) partidos no poder ou seja os verdadeiros proprietários.